sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Mulheres por volta e às voltas com seus trinta anos

Gente, tá super na moda hoje em dia fazer festa de 30 anos. Eu já tô planejando a minha com direito, inclusive, a um bolo enorme e velinhas 2 x15 (é que pra bom entendedor meia palavra basta!). Imagino muita farra e muito riso porque, vou ser sincera, ficar mais velha ninguém merece, mas é uma boa desculpa para juntar família e amigos e fazer aquela festa! Número redondinho, então!

30 anos. Não vou mentir: me assusta um pouco. Falei que não ia mentir... ME ASSUSTA MUITO! Acho que porque se espera que uma mulher de trinta chegue aos trinta resolvida, aliás, muito bem resolvida, nos quesitos pré-determinados pela sociedade. Estou falando daquele kit básico: casamento + superior completo + filhos + casa própria + carro na garagem... tudo aquilo que sintetiza um vida tranqüila, estável, feliz e que nossas famílias (pai, mãe, vô, vó, tios, tias, pato, marreco...) nos desejam.

O que muita gente não percebe é que hoje em dia as coisas não acontecem mais nesse ritmo. Mulher de 30 dos anos 2000 é totalmente diferente da mulher de 30 de anos atrás.

É claro que certos anseios, desejos, medos, expectativas são os mesmos, mas as atitudes são diferentes. A mulher da atualidade é mais ativa, corre atrás de seus sonhos e tem mais possibilidade de concretizá-los. Vale dizer que possui seus próprios sonhos, que podem se aproximar ou não do que a sociedade espera. É tudo uma questão de escolha!

E há ainda escolhas que sequer dependem da gente! Quantas não queriam Gianechini!?

Quantos relacionamentos não terminam na porta da igreja?! Quantas MBAs não estão desempregadas? Calma, gente, é tudo mulher bem resolvida!!! Não tem essa de que mulher de 30, sem casar, fica pro caritó não. Mulher de 30, hoje, é mulher analisada, passada a limpo. É MULHER, no sentido mais completo da palavra!

Eu estou por volta e às voltas com os meus trintas anos e sou uma pessoa feliz. Há coisas no kit que me pertencem, há coisas que não me pertencem ainda, há coisas que quero e não encontro lá e há coisas que estão lá e que não quero. Gosto da minha vida e não acho um clichê dizer que gosto dela do jeito que é. Não é um comercial de margarina Qually (estou ainda uns quilinhos acima do peso, tenho contas para pagar e trabalho aos sábados!), mas são caminhos escolhidos por mim, ou que me escolheram. Mas eu gostei e fiquei!


Vanessa é uma mulher de quase 30 que não usa RENEW nem CHRONOS, mas nunca esquece o FILTRO SOLAR. Com relação à festa de 2 x 15, nada de fitas e filós! Promete apenas dançar “macarena” com as amigas, como na formatura do ensino médio!

Ela disse adeus

Eu já tive a curiosidade de fazer meu mapa astral, que meu Fiel Escudeiro, muito antes de ser tão fiel, carinhosamente interpretou pra mim, deixando claro que era interpretação amadora. O fato é que nele não há previsão de nenhuma viagem longa, e cá estou eu fazendo a segunda. Por que será? Talvez porque quem me deu as cartas iniciais do jogo soubesse que eu nunca ia estar preparada pra dizer adeus.

Já perdi as contas dos adeus mais dolorosos da minha vida, vou só falar de alguns:

- Dar adeus pra Laeticia quando ela foi pra Tailândia, sabendo que ia ficar um ano ser ver minha irmã;

- Dar adeus pra minha família quando eu vim pra Letônia;

- Dar adeus pra minha família leta quando voltei pro Brasil;

- Dar adeus pra Bia e pro Lui no aeroporto de Nova York, meus dois amigos de todas as horas na Letônia;

- Dar adeus pra Liz quando ela foi embora pra Noruega:

- Dar adeus pra Fafá e pra Trice depois da formatura da Fafá;

- Dar adeus pro Cláudio no aeroporto de Cumbica;

- Dar adeus pro meu Fiel Escudeiro quando estava voltando de Palmas;

- Dar adeus pra minha vó antes de Portugal, sabendo que corro o risco de não vê-la mais;

- Dar adeus pra minha mãe quando ela foi buscar minhas coisas antes de eu ir pra Portugal;

- Dar adeus pro Leandro no aeroporto quando fui pra Portugal, mesmo sem saber que aquele era o último beijo na pessoa de quem mais já gostei na vida (e lembrem-se que ninguém deixa de gostar de outra pessoa do dia pra noite);

- Dar adeus pra Liz de novo quando eu voltei do nosso encontro na Espanha;

- Meia hora atrás, dar adeus pra praticamente toda minha família leta, já que embarco amanhã pra Londres, de onde vou novamente pra Portugal.

Por que será que a vida me presenteou com tanto adeus, sendo que eu não estava preparada pra isso? Quero acreditar que a vida não me presenteou, pelo contrário: foi isso que eu escolhi pra mim, porque ao mesmo tempo que dói, me fortalece, cria laços, e me ensina que eu devo aproveitar a presença das pessoas que amo enquanto elas estão do meu lado, porque em algum momento, eu vou dizer adeus e novamente seguir meu caminho.


Sisa, 28 anos, numa hora dessas já deixou a Letônia, com coração feliz, lágrimas nos olhos, sabendo que por mais bonita que seja a flor do caminho, depois de cheirá-la a gente tem que seguir em frente.

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Saudade…

Tive uma insônia terrível nessa madrugada, como passei horas acordadas fiquei avaliando tudo que havia se passado comigo nesses 29 anos. O que mais senti foi saudade.

Saudade de:

-passar a manhã em frente à televisão assistindo desenho no Show da Xuxa;

-da época que os hits do momento eram Ursinho Pimpão do Balão Mágico e Não se Reprima do Menudos;

-de ter como única meta passar de ano no colégio;

-daquele professor exigente que acabei dando valor e achando legal após ter meu primeiro chefe;

-de assistir sessão da tarde comendo pipoca de chocolate feita pela minha mãe;

-das reuniões de amigos para assistir filme de terror;

-das festinhas em que a única malícia era dançar agarradinho com a luz apagada;

-de comer um prato de brigadeiro de colher sem se preocupar com a velocidade do meu metabolismo;

-saudade do meu jeans 38;

-da disposição em conseguir ficar acordada uma manhã inteira de aula na faculdade após passar a noite em claro na balada;

-saudade das minhas amigas que me conhecem tão bem quanto minha mãe.

Na verdade, acho que saudade de tudo de bom que aconteceu nesses anos...Porém, se um gênio da lâmpada que perguntasse agora se eu gostaria de voltar a ter 13 anos, eu diria que não! A vida é feita de momentos, lembranças e sonhos e nesse momento eu prefiro meus 29 anos, com minha vida cheia de responsabilidades e a maturidade que tenho agora! Daí se ele falasse que eu poderia escolher o que queria de volta, sem dúvidas pediria a velocidade do meu metabolismo e conseqüentemente meu jeans 38! rs


Débora é um pouco saudosista, mas objetiva o suficiente para deixar o passado no passado e se preocupar apenas com o futuro. Escreve aqui às quintas.

MENTIRAS QUE CONTARAM ÀS MULHERES

"Quantas mentiras nos contaram; foram tantas, que a gente bem cedo começa acreditar, ainda por cima, se achar culpada por ser burra, incompetente e sem condições de fazer da vida uma sucessão de vitórias e felicidade.

Uma das mentiras: que nós, mulheres, podemos conciliar perfeitamente as funções de mãe, esposa, companheira e amante, e ainda por cima ter uma carreira profissional brilhante. É muito simples: não podemos. Quando você se dedica de corpo e alma a seu filho recém-nascido, que na hora certa de mamar dorme e que à noite, quando devia estar dormindo, chora com fome. Não consegue estar bem sexy quando o marido chega, para cumprir um dos papéis considerados obrigatórios na trajetória de uma mulher moderna: a de amante. Aliás, nem a de companheira; quem vai conseguir trocar uma idéia sobre a poluição da Baía de Guanabara se saiu do trabalho e passou no supermercado rapidinho para comprar uma massa e um molho já pronto para resolver o jantar, e ainda por cima está deprimida porque não teve tempo de fazer uma escova? Mas as revistas femininas estão aí, querendo convencer as mulheres - e os maridos - de que um peixinho com ervas no forno com uma batatinha cozida al dente, acompanhado por uma salada e um vinhozinho branco é facílimo de fazer - sem esquecer as flores e as velas acesas, claro, e com isso o casamento continuar tendo aquele toque de glamour fun-da-men-tal para que dure por muitos e muitos anos. Ah, quanta mentira! Outra grande, diz respeito à mulher que trabalha; não à que faz de conta que trabalha, mas à que trabalha mesmo. No começo, ela até tenta se vestir no capricho, usar sapato de salto e estar sempre maquiada; mas cedo se vão as ilusões. Entre em qualquer local de trabalho pelas 4 da tarde e vai ver um bando de mulheres maltratadas, com o cabelo horrendo, a cara lavada, e sem um pingo do glamour - aquele - das executivas da Madison. Dizem que o trabalho enobrece, o que pode até ser verdade. Mas ele também envelhece, destrói e enruga a pele, e quando se percebe a guerra já está perdida. Não adianta: uma mulher glamourosa e pronta a fazer todos os charmes - aqueles que enlouquecem os homens - precisa, fundamentalmente, de duas coisas: tempo e dinheiro. Tempo para hidratar os cabelos, lembrar de tomar seus 37 radicais livres, tempo para ir à hidroginástica, para ter uma massagista tailandesa um acupunturista que a relaxe; tempo para fazer musculação, alongamento, comprar uma sandália nova para o verão, fazer as unhas, depilação; e dinheiro para tudo isso e ainda para pagar uma excelente empregada - o que também custa dinheiro. É muito interessante a imagem da mulher que depois do expediente vai ao toalete - um toalete cuja luz é insuportavelmente branca e fria, retoca a maquiagem, coloca os brincos, põe a meia preta que está na bolsa desde de manhã e vai, alegremente, para uma happy hour. Aliás, se as empresas trocassem a iluminação de seus elevadores e de seus banheiros por lâmpadas âmbar, os índices de produtividade iriam ao infinito; não há auto-estima feminina que resista quando elas se olham nos espelhos desses recintos. Felizes são as mulheres que têm cinco minutos - só cinco - para decidir a roupa que vão usar no trabalho; na luta contra o relógio o uniforme termina sendo preto ou bege, para que tudo combine sem que um só minuto seja perdido.

Mas tem as outras, com filhos já crescidos: essas, quando chegam em casa, têm que conversar com as crianças, perguntar como foi o dia na escola, procurar entender por que elas estão agressivas, por que o rendimento escolar está baixo. E ainda tem as outras que, com ou sem filhos, ainda têm um namorado que apronta, e sem o qual elas acham que não conseguem viver (segundo um conhecedor da alma humana, só existem três coisas sem as quais não se pode viver: ar, água e pão). Convenhamos que é difícil ser uma mulher de verdade; impossível, eu diria."
Autor desconhecido

Acredito que hoje posso dispensar outros comentários...


Ana Isabel, uma mulher descobrindo a vida, continuo aqui toda quinta-feira!

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

A hora de soltar a panela!!!

Certa vez, um urso faminto perambulava pela floresta em busca de alimento. 
A época era de escassez, porém, seu faro aguçado sentiu o cheiro de comida e o conduziu a um acampamento de caçadores.

Ao chegar lá, o urso, percebendo que o acampamento estava vazio, foi até a fogueira, ardendo em brasas, e dela tirou um panelão de comida.

Quando a tina já estava fora da fogueira, o urso a abraçou com toda sua força e enfiou a cabeça dentro dela, devorando tudo.

Enquanto abraçava a panela, começou a perceber algo lhe atingindo. Na verdade, era o calor da tina...
Ele estava sendo queimado nas patas, no peito e por onde mais a panela encostava.
O urso nunca havia experimentado aquela sensação e, então, interpretou as queimaduras pelo seu corpo como uma coisa que queria lhe tirar a comida.
Começou a urrar muito alto. E, quanto mais alto rugia, mais apertava a panela quente contra seu imenso corpo.
Quanto mais a tina quente lhe queimava, mais ele apertava contra o seu corpo e mais alto ainda rugia.
Quando os caçadores chegaram ao acampamento, encontraram o urso recostado a uma árvore próxima à fogueira, segurando a tina de comida.

O urso tinha tantas queimaduras que o fizeram grudar na panela e, seu imenso corpo, mesmo morto, ainda mantinha a expressão de estar rugindo.

Há momentos na vida em que temos que tomar duras decisões e, ás vezes, é tão difícil decidir o melhor caminho. Outras vezes, sabemos o melhor caminho, mas ainda assim insistimos em não tomá-lo, na esperança de que lá na frente haja uma nova rota. A maturidade nos faz ter sentimentos mais intensos, mais fortes, a ver tudo sob um ângulo diferente. Ás vezes é tão difícil perceber (ou aceitar) que é hora de tirar da nossa vida algo que amamos tanto, que cuidamos com tanto carinho.

Em nossa vida, por muitas vezes, abraçamos certas coisas que julgamos ser importantes.
Algumas delas nos fazem gemer de dor, nos queimam por fora e por dentro, emesmo assim, ainda as julgamos importantes.
Temos medo de abandoná-las e esse medo nos coloca numa situação de sofrimento, de desespero.
Apertamos essas coisas contra nossos corações e terminamos derrotados por algo que tanto protegemos, acreditamos e defendemos.

Para que as coisas dêem certo, é necessário reconhecer, em certos momentos,que nem sempre o que parece salvação vai nos dar condições de prosseguir. Devemos sempre procurar a coragem e a visão que o urso não teve para tirar do nosso caminho tudo aquilo que faz nosso coração arder.

Temos que ter coragem pra soltar a panela!!!! Mesmo sendo tão difícil...


Vivian tem 30 anos, é Matemática, atualmente doutoranda em engenharia e tecnologias espaciais e está passando pelo doloroso processo de soltar a panela, depois de ter sido muito queimada.

Um Dia Daqueles...

“Eterno é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata”.

(Reverência ao Destino, Carlos Drummond de Andrade)

Eu fiquei imaginando quando este dia chegaria e se eu teria coragem de compartilhar meu lado mais reflexivo (e também triste e sombrio) com vocês... O dia chegou e eu tive coragem. Talvez seja um pouco cedo, mas como o meu descompasso com o “senhor tempo” é grande, não poderia esperar que fosse de outra forma.

Hoje estou muito sensível (mais que o normal) e me questionando (muito mais que o normal) sobre o que tenho feito de minha vida...

Será que naquele instante antecedente ao de partir haverá algo de bom eternizado em meu coração?

Será que realmente terei vivido ou amado intensamente? Qual é este limite?

Será que terei caminhado pela trilha mais fácil ou terei seguido meus instintos? Mesmo sabendo que isso me custaria muito...

Será que já é muito tarde para pensar no que terei guardado? Não devia estar pensando nisso há mais tempo?

Será que terei sido franca comigo mesma algum dia? Ou ainda usarei a máscara que carrego como fardo? Não por vontade, simplesmente por não saber ao certo se deveria tirá-la...

O eterno, infelizmente para mim, ainda tem um saldo negativo hoje e, por esta razão, costumo chamá-lo de cicatriz... Ter deixado de lado muito cedo as bonecas que talvez ainda hoje devessem me acompanhar; ter acreditado que nos mais difíceis momentos eu caminharia sozinha; ter assumido como regra que jamais me mostraria de verdade a alguém por medo, por vergonha, por insegurança e por proteção (daí usar a máscara)... Estas convicções, que fiz o possível e o impossível para sustentar, são reflexos de instantes ruins eternizados, minhas cicatrizes, as quais sempre quis esconder, mas acabei por destacar, diante de tais atitudes...

Tenho medo, estou muito assustada. Hoje eu me conheço melhor, o que é bom, mas este processo de autoconhecimento traz em si muitas dúvidas e infinitas questões pairam no ar... Eu me pergunto se conseguirei agir de maneira a ser esta pessoa que encontrei, da qual realmente gosto e a única que me libertará deste vazio. Conseguirei ser este “eu” que descobri? E do alto dos meus 27 anos, não tão bem eternizados, sinto certa angústia, deveras crescente...

Em um dia tão repleto de perguntas, para as quais ainda não achei as respostas que gostaria, consegui encontrar uma certeza: independente de êxito, lutarei para fazer diferente o que em mim me incomoda, pois há em meu coração esperança e força de vontade para isso. Estas sim, decorrentes de um instante mágico, que talvez devesse ser o único a chamar de eterno em minha vida...

Conversamos novamente na próxima quarta-feira. Fiquem bem!

“Paula é uma montanha russa quando a questão são seus sentimentos. Está um pouco sensível demais hoje e repleta de incertezas, mas acredita que um dia sempre vem após o outro e é isso que a mantém viva... Escreve aqui toda quarta-feira”.

terça-feira, 28 de agosto de 2007

A Lei do Paga Língua é caso particular da Lei de Murphy?

A lei de Murphy é a famosa lei que postula: “Se alguma coisa pode dar errado, dará”, enquanto a lei do paga língua, bem... o nome já é auto explicativo.


Sisa e eu há muitos anos temos discutido a questão da relação entre essas leis, ela acreditando na dependência e eu na independência, uma em relação à outra.


Porém hoje, tenho uma opinião diferente. Ainda acredito na independência entre elas, mas acho que a lei de Murphy é mais um estado de espírito, um estado de espírito pessimista. Já percebeu que só reparamos no biscoito quando ele cai com a manteiga pra baixo? Nunca ouvi um: “Que sorte! O telefone não tocou enquanto eu estava no banho!” Ou então: “Que sorte, encontrei justamente o papel com as anotações que estava procurando”!!! Essas coisas, quando acontecem da maneira como esperamos, acabam não sendo valorizadas por nós.


O mesmo ocorre ao recebermos elogios. “Nossa, que blusa linda!” E a resposta: “Mas ela é tão velha...” A valorização pelo negativo ocorre com muito mais naturalidade na nossa cultura, daí a origem de tantas reclamações.


A lei do paga língua, por sua vez, continua tendo a mesma conotação na minha vida, porém com uma comprovação específica: vou casar, de véu e grinalda! Sempre levantei a bandeira de só juntar, que casar é bobeira. Mas percebi que é interessante marcar os ciclos da nossa vida!! Ajuda a entendermos e a valorizarmos os momentos que vivemos!


Pois afinal, a vida é feita disso mesmo, de momentos, os quais devem ser sempre valorizados, independentemente mesmo se o nosso mundo for regido pela Lei de Murphy, pela Lei do Paga Língua, ou pelos dois ao mesmo tempo!




Fabiana é física, mas acredita que há muitos mistérios desconhecidos nessa vida, principalmente a leis que regem o comportamento humano.

Pode até ser VIP, mas continua sendo curral.

Tenho uma verdadeira fascinação pela leitura, sabe? Leio de tudo que me cai nas mãos desde que fui alfabetizada, lá pelos meus sete anos. Naquela época eu lia em voz alta até placa de trânsito e minha irmã acabou aprendendo a ler sozinha de tanta raiva que tinha de eu ficar lendo em voz alta do lado dela. Isso é só pra vocês entenderem o por quê de eu, legítima mineirinha do vale do jequitinhonha, me indignar com uma notinha de coluna social d´O Globo a ponto de me manifestar a respeito neste blog! Sim, é verdade, eu leio ATÉ coluna social, rótulo de embalagem e bula de remédio.

Eu sempre me indignei com a tal sigla V.I.P., que só pode ter sido criada pra separar das pessoas normais aquelas outras insanas que se acham melhores que os outros. “Very Important People” sempre me pareceu muito pejorativo e um atestado de pobreza de espírito. Por esta razão, nunca participei de nada com a insígnia VIP e tratava com certo desprezo quem assim agia ou se auto intitulava. Afinal, VIP pra mim são as pessoas que eu amo e que me cercam.

Assim, apesar de ser fã de carteirinha de carnaval e baladas em geral, nunca fui em “camarote VIP”, pista “VIP”, bar “VIP” e tantos outros lugares “VIP” que lamentavelmente assolam o ramo de entretenimento neste país. Sempre me recusei a ficar horas na fila pra entrar em algum lugar sabendo que pagaria caro e seria mal atendida lá entro. Sempre houve o consolo de que não sou obrigada a freqüentar estes lugares e, assim, eu preferia celebrar a vida com os amigos.

Mas a tal notinha do jornal hoje realmente me deixou chocada. Parafraseando o colunista, “já chegou às festas de casamento o curralzinho vip, a praga das pulseirinhas coloridas que divide os convidados em categorias de mais e menos importantes”. Concordo com o colunista: é curral mesmo e também é uma praga. Só acho injusto com os porcos, pela comparação de seu lar com ambientes freqüentados pelos tais “VIP´s”.

Fico imaginando a cena: no salão, o baixo clero, com direito a salgadinhos e coquetéis; no mezzanino, o alto clero se esbaldando em um jantar nababesco, em efervescente ode a Baco! Tento me situar num ambiente assim, descaradamente segregacionista, mas não consigo. Porém, consigo me ver claramente nos momentos que antecedem uma cerimônia de casamento e penso na triste, decepcionante e revoltante surpresa que seria me deparar com tal cena.

Quando recebo um convite de casamento, fico feliz de ter sido lembrada. Saio de casa uma semana antes, escolho com carinho o presente, agendo hora no salão, escolho um belo vestido e espero pela celebração da felicidade de um casal amigo. Imagine se, chegado o grande dia, ao adentrar o salão, percebesse que há pessoas sendo literalmente etiquetadas e encaminhadas, como uma boiada, a outro recinto da festa que se inicia. “Qual o nome do casal, por gentileza?” “Laeticia e Alexandre”. Após uma rápida conferência, a recepcionista definiria a qual “boiada” pertencíamos.

E eu decidiria que era hora de ir embora, porque freqüentar um ambiente assim absolutamente não me interessa! Ora, pois! É bem capaz que eu me sujeitaria a um absurdo destes! Não importa a boiada, importa não ser tratado como boi!

Definitivamente as pessoas perderam, algumas, a noção de educação, e outras, a noção de vergonha na cara!


Laeticia é uma quase ex-baladeira que odeia coisas VIP, mas já pagou língua, ficando horas na fila pra comprar ingresso e poder assistir um show do Chico Buarque. Só que Chico Buarque não é entretenimento, é cultura.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Reflexões

Anastácia havia, a pouco, terminado mais um relacionamento, mais uma amizade que já não estava sendo mais tão companheira, que já não supria mais suas ânsias e não cabia mais nas suas expectativas; mas mesmo assim o fim sempre era ruim.

Estava passando por aquele momento de luto, onde se enterram momentaneamente os sonhos em conjunto, tenta-se esquecer brevemente os últimos anos e volta-se a olhar apenas para o futuro, novamente só.

No entanto, Anastácia continuava a sonhar e isso a fazia se sentir melhor, se sentir mais ela e menos o outro, mais certa do que queria e do que não queria, mesmo que por vezes estivesse confusa, Anastácia sabia que queria ser feliz primeiro só com ela.

Silvia de ressaca e muito reflexiva.

domingo, 26 de agosto de 2007

Cada Ano dos 30

Quando fiz 20 anos, comecei a me imaginar aos 30, realizada profissionalmente e usando Chronos.

Aos 22 me formei em Relações Públicas. Sempre foi minha paixão e, como qualquer paixão, pode não vingar... E não vingou. Me desviei da área e não consegui achar o caminho de volta.

Aos 25 comecei o primeiro e único namoro sério. Ele era inteligente, dedicado em tudo que fazia e baixinho, quer dizer, menor que eu. Infelizmente, descobri que ele não se dedicava à absolutamente tudo que fazia. Na lista de prioridades dele, eu devia estar em 5º lugar, com otimismo. Demorei quase quatro anos para me cansar, mas quando esse dia chegou, lavei a alma. Seria exagero dizer que me senti bem logo no dia seguinte, mas foi uma decisão muito acertada, arrisco dizer que inspirada divinamente.

Sozinha, comecei a ter fome (o que não era comum). E como comi...! Engordei 10kg. Santos quilos. Hoje sou o que os homens costumam chamar de “gostosa”. Ao mesmo tempo que faz bem ao ego, me irrita um pouco. Detesto ser vista como “Mulher Bunda”.

Nesse meio tempo, descobri o AMOR. É, um grande amor. Aprendi muito amando, principalmente a aceitar o que não posso mudar. Não pude viver esse amor como desejei, mas a alegria que me trouxe está comigo até hoje. Amar é divino! Bem sucedido ou não, o Amor engrandece, ilumina.

Fiz 30 anos sem estar profissionalmente realizada (o que busco até hoje cursando Secretariado Executivo). Porém sou uma mulher mais feliz, gostosa e cheia de esperança. Dois dias depois, ganhei um grande presente, minha sobrinha e afilhada Beatriz, um misto de meiguice e pirraça que eu amo profundamente.

Hoje, com 33 anos, 2 usando Chronos, solteira e titia, afirmo que sou muito mais mulher de 5 anos para cá. As emoções são mais fortes, sinto mais calor, sou mais paciente (não em todos os quesitos), porém imperfeita, graças a Deus. É na imperfeição que me agarro para aprender mais e mais a cada dia.

Não quero me imaginar com 40 anos. Prefiro viver cada ano dos 30 bem devagarzinho, assim como se come brigadeiro, saboreando bem até o finalzinho.

Angélica é Relações Públicas de diploma e coração, está prestes a ser formar em Secretariado Executivo, mas gostaria mesmo é de ser um anjo como dizem por aí...

Em Cima do Muro

Às vezes me pego no meio de um dilema, e não consigo sair de cima do muro. Tento me resolver, escolher um caminho, um lado. Mas nada faz com que me sinta segura com a decisão. E ela, a decisão, só cabe a mim. Não adianta tentar ajuda, nem conselhos, nada vai tirar o peso da responsabilidade, de arcar com as conseqüências, de mim.
Por mais que pense, que pese, analise, a conclusão não chega.

Isso já aconteceu várias vezes, e agora se repete. Por fim, me agarro ao tempo, e deixo que ele dite o destino.

Não deixa de ser minha opção sendo realizada, mas de uma forma menos objetiva, e isso acaba me deixando mais leve.

Assim, como o vento que faz as folhas voarem e depois vai embora, deixando-as pousarem...

Aline é uma mulher de 30 firme e decidida (ou não?), e não é insegura nem indecisa (ou é?)

sábado, 25 de agosto de 2007

Entranhas e expectativas

O que te move, camarada?

O que te faz acordar pela manhã e ter ânimo para sai-da-cama-escova-dente-banho-rua-transito-chefe? Não vale dizer o pão, o teto ou o pano, nem suas derivações.

O que tem na curva da tua entranha? Que te faz pular como um gato quando pisam no teu calo (ou no teu rabo)? Que te faz levantar a voz quando não esperavas, levantar o dedo na cara errada, levantar os olhos marejados, sem ter vergonha?

O que te dá nó na garganta, gana no pescoço, que te faz rosnar feito um lobo?

Que tal a Espera, camarada?

A espera por fazer a surpresa, provocar uma risada, pelo sorriso que derrete, perninhas que esperneiam, cachinhos esvoaçantes, brinquedo solto no chão, sorvete derretendo, cara lambuzada, algodão-doce no cabelo. Espera pelo dente que cai e pelo cabelo que cresce.

A espera pela recompensa. Não o grato-atenciosamente-formal, mas o olhar, só o olhar. A espera pelo ter, pelo aprender. Espera por estar grato, para engrandecer.

Espera pelo conseguir, pelo superar, pelo alcançar.

Esperar para ver a lua. Esperar pelo chegar logo, esperar pelo retorno.

Esperar pelo sonho e para ter o que sonhar.

A espera (espero) pelos olhos. Os que atravessam e nos deixam nus vestidos. Espera pelo calor da pele, no segundo antes de tocar, pelos pêlos eriçados do maxilar, pelo arrepio de doer porque não vai embora. Espera pelo frio na espinha, que corre pelo corpo como se vivo, como se bicho, apostando corrida com o suor. Espera pelo beijo, pelo quente da respiração na pele, dor de barriga boa, pernas fora de comando, explosão, fusão. Espera pelo silêncio.

Espera por alguém.

Não é isso, camarada, que te move?

Não me digas, então, que “há que se viver sem expectativas, pois assim o que vier vem bem e o que não vier nem era esperado mesmo”. Mentira! Eu também já tentei me enganar assim. Vivemos de entranhas, camarada, e entranhas são expectativas e estas, muitas vezes, valem mais do que o próprio motivo da espera. Sim, mais uma vez, eu não daria a face à ignorância, mas certamente eu poria a cara para bater, e tantas quantas eu tivesse, eu poria, pois eu quero entranhas e expectativas.

Gisele é uma mulher com expectativas medianas e controladas, e ao mesmo tempo uma menina que se dedica e se entrega quase exclusivamente às entranhas de suas expectativas.

Mãe só tem uma (Ufa!)

E onde é que nós estávamos mesmo?
Ah, os relacionamentos!
Poucas coisas são tão insanas e ao mesmo tempo tão necessárias quanto um relacionamento.
Todos eles. Eu juro. É verdade! Não acredita? Então tomemos como exemplo o mais insano de todos – e que no meu caso já dura mais de 28 anos - o relacionamento mãe e filha.

Minha mãe é daquele tipo “pra frente”. Ela é dezesseis anos mais velha que eu, mas parece que é uns doze mais nova. Ela usa roupas “da moda”, conhece os garçons pelo apelido, toma cerveja de manhã, vai à academia, tem mais de três empregos, e quando nós morávamos sob o mesmo teto, ainda tinha a ousadia de chegar em casa depois de mim... Ou pior: de me ligar pra ir buscá-la! E eu acordava, com o mau humor digno da madrugada, e ia. Parênteses aqui: antes que vocês pensem que ela é um monstro esquisito além da imaginação, deixem-me explicar que nestes casos, ela estava à trabalho. Minha mãe toca violão e canta em bares, festas, casamentos e todas essas ocasiões festivas.

Não contente, ela dá aula de música para crianças bem pequenas - daquele tipo que usa chocalho de grão de feijão como instrumento musical, sabe? - e também para adolescentes - daqueles que fazem bandas de "rock" (?!?) no período livre do colégio. Se a pessoa não é pequena o suficiente para sacodir o chocalho nem grande o suficiente para ter uma guitarra elétrica não pensem vocês que ela se acanha! Dá-lhe logo uma flauta doce e todos os problemas da humanidade estão resolvidos.

Esse tipo de coisa faz dela uma pessoa “cool”. Quase o meu oposto.

Sabe... Esse é o tipo de coisa que pode traumatizar muito uma pessoa. Se somarmos a isso o fato de que eu sou filha única, não fui amamentada, não ganhei um autorama e muito menos um pônei, eu sou um prato cheio para a psicanálise. Eu poderia ter me tornado psicopata, ou até coisa pior... Eu poderia ter sido bailarina!

Tá, eu sou exagerada. Mas vamos, concordem comigo que é estranho ter uma mãe fora do "padrão"...

Não me lembro dela escolhendo minha roupa pra ir pra escola, nem me dizendo para comer legumes, porque faz bem para a saúde. Não me lembro dela me obrigando a tomar banho, nem lavando atrás da minha orelha. Não me lembro dela me chateando porque eu não fiz a lição, logo não poderia brincar na rua. E felizmente, também não me lembro dela me obrigando a fazer aulas de ballet. Ela é legal demais pra essas banalidades. Se não me falha a memória acho até que me lembro da "mama" me deixando comer tatu-bola.

Existe uma hora na vida da gente em que as frases como “sua mãe é tão nova que parece sua irmã” e “queria que minha mãe fosse tão legal quanto a sua” já estão tão batidas que nem nos lembramos de responder à altura: - Sim, ela é muito nova. - Sim, ela é super legal. Eu sei disso mais do que qualquer um, ok? Ah, sua mãe não é “cool”? Que pena... Mais sorte na próxima vez. A minha é.

Milena tem 28 anos - mas parece que tem 60, é filha de uma mulher que tem 44 – mas parece que tem 25 - e sabe como ninguém que idade é só um estado de espírito.

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

BLACK SHEEP

Outro dia entrei em um ônibus em BH. Sentei-me. Após alguns pontos e sinais um homem, por volta dos cinqüenta anos, entrou carregando os objetos escolares da filha. Carregando tudo, inclusive um moletom enorme, acessório indispensável a muitas adolescentes de mal com a silhueta, sempre para mais ou para menos.

A menina entrou logo depois do pai, parecendo odiar o fato de ter que pegar o “buzão” Mascava chiclete e carregava seu Mp alguma coisa. Lançou-nos aquele olhar de top model de quem olha para todos e não olha para ninguém. Pobres passageiros, pobres plebeus! Os olhinhos da princesa? Pintados de negro! Jeans básico, camiseta baby look, boca coloridíssima – de roxo. Unhas não menos coloridas – de preto!

Era até engraçada a menina com seu estilo Avril de ser: linda, sem querer parecer.
Quando virou-se percebi que não devia ter quinze anos, mas tive a certeza também de que jamais iria querer aquela festa cor-de-rosa, de fitas e filós. Afinal, isso deve ser a última coisa que uma menina que usa uma camiseta estampada “Black Sheep” pode querer.

Black Sheep... OVELHA NEGRA! Aquilo me impactou de tal maneira, talvez porque o texto da Milena estivesse fresco em meus pensamentos. O tempo...

Pensei logo na Maria Fernanda adolescente, como se eu fosse encontrá-la em casa entre parafernálias eletrônicas, convites para raves, ocorrências escolares... tão logo eu chegasse. Credo! Sai, sai, sai! Tive medo de voltar para casa!

O pai, um pouco distante da filha, lançava para ela um olhar terno, de amor imensurável. De maneira resignada aceitava essa fase ovelha negra da menina, mas acredito que olharia para a filha com a mesma ternura, caso ela quisesse ser uma alegoria da Avril Lavigne para o resto da vida.

Chegando em casa minha paspatinha dormia. Em seu berço um chocalho, uma bonequinha de pano e um bichinho de pelúcia, daqueles que a gente aperta a barriguinha e diz: I love you.

A vida tem dessas coisa...


Vanessa é educadora, trabalha atualmente com uma média de 150 adolescentes. Muitos já leram Bruna Surfistinha e teriam lido mesmo se estivesse em grego. Nunca encontrou entre seus alunos algum que vestisse uma camiseta com a estampa Black Sheep, mas nem precisa! Ela é uma mãe imensamente feliz pelo fato da Maria Fernanda ser um bebezinho lindo e saudável, de apenas 8 meses! Ela é uma mãe que também sabe que o tempo passa... E como passa...

Abraços! Até sexta.

Roteiro de um filme ruim – ou não

A protagonista desta história poderia ser qualquer uma de nós. Poderia ser inclusive você, que está lendo esta história agora. Uma pessoa com uma vida absolutamente normal.

Nossa protagonista está sozinha na cidade para onde se mudou faz pouco tempo. Todos seus (poucos) amigos da cidade estão de férias, e ela está atolada de trabalho. Claro que no fim de semana ela tem tempo de descansar, mas durante a semana, tem tanta coisa pra fazer que parece que 24 horas são poucas pra tanta coisa. Assim, chegando no sábado à noite, depois de passar o sábado dando um jeito na casa e adiantado o trabalho da semana, ela acha que merece sair e se distrair. Vai ter um show na cidade de graça, de um cantor que ela não conhece. Aqueles amigos que estão de férias já disseram a ela que é imperdível. Todos recomendam, mesmo sabendo que ela vai ter que ir sozinha, se aventurando pela cidade que ainda não conhece bem. Ainda bem que o show é perto de casa.

Para animar um pouco, ela começa a se vestir tomando uma taça de vinho enquanto conversa com amigos na internet. De alguns, ela ouve que o show é imperdível, ela não pode mesmo deixar de ir. Pra outros, ela conta que está indo a um show imperdível, tão imperdível que vale a pena ir, mesmo sozinha. E assim, animada pelo vinho e pela vontade de fazer alguma coisa diferente, ela se arruma pro show, acha que está bonita, bebe mais uma taça de vinho e sai, pronta pra desfrutar boa música e boa companhia. Afinal, uma mulher poderosa e independente como ela quer se convencer que é, é sempre boa companhia pra si mesma.

E lá vai ela, andando em direção ao lugar do show, sem ouvir nada. Nem bagunça de gente, nem a voz do cantor... Chega no lugar, e cadê? O primeiro pensamento é que está no lugar errado. Confere as placas. Está certa. Será que errou o dia e a hora? Vê um cartaz pregado no poste. É hoje mesmo. Cadê o raio do show? Que vida triste a vida de uma pessoa que se produz pra uma balada que não existe. Ela pára um casalzinho, pergunta do show. Eles falam que também estão procurando. Sensação de alívio. Doida ela não está, e se está retardada, pelo menos não está sozinha.

Quando está pensando em como vai salvar a noite, aparece um rapaz meio esquisito. “Aqui”, diz ele, “meu primo quer te conhecer”. Cheia de presença de espírito, ela pensa (e pior, diz) “Pra quem veio parar num show que não existe, nada me assusta mais. Apresenta aí”. Claro que bem no fundo, ela tem esperanças que surja de algum lugar um Richard Gere, ou mesmo um Josh Holloway que a pegue nos braços, diga que ela é tudo que ele sempre quis, e que a vida deles é um filme de amor com final feliz. Mas surge, todo acanhado, um adolescente de uns 15 anos, no máximo, parecendo o Harry Potter depois da dengue. O primeiro pensamento é: “Se fosse o Daniel Radcliffe, eu até acabava de criar”. O segundo pensamento é “Meu Deus, eu sou uma mulher poderosa, absoluta, bem sucedida, com quase 30 anos, escrevo num blog de sucesso (assumindo que ela poderia ser qualquer uma de nós, né?), decididamente não mereço passar por isso! Minha vida é uma piada de mau gosto! (ou melhor, o roteiro de um filme ruim)”. Pra não ser mal educada, se apresenta pro rapazinho e sai. Pra não perder a noite, chama um táxi, resolvida a ir se embriagar em algum outro lugar.

Entrando no táxi, comenta a frustração de ir pra uma balada que não existe. O taxista, antenadíssimo com as baladas da cidade, fala que o show está acontecendo em outro lugar, ela se anima e ele a leva pra lá.

Aí, aquilo que parecia ser o roteiro de um filme ruim teve um final feliz: o show era realmente imperdível, ela se sentiu linda vendo que vários carinhas mais velhos e mais interessantes que o Harry Potter olhavam pra ela e sim, ela estava certa – quando se é uma mulher interessante, sua companhia se basta. Melhor ainda com boa música e uma taça de vinho na mão.


Sisa, 28 anos, podia ser a protagonista desta história, assim como você, e acredita piamente que o roteiro da nossa vida, quem faz somos nós.

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Lição de Economia


Venho mantendo uma certa fama de pão-dura que adquiri há algum tempo.É difícil conservar certos hábitos numa sociedade de consumo, e, confesso, é muito bom ter essa fama.

Parece loucura? Pode ser. Mas as pessoas pensam duas vezes antes de me pedir dinheiro emprestado. Só isso já é vantagem! Outra vantagem é que, quando compro alguma coisa, a propaganda de meus amigos e colegas é a seguinte: “até a Tânia comprou”. Sinal de que é bom e barato. Afinal, só compro algo mais caro quando percebo que o mais barato vai estragar logo e que terei que comprar o mesmo tipo de produto novamente, em pouco tempo, para repor o estragado. É quando o barato sai caro!

Mas há problemas em ser avarenta. O primeiro deles é que não gosto de gastar nem vocabulário. Por isso demorei tanto para começar a escrever! Quando lecionava História, escrevia muito no quadro. Parece que estava gastando? Não, estava tentando aproveitar o máximo do tempo com os alunos. Aí também falava demais. Isso não era gastar, pois ali eu estava me sentindo útil, conversando bastante, ajudando pessoas e aprendendo com elas. Estava economizando dinheiro da terapia!

Até para realizar um sonho antigo, de ter um animalzinho de estimação, economizei. Adotei uma cadelinha vira-lata em um site que recolhe cães nas ruas, os trata e coloca para adoção. Aproveitando a economia com a propaganda, o site é
www.petmg.com.br. A cadelinha é fantástica, e não tenho muitos gastos com ela. Ela alegra a casa, e também me economiza a terapia!

Outro dia me encheram a paciência porque não tenho microondas, nem máquina de lavar. Não tenho necessidade disso. Estou feliz com meu tanquinho, que bate muito bem as roupas, e também com o fogão, que tem um forno ótimo e serve muito bem para mim! Gosto de pouca coisa em casa. O apartamento já é pequeno; se encher demais, parece menor! Com menos coisas, ele parece mais espaçoso do que é! Também não tenho empregada, nem faxineira. As tarefas de casa são divididas, e são só três aqui: a cachorra, meu marido e eu.

Tudo bem que passo dos limites de vez em quando, como quando limpo a vasilha de margarina com o pão para não desperdiçar; ou quando aperto a bisnaga do creme dental até as últimas conseqüências, mas isso é valorizar o suor do trabalho, e evitar desperdícios. Afinal, posso ser louca, mas não jogo dinheiro fora! Até para comprar uma televisão nova, demorou anos! A que tinha ficou mais de uma década com o mesmo defeito: ela só ligava depois de muitos minutos “esquentando”. É que ela funcionou normal as duas vezes em que a levei à assistência técnica. Aí resolvi que só iria trocá-la quando queimasse. Ela não queimava nem deixando ligada durante tempestades de raios. Devia ser para eu não gastar! No ano passado ela começou a apresentar problemas no som, e ficou difícil entender o que era falado nela. Aí resolvi comprar outra. Mas pesquisei muito para comprar uma no menor preço. Agora está tudo bem!

Bom, escrevi demais, e gastei meu único neurônio, além de gastar esse montão de palavras aí de cima! Fico por aqui. Até a próxima!


Tânia é pão-dura, louca, e não toma remédio para não gastar dinheiro! Adora ler, ver filmes e escutar música. Adora animais, menos baratas, mesmo sendo “baratas”!

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Quem espera sempre alcança?


Esperar algo ou alguém, em pé ou sentada, não importa! Eu odeio esperar e você? Você há de convir comigo que perder tempo esperando quando se tem 15 anos (quando meu único compromisso era com a televisão), é muito diferente de perder este mesmo tempo aos 29, quando meu dia teria que ter 36h pra dar tempo de fazer todas as atividades que tenho.

Naquele dia, minha espera se iniciou já de manhã quando cheguei para trabalhar. Dei uma volta na quadra e nada! Nenhuma vaga para o carro, insistente, dei outra volta pra me certificar que eu havia olhado direito, eis que vejo um carro saindo de uma vaga, mas é incrível, quando você liga a seta, a pessoa decide até passar batom, acho que é uma tática pra deixar o próximo esperando e bastante irritado!Já comecei a xingar mentalmente, isso porque eu estava sozinha, porque se eu estivesse acompanhada já me desabafaria com o carona. Depois de eu já estar com taquicardia de raiva, o carro decide sair e eu consegui finalmente estacionar.

Entrei pra trabalhar e tudo foi bem até a hora do almoço, quando tive a infeliz idéia de ir almoçar fora, porque na noite anterior tive preguiça de deixar o almoço pronto. Na entrada do restaurante já dava para avistar a fila e imaginar o que me aguardava, se era difícil esperar de barriga cheia, imagina de estômago vazio!? Minha vontade era sair correndo daquela fila e ir comer pão com mortadela na padaria mais próxima, mas meu marido estava de bom humor e me convenceu que a comida valia a pena. Realmente, com a fome que eu estava qualquer comida valeria a pena, mas confesso que na primeira garfada eu já havia me esquecido do martírio da fila.

Voltei ao trabalho, tinha consulta na médica às 17:30h. Cheguei as 17:25h, o consultório estava lotado, me sentei e logo ouvi a senhora do lado falar para outra: “Não agüento mais esperar, minha consulta era às 15:00h”, a outra respondeu: “a minha era às 15:30”... Nesse momento minha taquicardia reapareceu! Tentei me distrair com as revistas, durante uns 30 min tive sucesso, quando percebi, parecia que eu estava sentada numa britadeira, de tanto que minha perna balançava, agitava até meu cabelo. Era a inquietação se manifestando... Mas era muito difícil conseguir uma consulta com essa médica, então tive que aturar a espera de quase 2h. Minha vontade era quando a médica abrisse a porta do consultório, ferver em cima dela e dizer umas verdades, mas a médica foi tão simpática e atenciosa que após eu adentrar a sala dela, até esqueci minhas horas angustiadas de espera.

Voltei para casa e decidimos pedir pizza, a moça falou que levaria uns 40min, 1:20h depois a pizza ainda não tinha chegado, meu marido agora extremamente irritado, pegou o telefone para cancelar a entrega, quando toca a campainha e era o entregador, ao abrir a porta o cheiro da pizza nos fez salivar! Então resolvemos ficar com a pizza.

Bom, depois de um dia desses, agora só me resta dormir, porque o importante é que o dia de amanhã é um novo dia e tudo vai ficar bem (pensei comigo), então me deitei de conchinha com meu marido e aí fiquei esperando o sono chegar, ele também demorou!


Débora é impaciente, persistente, adora uma boa comida e escreve aqui às quintas.

Ontem à noite...


Só para constar, esses últimos dias eu estava meio fora do ar, dificuldade de concentração absurda, viajando geral, sei lá o quê que me deu... Sei que alguns amigos até me perguntaram: “Você fumou maconha? Bebeu água da privada? Tá comendo coco? Isso não é normal não...”

A idéia de um texto brilhante (assim como outras idéias brilhantes) toda hora me surgia, mas a fração de segundo entre o alcançar uma caneta e o começar a escrever era suficiente pra idéia se perder.

Então, terça à noite, e a sensação de que pulei uma semana da minha vida. “QUERO MINHA CONCENTRAÇÃO DE VOLTA!!!!!”

Uma trilha sonora teima em tocar na minha cabeça: “Hoje eu quero sair só”, do Lenine.

Aí começa a batalha entre a necessidade de sair sem compromisso, dar uma volta, espairecer, olhar o mundo, e uma preguiça eterna do tamanho de todos os sistemas solares juntos me mandando ficar embaixo das cobertas.

Acabou que ganhou uma amiga que insistiu muito para sairmos, mas eu fiquei com a sensação de paisagem a noite inteira... “POR FAVOR, QUEM ME ROUBOU DE MIM, ME DEVOLVE!!!!”

Enfim, nada interessante aconteceu, simplesmente saí (nem foi só... será que eu devia ter dado ouvidos à trilha insistente?), ficou nisso mesmo...



Glícia tem certeza que precisa de um tempo (férias, longas e bem remuneradas)...

Primeiro Sobre Ciência

Como minha área de atuação é pesquisa, um assunto que me interessa muito é Ciência. O avanço tecnológico sustentável e os benefícios que possa trazer para a humanidade me fascinam! Sendo assim, acredito ser este o primeiro de uma série de textos sobre o assunto.

Dia desses estava assistindo TV e vi uma reportagem que me chamou atenção. Kevin Warwick, cybercientista declarado, pesquisador chefe do Instituto de Robótica da Universidade de Reading, Inglaterra, está testando o implante de chips no próprio corpo com o intuito de comandar uma casa em um estalar de dedos. Até aí, tudo muito interessante e louvável, pois a finalidade que vejo é auxiliar pessoas que estejam limitadas permanente ou temporariamente e que não consigam realizar determinadas tarefas.

No entanto, o cybercientista disse que, em pouco tempo, será possível implantar chips no cérebro para interagir com computador e acionar máquinas. Ele anuncia que crianças com chips implantados no cérebro aprenderão em segundos o que levariam anos para aprender na escola.

Um momento... Eu sou cientista, doutoranda em Engenharia e Tecnologias Espaciais no
INPE. Estou acostumada com o quão somos dependentes de computadores e máquinas! Mas tenho plena consciência de que se um software falhar, o erro foi do homem por trás da máquina, que “lhe deu vida”, dotado de inteligência, criatividade, capacidade de interagir com outras pessoas e de se ajustar para resolver problemas. Porque uma máquina não pensa sozinha, não é capaz de decidir a melhor opção, a menos que, previamente, tenha sido carregado em sua memória um programa que reproduza o pensamento humano, incluindo aí faculdades do raciocínio humano, como a tomada de decisão.

Agora, eu me pergunto? Qual o futuro de nossas crianças? Eu não quero ter uma máquina em casa em que eu programo o que quiser e controlo da maneira que bem entender. Apesar de não ter certeza da minha vocação materna, se tiver um filho, eu quero que tenha habilidades e dificuldades, personalidade, que passe pela “aborrecência”, que precise de mim ou tenha vergonha de me dar um beijo perto dos coleguinhas de escola. Eu quero uma criança que ame, chore, não goste, tenha ídolos e medos, enfim, desejo criar uma pessoa única, com seu caráter e suas características inconfundíveis - a minha criança apenas!

Será que transferir conhecimentos por meio de um chip realmente poupa as crianças do “terrível” processo de aprendizagem escolar e leva a adultos melhores? Para mim, não! Acredito ser fundamental conviver com outras crianças e adultos, aprender a se socializar, saber que seu direito acaba no momento em que esbarra no direito do outro, entender que precisa agir para alcançar seus sonhos, a lidar com vitórias e com derrotas e uma série de enriquecimentos que só são aprendidos com o outro. E mais, creio que para tudo existe a hora certa. Não adianta ensinar hoje o que a criança só aprenderá amanhã. O processo de aprendizagem é complexo: é necessário maturidade para assimilar a nova informação, destruir o estado confortável em que se encontra e reconstruí-lo, incluindo tal informação, para finalmente compreender o que foi ensinado.

Para mim, isto é viver! Isto é crescer, amadurecer, ser feliz, ser humano! Quando eu quiser um computador, vou a uma loja de informática e compro um com as especificações que desejar. E se tiver um filho, ele será sim apresentado à tecnologia, mas àquela adequada a sua idade e que o auxilie a ser alguém melhor. Afinal, não vivo no tempo das cavernas, não se preocupem...

Conversamos novamente na próxima quarta feira. Fiquem bem!


Paula é doutoranda em Engenharia e Tecnologia Espaciais, tem verdadeira compulsão por sapatos (parece uma centopéia) e cura sua culpa quando come uns docinhos a mais com muita academia. Escreve aqui toda quarta-feira.

terça-feira, 21 de agosto de 2007

A Saudade Sentida em Seis Sentidos


Fico chateada quando planejo meu dia e por alguma eventualidade não sai do jeito que eu queria. Essa chateação costuma durar assim, uns cinco minutos. Pouco tempo, é verdade, mas quarta feira eu realmente queria ter feito o que tinha planejado e teria ficado muito triste se não tivesse acontecido uma coisa meio mágica. Aliás, muito mágica.

Era aniversário da minha mãe e tudo levava a crer que meus planos de aparecer lá de surpresa com um bolo de chocolate cheio de velinhas iriam por água abaixo. Enfim, eu estava destinada a movimentar o PIB do país naquele feriado.

Resignada, encarei o trabalho e estava absorta tentando tirar água de pedra numa daquelas defesas indenfensáveis com que todo advogado, mais dia, menos dia, se depara, quando ouvi passos se aproximando da minha sala e vozes, que, apontando em minha direção, disseram: “esta é Laeticia, neta de Tio Álvaro”.

Álvaro. Álvaro. Álvaro. O sorriso surgiu espontâneo no meu rosto. Já de pé, antes sequer de ser apresentada àquele simpático velhinho, que já devia ter bem seus 70 e tantos anos, atirei minha pergunta à queima roupa: “o senhor conheceu meu avô?” E a resposta que recebi despertou em mim saudades que naquele exato momento estavam um pouco adormecidas: “conheci Álvaro sim. Grande violonista. Eu era menino e ele era o único adulto que conversava conosco de igual pra igual. Naquela época, adultos não conversavam com crianças, mas ele conversava.”

Como que por encanto, fui tirada da melancolia de estar trabalhando num feriado e meu dia adquiriu novas cores. Eu sempre soube que meu avô era uma pessoa especial. O avô da gente é sempre especial. Mas ouvir de um velhinho suas lembranças de menino e ver que ele também achava meu avô especial me emocionou profundamente. A saudade tomou conta de mim e eu passei a senti-la intensamente, com meus seis sentidos. Como estou sentindo de novo agora.

Eu olhava aquele velhinho contando que quando ouvia “táuba, de tiro ao álvaro” ele sempre se lembrava do meu avô, e sentia saudade com os olhos. Cheguei a ver Seu Álvaro sentado de perna cruzada na poltrona ao lado, sorrindo pra mim. De repente, eu estava ouvindo o som de um bandolim e aos poucos identifiquei a música. Não me lembrei do nome, se é que algum dia eu soube. Mas aquela música tinha gosto de infância, força de pacata-tá-tá-tá, cheiro de catar arroz com pinça na mesa da copa, cara de bala de amendoim com cobertura de chocolate guardada no cofre, textura de bolo solado e de rapa de lata de leite condensado, barulho de doce de leite, gosto de “tomara eu ver”, cheiro de coçar “cacunda”, toque de prato que “Maria não sabe lavar”, cara de comida eternamente sem sal, nojo de colher “babujada”, uma sensação forte e eterna de estar sendo carregada no colo. Meu avô estava ali do meu lado, como está aqui do meu lado agora. Talvez eu não possa mesmo vê-lo, tocá-lo, cheirar seu cabelo, ouvir sua risada, tomar sorvete com ele. Mas eu posso sentir sua presença do mesmo jeito que sentia quando era criança e ele estava mesmo lá.

O filme da minha vida passou inteiro pela minha cabeça naqueles cinco minutos que estive com aquele velhinho. Lembrei do dia que fomos à praça da matriz em Diamantina e vovô não deixou a gente (eu e Cecília, a dupla inseparável) ver que ele tava comprando bonecas “meu bebê” pra gente ganhar de Natal. Lembrei das inúmeras baratas das quais vovô me protegeu e das várias vezes que ainda me ajudou a fugir da “pedagogia” de vovó que queria matar meu medo me obrigando a enfrentar aqueles monstros asquerosos, as baratas. Lembrei do dia que cheguei em casa quase de manhã, vestida de mulher-gato, meio de fogo e encontrei meu avô tomando café com leite, me olhando, numa mistura de surpresa e incredulidade. Lembrei que neste mesmo dia, quando me levantei com aquela sensação híbrida de ser meio gente, meio merda – tinha bebido horrores -, ouvi do banheiro: “Calú, vc não vai conseguir segurar Laeticia. Ela é igual um rapaz: sai a hora que quer, chega a hora que quer e só faz o que quer.” Ele estava achando graça.

Confesso que esta última lembrança conseguiu segurar as lágrimas que inevitavelmente brotaram enquanto eu escrevia, mas ainda tem uma lembrança marcante que me fará ir às lágrimas novamente. Vovô, já bem velhinho, na cadeira de rodas, falando muito pouco, mais frágil do que o homem que me protegeu a vida toda, emocionado ao ver seu nome junto com o de mamãe no meu convite de formatura. Ele gastou quase uma semana pra ler o convite todo. Quando vi aqueles olhos que cuidavam de mim desde sempre, eu tive certeza de que quando ele me olhava, ele sentia gosto de relógio batendo, ouvia barulho de viagem pra praia, falava jogo de buraco, cheirava pescaria, sentia meu peso pulando no colo dele e me abraçava forte e ternamente com os olhos mesmo quando fisicamente eu também não estava lá.


Laeticia é taurina com ascendente em leão; passional até a raiz dos cabelos, se atira à vida e aos sentimentos intensamente, sem medo de quebrar a cara. Já quebrou muitas vezes, colou e continua se atirando. Desde quarta-feira vem se deliciando na saudade, sentida em seus seis sentidos. Continuará despejando sua paixão pela vida neste blog às terças-feiras.

Minha opinião sobre uma pancinha masculina

Adoro. O homem ideal tem que passar a impressão que pode sair a qualquer momento da caverna e voltar com um mamute de 300 kgs nas costas. O que não tem nada a ver com barrigas tanquinho, glúteos, bíceps e tríceps bem definidos. Aliás, do meu ponto de vista, esse estilo meio pit boy conta ponto contra. Um adônis musculoso provavelmente passou 2 horas na academia e tomou umas bombas com conhecidos efeitos colaterais. Esses sempre dão aquela coceira atrás da orelha: "Será que é gay?". Gosto é gosto, mas se eu cheguei a pensar isso de um cara, ele já não serve para mim. Nada como a pança fofinha de um homem dionisíaco, que nunca, em hipótese alguma, vai falar: "vamos comer uma salada de folhas e pular a sobremesa". Ou pior: "você precisa dar uma melhorada nesses abdominais." Isso só os purpurinados poderiam falar. O homem forte é masculino e fofinho, dá pra caber dentro dos braços têm pancinha e não se preocupam com a calvície.


Roberta Sant´André: nunca esteve em Rondônia, mas acredita que o estado exista.

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

As duas faces da mesma moeda

Mary era uma moça carinhosa, e no mínimo romântica, era daquelas moças que acreditam em quase tudo o que dizem, incluindo elefante azul voando. Mary não perdia a esperança nunca, mesmo quando a situação se mostrava cada vez mais caótica. Pequenas coisas a faziam chorar, final infeliz de filme era, no mínimo, um ultraje, afinal íamos ao cinema para esquecer das mazelas da vida e não para sermos lembrados delas. Mary gostava de saber e também de perguntar, sabia que o mundo era um ovo e mesmo assim queria viajá-lo por inteiro; sabia que o homem da sua vida não estava na esquina, mas talvez estaria naquele olhar de lado, onde não se enxerga direito. Mary era assim, intensa, não tinha medo de ser feliz e muito menos infeliz; mergulhava com força, mesmo que doesse, pois ainda assim via beleza na dor, e afinal estava viva; para ela estar viva já era o bem supremo, o resto, assim como a vida, passaria, e, portanto, não deveria ser desperdiçado com trivialidades.

Mary era amiga de Anastácia. Apesar de suas drásticas diferenças se davam bem. No entanto, Anastácia era pessimista e Mary não; uma não tinha mais fé nas pessoas e a outra nunca a perdia. Mary gostava de MPB e Anastácia de música clássica, Mary tocava, ou pelo menos achava que sim, pandeiro e violão, Anastácia, por sua vez, tocou um ‘bife’ quando era criança no piano. No entanto as duas eram amigas, e por vezes eram quase inimigas, mas sabiam que uma completava a outra, e que sem esta companhia seria impossível viver.

Mary e Anastácia eram assim, duas faces de uma mesma moeda; suas opiniões, suas paixões, eram por vezes parecidas, mas as interpretações completamente diferentes, mas na verdade, isso não importava muito; por que elas eram, afinal, amigas, e gostavam de trocar as diferenças, por que enfim eram assim que cresciam e se tornavam às mulheres que eram; corajosas e excessivas, por vezes tristes e melancólicas, mas invariavelmente fortes e esperançosas, nessa vida elas sabiam que nada as deteriam.


Silvia é um misto de pessoas, por que as ama, invariavelmente da dor que possam ter causado, afinal a vida só vale a pena com elas.

domingo, 19 de agosto de 2007

Caixa de Pandora

Oi, gente!

Hoje é a minha estréia no blog. Meu primeiro post! E confesso que estou me sentindo como um artista em primeiro dia de espetáculo. Casa cheia, público exigente, com direito a até mesmo um friozinho na barriga, mas como eles mesmos dizem na coxia: MERDA para mim! Em toda primeira estréia, a gente também espera fazer uma boa estréia! Eu tenho lido os textos das drepente 30 já postados e o friozinho na barriga virou uma cólica! E todas (parafraseando Bebel) estrearam em grande categoria, cada uma dizendo ao que veio! Sensacional! Bom, vamos aos meus 15 minutos de fama!

Quando a Sisa me convidou para participar do blog, eu topei de cara! Achei a idéia tão bacana e nossa amiga tão entusiasmada que só podia dar no que deu mesmo! Além do mais, alimentar um blog diariamente exige uma certa disciplina que eu, sinceramente, não tenho. Alimentar um blog, neném chorando, diariamente, com idéias criativas, é melhor nem comentar! Por isso eu gostei tanto do rodízio de escritoras e algumas eu até conheço pessoalmente, como a Sílvia (Do you speak English?) e a Tânia (festa casa Cecília + corredores Fafich), além, é claro, da Sisa (amiga de uma vida toda) e da Laetícia (irmã de amiga de uma vida toda vai junto no balaio também!)

Para um texto de estréia eu pensei em um grande tema. Calma! Isso não durou cinco minutos! Achei melhor falar um pouco do significado desse lugar no qual nos encontramos (o blog!!!), que passa longe das desperate housewives. Fui pensando, pensando, google, pesquisar, “caixa de pandora”, wikipédia e encontrei o que eu queira:

Caixa de Pandora é uma expressão utilizada para designar qualquer coisa que incita a curiosidade, mas que é preferível não tocar. Tem origem no mito grego da primeira mulher, Pandora, que por ordem dos deuses abriu um recipiente onde se encontravam todos os males que desde então se abateram sobre a humanidade, ficando apenas aquele que destruiria a esperança no fundo do recipiente. Existem algumas semelhanças com a história judaica-cristã de Adão e Eva em que a mulher é, também, responsável pela desgraça do gênero humano.

Deixando de lado o aspecto filosófico, que isso é departamento da Sílvia, ressaltemos a imagem, o quadro a que isso nos remete. Algo proibido é revelado pela desobediência de Pandora. Desobediência causada pela curiosidade, que em maior ou menor grau, tempera todas nós! Responsável pela desgraça do gênero humano? Ai dos homens se não fossem as mulheres! Cada uma suas histórias, seus segredos, seus mistérios... Verdades e inverdades também (por que não?!). Algo de profano no olhar? Desejos inconfessáveis! Pura malícia...

Que o nosso blog, assim como a caixa de Pandora, incite a curiosidade alheia. E que todos saibam que se uma mulher já tem muito a dizer, as drepente30 abcd... então!

Decifra-me, ou te devoro, cada dia um convite!


Vanessa é educadora. Casadíssima. 29 anos. Mãe de Maria Fernanda (a paspatinha), 8 meses, que tem colorido sua vida de um flicts intenso! Ah, encontra-se por aqui às sextas-feiras, sem falta. É que assim, de rodízio, dá!!! – diz ela!

Em tempos de Jogos Parapan-americanos

Sempre me emociono quando vejo as Paraolimpíadas ou os Jogos Parapan-americanos... Imagino quantas dificuldades cada um daqueles atletas enfrentou pra chegar lá e quantas enfrentam no dia-a-dia. Fica então impossível não parar para pensar: por quê pessoas com tão poucos problemas simplesmente ficam estacionados, paralisados em suas próprias vidas?

Parece que a maioria tem uma grande capacidade de transformar probleminhas em problemões, obstáculos em muralhas intransponíveis. Não é bem assim que a vida funciona. Todos passamos o tempo todo por situações que precisam de soluções, de escolhas. O que não significa que sempre ter que achar solução é um empecilho para nos tornarmos melhores e maiores. Muito pelo contrário! Olhar para cada novo dia com naturalidade e acreditar na capacidade que temos é o primeiro passo para vivermos bem e com tranqüilidade. Colocar cada situação nova em suas dimensões reais pode ser a princípio um desafio, mas a gente deve tentar não maximizar o que não é bom.

Em vários momentos me identifico com o perfil "nada otimista". Mas não desisto de lutar contra ele.

Volto e vejo esses atletas. Dá para imaginar que muitos deles são capazes de feitos maiores do que de outras pessoas fisicamente perfeitas? Pois são, e com honra e glória! Agora a razão de uns serem melhores que outros, independentemente das habilidades e condições inatas, é basicamente uma só: a persistência em superar seus próprios limites. E como já disse Henry Ford "Há mais pessoas que desistem do que pessoas fracassadas.". Acho que ele tinha razão.

Desejo que tenhamos sempre muita força, coragem e otimismo para fazer das nossas próprias vidas algo muito gratificante!


por Aline: Professora de educação física e mãe em tempo integral, veterinária não atuante... Casada, dois filhos lindos (claro!!!! rsrs). Adoro contemplar o mundo e perceber que existe esperança, beleza, alegrias.

sábado, 18 de agosto de 2007

A vida tem sido mais que isso, camarada.

- Manhêeee????
- Hum!
- Quanto tempo falta pra chegar o ano 2000?
- Hum, peraí. Uns quinze anos.
- Manhêeeeee????
- O que é, guria??????
- É no ano 2000 que eu vou ter marido, emprego, filho e cachorro?
- É, filha, é. Vai andar de patins e não me enche, vai!

Com seis anos “marido-emprego-filho-cachorro” era tudo o que eu queria aos vinte. Desde que o emprego fosse de “patinadora”, naquela época eu achava que qualquer coisa que preenchesse os outros três itens de série me faria feliz. Veio então a fase de querer ser astronauta, que durou bastante tempo e foi bem mais interessante. No intervalo entre astronauta e farmacêutica, segui a linha “mística-xamã-grunge-holística”, que até hoje define muito do que sou (ou do que restou aqui dentro daquela adolescente maluca).

Aos vinte e um, porém, foi inevitável lembrar do dia que minha mãe certamente não lembrava. Ano 2000. Dos itens básicos, não podia dizer que não tinha nenhum deles, mas também não podia dizer que tinha. Emprego? Faxineira e babá, muito obrigada. Marido? Tá bom, namorido. Filhos e cachorro? Dá pra trocar por duas roseiras?

Porém, na beira do Tamisa eu ri, e bem no fundo, pensei no quanto foi bom não ter levado a sério a resposta de minha mãe.

Aos 30 (28 é quase 30, já respondi que tenho 30 por aí...), finalmente... Nada mudou quanto ao não-preenchimento dos itens de série. Porém, quanta diferença!
Tenho que ser justa. Emprego: confere. Namorido (e não marido): confere.
De resto, valha-me Deus!

Fui e vim por aí a valer. Buscando o que todo mundo busca e não sabe bem o que é. E foi do menos provável, do mais inesperado, do desavisado, do susto, do grito que descobri que me alimento.

Não sou patinadora, nem astronauta, mas vivo de algo que nunca pensei em viver e que realmente me faz feliz. Urbanóide Neo-caipira de Londres para um fim de mundo (com um pit-stop de alguns anos na capital gaúcha, minha origem, minhas entranhas), acordo todos os dias e vejo uma das paisagens mais lindas que já vi. E ela segue me emocionando. Incômodo é o galo do vizinho (sim, um galo, e não um gato), que insiste em emendar os 800 cachorros do bairro depois que eles cansam de latir, além dos raios dos Ui-rru-rrís (que chamam de bem-te-vis por aí, não sei bem por que).

O eterno barulho do silêncio que me rodeia trás surpresas agradáveis. O piá do vizinho, por exemplo, que deve ter menos de duas primaveras, mas fala um javanês esplêndido e divertidíssimo em tempo integral (com os pais ou com a parede). Ou pensamentos, que sempre estiveram por aí, reboleando, e hoje gritam nos meus ouvidos.

Eu achei que vinha para um emprego. Emprego? A vida tem sido muito mais que isso camarada...

Sigo apaixonada, como em todas as vezes que conheci alguém que me fez pensar (e depois desistir) “é, de fato, serve pra marido”. Apaixonada pelas pequenas e pelas grandes coisas. Chuva de estrela cadente, vinho no terraço, céu claro, vento e pele com a mesma temperatura (delícia). Casa, ninho, meu canto. Dormir de conchinha e estar confortável com alguém, mesmo no silêncio. Apaixonada, sempre, e principalmente, pelas pessoas. Não todas, que elas são muitas. Porém, sim, as inesperadas, poucas e que se justificam sem palavras. Viagens, cachaçadas, shows, baladas, sim também, mas isto com qualquer das muitas. Agora, meu camarada, cochichos, risadas, jantares, confissões, segredos, brigas, mágoas, reconciliações, olhares furtados que dizem muito, um abraço, encontros, colo, choro, andar de camisola ou de calcinha e se sentir em casa em qualquer lugar do mundo... Só com eles, os eleitos, os amados, que são poucos, mas enchem a minha vida, e certamente, chegaram e sempre chegarão inesperados.
Marido? A vida tem sido mais que isso camarada...

Filhos? Bom, quanto a estes permanece o mesmo desejo de quando eu tinha seis anos, mas cheio de novos significados: os terei quando eles me quiserem (não que eu vá facilitando por enquanto) e vou seqüestrar para sempre algum que não foi quisto daqui a 14 anos.

Cachorro? Hoje prefiro vacas.

Pra ficar perfeito só falta abandonar meu passatempo muitas vezes preferido: reclamar (e me dar conta de que não há motivos). Porém, perfeição? A vida tem sido... Tá, tá bem.
E se, numa esquina destas, por este tempo de agora, esta mesma vida me puxar pela mão e disser:

- Era isso, minha bruxa!

Só tem uma coisa que me ocorreria responder:

- Valeu! Muito mais aos 30.


Gisele Lins é uma farmacêutica urbanóide neo-caipira, eternamente em conflito (qualquer conflito), que pensa e fala mais do que gosta, mas que também gosta mais do que fala e pensa, e escreve aqui aos sábados.

“Compositor de destinos, tambor de todos os ritmos...”

O tema de hoje continua sendo 'relacionamentos', mas o foco não mais está nas pessoas.
O mote é o meu relacionamento com um velho amigo, o tempo.
Aquele que voa.
Aquele que não perdoa.
Aquele que cura as piores mazelas.
Ouso hoje dizer que com o passar dos anos fica cada vez pior.
O tempo, quanto mais passa, mais implacável se apresenta.

Concretamente (se é que posso aplicar esse conceito ao tempo), gosto de defini-lo como aquele pequeno intervalo entre o carnaval e o natal, que se esvai num piscar de olhos.

Se o tempo lhe permitir, pare por alguns segundos e olhe alguns meses para trás.
Olhou? E então?
Não é surpreendente a quantidade de acontecimentos e emoções que ele pode encerrar?
Um ano? Para mim, é um pouco mais do que o tempo de uma batida de um coração.

Por exemplo, acompanhem comigo um “mini-flashback”: um ano atrás, neste mesmo mês...

Lado A - Com o coração lanceado:
(tá bom, eu sei que o vinil já cedeu a vez, mas é que dá ao flashbach uma cara de viagem no tempo, não dá?)

- Tenho que dizer ao meu chefe que estou indo dessa para uma bem melhor. Partindo mesmo. Tá, isso eu admito que nem doeu, mas deu dor de barriga.
- Tenho que acertar a mudança da cidade grande pro interior. Combinar com o carreto para buscar as coisas quando alguém estiver em casa. Tudo já foi empacotado, ensacado e parcamente identificado – com exceção das calcinhas que esqueci na gaveta da cômoda e quase mataram a Débora de vergonha.
- Tenho que me despedir das pessoas. De algumas nem tanto, pois sei que estarão comigo sempre. Mas principalmente das muitas que é certo que jamais cruzarão o meu caminho novamente.
- Tenho que juntar os cacos do meu coração e me desfazer de alguns sentimentos.
- Tenho que apagar a luz, fechar a porta e não olhar para trás.

Lado B - Alguns dias depois, com o coração já um pouco mais solto:

- Tenho que aprender o nome de 25 novas pessoas que agora dividem a sala comigo (todas muito gentis e receptivas).
- Tenho que ir até a república que será meu novo "lar".
- Tenho que aprender a andar pela nova cidade (coisa que até teria feito, se alguém já não tivesse investido nisso antes de mim).
- Em síntese, tenho que recomeçar outra vez (não, não é pleonasmo, é recomeçar outra vez mesmo).

Sem cansaço. Sem trégua. Sem brandura.
Não é surpreendente o modo como as coisas tomam forma dentro do tempo?
Deixar para trás, sentir saudades, esquecer.
Conhecer, aprender, confiar.
Tudo isso no mísero espaço de tempo contido em quatro estações.
Tudo isso em uma batida de um coração.


Milena é escorpiana, adora desafios, nunca diz não a uma boa mudança, mas já está cansada de deixar as coisas para trás. Escreve nesse blog aos sábados.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

O primeiro blog...

Prá falar a verdade, nunca tive muita paciência com blog.
A primeira tentativa ocorreu há muito tempo atrás quando meu primo, na época com 10 anos, fez um site pessoal pra mim e colocou um blog... Desastre total. O site, juntamente com o blog, foi abandonado.

Quase dez anos depois, recebi o convite da Sisa pra participar de um.
No primeiro momento rolou um sentimento do tipo “Nó, que pregui!!!”, mas foi rapidamente substituído por um “Bem, pode ser lega!!!” Afinal, é uma oportunidade de compartilhar sentimentos semelhantes e perceber que somos “normais”!!! Isso me conforta e me faz aprender mais!!!

Agora que nosso blog está no ar, estou achando o máximo!
Continuo com a dificuldade tremenda de expressar os meus sentimentos na escrita, mas enfim, é mais um desafio.

Eu sou uma mulher com quase trinta anos (sim, assusta e muito!!!), mas que ainda não se sente gente grande. Estudei, formei, viajei, trabalhei, noivei e vou casar em breve, mas ainda não me sinto gente grande. Sinto inseguranças, apreensões, às vezes “encareto” de vez e faço tipo de gente séria.
Estou em busca do meu equilíbrio e tentando fazer as pazes comigo mesmo! Ainda bem que tenho um noivo com uma paciência enorme.... =)

Vou contribuir, esporadicamente, com meus textos, meus pensamentos, minhas idéias. E que sabe acabo aprendendo a escrever?


Fabiana é uma mulher beirando os trinta, que apesar de não saber escrever, escreve aqui neste blog esporadicamente!

As saudades já não cabiam no peito

- “Você não faz porque sabe que não vai passar. Você é muito dependente de mim ainda.”

Foi com com esta afirmação que minha mãe definiu um período super importante da minha vida. Se conhecendo, ela me conhece como ninguém. Sou uma cópia dela, não só fisicamente, mas principalmente o gênio. E ela sabia que, orgulhosa como somos, esta era a frase que ela precisava dizer para me fazer imediatamente inscrever para a seleção do intercâmbio, pra provar pra ela que eu era capaz. A forma mais fácil de me convencer a fazer qualquer coisa é dizer que eu não sou capaz. Uma fúria me movimenta e me leva justamente pro caminho que o manipulador queria que eu fosse.

Um ano depois eu estava deixando pra trás minha mãe com os olhos rasos d´água, minha irmã sorrindo (como ela já tinha feito, ela sabia que as coisas boas que me esperavam eram muito maiores que as saudades dos dois lados) e meu irmãozinho sem entender nada, rumo ao leste europeu.

A Letônia é um país pequeno, lindo, com problemas e belezas particulares. Mas o que tem de mais relevante lá, pra mim, não é a característica peculiar de um país frio demais, nem um país ex comunista. Não é a beleza de Riga, com mais de 800 anos, não é a língua difícil que eu aprendi falar, e muito menos os olhos verdes que me seguem pra todos os lados, com a certeza de que olham uma estrangeira.

O que tem de mais relevante lá são as oito pessoas que eu amo que moram lá. A Mamma, o Tetis (pai), as irmãs Rita, Kristiine, Elita e Inese (agora ainda Rita e Kristiine casadas, com filhos), a Oma e o Opis (vó e vô). São essas pessoas que fizeram um ano especial na minha vida, que me abraçaram, que me compreenderam, que me ensinaram fazer bonecos de neve, que choraram pela minha partida... são essas as maiores riquezas que eu vejo na Letônia.

Quatro anos depois de ir embora de lá, Mamma e Tetis estiveram no Brasil para minha formatura. Agora, cinco anos sem vê-los, e nove sem ver os outros, as saudades já não cabiam mais no peito.

Enquanto vocês me lêem aqui, estarei a caminho da Letônia, em busca de pessoas amadas e de uma nova visão sobre este período da minha vida. Mais madura e mais independente, só busco lá os abraços e os três beijinhos que eu dava em um por um, todas as noites, quando dizia “Ar labu nakti” (boa noite) e que me davam o conforto de saber que, no dia seguinte, lá estariam eles pra me apoiar de braços abertos, me ajudando na adaptação e me fazendo me sentir amada.


Sisa é brasileira e não desiste nunca, muito menos de reencontrar pessoas que ama pelo mundo afora. Promete arrumar um tempinho no turbilhão de emoções que vai estar vivendo pra vir aqui falar com vocês sexta que vem.

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

O lenhador sem tempo

Um caçador saiu para o seu dia de lazer e, ao entrar na floresta, encontrou um forte lenhador que tentava derrubar uma árvore.

Ele passou o dia todo caçando e, ao retornar para o seu hotel, passou novamente pelo lenhador que ainda continuava tentando derrubar a mesma árvore.

O caçador percebeu que o machado utilizado pelo lenhador não estava afiado. Disse então ao lenhador:

- Por que você não afia esse machado?

O lenhador lhe respondeu:

- Não posso. Eu não tenho tempo.

Estou muito contente em fazer parte deste blog, que ficou muito lindo – e o vejo como um lugar especial, um espaço para se “falar” , “ouvir”, refletir, sentir... Compartilhar experiências e angústias, rever conceitos e vivenciar coisas novas. Aproveitar o tempo da forma mais adequada e útil para nós mesmos... sermos felizes...


Sou Ana Isabel, psicóloga, como vocês devem ter percebido pelo texto. Tenho 29 anos e não tenho problemas com minha idade... Pelo menos não os percebi! Sou casada há 4 anos, não tenho filhos, mas sim algumas paixões: meu marido – adorável por sinal, meu cachorro Jerry Lee – amigo da Layla, minha profissão – em especial o estudo da psicanálise e o Galo – que tem me feito sofrer!!! Aprecio um bom vinho, um bom bate papo, a minha casa – meu refúgio e a minha vida! Ah! Escrevo neste blog as quintas...

A que ponto a opinião dos outros te faz bem e passa a ser importante?

A importância da opinião dos outros se torna mais evidenciada quando somos adolescentes. Para o meu azar fui uma adolescente bem gordinha, aquela que dançava com a vassoura a noite toda nas festinhas de aniversários, pois não havia nem um corajoso que se propusesse a apertar meu excesso de gostosura. Queria muito ser magra, acho que pra ser “aceita”, não agüentava mais ouvir a frase: “Nossa, você tem um rosto lindo e é fortinha, sinal de saúde!”Frase que meu cérebro interpretava como “Gorda, gorda, gorda, gorda e gorda!”.

Conversei tanto comigo mesmo, que consegui dar um revertério no meu metabolismo e emagreci 20Kg em 60 dias, sem fazer dieta! Minha mãe pirou, achando que eu estava com alguma doença em fase terminal, mas eram apenas meus hormônios se reorganizando.

Então fiquei magra, mas a sociedade ainda me cobrava: e o namorado? E eu, claro, queria muito um namorado, mas não era porque agora eu era uma pessoa magra que as coisas se tornariam tão fáceis quanto essas pessoas pensavam. Enfim arrumei um namorado, pra namorar sério, em casa de mãos dadas no sofá da sala e tudo mais e assim foi por alguns anos.

Cheguei à fase de prestar vestibular, meu pai sonhava que eu fosse dentista, quando perguntavam pra mim, ele saltava na minha frente e respondia com um sorriso de orelha a orelha “Ela vai ser dentista!” e assim, ele me convenceu que eu deveria ser dentista e além do que, formada por uma universidade pública. Como a opinião do meu pai era importante pra mim, afinal eu achava que ele entendia da vida, lá fui eu, fazer inúmeros vestibulares para odonto só em faculdade federal e estadual. Deus foi tão bom comigo que não passei em nenhum, então me perguntei o que realmente eu queria, e o meu eu interior gritou bem alto: “Farmácia industrial”, meu sonho passava a ser ter meu nome estampado numa caixinha de remédio.

Acho que a partir daí, passei a ter mais opinião própria e minha personalidade veio à tona. Larguei o namorado, me mudei para outra cidade pra fazer farmácia e assumi para todos que não pensava em casar, nem em ter filhos, só pensava em trabalhar, ganhar bem e ter meu nome numa caixinha de remédio.

E assim foi durante 6 anos, eu decidida em ser eternamente tia. As pessoas que queriam mudar minha opinião foram vencidas pelo cansaço e desistiram.

Até que reencontrei meu eterno e antigo paquera da época da faculdade e em 6 meses estávamos noivos, depois decidimos ir morar juntos e planejar com calma o casamento oficial. Foi quando eu tive uma recaída em querer me deixar influenciar pela opinião dos outros, que achavam que morar junto era imoral, acabei infernizando, de forma descontrolada e árdua, meu namorido e acabamos antecipando o casamento. Mesmo assim a sociedade continuou me cobrando, a frase: “quando vai ser o casamento?” foi substituída por: “quando vem o neném?

Bom, após ter uma recaída e ouvir a opinião dos outros, voltei ao normal. Sou casada há 3 anos, não tenho filhos, vou tê-los, porém no meu momento, pois se dependesse do meu marido, eu já teria casado grávida.

Agora, aprendi a ligar o stand by pra opiniões que não me trazem nada de bom e ficar atentas para aquelas que me fazem crescer!


Débora é vaidosa, exagerada e acha que pode reduzir o peso na consciência e na balança tomando uma boa xícara de café com adoçante após uma fatia enorme de bolo de chocolate cheio de brigadeiro.

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