quinta-feira, 31 de julho de 2008

Feliz Natal!!!

Tá, eu sei que ainda não é Natal.
Mas também sei que já é quase.
Acontece todo ano comigo.
Um dia é Carnaval, no outro, já é Natal.

Quando chega agosto é que eu realmente me desespero.
Juro que não consigo me lembrar dos setembros, outubros e novembros passados.
É tudo tão rápido, tão frenético.

E esse ano promete não ser diferente.
As folhas do calendário se vão com uma leviandade irritante!
E é justo nesse ritmo, nesse 2008 fugaz, que em breve comemorarei a entrada na casa dos 30.

E nesse momento tenho que confessar que, tirando a minha vida profissional - da qual eu não tenho uma reclamação sequer a fazer – nada está do jeito que eu imaginava que estaria. Nada. Niente.

Mas isso, como tudo na vida, também é um resultado direto das escolhas que fiz. A parte complicada é que, ao fazê-las não temos a exata dimensão do seu impacto.

Por hora, o que eu preciso é viver intensamente, segundo as palavras de um grande poeta, e não passar agosto esperando setembro.




Milena escreve aqui às quintas, e hoje está particularmente assustada com a pressa que o tempo tem em passar.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

A antítese da quadragésima casa

Neste final de semana meu digníssimo ficou adoentado. Corri para a locadora para fazer algo que eu andava precisando muito: alugar uma pilha de filmes e passar horas aconchegantes incontáveis. Delícia. Pra variar, e já que ele não estava muito disposto a realmente assistir os filmes comigo peguei um mix de alguns filmes legais e outros filmes “de amorzinho”, que geralmente passam bem longe do nosso DVD. Um deles, com o título em inglês 27 dresses (o título em português é tão infame que eu não me lembro), retrata uma doida por casamentos, que já foi dama de honra 27 vezes (no estilão americano onde a noiva avacalha com melhores amigas para ser a mais linda na própria festa), guarda todos os vestidos ultrabregas e aguarda sonhadoramente pelo seu próprio, esperando que seu perfeito príncipe encantado se declare (o chefe mauricinho, que nunca deu a menor bola pra ela mas que “pegou” a irmã piranha na primeira oportunidade). O filme é péssimo e absurdamente previsível, com algumas poucas cenas engraçadas.

Porém, foi inevitável lembrar deste filme quando ontem, fomos ver a trigésima nona casa candidata a ser nosso lar de aluguel neste fim de mundo em que moramos. 39 houses. Já temos uma casa engatilhada, mas que o proprietário ficou de marcar uma reunião para acertarmos os detalhes e até agora nada. Tenho receio de que ele esteja procurando outros inquilinos, então, continuamos olhando as que ainda aparecem, após uns dois meses de dedicação intensa para esta questão. A casinha de ontem é bem simpática, pequena e barata. Cumpriria bem com a proposta de morarmos nela e fazermos uma poupança para comprar algo nosso, provavelmente quando sairmos desta city. A casa engatilhada, no entanto, é nosso sonho de consumo no momento: ampla (gigante para duas pessoas, na verdade), iluminada, arejada, bem localizada e linda. É definitivamente o que vínhamos procurando, mas o preço do aluguel é proporcional a tudo que ela oferece.

No filme a mocinha obviamente não fica sozinha, pois descobre que um carinha que é a antítese de tudo que sempre sonhou é o que há de melhor para ela (típico de filmecos). Ao ver aquela casinha, a antítese do que viemos procurando bateu de novo à nossa porta: se apertarmos o bolso um pouquinho poderíamos comprar uma como aquela, pagando uma prestação com valor parecido ao que vamos pagar de aluguel pela casona engatilhada. Em qualquer outro lugar eu não teria dúvida em abraçar meu sangue proletário e ir em busca da casa própria. Neste lugar ermo e inóspito (me puxei no recalque agora), no entanto, onde não se pode nem contar com um bom psiquiatra (não é de boca pra fora, é experiência própria recente), morar bem é praticamente um pré-requisito para manter a sanidade, e não uma opção de luxo.

Pra variar fica a dúvida, e os milhares de cálculos que se repetem nas nossas cabeças e não nos dizem nada: espero pacientemente pelo meu príncipe encantado (a casona linda e cara) ou fico com minha antítese e compro uma casinha honesta como a de ontem (the fortieth house). Ó céus!

Gisele Lins, novamente em seus dilemas de neo-caipira urbana, escreve aqui às quartas.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Meus Versos – “Pares”

Em meu final de semana de retiro, aproveitei para pensar e escrever. Sobre mim, o que sinto, o que quero. Pura teoria que a prática podia, muito bem, refletir. 

Serei Angel, hoje, para escrever o Amor.


Pares

Alto!
Encante ao sorrir,
Brincar.

Inteligente!
Belas mãos, se eu merecer...
Engraçado.

Carinhoso!
Em palavras, gestos. Tomara!
Coerente.

Transparente!
Defeitos explícitos.
Amigo.

Amante!
Sem pudores no cerrar da porta.
Livre.

Livre!
Longe do banal, perto do respeito.
Seguro.

Meu Amor!
Procuro ainda, 
Sem pressa,
Nem armas.
Asas pares das minhas asas.


Angel sabe que esse amor existe. 
E esse será seu vôo mais intenso.  

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Ausências

Sentimos falta de quem já foi,
De quem ficou pra trás em algum lugar do passado,
De quem mudou de vida, de país, de destino,
Falta de quem te quer bem,
Às vezes de quem te quer mal,
Às vezes falta de quem está logo ali, bem ao seu lado,
E o pior, falta de quem você não tem previsão de ver de novo,
Se é que vai ver, se for pra ser.
Falta que dói e culmina num grande espaço vazio dentro de si,
Às vezes tão grande que parece maior do que você mesma,
Tão vazio que te ocupa por inteira e faz parecer que está-se a viver num mar,
Um mar de ausência.


Hoje estou assim, mais pra lá do que pra cá, mas sei que vai passar, pelo menos assim espero. Sim, espero, pois o tempo é meu grande aliado, pois ele sim passa, mesmo quando você não quer e, principalmente, quando você quer; e junto com ele tudo se modifica, tudo se transforma, tudo se renova.

domingo, 27 de julho de 2008

Tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu

É. Tem dias em que a gente se sente assim mesmo. Como quem partiu ou morreu. Normalmente acontece quando a gente cai em si e vê que perdeu um pedaço da história, mas não sabe onde, nem como, porque apesar de estar se sentindo como quem partiu ou morreu, na realidade nunca partiu. Sempre esteve ali. Achou que estava presente, achou que estava sendo companheira e de repente, percebe que não foi nada disso. Alguma coisa realmente aconteceu. Mas você não sabe o que, nem como, nem onde, nem quando e muito menos o por quê. Aí, você começa a tentar de todas as formas resgatar o que parece ter ficado pra trás, entender o que se passou, mas não adianta. Bate um desespero, uma agonia, uma dor no peito que nada faz passar. A gente tentar raciocinar, mas há muitos momentos em que o raciocínio dá lugar ao sentimento e aí não tem célula cinzenta que dê jeito. O negócio é ir chorar na cama que é lugar quente. Ou embaixo do chuveiro pras lágrimas rolarem mais soltas, sem inibição. De vez em quando a gente até soluça, respira fundo, mas os olhos não secam. A dor no peito não passa e a impotência massacra a nossa alma. Não há nada que se possa fazer além de simplesmente estar ao alcance do abraço.

Laeticia sabe que esteve sempre presente, mas hoje, por alguns momentos, sentiu-se como quem partiu. Ou morreu.

sábado, 26 de julho de 2008

Comunicação

Cada pessoa tem qualidades, defeitos e características próprios, que, no conjunto, acabam por defini-la. Alguns se ressaltam mais, outros são guardados para que ninguém veja, outros por sua vez só aparecem para poucas pessoas em ocasiões diferenciadas.

Por muito tempo admirei nos outros uma característica muito rara e que eu achava que tinha: a capacidade de ouvir. Simples assim. Complicado assim.

Todo mundo já deve ter reparado como funciona a dinâmica de uma conversa. Uma pessoa conta para outra sobre como quase bateu o carro no caminho para o trabalho naquele dia, esperando perguntas para poder contar os detalhes, falar que ainda está assustada, xingar o outro motorista, o que seja. Na maioria das vezes recebe de volta uma outra história, mais complicada e horrível ainda, diante da qual já não cabem mais comentários sobre a sua. Isso ocorre comumente, rotineiramente, com histórias sobre acontecimentos diversos, do nascimento de uma criança até sobre tintura de cabelo.

Conheço inúmeras pessoas assim, mas sempre me orgulhei de saber ouvir. De ter a habilidade de lembrar de outra história, mas de me “controlar”, deixar de lado essa história para outra oportunidade, voltar minha atenção para a pessoa e deixa-la falar, incentivando-a. E era real meu interesse. Achava bom fazer esse papel. Acho importante saber ouvir.

Mas ultimamente, quando vejo, já saiu da minha boca a tal da história que vem à cabeça. E depois percebo que não deixei a pessoa falar tudo. Não perguntei pra Frãn: o que tu foi fazer na obra, afinal? Nem pra Cami: como foi o show? Nem pra Annie: quanto tu nadou? Nem pra Annia: como foi o campo? Nem pra Tai: não posso escrever aqui, mas não perguntei. Nem pra Fer: deu pra pescar no fim de semana?...

Esses são poucos exemplos, dos quais me lembro agora, de vezes em que fui péssima ouvinte, quis ser falante sozinha.

Estou exercitando, aos poucos volta a ser boa ouvinte. Por enquanto, o blog tem sido bom professor: leio os textos, lembro das tais histórias, mas volto a focar no texto, comento sobre o que foi escrito, tentando imaginar o que cada mulher de 30 sentia quando escreveu. Um excelente exercício em tempos de informações que chegam aos megas e gigas, e exigem digestão (ou download) em tempo real.


Renata acha que comunicação só pode ser um milagre, já que todos falam e poucos realmente ouvem.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Uma e outra

Eram meio diferentes. Uma tinha 12 anos, a outra tinha 11. Uma magrelinha e outra gordinha. Uma romântica e outra ainda desligada do assunto “meninos”. Uma sonhava com festa de 15 anos, a outra achava debutar uma coisa totalmente sem sentido. Uma gostava de português (ela talvez não soubesse, mas ia gostar tanto que ia formar em Letras), a outra de matemática (ela ainda não sabia, mas ia gostar mesmo era de Física). Mas também tinham afinidades. Eram boas alunas. Gostavam de conversar. Ficaram muito amigas. Nem a distância deixou a amizade pálida. Engraçado, né? Tem gente que fica tempos sem se ver e quando encontra, é como se visse todo dia.

Passou um tempo, e uma estava sempre namorando. Namoros longos, sérios, com namorados que iam na casa dela. A outra estava sempre perdida entre casinhos que acabavam antes de começarem. Uma tinha sempre uma listinha de pretendentes. A outra sempre foi meio desajeitada nesse assunto de fazer charme. Até que uma delas conheceu o Namorado. A outra continuava perdida entre os casinhos. As duas passaram no vestibular. Uma fez o curso tendo o Namorado por perto. A outra, nem precisa dizer, fez o curso apaixonando e desapaixonando toda semana, em uma cidade onde ninguém é de ninguém.

E assim muitos anos se passaram. Uma se casou com o Namorado e teve uma filha linda, a outra achou que tinha encontrado a pessoa certa. Não tinha. E mesmo de longe, uma consolou a outra por e-mail.

Até que em uma tarde de visita, entre um pedaço de cachorro quente e outro de bolo, elas conversaram um tempão. Uma ouvia a outra contando da sua vida sentimental totalmente atropelada. Depois de ouvir pacientemente e com atenção, deu seu parecer, sua opinião, seus conselhos. A outra foi embora pensando no caminho: o que faz alguém que sempre teve uma vida sentimental “normal”, que nunca encontrou um babaca emocional pelo caminho e nem meteu os pés pelas mãos conseguir entender tão bem o que vai no coração de uma pessoa que só se mete em roubadas? Afinidade? Coisa de alma? Não sei. Mas seja o que for, com certeza é responsável por manter intacta, sem uma briga sequer, uma amizade que já dura 18 anos.

Sisa ontem foi colocar as fofocas em dia na casa de Vanessa, e, como sempre, adorou estar na companhia de alguém que ela tem certeza que a entende, mesmo vivendo uma realidade totalmente diferente da sua.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Manias

Mania de tecnologia, de ligar o computador assim que chego em casa, de e-mail (adoro), de MSN, de fotografia. 

Mania de acordar no limite da hora, de vestir a primeira roupa que vejo. 

Mania de dizer o que penso, mas raramente dizer o que sinto. 

Mania de pensar no futuro, de tentar esquecer o passado, de estar pouco no presente. 

Mania de deixar tudo pra depois, mania de ter sono nas horas impróprias. 

Mania de fazer conta, mania de anotar coisas, mania de escrever. 

Mania de esperar demais das pessoas, mania de gostar de crianças. 

Mania de reclamar de quem reclama (oi? Paradoxo à vista...) 

Mania de querer ser feliz, querer ser inteira, querer ser. 

Mania de gostar, de me apaixonar, e de sofrer. 

Mania de café-da-manhã no fim-de-semana, de água quente na pia no inverno. 

Mania de viajar, de sentir o vento, de não olhar para o céu. 

Mania de comprar, de enrolar, mania de usar meias. 

Mania de sonhar acordada. 


Milena tem muitas manias. Essas são apenas algumas. E você, tem mania de que?

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Fetiche Feminino

Existem coisas do universo feminino que são difíceis de entender. Uma delas é a relação entre mulheres e sapatos.

Eu, por exemplo, não faço muito o tipo cocotinha, patricinha, sempre nos trinques. Até que ando bem arrumadinha: para trabalhar faço um estilo mais clássico e pra descontrair faço um estilo despojadão esquisito, mas que eu gosto bastante. Odeio comprar roupas. Não que eu não goste de tê-las, apenas odeio comprá-las, pois eu sou muito chata para isso, fico calculando o custo benefício, olhando a qualidade das costuras, pensando no resto do guarda-roupa, evitando modinhas, e por aí vai. Sou daquelas que, sim, baixa a loja inteira e não leva nada se não gostou. Tanto que neste findi acabei ouvindo da minha própria mãe que nem a pau ela iria ver vestidos de noiva comigo, mesmo que eu tenha guardado este “evento” durante semanas para fazê-lo pela primeira vez com ela. Magoei, mas é verdade, minha relação com roupas e afins é mesmo um porre.

O mesmo não se aplica a sapatos. E agora tenho certeza que comigo e com a maioria das mulheres da face da Terra. Passamos uma semana organizando uma excursão para Jaú, terra de um grande amigo, mas mundialmente lembrada como “O Paraíso” da mulherada. Lá existem dezenas de fábricas de sapatos, a maioria femininos, e um shopping com umas cem lojas de fábricas com tudo bem mais barato do que em qualquer outro lugar. Jaú fica a 200 km de onde eu moro. Alugamos uma van e partimos às sete e meia da manhã rumo à “Paraíso”, nós, quatorze mulheres.
Caros namorados, namoridos, ficantes, amázios, maridos e afins, sinto muito: esse é um programa para mulheres em um lugar para mulheres. O qui qui qui da viagem já é muito divertido, e só acontece quando estamos apenas entre nós mesmas. A praça de alimentação é basicamente equipada com comidinhas leves e doces, o cardápio feminino perfeito. As que se aventuram com os queridinhos são vistas como coitadas pelas outras, pois em breve ele não vai agüentar mais, além de ficar atravancando o caminho da trupe feminina dentro das lojas. 

Mulheres se entendem, mesmo se engalfinhando temos um certo código de conduta: não calça o mesmo número que eu? Há tá, então dou uma licensinha, olha só que lindo aquele ali! É a sua cara! Agora quer coisa mais chata do que um homem constrangido e com cara de pamonha entediada bem em frente àquele último escarpam de bolinhas 36? Pobres moços. Mais coitados ainda são os que têm a triste idéia de achar que este é o lugar perfeito para “caçar”, dada a enorme concentração de mulheres por metro quadrado do local. Do nada apareceu uma excursão com uns quinze guris tatuados e bombados no shopping que nós estávamos. Foi no mínimo bizarro, destoante do momento. Não sabemos qual era o objetivo deles (afinal eles poderiam ser estudantes de moda e estar avaliando tendências). Porém, se a intenção era de “caçar”, coitados! Neste momento sublime de comprar sapatos nada, absolutamente nada (a não ser um sapato mais interessante) é capaz de chamar nossa atenção. Considere ainda o fato de irmos para o “evento” preparadas para a guerra: roupa confortável, cabelo preso, rasteirinha e cara limpa, muito longe de como nos sentimos gatinhas.

O motivo do frisson feminino por sapatos eu desconfio que seja o fato de que, sejamos gordas, magras, altas, loiras, morenas, ou como formos, sapatos lindos ficam lindos em qualquer uma, em qualquer estado de auto-estima, em qualquer estação. Seja este ou não o motivo da paixão tivemos um ótimo passeio, em ótima companhia e com boas risadas. Tenho certeza que até mesmo para as que não encontraram o que esperavam ou queriam. Como seqüela fica a “moeda sapato” por um bom tempo: “o que, esta blusa custa duas sandálias de Jaú? Nem a pau!”.

Gisele Lins sem nem se sentir culpada por ser confundida com uma centopéia pelo namorido, e assumindo totalmente seu fetiche, está feliz da vida com sete sapatos novos. Escreve aqui às quartas-feiras.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Eu Comigo – Longe Daqui

Meus amigos, família e os leitores assíduos do blog bem sabem que o cansaço anda comigo ultimamente. E como ninguém gosta de andar só, com ele veio a impaciência e algumas decepções.

Simultaneamente bateu aquela vontade de “dar um tempo”. Sair da rotina em um lugar calmo, longe de casa e de tudo o que representa obrigação. Então decidi que a melhor opção seria um hotel fazenda. Tive algumas indicações e escolhi o que mais me pareceu com cara de sossego: Solar do Engenho. Iria na noite de lua cheia de julho, dia 18. Afinal, para uma mulher romântica e sonhadora como eu (mais sonhadora do que romântica nos últimos tempos), a lua cheia era o atrativo que faltava. Sim, eu iria sozinha. Estranho para muitos. Natural para mim, afinal normal é viver a realidade.

Para não cansá-los, caros leitores, encurtarei a história. E isso não é fácil pra mim. Sou detalhista e gosto de contar os detalhes. Mas contarei aqui as principais partes desse passeio, desse retiro.

A Mala

Roupas
Cremes (eu adoro!)
Chips
Frutas
Livros (Obra Poética – Fernando Pessoa e A menina que roubava livros – Markus Zusak)
Folhas de papel almaço (é, isso ainda existe...kkkk)
Vinho Tinto chileno
Repertório das aulas de canto
CD do Marcelo Bravo (eu estava ansiosa para ouvi-lo)
Máquina fotográfica (da Vivi)
Bombons (A Fabi me lembrou disso, e acabei ganhando uma caixa de bombons do Walison, o filho mais fofo que eu poderia ter)

Transporte

Ônibus (ida e volta – Setelagoano) - A idéia era não me preocupar com possíveis defeitos e/ou pneu furado na estrada. A parte ruim foi ficar na rodovia, na volta, mais de meia hora esperando o ônibus passar...

O Hotel

É um casarão, tipo de fazenda, muito bem decorado, com todas as portas em madeira com pinturas diferentes em cada uma. A área de convivência (ampla sala) tem vários sofás, lareira, tudo muito aconchegante. A área em que é servido o café (e o jantar também) tem várias mesas (com toalhas de linha coloridas), fogão a lenha e pássaros entrando e saindo a todo momento.

O quarto

O corredor para o quarto 10 é comprido e coberto de tapetes de retalhos coloridos. Foi gostoso pisar nesses tapetes fofinhos. A chave do quarto é enorme, proporcional à grande porta de madeira. O quarto é amplo com uma cama de casal e uma de solteiro, banheiro com água quente na torneira (adorei!) e banheira. Senti falta de uma mesinha com cadeiras ou uma boa poltrona. No dia seguinte a mesa estava lá. Também senti falta de um aparelho de som, afinal o CD do Marcelo estava na mala... Tive que esperar chegar em casa para ouvir essa maravilha.

A banheira

Adoro banheira. Minha primeira providência foi enchê-la. Foram dois dias de prazer indescritível. Não sei se vou conseguir descrever isso... Banheira cheia, mp3 ligado, senti aos poucos aquela água quentinha. Que maravilha! Fiquei ali brincado, me divertindo com as discretas ondas na água, com o meu corpo se mexendo sozinho, com as formas que eu consegui construir no movimento do meu corpo na água. Relaxei mais do que imaginei. E reconheci meu corpo. Na rotina acelerada dos meus dias, às vezes me esqueço de admirar-me e perco a noção da minha forma, da minha beleza. Naquele momento vi e senti meu corpo perfeito. Perfeito pra mim e pra água.

A comida

No hotel, o jantar e o café da manhã foram ótimos. O almoço era no restaurante, separado do hotel (uma boa caminhada até lá). Senti falta de um bom bife de carne de boi, o almoço deixou a desejar.

A janela

Quando contei à Fabi da minha intenção de fazer esse passeio, ela disse: você tem de fazer tudo o que puder fazer sozinha. Depois do jantar, na sexta, cheguei ao quarto 10, olhei para aquela janela enorme e tive vontade de saber o quanto ela era grande. Para isso, só subindo na janela. E subi. Descobri, feliz, que a janela era do meu tamanho, ou seja, eu poderia ficar ali dançando durante horas... Não fiquei horas, mas dancei (sempre com o mp3 ligado) ali um tempão. Dança de “chacrete”, sem tirar muito os pés da janela, afinal se caísse para fora do quarto, seria uma queda de uns 3 a 4 metros.

A lua

Logo após o jantar, fui até o campo em frente ao hotel e lá estava ela, cheia, linda, iluminando tudo. Fiquei ali alguns minutos, andando e ela parecia ir comigo para todos os lados. O mais maravilhoso de estar próximo à natureza é estar mais próximo do céu.

O cavalo

Fiz dois passeios a cavalo. Nunca tinha experimentado isso. Tive medo. Até ele começar a trotar. Aí, eu queria mesmo é que ele disparasse, como nas novelas. Deve ser “tudo de bom”. Mas eles eram mansos. Adorei do mesmo jeito.

O vinho

Já que não iria dirigir em momento algum, levei uma garrafa de vinho. Deixei-a para o jantar de sábado. Tomei quase a garrafa toda sozinha, faltou dois dedinhos para acabar. E fui andando normalmente para o quarto. Pasmem! Para quem bebe somente com o coelhinho da páscoa e o papai noel, eu me saí muito bem. Após quase 700ml de vinho, eu estava quente, pronta para dormir sem cobertor. De lã e de orelha.

Saldo

Várias vezes pensei: pra que voltar!? E ao final do passeio conclui que só vivendo em uma rotina diferente daquela quietude, é possível sentir tanta paz e prazer num lugar como aquele. Só não quero me perder tanto de vista outra vez. Afinal, banheira de novo, só Deus sabe quando..kkk. Dos itens da mala, só o CD do Marcelo ficou guardadinho para eu ouvir aqui em casa, enquanto escrevia esse post. E eu amei! Saldo muito positivo!

Obs.: Nas folhas de almaço eu escrevi parte do post e uma poesia que logo estará aqui.

Angélica reencontrou-se longe de casa, brincando na banheira, dançando na janela, passeando a cavalo, aquecendo-se com vinho. Sabe que fará o mesmo passeio, ou bem semelhante, novamente. Quem sabe, da próxima vez, não precise de vinho para se aquecer...

segunda-feira, 21 de julho de 2008

O vidro foi quebrado

Anastácia sabia que uma vez iniciado o processo o mesmo não poderia ser parado, não. E ela também tinha conhecimento de que não tinha realmente certeza se queria iniciá-lo ou não, mas começou, na verdade o desencadeou e ele aconteceu por si só. Sim, foi irresistivelmente tentador e Anastácia se sentiu embriagada pois não conseguia mais parar. Se viu sozinha no meio de tantas novidades, de tantos segredos, alguns que talvez ela preferiria não conhecê-los mas era tarde demais. Anastácia abriu as portas, remexeu as gavetas, encontrou e escondeu de novo, tentou fazer como se nunca estivesse estado ali, mas sabia que apagar sua presença totalmente também seria impossível, o vidro havia sido quebrado. Anastácia não era perfeita, era apenas humana, o que também não significava que tinha permissão para investigar a vida das pessoas, mas ela sabia que não era a única, sabia que muitos não resistiriam, mas ela gostaria de ter resistido, sim.

Encontrou fotos, cartões, remédios, roupas, vestígios de uma vida feliz, pedaços do que ela gostaria de ter para si, sim, Anastácia se sentiu infeliz, sem lugar, sem espaço, sem ninguém. Não havia mais retorno, iriam descobrir que esteve ali, pois por mais que tentasse apagar suas impressões, ela não era mais a mesma, e o lugar não era mais imaculado, as amarras haviam sido soltas, o espelho do mistério havia desaparecido e Anastácia havia transposto o vidro que tinha se quebrado. Não existia perfeição, nem desculpas, nem nada, apenas uma fotografia onde Anastácia não se encontrava e que ela não queria ver mais, mas já era muito tarde, tarde demais.


O título foi apenas uma metáfora, apenas uma maneira de dizer que tomamos decisões constantemente, por vezes estas são grandes e por outras pequenas, e nem sempre conseguimos distinguir se estamos a pensar sobre grandes ou pequenas decisões e nos enganamos. Afirmação certa é a que diz que todas as ações desencadeiam reações. Anastácia havia se mostrado ao remexer nos pertences de outrem, Anastácia não estava mais do outro lado do vidro.

domingo, 20 de julho de 2008

Que outros se jactem das páginas que escreveram; a mim me orgulham as que tenho lido.

E foi com esta frase de Jorge Luís Borges que comecei meu dia de domingo. Tentei me lembrar dos últimos livros não técnicos que li e, vergonhosamente, descobri que meu exercício literário vem caindo muito nos últimos tempos.

Lembro-me com saudades da época em que íamos à Livraria Curió na Avenida Afonso Pena e ficávamos uma manhã inteira nos deliciando na escolha dos livros que leríamos durante a semana. Sim, durante a semana! Líamos três, quatro, às vezes cinco livros por semana. Também com saudades, lembro-me do Círculo do Livro. A revista chegava mensalmente e fazíamos uma lista dos livros que mamãe teria que nos comprar. Isso, mesmo! Teria, senão a vida dela viraria um inferno. É claro que havia negociações, quero dizer, não exatamente negociações já que naquela época um olhar bastava para interromper uma tímida tentativa de chantagem emocional. Mas, desde que os bolsos comportassem, não havia restrição à nossa fome literária. Acho que li a Coleção Vagalume inteira em menos de um ano e, na medida em que novos livros da mesma coleção iam sendo publicados, eu lia quase que imediatamente.

Nem mesmo quando a classe média passou a ser sistematicamente massacrada economicamente, deixamos de ler muito. A biblioteca pública municipal nos socorria, já que não era mais possível comprar vinte livros por mês. Porém, em pouco tempo a biblioteca deixou de nos atender. As bibliotecárias ficavam chocadas de ver nossas fichas sendo preenchidas quase que diariamente. Aí o que nos salvou foi a biblioteca central da UFMG. 

Passei a freqüentar assiduamente a biblioteca central e foi nesta época em que encontrei Sartre. Tinha quatorze anos. Pensem bem! Uma pirralha de quatorze anos lendo Jean-Paul Sartre! Pois eu li. E decidi que leria os clássicos para depois ler os modernistas. E então, descobri nas estantes da minha própria casa muitos autores ainda não lidos: Platão, Aristóteles, Maquiavel, Rousseau, Shakespeare, Camões, Sartre (sim, ele estava lá!), Jorge Amado, Fernando Pessoa, Graciliano Ramos, Cecília Meireles, Gabriel García Marques, Tolstói, Dostoievski. Lembrem-se, eu tinha então quatorze anos de idade. Comecei a devorar estas novas delícias e me perdia nas páginas daqueles livros. 

Com o passar do tempo, fui me certificando da minha própria ignorância e temendo não conseguir ler tudo que eu julgava imprescindível para minha formação.

Hoje percebo com facilidade que meus temores se concretizaram. Não li nem uma décima parte do que desejei e ainda desejo ler. Cada livro me obrigava à leitura de vários outros e infelizmente eu tinha que ocupar grande parte do meu tempo com atividades corriqueiras, mundanas, como estudar, trabalhar e pagar as contas, comer e dormir. Tive que me dedicar aos livros técnicos, a faculdade assim me exigia. Trabalhava o dia todo e estudava à noite, e aos sábados pela manhã, o que significa que não conseguia mais virar a noite lendo um livro inteiro. Quando eu insistia e lia sem ver o tempo passar, acabava me arrependendo ao ver o relógio marcar 05:00h sabendo que ele me acordaria dali a meia hora. Por várias vezes fui trabalhar meio sonâmbula. Não conseguia trabalhar direito, e muito menos assistir às aulas à noite. Fui me dando conta de que meu tempo não era suficiente para ler tudo que eu queria e fazer tudo que eu precisava fazer. E entre a vontade e a obrigação, rendi-me à obrigação.

E assim, durante cinco anos eu reduzi drasticamente a leitura de livros sobre tudo e concentrei-me na leitura jurídica. Por um lado, vejo que não poderia ter sido diferente. O corpo e a mente têm limites que devem ser respeitados. Livrei-me da culpa pela minha ignorância e me dei um prazo de latência para me organizar e retomar meu antigo hábito. Decidi que, tão logo me formasse, voltaria a ler outras coisas, sabia que o tempo era irrecuperável, mas esta pausa era necessária. De fato, findos cinco anos, retomei a leitura. Mas com muito menos intensidade que antes. E por mais que eu tente, não consigo ainda ler tudo que quero. Preciso ainda dedicar muito tempo ao estudo, ao trabalho. Preciso dedicar meu tempo ao meu marido, à minha família, aos meus amigos. A Laila também me demanda um tempo só pra ela. Os afazeres domésticos, estes então demandam tanto tempo que tenho vontade de explodir tudo às vezes. E olhem que meu marido é muito melhor dono-de-casa do que eu!! 

Aí nos pegamos cansados em casa na sexta-feira à noite e constatamos, juntos, que a rotina cotidiana nos toma tempo demais, que passamos muito menos tempo juntos do que gostaríamos, que lemos pouco demais, que não vamos ao cinema como gostaríamos, mas que conseguimos ainda ter esta consciência e lutar para que esta situação não se torne perene, não seja irreversível. Neste exato momento estamos aqui, sentados lado a lado no sofá, ele lendo o jornal de domingo, e eu expondo minhas frustrações literárias publicamente. 

Você me desculpem, agora vou parar. Como eu bem disse no começo, que outros se orgulhem do que escrevem, eu ando precisando buscar mais leitura da qual me orgulhar.


Laeticia gosta muito, muito mesmo de ler e está se organizando para ter uma maturidade mais tranqüila, onde os livros e o tempo para a leitura terão mais espaço. Porém, continua acreditando que não haverá nunca tempo suficiente para ler tudo que julga indispensável.

sábado, 19 de julho de 2008

Sábado

Então: depois de quase um ano de enrolação de ser bem esporádica no blog, decidi que estava pronta pra assumir um compromisso maior e assumi ser fixa por aqui, ou seja, ter um dia certo para publicar um texto semanal. Que dia? Sábado é ótimo, tenho a semana toda pra bolar algo, sexta à noite sempre sobra um tempinho: pronto, fico com o sábado.

Mas o tempo nunca é o mesmo, já repararam? O demorado às vezes voa e o só um pouquinho leva uma eternidade para passar...

Nessas últimas semanas, o trabalho começou todo a ter um caráter de urgência. Com a proximidade das férias (sim, ser professora tem algumas vantagens!) tudo fica mais urgente. Além disso, duas amigas de longe resolveram via visitar na mesma época! Adoro as duas demais, e não pude deixar de vê-las o máximo possível. E foi muito bom!! Quando várias coisas fora da rotina acontecem, fica tudo meio bagunçado e o primeiro da fila é o tempo. Sempre ele, atrapalhando nossos compromissos que já não cabem na agenda e pulam para os post-its, que pode, por sua vez, ser empilhados ou remanejados a qualquer hora. Atrapalhando até as relações com as pessoas, porque é fato que alguém sempre se priva de sua companhia para você estar com ouras pessoas ou outro lugar. Ainda acho um jeito de mandar no tempo, me aguardem!


Renata deixou o tempo atrapalhar inclusive seu compromisso com o blog, mas se compromete a tentar não deixar isso acontecer novamente!

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Sonhos

Nos últimos anos da minha vida, tive uma relação meio frustrante com sonhos. Lembro que quando era criança, todos os dias era protagonista de um filme diferente. Aventura, drama, terror, comédia... até que um dia, sem explicações, o meu cinema noturno fechou as portas, abrindo esporadicamente para uma sessão especial, sem aviso prévio, com projeções borradas, cortes e muito pouco charme. Lembro de colegas intercambistas contando como era engraçado ver os sonhos progressivamente deixando de acontecer em português, mudando pra inglês, e finalmente a língua local. Eu não tive isso. Faz muitos anos que acordo sem me lembrar dos sonhos, sendo que normalmente, quando os lembro, na primeira meia hora acordada qualquer vestígio dele já se foi.

Lembro de Fafá contando que em alguns sonhos ela percebia que era sonho, que pertencia a ela, e que fazia o que queria, consciente que ela que dominava aquele filme. Protagonista, autora e diretora, ela aprontava à vontade, e divertia as amigas que estavam perto enquanto ela dormia, normalmente acordando com a própria gargalhada. Algumas outras pessoas dizem que têm os cinco sentidos durante o sonho. Eu, pra minha infelicidade, só tenho dois: visão (borrada) e audição.

Pois bem, esta semana tive uma agradável surpresa, fui presenteada com um trecho diferente no meu sonho da vez. Abri a porta de um quarto, e vi, deitado em uma cama de solteiro, o motivo das minhas saudades. Feliz por vê-lo, me aproximei e deitei junto dele, espremidinha. Ele estava de costas, sem camisa, e quando eu o abracei, eu realmente senti o abraço. Ali estava a pressão do abraço. Senti o calor dele, também. Senti a pele encostando na pele. Aquele abraço durou poucos segundos, seja no relógio do sonho ou no real, mas poucos segundos de tato em um sonho me fizeram acordar em um turbilhão de sentimentos e lembranças que durou o dia todo. Acordei com esperança de um dia ter de novo esse abraço ao vivo e a cores, com cinco sentidos. Enquanto isso, a saudade me inunda, e tudo que posso fazer é sonhar, porque embora meu cinema noturno esteja fechado, só eu sei o quanto tenho sonhado acordada.


Sisa adora sonhos. Adora mais ainda quando eles viram realidade.strong>

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Temperos da vida

Euforia
Paixão
Desilusão

Quem nunca achou que morreria de tristeza?

Alegria
Desafio
Frustração

Quem nunca se arrependeu por algo que fez – ou não fez?

Sossego
Aconchego
Amor sincero e correspondido

Quem nunca teve certeza de que já tinha tudo da vida?

Amigos
Filhotes
Sonho realizado

Quem nunca foi dormir sorrindo?

Milena acordou lembrando dos ciclos de nossas vidas, e com uma estrofe ecoando na cabeça:
“quem já passou por essa vida e não viveu
pode ser mais mas sabe menos do que eu
porque a vida só se dá pra quem se deu
pra quem chorou, pra quem amou, pra quem sofreu”

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Retorno

Não tenho sido poeta o suficiente para ver as cores deste meu mundo, mesmo quando minhas dores são tão irrelevantes perto das de outrem.

Não tenho sido poeta o suficiente para observar a mágica de pequenos milagres que muito quis, pois quando eles acontecem estou ocupada querendo outros mais.

Não tenho sido poeta o suficiente para me permitir perceber que os tolos geralmente levam vantagem, apenas por não viverem na ponta da faca.

Não tenho sido poeta o suficiente para rir das dificuldades e tratá-las como minhas futuras histórias e não como meus futuros problemas.

Não tenho sido poeta o suficiente para ver a beleza do imprevisto, de perder a hora, do esquecer, como oportunidades bônus para que o melhor e não apenas o que eu espero aconteça.

Não tenho sido poeta o suficiente para lembrar que o que considero o melhor para pode estar muito aquém do que eu, ou o outro, mereça, e sigo nadando forte e cansada contra a corrente.

Não tenho sido poeta o suficiente para ter piedade dos invejosos, dos maledicentes, dos infelizes, que tomam o observar e julgar a vida alheia como passatempo por não terem o que de melhor fazer em suas próprias.

Não tenho sido poeta o suficiente para errar sorrindo e não esperar nem cobrar perfeição de mim ou dos outros.

Mas olho para trás e a vejo, poeta. Ainda piegas, sorrindo, cabelos ao vento, pés no chão, despreocupada, confiante, curiosa e em paz. Ela dá a mão para meu ser soturno e cansado de hoje, e trás de volta a música, os barulhos do vento, a leveza, a esperança, a tolerância, o olho-no-olho, a curiosidade e a fé que me permitem voltar a ser o meu melhor eu.

Gisele Lins escreve aqui às quartas-feiras, hoje um pouco mais poeta.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Elas e Eles em Quadra

Há tempos atrás, quando namorava um amante do futebol, assistia muitos jogos, tanto oficiais quanto as famosas “peladas”. Confesso que até me divertia, mas tinha preferência pelo futebol de salão. Acho mais dinâmico e mais próximo do público, o que facilita o acompanhamento dos acontecimentos.

Na última semana fui a uma “pelada”. Torci e me diverti, até mais do que em outros tempos. Talvez por não haver, em quadra, um ser com quem eu tenha mais do que uma amizade.

Também participei de uma “pelada” feminina nessa semana. Eu explico. Uma colega de trabalho teve a doce idéia de juntar um bando de mulheres para jogar Queimada. Sim, Queimada. Quando eu soube disso e soube também que ela estava reticente em divulgar a idéia, tratei de fazer isso. E foi um sucesso. Juntamos mais de vinte mulheres e jogamos duas horas de Queimada. Jogamos, em termos, eu joguei só uma hora... não agüentei a gritaria... kkk.

Bem, nesse post quero retratar as semelhanças e diferenças das duas situações: elas e eles em quadra.

Eles transformam-se em quadra. Reclamam, xingam, brigam, não se entendem e ainda fazem gols... e saem se abraçando depois disso tudo. É engraçadíssimo! Eles não riem de si mesmos como nós, pelo menos não presenciei isso. Alguns deles são “fominhas”. Querem ver a bola dentro do gol a qualquer custo. Isso também é engraçado! E eles jogam com muita freqüência, não se sentem doloridos no dia seguinte, a não ser por uma porrada extra.

Já elas, quer dizer, nós também reclamamos, xingamos, porém com mais humor que eles. Rimos de tudo, de todas as meninas queimadas, rimos de perder e de ganhar. Mulheres “fominhas”? Sim!!!! Aquelas que entram na frente da bola porque ela é quem tem de queimar alguém. Também é engraçado. E irritante. Afinal é uma brincadeira e todas querem seus segundinhos de atuação. Como um surto de Queimada surge de tempos em tempos, junte o sedentarismo de algumas e a teimosia de muitas em não se alongar antes das atividades, e no dia seguinte a cena se repete: elas utilizam o elevador até para subir um andar. Dói tudo por uns dois ou três dias. E da próxima vez haverá alongamento? Provavelmente não. Talvez se elas adotassem essa “pelada” como religião, assim como eles fazem com o futebol...

Capítulo à parte é a torcida. Elas, quando assistem eles em suas “peladas”, ficam tímidas, quase não se manifestam, embora estejam loucas para soltar todo o galinheiro. Enquanto eles, na torcida, são divertidíssimos. Mesmo porque elas fornecem todos os motivos para a diversão. Um jogo de Queimada com mulheres que não se arriscam nisso há muuuuiiiiitos anos é diversão garantida em quadra e fora dela. E eles se manifestam sem pudor. Tanto que preferi ir para o lado deles, rir também...kkkk.


Angélica divertiu-se nas “peladas” em que esteve. Constatou que elas sabem se divertir até com os erros e eles fazem de cada “pelada”, “O jogo”. Torce para que eles e elas estejam cada dia mais próximos pois há muito o que ensinar e aprender juntos.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Eclipse

Tudo que você toca
Tudo que você vê
Tudo que você prova
Tudo que você sente
Tudo que você ama
Tudo que você odeia

Tudo que você desconfia
Tudo que você salva
Tudo que você da
Tudo que você lida
Tudo que você compra, implora, empresta ou rouba

E tudo que você cria,
E tudo que você destrói
E tudo que você faz
E tudo que você diz
Tudo que você come
Todo mundo que você conhece
E tudo que é pequeno
E todo mundo que você briga

E tudo que é agora
E tudo que já foi
E tudo que está por vir
E tudo embaixo do Sol está no tom certo
Mas o Sol é econdido (eclipsed by) pela Lua

Me lembrei dessa música semana passada e de como eu gosto dela, havia muito que não escutava. Não pretendia fazer hoje uma tradução, mas foi irresistível, detalhe eu fiz de ouvido por que não tenho a letra aqui, então aos fanáticos por Pink Floyd, sim erros são possíveis. Espero que vocês gostem. Silvia.

domingo, 13 de julho de 2008

Um Tempo para a Preguiça

Vivemos na época da falta de tempo. É o período de maior velocidade de informações, de comunicação, de realização de tarefas, mas nunca temos tempo. Enchemos-nos de compromissos, e isso nos dá certa tranqüilidade, pois, estando cheios de ocupação, não precisamos pensar na vida. Enchemos-nos de problemas fúteis, que exigem soluções urgentes, para que tudo continue como sempre foi, somente para que não seja necessário preocupar com o cotidiano, com os próprios sentimentos e emoções.

Assim, cheios de compromissos, parecemos responsáveis, sérios, trabalhadores. E, como nossa sociedade se importa mais com o parecer do que com o ser, já dizia Maquiavel, ficamos bem na foto.

Coitado daquele que ousar querer trabalhar meio expediente e voltar para casa, curtir a vida, os filhos, ir ao cinema, ou simplesmente ficar à toa, aproveitando o ócio preguiçoso de cada dia. Meu Deus, esse é louco, ou burro! Assim todos pensam, e já condenam pessoas que agem assim. Afinal, preguiça é pecado.

Mas cobiça, inveja e ira também são. Acontece que o mundo optou por considerá-las normais e até salutares para quem quer vencer na vida. E preguiça não leva ninguém a nada, não é? Não, não é. Precisamos de momentos sem compromissos para viver, para sentir. Precisamos acordar para ver que é quando não fazemos nada que realmente vivemos e sentimos tudo. Nos momentos em que não estamos correndo para cumprir um contrato, ou entregar um relatório, podemos olhar para frente e sorrir por causa de um gato dormindo, uma criança brincando, um olhar de cumplicidade, um dia de chuva. Precisamos repensar se vencer na vida é ter o melhor cargo, na melhor empresa, ou se é ter uma vida de verdade, com um tempo muito útil para ser feliz.


Tania acredita que o modo de vida do baiano é o melhor do mundo. Afinal, diz a lenda que mineiro é baiano cansado, que ia para São Paulo, e parou no meio do caminho para descansar.

Velhos Tempos

Sabe aqueles dias em que você está tão cansada que quer mesmo é dormir até acordar? Um dia inteiro sem compromisso a não ser com você mesma? Pois é. Há dias eu venho sonhando com este dia. Trabalhei nove semanas de segunda a segunda, de oito às oito, no mínimo. Já nem estava rendendo normalmente. Dei uma pausa este fim de semana. Não tô afim de entortar minha cara de novo, nem de morrer de remorso por ficar um tempão sem ver a minha vó. Porque, apesar de eu ter passado a última tarde de terça com ela, ela não se lembra; então não conta.

Bem, mas aí que ontem eu tirei o dia pra dormir, sabe? Dormi até uma da tarde! Ô delícia! Tinha tempos que eu não fazia isto. Pensei em ficar de pijama em casa o dia todo, rever umas matérias que eu preciso estudar, mas aí fomos chamados pra um aniversário. Como o aniversariante tem dois bebês, topei, né? Afinal, festa em casa que tem bebê tem que ser light e os amigos já vêm reclamando do meu sumiço.

Meninas, que quebradeira!! A dona da casa é doida mesmo. Foi com os filhos pra fazenda e deixou o marido conhecidamente maluco detonar a casa dela!! Tudo bem que era pouca gente, mas os poucos presentes têm um péssimo histórico rsrs E pelo que vi ontem, resolveram fazer um revival total dos tempos da faculdade. Neste resolveram eu me incluo. Acabei passando um dia que era pra ser light na maior das esbórnias: chope, churrasco, charuto e carteado. E dá-lhe conversa fiada, que não passa ninguém incólume num evento assim.

Conseqüência: taxi pra voltar pra casa, já que agora nem bombom de licor e cereja da Kopenhagen podemos comer mais antes de dirigir e mais onze horas de sono bem dormido. Acordei agora e meu estudo vai ter que ficar pra depois. Agora eu vou é ver a minha vó, porque só ela não pode mais esperar.


Laeticia estava morta de cansada e queria aproveitar sua folga de maneira mais light; confessa que gostou bem do revival, mas já não joga pôquer como antes.

sábado, 12 de julho de 2008

Pipa

Quando criança achava que amigos para sempre não existiam. Talvez porque aos 11 anos mudei de cidade, do interior pra capital, e larguei pra trás todos os amigos da infância, com os quais nunca mais tive contato... pensava que isso aconteceria comigo pra sempre! Achava que sempre aconteceria algo na minha vida que me faria mudar e começar tudo do zero de novo! Isso me causou um certo medo de estabelecer amizades profundas pois sempre temia perdê-los vida a dentro. Mas esse medo passou logo.

Quando comecei a cair na gandaia ouvia sempre dizer que na noite não se fazem amigos de verdade. E aos poucos descobri que muitas vezes isso é mesmo verdade, na noite se estabelece quase sempre relações superficiais... mas descobri que é plenamente possível transformar relações superficiais com amizades verdadeiras e duradouras! Esse fim-de-semana pude me presentear com uma pequena viagem, uma visita a um amigo que mora distante. Não o via a pelo menos três anos, mas é como se tivessemos nos encontrado na semana passada. Lá nos demos conta que nos conhecemos há aproximadamente dez anos... e que nos conhecemos numa gandaia qualquer.

Sábado passamos uma tarde inesquecível! No meio da tarde fomos para o alto de um morro munidos de linha, bambu, papel, cola, tesoura e um espírito de infância indescritível! Passamos a tarde toda soltando pipa (não fazia isso há pelo menos uns quinze anos)! Nos divertimos como crianças (embora não nos conhecessemos quando éramos crianças). O sol se punha como uma bola de fogo, o primeiro fiapo de lua crescente aparece brilhante no céu, e lá estávamos nossas pipas voando felizes no céu! Decidimos soltá-las para que elas voassem livres naquela beleza de imensidão. Parecia cena de filme.

Lá tive certeza que tenho poucos, mas grandes amigos que são pra sempre!

 

Mariana amou soltar pipa e não dispensa um convite pra brincar com os amigos!

Intolerância à gente

Uma amiga uma vez me disse: as pessoas não nos decepcionam. A gente é que espera delas coisas que elas não podem ser ou não podem os dar. Sem ter isso claro, acabei me ornando um pouco intolerante. 
Putz, por que essa pessoa tinha que fazer isso? Por que não fez aquilo?
Mas, as pessoas são diferentes. Parece óbvio, mas ter isso em mente quando alguém tem atitudes que você não aceita nem compreende, não é fácil. Ainda mais quando essa pessoa é capaz de discursar vários minutos preciosos sobre o nada!
Bom, o caso é que depois de uma grande e inesperada decepção, finalmente entendi o que minha amiga havia falado: a gente é que espera dos outros o que eles não podem nos dar. Você pode aceitar, pode viver na esperança de que a pessoa mude, pode sair fora...mas sempre tem opção. Ultimamente tenho optado por respirar fundo muitas vezes quando meu lado intolerante aflora e pensar que aquilo é o melhor que a pessoa pode oferecer. 

Renata, cada vez menos intolerante, mas nem por isso mais complacente. 

sexta-feira, 11 de julho de 2008

As desvantagens de ter um blog

Eu adoro blogs, e particularmente, adoro este blog, que é praticamente um filho pra mim. Adoro ler, comentar, e claro, escrever. Eu sou a única das Mulheres de 30 que escreveu religiosamente toda semana desde que ele nasceu, e ao meu lado só tem a Angel, que nunca furou, mas entrou pra turma umas semaninhas depois da inauguração. Em menos de um ano temos quase 25 mil visitas, no momento que estou escrevendo, e eu adoro quando temos alguma interação com o pessoal que acompanha a gente.

Mas tudo tem as desvantagens, né? Nem estou falando da logística de coordenar e moderar o blog, não. Mas é que todos os amigos dessas Mulheres já conhecem o blog, sendo que alguns acompanham diariamente, outros esporadicamente, mas praticamente todos dão pelo menos uma olhadinha de vez em quando. Então às vezes deixo de escrever alguma coisa, porque sei que, por mais que queira escrever alguma coisa que estou sentindo, eu sei que algum (a) amigo (a) pode se identificar com aquilo e achar que é uma indireta, como aconteceu no caso de um post que eu publiquei sem absolutamente nenhuma segunda intenção, mas que magoou uma amiga muito querida, porque achou que era um recado pra ela. E nunca houve intenção de ser.

Então aquilo que é pra ser nosso divã virtual acaba ficando censurado pelo cuidado de não magoar ninguém, e às vezes também fica censurado porque a gente muitas vezes quer escrever só pra desabafar, mas acaba gerando críticas e comentários que só pioram ao invés de melhorar. Críticas e comentários normalmente via MSN, claro, já que na hora de publicar comentário todo mundo gosta da pose de “Estou aqui pro que você precisar”. E muitas vezes a gente não precisa de nada, só de escrever uma coisa e publicar, pra colocar pra fora alguma coisa que está consumindo. Isso sem contar as ocasiões que eu queria contar alguma coisa no blog, mas acabo segurando, porque uma vez na web, nada nos pertence mais, e as conseqüências podem vir pra quem não escolheu se expor assim.

Este é o lado ruim de uma experiência tão legal como um blog. A gente acaba querendo despejar tudo em cima daquilo que pra gente é uma mistura de divã e diário, mas que não tem nem o segredo garantido pela ética profissional, e nem um cadeado que permita que só uma pessoa para quem a gente dê a chave leia. Mas de longe os benefícios superam este lado ruim, e eu adoro estar aqui!


Sisa adora esse blog, e como vem fazendo há quase um ano, sexta feira que vem estará aqui de novo. Blogar é igual cachaça: depois que a gente começa, não consegue mais largar.



quinta-feira, 10 de julho de 2008

Daniela

O problema de escrever sobre alguma das minhas amigas aqui no blog, é correr o risco de ser injusta. Nesta ocasião aceito o risco, já que tenho que escrever esse texto sobre a Dani.

Porque a Dani é a mulher que eu gostaria de ser.
E é também a mulher que eu gostaria que todas as mães, primas, tias, cunhadas, irmãs, esposas e ex-esposas fossem.

Ela não é minha amiga de infância. Nós nos conhecemos na adolescência. Acho que eu tinha 16 ou 17. Ela tinha 14 ou 15... E já nessa época ela conseguia ter o gênio pior que o meu... É, a Dani é muito brava, podem perguntar... risos

Vivíamos colecionando revistas e episódios de Arquivo X, tocando piano (ela) e violão (eu), cantando a 2 vozes e pensando, muito de vez enquando, no futuro.

E o futuro começou mais cedo para ela, que sempre muito precoce e com muita pressa de viver, passou no vestibular aos 17. A tão sonhada mudança de cidade, de ares, de vida... E enquanto a mãe dela estava inconformada porque esperava que ela fizesse pelo menos um ou dois anos de cursinho, eu fui com ela fazer a matrícula na UFSCar (o pai dela jamais se esquecerá de mim por isso... risos)

Nossa, eu tenho tantas lembranças dessa época. Dani, você não faz idéia!

Eu só conheceria a vida universitária por mim mesma 2 anos depois, mas isso não a impediu de me levar ao CAASO e à Factory, ou à uma ou outra aula do curso de enfermagem.

Mas uma das lembranças que eu tenho mais nítidas na minha memória foi de uma certa vez quando atendi ao telefone, uma bela tarde de férias (eu ainda na faculdade, ela já fazendo residência em uma UTI neo-natal super ph*da) e ouvi, à queima roupa:

- Mi, tô grávida.
- A-I-M-E-U-D-E-U-S Dani!!!

Nossa. Que emoção. Juro que pude sentir cada onda de felicidade que vinha junto com essa afirmação. Cada desejo de ser mãe aflorando de cada célula do serzinho que já crescia por ali.

E desde então a Dani tem sido uma grande inspiração na minha vida.

Ela, que cuidou do filho longe da família e se saiu brilhantemente bem. Com uma força e uma determinação que eu não sei se eu seria capaz de alcançar.

Ela, que viu seu casamento desmoronar aos poucos, e que foi corajosa o suficiente para seguir em frente. Sem ignorar as dores e as dificuldades, vivendo tudo isso com a intensidade que tem que ser.

Ela, que educa sozinha um filho para ser uma pessoa feliz e de bem. E que criança linda que ele é, Dani. Educado, inteligente, carinhoso, amado, maravilhoso, tudo de bom mesmo.

Ela, que nunca usou contra o ex-marido sua arma mais poderosa, já que ela nunca seria capaz de ferir sentimentos tão inocentes.

Ela, que vê a saudade que o filho sente do pai e não é capaz de dizer nenhuma palavra amarga sobre ele.

Ela, que não perdeu a capacidade de amar mesmo que o amor, até agora, só lhe tenha tratado com desdém.

Ela, que ao perceber as mudanças que a vida lhe preparava soube aproveitar cada oportunidade para ser feliz, agarrando-a com unhas e dentes.

Ela, que hoje comemora 28 anos e já viveu tanta coisa que eu nem sei se conseguiria.

Parabéns minha querida amiga. Te amo muito mesmo. Sinta-se abraçada por mim hoje e sempre. Que sua vida seja linda mesmo que as desventuras insistam em existir. Que seja curto o seu caminho em busca da felicidade. Que os anjos abençoem você e seu filho. Que a sorte sorria quando você passar.


Milena escreve aqui às quintas.



quarta-feira, 9 de julho de 2008

O peixe morre é pela boca

Ontem passeando pela rua com meu marido, demos de cara com uma conhecida. Ela estava meio de longe, então meu marido só apontou e falou: olha só quem está ali. Eu que não reconheci a criatura instantaneamente, fiquei viajando. Quem? Quando? Por quê? Aí ele me disse era a menina ‘que tem capoeira no sangue’. Aaaaaaaaaaaah tá certo, agora sei quem é!

Foi depois desse episódio que fiquei pensando como que um momento infeliz pode marcar a gente pra sempre. Por exemplo, no caso dessa menina. Aqui na cidade tem um grupo de capoeira, e um amigo meu fazia parte. A maioria do pessoal é norueguês. Então um dia essa menina soltou a seguinte frase na roda: ’Eu tenho mais facilidade porque tenho capoeira no sangue!’. Vamos explicar o pensamento da criatura: ela é metade norueguesa e metade portuguesa. Foi nascida e criada aqui (na Noruega). Mas pelo fato de Portugal ter colonizado o Brasil ela acha que tem sangue baiano nas veias. Bom, se ela tivesse só entre os noruegueses talvez esse detalhe tivesse passado despercebido. O problema é que meu amigo estava lá, e numa altura dessa do campeonato já estava ‘se estrebuchando todinho’, já viu né? O rapaz era brasileiro legítimo, baiano de Salvador e capoeirista de muito tempo. Na verdade ele acabou engolindo o riso e deixou pra lá. Mas chegou lá em casa contando a história. Pra quê? Até hoje não sei o nome da menina, e olha que isso aconteceu há sete anos atrás. Mas não tem jeito, a gente sempre se refere a ela como ‘a portuguesa que tem capoeira no sangue’ ou somente a menina ‘que tem capoeira no sangue’.


Liz odeia rotular as pessoas, por esse motivo ela fica torcendo para que ‘ a menina que tem capoeira no sangue’ não leia esse texto.



terça-feira, 8 de julho de 2008

No Arco-da-Velha

Cá estou para relatar minha relação com a tecnologia. Já adianto que é bem precária. Estou a todo tempo no arco-da-velha (talvez porque o arco-íris exista desde que o mundo é mundo).

Para começar, sou do tempo da máquina de datilografia. Fiz curso de datilografia no Senac, em máquina manual e elétrica. Foi-me muito útil, todo o domínio que tenho do teclado de computador vem daí.

Celulares... Um capítulo à parte. Demorei a ceder a essa tentação. Quando, então, resolvi colocar-me comunicável onde eu estivesse, comprei aquele Motorola enooooorme, que tinha até anteninha de levantar, sabem...!? Isso foi há uns nove anos. Fiquei com ele um bom tempo, só troquei quando achei que estava pesado demais na minha cintura...kkkkk. Aí comprei um Nokia, basicão, sei que o modelo dele começava com 5. O resto eu não lembro. Até final de 2006 ainda estava com ele. Até que não agüentei mais as gozações pelo tamanho do bicho e troquei pó outro Nokia, esse aqui que eu tenho até hoje. Eu sei que já está na hora de trocar..., mas vou enrolar mais um pouco, até isso passar à categoria de prioridade.

MP3? Comprei o primeiro no mês passado. E aprendi a baixar músicas da internet simultaneamente. Nunca tinha ouvido falar em eMule. Comprei junto um Pen drive. “Tô me sentindo” a moderna. Enfim, deixarei um pouco de lado os cd’s e o walkman que pesava minha bolsa.

Aderi ao orkut no ano passado. Tanta gente falava disso que fui ver o que era. Achei interessante, ainda mais com recursos interessantes de privacidade. E achei um grande consolo me sentir, mesmo que virtualmente, mais próxima de pessoas que não vejo há muito tempo, como meu amigo Rodrigo, que eu tanto amo, morando em Londres há tempos.

Não sei explicar o porquê, mas é fato que sou resistente à tecnologia. Custo a me aproximar das novidades. Talvez Freud e / ou Dra. Bridget Jones consigam explicar essa minha “deficiência”. Prefiro o Arco-da-velha com todas as suas cores naturais do que o magenta artificial da tinta das impressoras.


Angélica tem os dois pés no passado quando se trata de coisas. Ainda escuta seus discos de vinil, não sabe manusear um microondas e pouco sabre sobre máquinas fotográficas digitais. E esse será seu próximo passo em sua lenta evolução tecnológica.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Dois caminhos

Anastácia estava naqueles momentos em que nos sentimos em uma encruzilhada com dois caminhos para se escolher mas apenas um para se seguir.

Ser ou não ser

Trair ou coçar

Pegar ou largar

Enfrentar ou fugir

Assumir ou mentir

Fazer ou deixar pra lá

Pensar ou agir

E por mais que ela pensasse, por mais que ela quisesse, o caminho do meio não existia, a probabilidade de que encontraria uma terceira opção era remota. E Anastácia sabia que o certo nem sempre é o fácil e muitas vezes é o caminho a ser percorido.

Desculpem a obscuridade mas Anastácia quando começa a pensar só pára quando resolve, mas até lá eu é que fico a deriva. Por enquanto a certeza que tenho é que escrevo no Blog as segundas-feiras. Silvia

domingo, 6 de julho de 2008

Ser de verdade

Nos últimos dias estive envolvida em reflexões existenciais. Parece que tem hora que não tem como correr: é preciso fechar, mesmo que rapidamente, para se fazer um balanço. Pensar no que vale a pena, no que não vale... No que é necessário, no que posso muito bem passar sem...

E uma coisa me chamou demais a atenção. A importância da liberdade. Não uma liberdade libertina. Mas a liberdade da alma. Liberdade para poder escolher aonde se vai. Com quem se quer ir. Liberdade para se entregar. Liberdade para se anular. Liberdade para seguir aquilo que realmente acredita. Para dizer não. Para dizer sim. Para não aderir a modismos. Para ser honesto. Liberdade para ser sincero. Para amar. Para se entregar ao trabalho. Para fazer coisas boas. Para servir. Para não ter vergonha de assumir quem realmente é. Liberdade para assumir mil compromissos. Liberdade para não se fazer nada. Liberdade para acertar. E sem dúvidas, para também poder errar e assumir com consciência todas as suas consequências.


Aline: Professora de educação física e mãe em tempo integral, veterinária não atuante... Fiz trinta anos em 2006. Casada, dois filhos lindos (claro!!!! rsrs). Adoro contemplar o mundo e perceber que existe esperança, beleza, alegrias.


sábado, 5 de julho de 2008

O trio

O tempo todo vidas começam e terminam. De fato e metaforicamente. A gente só percebe quando acontece perto da gente, mas acontece o tempo todo, todo o tempo.

Se deixarmos a parabólica sintonizada um pouquinho mais nos outros e um pouquinho menos na gente, vamos perceber.

Mas esse texto não é pra falar de generalizações nem de especulações. É pra falar de três pessoas importantes na minha vida que ontem (sexta) começaram uma nova vida.

Meu irmão, meu ídolo, mesmo quando faz cagadas (pode escrever isso?), pra quem eu ligava em qualquer aperto, desde “esqueci a chave de casa” até “como eu faço pra chegar no banco tal?”. A esposa, que faz parte da família há anos e que faz muitas vezes o papel de minha irmã. E o produto dessa combinação, meu sobrinho, uma das melhores invenções do homem, depois do plástico bolha e do guardanapo!

Então, hoje foram os três de mala e cuia para Buenos Aires. Sei que é uma oportunidade bem legal e que hoje em dia as distâncias são muito pequenas.

Mas também sei que vai bater saudades. Muitas!


Renata deseja tudo de bom para o trio! E já está com saudades!

sexta-feira, 4 de julho de 2008

E você, precisa de quantas?

Eu sei que este blog é freqüentado por menores de idade, pessoas de família e tal, mas não resisti, preciso falar do assunto: SEXO. Aliás, vamos largar mão de hipocrisia, né, gente? Ultimamente tem muito menor de idade aí colocando adulto no bolso no que diz respeito a esse assunto, né? Fora que sem isso, não haveriam famílias pra ter pessoas de família. Então acho que tou liberada.

É que esta semana eu li no Manual do Cafajeste (como vocês devem ter percebido, leitura viciante, já que tenho falado bastante dele aqui) uma coisa que me deu um misto de vontade de rir e preocupação. Resumindo: o Cafa (olha a intimidade) contou de um fim de semana, digamos, bastante movimentado na cama dele, e lançou a pergunta pra mulherada responder: E você, precisa de quantas pra se satisfazer?

O mais engraçado é que tem muita menina/ mulher lá que sempre pega o gancho no post do cara pra falar exatamente o que acha que ele quer ouvir, acredito eu que na esperança de virar mais uma das freqüentadoras da cama dele (que, pelos posts, parece inteligente, culto, safo, de bom gosto, e, dizem as que já viram foto dele – gato, mas que é assumidamente cafajeste e mesmo assim a mulherada cai matando).

Então eu li pérolas lá do tipo: “Ah, eu sou bem normal, chego ao orgasmo 10 vezes por noite”, ou “Se o cara não agüentar dar 4, que nem venha cheirar meu cangote”, ou ainda, “Pra mim transa tem que durar pelo menos 2 horas, e depois emendo outra de 3h”, e, a que me impressionou mais, “Eu e meu namorado demos 28 no fim de semana”. Essa é a parte da risada, né? Tá, nem vou entrar no mérito de “cada um é cada um”, mas eu morri de rir porque parecia competição, literalmente “Quem dá mais?”... Eu, particularmente, como disse sabiamente uma menina nos comentários, vivo é no mundo real, não no set de um filme pornô. E sinceramente, eu acho que se alguém gasta tempo contando é porque a cabeça está no ranking, não na cama. E como a mesma menina disse ainda mais sabiamente depois: “Que prazer o quê! O negócio é ficar ardendo!”

Aí vem a parte preocupante. Não é segredo pra ninguém aqui que nós vivemos em uma sociedade que cobra cada dia mais de todos, principalmente de nós, mulheres. A mulher tem que ser bem sucedida, trabalhadora, atualizada, ter um currículo invejável e ainda ter tempo pra aprender mais uma língua. Tem que ser mãe, filha, namorada/ esposa, amorosa, atenciosa e cuidadosa. Tem que manter os assuntos domésticos sob controle. Tem que ser independente, bonita, gostosa, bem cuidada. Cabelo com ponta, unha sem fazer? Jamais! Tem que arrumar um tempinho pra se embelezar nem que seja entre o spinning e a aula de francês. Afinal, depois que estiver linda ainda vai ter que vestir uma lingerie bem sensual pra seduzir o namoradão/ maridão com o striptease que aprendeu no curso (ou na internet, entre um mail de trabalho e outro), sem esquecer, claro, de aplicar todas as técnicas de pompoarismo e experimentar todas as posições do Kama Sutra sem cair na rotina pra não ser a responsável pela falência da relação. Ah, sim, esqueci do detalhe: tem que ter vários orgasmos com isso, afinal, ninguém quer uma “fracassada” na cama, né?

Aí eu pergunto: por quê as pessoas compram essa idéia? E acabam mesmo se cobrando, a ponto de soltarem assim nos comentários de um blog suas intimidades, sejam elas verdade ou não? Fiquei pensando no filme Sex And The City, na cena da Miranda. Pra quem não assistiu ou não lembra, Miranda é uma advogada bem sucedida que rala horrores no trabalho. Acaba casada com um barman e eles têm um filho. Ela muda do seu lindo, mas pequeno, apartamento em Manhattan pra uma casa longe de tudo, inclusive do escritório, mas que tem mais espaço pra família. Vê pouco o marido, já que ele trabalha de noite. Ajuda cuidar da sogra com Alzheimer. Resolve os problemas da casa. Educa o filho com amor e atenção. Acha uns minutinhos pra dar suporte emocional pras amigas. E depois ouve do marido que ele colocou um corno nela, porque ela andava desinteressada por sexo. E depois uma amiga a critica porque ela não está depilada. Estranha é ela que não consegue pensar em depilação e sacanagem, ou o marido, que não vê o duro que a mulher dá e nem tenta ajudar e aliviar um pouco a vida dela, pra ela poder se cuidar um pouco? E que raio de marido é esse que não tem compreensão nenhuma?

Ah, vamos falar sério, ninguém é, e nem deve ser, máquina de fazer sexo e ter orgasmo. Sexo é uma coisa que deve ser feita por prazer, e não obrigação, e na minha modesta opinião, nem é uma coisa que se faça com qualquer um. A vontade e a resposta do corpo dependem de vários fatores, bioquímicos e psicológicos inclusive. Na minha cabeça não faz sentido nenhum comparar com/ganhar de outras pessoas, o que faz sentido é saber se foi bom, se valeu a pena, e principalmente, se não vai ser fonte de arrependimento. Eu, hein? Às vezes eu acho que a esquisita sou eu.


Sisa quer saber duas coisas: 1) a esquisita é ela? 2) e você, precisa de quantas? (risos)

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Uma historinha

Faz tempo, não faz? Muito...

Tanto que nem lembro exatamente do que se passou nesse tempo que passou...

Mas lembro perfeitamente da sensação do nosso PRIMEIRO beijo.

Você era um menino! Com um olhar adolescente que até hoje me fascina, só de pensar.

Lembro do blackout, das respirações, do silêncio, das mãos trêmulas.

Lembro mesmo. E sei que você também não esqueceu.


Quase DEZ anos se passaram.

Acho que foram oito, até que pudemos reviver alguma coisa parecida.

Parecida porque você já não era aquele menino.

Parecida porque suas mãos já não tremiam na minha presença.

Parecida porque a intensidade do que vivíamos naquele momento era outra.

Parecida porque já éramos dois adultos.


E foi bonito viu.

Não sei se você soube - acho que cheguei a te dizer sim - mas eu me apaixonei perdidamente pelo nosso beijo.

A ponto de não querer parar mais. Nunca mais mesmo.

Sim, eu concordo com você quanto a isso. Você sabe.


Aí, como a vida é engraçadinha quando convém, vieram complicações, mentiras, acusações, suspeitas, mágoas.

E algo que podia ter sido muito mais bonito foi interrompido antes mesmo de ser.

E os versos do poeta ecoando em minha mente... “A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro nessa vida...”

Porque?

Porque tinha que ser assim mesmo. Porque ‘NÓS’ não éramos para ser nada diferente do que somos hoje.


E eu, naquele momento, com vontade de te mandar para outra galáxia.

Mas não mandei. Não insisti.

Afastei-me. Deixei-te seguir.

Mesmo que me DOESSE todo dia não te perguntar como você estava, como ia a vida, se você estava feliz com suas escolhas e tudo mais.


Apesar de que, se pararmos pra pensar bem, nós nunca nos permitimos estar efetivamente MUITO longe um do outro, não é?


Mas a distância que existiu - e de certa forma ainda existe - entre nós, me impediu de perceber algumas coisas.

Pequenas nuances que acabaram por me chocar um pouco, como você soube outro dia.


É meu querido, eu sei. Todo mundo CRESCE. Com você não haveria de ser diferente.

Todos nós amadurecemos um dia.

Mas juro que EU não estava preparada para o dia em que VOCÊ amadureceria.


Hoje nós conversamos de igual pra igual. E você me contraria!

E eu me surpreendo com seu gênio ruim. Tão parecido com o meu.

Assim, meio velado... Meio lobo em pele de cordeiro.

Você me mostra - como poucos ousaram - que eu não tenho sempre razão, e isso você faz muito bem. Eu gosto disso em nós dois.


Você sabe o que quer e onde quer chegar, assim como eu.

E por sabermos disso, sabemos também que o nosso chegar não será junto, mesmo que pela ida, nossos caminhos sigam se entrelaçando, vez ou outra.


E por nos conhecermos tão bem, sabemos que nunca nos amamos, de fato.

E não mais nos permitimos iludir.

E concordamos com isso sem tristezas, pois é assim que é.

E eu te respeito tanto por isso, tem que ver.


Mas eu sou saudosista, você sabe disso também.

E por isso ainda lembro do seu olhar maroto.

Ainda lembro das suas mãos que não sabiam onde deviam estar.

Ainda lembro do menino que eu achava que faria tudo que eu pedisse para fazer.


E é assim que, desde aquele beijo que EU te dei – hoje sim, dez anos atrás – você está na minha vida.

Pelas beiradas, como é o seu jeitinho.

Chegando sempre nos momentos em que eu menos espero.

Estendendo a mão. Sorrindo pra mim, maroto como só você sabe ser.

Brigando comigo por alguma coisa boba que eu cismei. Ou por alguma atitude errada que eu insisto em tomar na minha vida. Ou simplesmente pelo meu jeito mandão, que você não admite (para minha completa admiração).


Sei que você não vai ler essa historinha. Não é o seu estilo. Não fico brava.

Mas escrevi com carinho para você. Para registrar que você será sempre uma pessoa muito querida a ocupar um lugar cativo e reservado nos meus pensamentos.


Milena queria escrever essa historinha muito tempo atrás, mas as palavras não tinham se feito presentes até então. Escreve aqui as quintas, e hoje, deixa um recado que já entregou, mas nunca é demais relembrar: "Hay que endurecer, pero sin perder la ternura jamás" – Che.

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