sábado, 28 de junho de 2008

Chegar

Nunca tinha pensado no valor dessa palavra, até ter conhecimento da história que segue abaixo:

‘Um cientista estrangeiro foi convidado a montar um laboratório no meio da Amazônia, um local de difícil acesso, e a única maneira de chegar até lá era caminhando por difíceis trilhas, que só os índios daquela região conheciam. Então, o cientista e a sua equipe contrataram alguns índios para guiá-los e carregarem parte do material que usariam para montar o laboratório e o alojamento.

Ao começar a expedição, o cientista, muito aflito para chegar, dizia para os índios a todo o momento: “Mais rápido, mais rápido! Não temos tempo a perder.” E os índios, ouvindo as ordens do cientista, aceleraram a caminhada, andando de forma bem rápida.

Com um pouco mais de cinco horas de caminhada, toda a equipe da expedição chegou ao destino. Os índios mal colocaram suas mochilas no chão e já ouviram a seguinte ordem:

- Vamos montar o acampamento o mais rápido possível. Vamos agilizar, não podemos perder tempo.

Após ouvirem esta ordem, os índios permaneceram sentados, em silêncio, respirando profundamente.

O cientista perguntou:

- Vocês não escutaram minhas ordens? Já está quase escurecendo. Temos que montar o alojamento rapidamente.

Os índios permaneceram sentados, respirando profundamente. O cientista estava ficando cada vez mais nervoso com aquela situação, até que um índio chamou- o para sentar-se ao seu lado, e disse:

- Nosso corpo, de forma acelerada, já chegou até aqui, mas nosso espírito, nossa essência está pelo caminho, no seu ritmo de serenidade, no tempo da natureza, desfrutando as belezas e as riquezas dos caminhos da vida. Temos que esperar por ele para podermos dar continuidade ao nosso trabalho.’

Acho muito interessante o texto e a reflexão que ele sugere, pois tenho me sentido, muitas vezes, exatamente como esses índios, cuja essência perderam pelo caminho.

A vida é um nonsense e nos misturamos à nossa rotina e obrigações, sem percebermos ou sem termos tempo sequer para perceber. Tudo ao mesmo tempo agora, trabalho, casa, família, filhos, problemas, alegrias, dinheiro, escola...

Perdemos o prazer nas pequenas coisas, nas pequenas felicidades certas, sempre presentes diante de cada janela. E sei, como dizia Cecília Meireles, que é preciso aprender a olhar para poder vê-las assim. Mas antes, aprendi, é preciso efetivamente chegar.


Vanessa atualmente está dando uma assistência para o seu primo Kélvio, pessoa muito querida, que está se ingressando no caminho das letras. Este texto reflexivo é parte integrante de seu livro DEZ DIAS PARA A VIDA, que será lançado em breve, assim que a revisão chegar! Deixa um abraço e avisa: TRINTOU ESSE MÊS!



5 comentários:

Anônimo disse...

Vanessa, muito belo o texto, nos transmite uma boa lição!!

abraços..ate mais!

Anônimo disse...

Ahhh e trintou em grande estilo..
A homenagem que fizemos pra vc, nao faremos pra mais ninguem. sinta-se privilegiada!!


Abraços..

Angel disse...

Parabéns atrasado Vanessa!

Tritar é tudo de bom!

Sabe que tenho pensado muito nisso, desacelerar. É o que mais quero...

Bjos!

Renata disse...

Adorei o texto! Realmente faz pensar....
Espero que você tenha efetivamente chegado aos 30, de corpo e essência!
Beijão!!!

Gisele Lins disse...

Adorei, Vanessa... "Nos misturamos à nossa rotina e obrigações...". Sinto-me tão, tão, tão assim nos últimos tempos... Buééeeee!!!!
Beijos e super parabéns pelo trintamento!

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