domingo, 31 de agosto de 2008

Feliz ano novo!

Bom, alguns leitores devem estar achando que definitivamente estamos ficando loucas! Duas mulheres aqui, a pouco tempo atrás escreviam feliz natal em seus textos. Será que as mulheres de 30 estão com problema com o tempo? Talvez sim, talvez não.

Há algumas semanas me senti como se meu ano tivesse acabado de começar! Sabem aquela sensação de esperança que ficamos no comecinho do ano? Uma nuvem de otimismo, uma listinha de planos... eu mesma escrevi aqui no começo do ano uma lista que talvez hoje seja uma farsa! Mas mais da metade do ano já passou e o que eu fiz esse tempo todo? Vivi, viajei, trabalhei, mas sabe aquela sensação de que tinha algo meio fora do trilho? Me sentia aérea, entregue a uma rotina estranha, sem minhas pequenas vontades, meus necessários objetivos.

Mágica, coincidência ou simplesmente um jeito diferente de olhar pra própria vida? Jamais saberei... o fato é que plim! Um belo dia acordei decidida a verdadeiramente mudar hábitos alimentares (que já estão surtindo efeito), a resolver pendências antigas, procurar antigos amigos, planejar (e começar a pagar) uma primeira viagem ao exterior, aproveitar melhor meu tempo (isso não significa me atolar de trabalho e sim trabalhar o necessário, mas prever na minha rotina tempo pra apenas fazer coisas que gosto, fotografar, ler, andar por aí, ir ao cinema...), retomar antigos projetos, enfim botar o ano pra funcionar com as próprias mãos! E o melhor de tudo é que, vivendo um dia de cada vez, estou conseguindo (talvez pela primeira vez na vida) executar tudo que me proponho a fazer. Talvez seja porque já me conheça o suficiente pra não exigir de mim mesma mais do que sou capaz de fazer, ou simplesmente um desejo enorme pra que o ano comece de verdade! Preciso correr, tenho bem menos meses do que o resto da humanidade. Mas calma, uma coisa de cada vez!


Mariana não tem pressa. Sabe que tudo na vida tem seu tempo e que talvez o tempo dela seja um pouco diferente do resto do mundo, mas está feliz de ter começado o ano mesmo que em agosto, afinal como diz o ditado “antes tarde do que nunca”.

sábado, 30 de agosto de 2008

Coisas que irritam mulheres de quase trinta, de pouco mais que vinte, mestres, mestrandas e biólogas

Gente que:
- conta histórias pela metade, sem informar a fonte;
- não tem pressa nunca;
- se desculpa até por viver;
- fala sobre o nada pra ninguém;
- “cria” intimidade imediatamente, usando apelidinhos segundos depois de lhe conhecer;
- abre o provador enquanto você está experimentando roupa;
- põe catchup na comida (não é unanimidade, mas incomoda a Fran demais);
- vê o lado negativo de tudo;
- reclama o tempo todo;
- vive no seu próprio mundinho, sem consideração pelos outros;
- ouve música no celular sem os fones na rua, no parque, no ônibus...odeio mais ainda se cantar junto;
- fala pra dentro;
- bate os pés e/ou joelhos na sua cadeira;
- sabe tudo;
- nunca tem certeza, nunca tem opinião;
- não ligam o pisca alerta;
- tem auto estima demais ou de menos;
- que se faz de vítima;

Nem só as pessoas entraram nesta lista, também são irritantes:
- mentira;
- narração de futebol;
- mau atendimento;
- dia de cabelo ruim;
- sobrancelhas despenteadas;
- novelas e programas de auditório em geral (exceção pra Oprah e Jô Soares);
- promessas não cumpridas;
- atrasos;
- roupa que “encolhe” e para de servir;
- ouvir a mesma história várias vezes;
- gerundismo.

Esse texto foi começado por mim em um dia de extrema irritação. E a lista tendia a aumentar. Mas foi terminado em uma dia de comemoração pela amiga que passou em segundo lugar na seleção para o mestrado. Parabéns! Com alegria por ela e boa companhia, percebi que a lista nem é tão grande assim, e até rimos de vários desses itens.

Renata está feliz pela amiga e reforçou a idéia de que temos que conjugar com pessoas de quem gostamos e com que nos sentimos bem para deixar a vida mais leve e engraçada.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Feridas fechadas

Quando aquilo vem dilacerando a gente, tirando o chão sem aviso prévio, a impressão que se tem é que nunca mais a gente vai conseguir levar a vida normalmente. Todo mundo repete que passa, que dói mas passa. Nem é que a gente não acredita ou não quer acreditar. Simplesmente foi tirada da gente qualquer capacidade maior, seja de reação, de revolta ou o que for. A única sensação que se tem é que a partir dali, tudo acabou. Só os olhos funcionam como é de se esperar, jorrando lágrimas e lágrimas. Mas essas lágrimas um dia também param de cair e é assim que a gente se sente: vazia e seca.

Haja terapia, haja fluoxetina, e com o tempo, sair de casa não é mais um desafio. A gente consegue andar na rua sem aquele pavor de que o mundo possa cair na cabeça da gente. Sai, cumpre as obrigações e volta. Não adianta querer desviar a cabeça pra outro assunto: aquilo martela na cabeça dia após dia, e quando a gente menos espera, a ferida dói. E a gente vê aquela ferida aberta e sangrando, sem conseguir disfarçar, apavorada porque a qualquer momento alguém pode enfiar o dedo nela.
Com o tempo, você vai se convencendo de que pode conviver com aquela dor. Ela está ali, lembrando o tempo todo que existe, mas já não impede de levar a vida normalmente. Obrigações, lazer... coisa de vida normal. Não é que a gente tenha a vida que tinha antes, porque a vida de alguma forma se dividiu em antes e depois do ocorrido. Mas já consegue tocar tudo pra frente, embora às vezes as lembranças tragam um gostinho amargo na boca.

Até que um dia, em uma conversa informal com alguém, surge o assunto. A gente fala dele, e quando percebe, está falando normalmente. Como se fosse alguma coisa que viu num filme ou que aconteceu com outra pessoa. Conta aquilo, e não dói mais. Anos depois (oito ou nove? Nem sei mais) a gente percebe que em algum momento, sem a gente nem perceber, que a ferida fechou. A cicatriz sempre vai ficar, a vida continua se dividindo em antes e depois. Mas aquilo não dói mais. E percebendo isso, a gente constata que só ficou o aprendizado. Bendito tempo que cura até o que a gente julgava incurável.




Sisa percebeu algumas horas atrás que quando alguém diz “o tempo cura tudo”, não é bobagem.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Magia

“Magia é o que faz voltar contra quem desejou o que de mal me desejam. O olho refletindo o que vem contra mim, OS MAGOS TODOS LOUVADOS SEJAM”.

Tudo que eu queria era ser mágica. De verdade. Ter poderes mágicos, sabem?

Queria tanto que até no dia das bruxas eu nasci.

Tirando aquele pseudo-mago-pseudo-escritor-pseudo-ser-humano do qual não citarei nem o nome, todo o resto das coisas que tangem à magia me apetecem.

Eu queria viver dentro do livro do Tolkien, na floresta de Lothlorien. Entre elfos e seres com nomes muito estranhos, eu sei que seria muito feliz.

Quando eu me cansasse do visual bucólico e aconchegante de Lothlorien, eu me mudaria para Hogwarts e por lá ficaria pelo menos até Natal. Cuidando sempre para encontrar todos os dragões, fantasmas e monstros assustadores.

Quando a vida no campo ou no castelo se tornasse enfadonha, eu bem que poderia morar no sótão das irmãs Halliwell, e passar um tempo invocando demônios charmosos e bem malvados. Entre mover as coisas com a mente e parar o tempo no momento em que eu quisesse, eu me divertiria muito tentando decidir se derrotaria ou se me casaria com o demônio charmoso.

Outro sótão em que eu daria uma passadinha de vez enquando certamente seria o do tio Andrew. E entre anéis, leões e guarda-roupas, eu gostaria de ser adulta e de voltar a ser criança algumas vezes.

E essa meus amigos, é uma daquelas minhas listas intermináveis.

E enquanto o dia mais esperado do ano se aproxima, sigo por aqui. Ainda esperando encontrar unicórnios, fadas e elfos pelo caminho.

Milena escreve aqui as quintas. Parece que por mágica, nessa quinta o tempo parou um pouquinho para que o texto saísse.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Definições

De um antigo dicionário ilustrado:


Decepção, s.f. Ato de enganar; surpresa; logro; desilusão. Decepcionar, v.t. Causar decepção. Desilusão, s.f. Perda da ilusão; efeito de desiludir; desengano. Desiludir, v.t. Tirar ilusões a; desenganar; causar decepção a; p. perder as ilusões; desengano.


Do meu dicionário próprio:


Decepção. A descoberta de que algo, um fato, imagem, idéia, concepção, expectativa, crença, que nos foi imbuído por outrem, não procede, não é verdadeiro ou não é possível de ser concretizado. Quando nos acomete machuca, mas vem junto com certo sentimento de se ter sido enganado, logo, de que a dor não é nossa culpa, o que de certa forma a ameniza. Impropérios voltados ao decepcionador de origem costumam amenizar o sentimento. Inclusive se forem proferidos com muita elegância (melhor ainda se forem tão sofisticados a ponto de não serem compreendidos) o decepcionado quase será capaz de sentir-se vingado por ter de si arrancada a esperança do que lhe convinha. Doeu, mas a culpa foi sua, seu filho da mãe.


Desilusão. Idem a decepção, com a diferença de que ao invés de imbuído por outrem o algo, fato, imagem, idéia, concepção, expectativa, crença que descobrimos não ser verdadeiro ou possível de ser concretizado, foi criado por nós mesmos, para nossa própria conveniência. Quando desaba sobre nós (porque desilusão desaba, não apenas acomete) trás uma dor em fio, pungente, constante, que não vai embora. É uma dor ainda mais incômoda, por percebemos que nós mesmos criamos a ilusão, por um motivo pouco nobre qualquer, que certamente serviu para tapar algum sol com alguma peneira. Não nos demos conta do quanto fomos tolos ao achar que criar uma ilusão e passar a acreditar piamente nela iria torná-la verdadeira. E quando a ilusão (confusão dos sentidos que provoca uma distorção da percepção) é desfeita, desiludida, porque algo aconteceu evidenciando que o que acreditávamos servia apenas para um bel prazer irreal, nos caem os butiás dos bolsos. Deixa-nos em um misto de embasbacados e surpresos no início que se transforma em sensação póstuma de ridículo, pois o único pato que não se deu por conta de que tal coisa era uma ilusão foi o próprio que a criou. Como foi possível termos criado tal expectativa se o pseudo-responsável por cumpri-la evidentemente (para todos, menos para nós, os patos) não tinha condições para tal. Digo pseudo-responsável porque fomos nós mesmos que em um instante (ou década) de estupidez consentida esquecemos da máxima “cada um no seu quadrado” e caímos nas graças da tentação de fazer parte do mundo maravilhoso dos iludidos por iniciativa própria, colocando parte da nossa felicidade na dependência da sensibilidade, do respeito e da boa vontade de terceiro(s) que, no mundo cru real, de fato só se responsabilizam pelo próprio umbigo (ou não, também existe a irresponsabilidade pelo próprio umbigo, como uma escolha válida para o seu quadrado). A única vontade que surge é a de que o tempo dê um salto para o momento em que a memória de nossa estupidez já estiver apagada. Impropérios também surgem com a desilusão. Auto-impropérios, que não foram convocados tampouco são elegantes, mas que cumprem muito bem o papel de aumentar o nível de auto-arrasamento. Doeu e a culpa é inteiramente do retardado que foi iludido. Quem mandou ser pato?

Gisele Lins escreve aqui às quartas-feiras. Ela é muito orgulhosa pelo fato de sua língua-mãe ser uma das mais difíceis do mundo, além de uma das mais belas. Tem especial apreço por alguns vocábulos específicos, o que já deve ter mencionado por aqui. Estapafúrdia, incongruência, pantufa e abóbora são os seus queridinhos. Alguns dias, como hoje, ela gostaria que algumas palavras de seu belo idioma simplesmente não existissem, como estas aqui definidas.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

A Primeira Carta

Amado, tentei, mas não consigo dormir. Sinto-me ansiosa. Deve ser pela nossa viagem de amanhã. A Itália sempre foi meu sonho de férias. E agora... tão perto! E já que o sono foi embora, resolvi escrever, escrever pra você. Desde que nos conhecemos (fazem 03 anos!?) nunca trocamos palavras escritas. E eu que sempre me expressei bem com caneta e papel, aderi 100% aos olhares, gestos, presentes cheios de significados e sussurros. E adorei! Mas sinto falta do papel, fico mais leve quando escrevo. Acho que é a primeira carta de amor que escrevo. Já ofereci várias poesias, mas uma carta de amor, não. Talvez esteja inspirada pelo que vejo agora: você dormindo profundo, lindo!

O amor é, mesmo, cheio de surpresas. Não pensei que amaria alguém sem sofrer, pelo menos um tantinho. Mar de rosas não, claro! A surpresa é que sempre conseguimos resolver todas as questões polêmicas sem brigar porque nosso pensamento parece conectado. Na mesma sintonia. O que um pensa, o outro sabe no olhar. E tivemos tantas evidências dessa sintonia...

Quando começamos a nos encontrar e declaramos nossa predileção pelo mar (você) e pelo céu (eu), sentimos uma vontade mútua de conhecer o prazer que o outro sentia. Aí, eu te levei pra saltar de pára-quedas e você me levou para o curso de mergulho. E hoje somos pára-quedistas e mergulhadores, após algumas dificuldades de ambos os lados. E conseguimos conhecer o prazer um do outro.

E, entre mergulhos e saltos, a paixão veio, galopante. Todos aqueles que conviviam conosco notaram, afinal os apaixonados perdem a noção da discrição. O sentimento era nítido nos gestos, nos olhares, nas conversas (eu só falava em você... kkk). E tudo que vivemos sempre foi tão intenso e natural que o Amor não tardou a juntar-se à paixão. Minha admiração por você veio antes do primeiro beijo, já era um ingrediente indispensável ao amor.

E os presentes!? Em total sintonia, pra variar... Nos primeiros seis meses de namoro, fomos convidados para uma festa especial, poderíamos solicitar, antecipadamente, que o músico da festa ensaiasse uma música para que nós cantássemos em homenagem a alguém. Eu pedi “Quando a gente ama”, lindamente interpretada por Oswaldo Montenegro, e cantei para você. E você pediu “Fly me to the moon”. Quando ouvi você cantar, nem me importei com as notas desafinadas, afinal era pra mim aquela declaração de amor. E chorei muito, de felicidade. E tudo isso foi surpresa pra nós dois. E naquele dia fizemos amor em silêncio, não havia necessidade de sons além do prazer. Tudo havia sido declarado nas canções.

Em nosso primeiro aniversário de namoro, passei quase quatro meses preparando o presente. Queria que você entendesse a minha vontade de união, casamento, juntamento, o que fosse... Mal sabia eu que você já pensava o mesmo. Comprei os palitos de picolé e passei meses construindo a maquete da nossa casa. Na verdade, minha mãe me ajudou bastante nisso. Ela fez duas casas com esses palitos quando eu era criança. E a nossa casa fictícia ficou perfeita, tinha até os bonequinhos representando eu, você e o Mário (o cachorro que já sonhávamos em ter). Pra completar, você chega com as alianças. Ah, como eu te amo! Te amo a cada olhar, a cada lembrança, a cada sonho para o futuro!

Cinco meses depois, nosso casamento. No mar e no céu. Não sei qual foi mais emocionante. Sei que se morresse em qualquer desses momentos, teria amado mais do que sonhei.

E agora, rumo à Itália... Roma, Veneza, Florença, Milão, Sicília (origem de minha bisavó)... Não vejo a hora! E com você, esse sonho terá o melhor sabor.
Agora vou preparar nosso café, já me sinto mais leve...

Te amo inteiro, imperfeito, homem, amante, companheiro... e nosso amor é tudo de melhor que eu nunca pensei que fosse viver. Bom Dia!Amada.



A Primeira Carta não tem destinatário real. É fictícia. Foi um sonho... Sonho meu.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Meia-volta, volver

A casa
O jardim
Os gatos
O seu gato
As galinhas, ainda gritando
O quarto
Suas coisas
Seus Cds, suas músicas

A volta
O regresso
A retomada
As decisões
As emoções
Os cheiros
Os gostos
As paisagens

As pessoas
Seus pais
Seus amigos
O dono do bar
Os bares
Os lugares
As novidades
A rotina

Meia-volta, volver
A volta pra casa



Silvia voltou para casa.

domingo, 24 de agosto de 2008

Recomeçar... mais uma vez

Como escrevi em um dos meus textos aqui do blog. Depois de uma decepção no finalzinho do meu mestrado, resolvi então fazer um outro mestrado, mudar um pouco de área, refrescar a cabeça, RECOMECAR! Foi uma decisão um pouco drástica, afinal bolsa de mestrado não é lá essas coisas mesmo aqui na Noruega. Mas eu precisava dessa mudança.

Eu já estava quase na metade desse meu novo mestrado, quando tive que tirar uma pausa pra cuidar de Isabella, minha filhinha que tinha acabado de nascer. Era um dia normal como outro qualquer, eu estava trocando fralda no banheiro, quando meu telefone tocou. Número desconhecido. Resolvi atender, afinal devia ser algum vendedor, e hoje eu iria com certeza mandar o cara para a pqp.

-Alô.
- É Liz C. que ta falando?
- Sim. (como que esse fdp descobriu meu nome?)
- Aqui é o A.B.* do instituto de SR*.
-Sim. (hummm eu conheço esse nome, sim, ele? heim? Por que esse cara ta me ligando?)
-Surgiu uma nova vaga no instituto, você está livre no momento?
-Eu? Hummm (Olhei pra Isabella deitada no trocador, será que estou livre? Acho que não... humm que bosta!) – vocês estão precisando de gente pra agora?
-Sim, pra agora.
-(C%####*O ) Infelizmente no momento não posso.
-Ok tudo bem tchau.

Heim? Heim heim? Passei 10 minutos sem entender nada. A ficha foi caindo aos poucos. Este era um emprego que eu tinha mandado meu currículo no ano passado, tinha participado de várias entrevistas, fiquei entre os três últimos candidatos, mas acabei não conseguindo a vaga. Lembro que eles falaram que iam guardar o meu currículo e que no futuro poderiam me ligar. Claro que eu achei que isso era ‘conversa pra boi dormir’ e que eles só estavam falando isso para serem educados. Mas não, era verdade, o cara tinha me ligado. No início eu fiquei chateada, caramba agora vocês me ligam? Depois fui passando para uma fase de orgulho. Pôxa, eles me ligaram, que legal! Eu sou interessante! Tive que ficar orgulhosa, pois este era um emprego muito bom, o pessoal era de alto nível. Mas fazer o quê se o ‘timing’ não foi bom? Depois de alguns dias, fiquei pensando... Não posso perder essa oportunidade. E mesmo achando que o caso já estava ‘perdido’, resolvi mandar um e-mail para o cara e fazer a minha oferta. Eu poderia começar daqui a 2 meses. Foi com grande surpresa que recebi um outro telefonema dele, me chamando pra ir lá conversar com eles. E a gente acabou chegando a um acordo, eu começaria dentro de 2 semanas, mas iria lá apenas 2 vezes na semana e poderia sair mais cedo pra amamentar. Perfeito!

Então mais uma vez eu teria que RECOMECAR. Juntei minhas garras, minhas forças e tentei não ter medo do novo, mais uma vez. Hoje estou aqui, no trabalho mais legal que eu poderia ter. Depois de 4 meses do qual os dois últimos estou trabalhando 100% e não só 2 vezes na semana como no começo, posso dizer que realmente estou feliz. É muito bom trabalhar com o que a gente gosta, melhor ainda num ambiente tão legal e saudável, com pessoas que te apóiam e te estimulam.

* Os nomes não foram publicados para não expor as pessoas envolvidas



Atenção! Liz adverte, trabalhar com o que você gosta em um ambiente de trabalho legal, FAZ BEM À SAUDE!

sábado, 23 de agosto de 2008

O milagre (ou a redenção verde)

Após anos de comportamentos nada sustentáveis, de excessos de consumo e de desperdício de recursos naturais*, após uma revolução industrial, cultural e tecnológica calcada na irresponsabilidade para com as gerações futuras e com a integridade do ambiente sob a desculpa do progresso, eis que surge, milagrosamente, a solução: créditos de carbono!!!

Não sinta remorso pelo hábito de levar horas no banho, desperdiçando energia elétrica e água potável, no final do ano você pode plantar uma ou duas árvores e sua dívida estará paga!

E se você é fã incondicional de descartáveis e na gasta seus minutos preciosos no supermercado escolhendo produtos que sejam orgânicos, de empresa com responsabilidade ambiental (o que quer que isso represente de fato) ou ao menos com embalagem racional, não se preocupe, você pode até pagar alguém para plantar árvores para você e tudo estará pago!

Se antes a moeda era reciclagem, a redenção de todos os seus pecados egoístas, consumistas e inconseqüentes agora são os créditos de carbono!

Enquanto experts em qualquer coisa declaram que o efeito estufa é o grande vilão e a redenção de todos nós está nas árvores, milhares de pessoas que não estão a fim nem de realizar uma sinapse que seja e muito menos de repensar seu estilo de vida acreditam em qualquer bobagem que as isente de responsabilidade sobre o estrago causado pelos “homens”.

*tenho ressalvas quanto ao uso deste termo pois reafirma a idéia de que o mundo é como a despensa da nossa casa, na qual podemos nos servir de qualquer produto desejado, mas optei por usá-lo aqui pelo uso tão difundido.



Renata está um pouco irônica demais, provavelmente pela impaciência com gente que fala sem conhecimento e com gente que acredita sem pensar.... E se preocupa com as conseqüências dessa combinação. Torce para que cada vez mais gente olhe para os lados e veja que o ser humano não está acima de nada. Você já fez isso? Já pensou de onde vem a energia que usa? Para onde vai o seu lixo? Quanta água usa? Já?

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Academia Brasileira de Letras

Eu me lembro quando eu ainda acreditava que a Academia Brasileira de Letras era uma coisa séria. E achava os imortais praticamente semideuses da literatura. Contribuíam pra isso minha pouca idade (portanto, inocência) e falta de vergonha na cara de procurar saber direito o que era. De qualquer forma, em 2002 eu perdi qualquer ilusão a respeito disso quando Paulo Coelho virou imortal (só pra constar, meu problema com Paulo Coelho é conceito, e não preconceito. Já li quase tudo dele – quando era adolescente, claro).

Aí agora com a eleição para o novo imortal, a vergonha na cara de pesquisar um pouco mais surgiu. E lendo na Veja online (sim, a Veja é uma das publicações de direita que eu adoro) descobri que “Oficialmente, as funções da Academia Brasileira de Letras são zelar pela língua portuguesa e divulgar a literatura nacional de alto nível.” Já comecei a pensar “Paulo Coelho e literatura nacional de alto nível? Não tem nada errado aí não?”.

Eu jurava que quando um imortal morria (?) que os outros 39, do alto da sua sabedoria literária se reuniam pra discutir bons nomes para ocupar a cadeira vaga. E aí seria tipo um Oscar, junta todo mundo e vota. E que participar da ABL seria tipo uma honra concedida, que a pessoa poderia até receber uma ajuda de custo, mas que enfim, não é um emprego.

Mas sou mesmo inocente, viu? O processo é o seguinte: o cara que se acha digno de ser imortal (meu Deus, quanta humildade alguém pensar: ‘bora ocupar a cadeira que era de Machado de Assis) manda currículo. O único requisito é que ele já tenha escrito pelo menos um livro “de reconhecido valor cultural ou literário” ou que tenha se destacado em outra área (caso do Ivo Pitanguy que eu nem sabia que era imortal). Teoricamente, depois de receber as inscrições, os imortais analisam e votam com bom senso. Na prática, o candidato tem que fazer uma campanha discreta (mandando cartas, dando telefonemas, comparecendo a vernissages) e ainda cair nas graças dos imortais que vão fazer conchavo pra escolher quem é “digno” do assento. Mas deve ser discreto e ter bom senso. Não pega bem tocar no assunto antes de ter vaga, afinal só surge vaga quando alguém morre, e é feio mostrar que está na expectativa disso.

Aí a inocente aqui pensa “Nossa, esse trabalho todo por uma disputa de ego?”. Bobinha, eu, né? Ego é o de menos. São 15 mil reais mensais e mais 1500 semanais caso o imortal apareça na festinha semanal, toda quinta feira.

Aí eu fico pensando que bem antes que eu percebesse que aquilo ali não tem nada de sério, depois que Paulo Coelho virou imortal, mais gente percebeu antes de mim: Carlos Drummond de Andrade e Clarice Lispector nunca candidataram. Se eu já era fã dos escritores, agora tenho certeza que eles escreviam mesmo por dom e pela profissão, não dando importância pra ego. Enquanto isso, outros se engalfinham candidatando várias vezes. Isso tudo pra cumprir funções menores, afinal como lembrou a Veja, procedem as críticas de que faz tempo que a ABL não faz nada de relevante. Não sei se tenho mais pena por Machado de Assis, que dá nome à decadente Casa, ou por todos que ocuparam a cadeira 21, hoje ocupada pelo mago mais famosinho do mundo.



Sisa ficou impressionada quando leu que Guimarães Rosa cismou que ia morrer logo depois da posse, e adiou a cerimônia o máximo possível. Morreu 3 dias depois de empossado. Manda avisar que no dia que resolverem contar blog, também vai candidatar a essa boquinha.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Oração ao tempo

Pior é que já escrevi sobre ele aqui.
E ele segue fazendo sua graça.
Ultimamente temos nos entendido pouco, de forma que só me resta pegar emprestada uma oração, tão bem escrita, e pedir:
Tempo tempo tempo tempo, entre num acordo comigo!


És um senhor tão bonito
Quanto a cara do meu filho
Tempo tempo tempo tempo
Vou te fazer um pedido
Tempo tempo tempo tempo...

Compositor de destinos
Tambor de todos os rítmos
Tempo tempo tempo tempo
Entro num acordo contigo
Tempo tempo tempo tempo...

Por seres tão inventivo
E pareceres contínuo
Tempo tempo tempo tempo
És um dos deuses mais lindos
Tempo tempo tempo tempo...

Que sejas ainda mais vivo
No som do meu estribilho
Tempo tempo tempo tempo
Ouve bem o que te digo
Tempo tempo tempo tempo...

Peço-te o prazer legítimo
E o movimento preciso
Tempo tempo tempo tempo
Quando o tempo for propício
Tempo tempo tempo tempo...

De modo que o meu espírito
Ganhe um brilho definido
Tempo tempo tempo tempo
E eu espalhe benefícios
Tempo tempo tempo tempo...

O que usaremos prá isso
Fica guardado em sigilo
Tempo tempo tempo tempo
Apenas contigo e comigo
Tempo tempo tempo tempo...

E quando eu tiver saído
Para fora do teu círculo
Tempo tempo tempo tempo
Não serei nem terás sido
Tempo tempo tempo tempo...

Ainda assim acredito
Ser possível reunirmo-nos
Tempo tempo tempo tempo
Num outro nível de vínculo
Tempo tempo tempo tempo...

Portanto peço-te aquilo
E te ofereço elogios
Tempo tempo tempo tempo
Nas rimas do meu estilo
Tempo tempo tempo tempo...


Milena tem sido consumida pelo tempo. Mas logo volta ao normal. Escreve aqui as quintas, quando ele deixa.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Colorindo a Timidez

Após o texto “Sistemática” (impagável) de Sisa, fiz uma análise das mudanças em mim depois que entrei na década dos 30, principalmente no que diz respeito à timidez e a minha forma de lidar com ela. Acredito que a maioria dessas mudanças foi para o bem, meu bem. O que os outros pensam, não sei e também nunca perguntei.

Já escrevi em outros posts que aprendi a camuflar minha timidez e ser mais acessível. Na verdade, essa timidez mudou a área de atuação. Se antes eu tinha vergonha de conversar ao telefone e mesmo pessoalmente com alguém desconhecido, hoje eu falo até demais seja com quem for. Por outro lado, há uns 20 anos atrás eu adorava sair de mini-saia por aí, exibindo minhas pernas (que sempre adorei). E hoje!? É ruim, hein... Morro de vergonha, apesar de gostar das minhas pernas da mesma forma. Sei lá, tenho a sensação de que “meio mundo” está olhando pra mim e isso me incomoda. Sinto-me um E.T..

E as cores? Na adolescência elas eram tantas! Está certo, nunca fui adepta de modismos simplesmente porque a maioria está usando. Sempre usei o que gosto, modismos ridículos à parte. Mas as cores e estampas estavam nas saias, blusas, até calcinhas... O vermelho estava sempre por aqui. Já tive sapatos vermelhos! Com o tempo e a timidez mudando de foco, o vermelho foi deixado de lado, afinal ele atrai olhares. E a resistência ao roxo sempre foi grande.

Nos últimos meses, e por vontade de mudar, estou tentando temperar minha exagerada sobriedade no vestuário. Comprei roupas estampadas e uma calcinha roxa. Pasmem! Até eu me familiarizar com a cor, fico só na calcinha mesmo.

A timidez carrega a sobriedade, a simplicidade. Talvez a minha total incompatibilidade com todo o tipo de maquiagem venha daí também. Juro que tentei me aventurar pelas sombras, aqueles lápis para contorno dos olhos, himel... Me dei mal em todas as tentativas. Sempre me achava parecida com a boneca Emilia depois de maquiada e tirava tudo. Só me dei bem com os cremes, afinal eles não são perceptíveis por qualquer pessoa com quem eu cruzar na rua.

A vontade de mudar vem da certeza da minha seriedade. Apesar de brincar muito com as pessoas mais próximas a mim, minha essência é a seriedade, a timidez, a exigência comigo e com os outros. O lado brincalhão, desenvolvido em boa hora, foi a alternativa perfeita para eu me divertir comigo mesma. Foi ótimo aprender a rir... Ainda assim, uma transparência que não quero perder, estampa minha essência nos olhos, no rosto. E isso espanta as pessoas, pelo menos por um tempo. Para contrastar com isso, por que não roupas mais alegres, estampadas!? Sim, estou aderindo a elas, sem exageros, é claro! Não pretendo parecer o que não sou, e nem conseguiria, só quero arriscar nas cores. Afinal, ninguém precisa temer o efeito das cores com 34 anos nas costas. Mas mini-saia, nem pensar!

Angélica está colorindo sua essência para ganhar leveza, alegria e amenizar o recado que os seus olhos (essência pura) transmitem: “não tente entrar no meu coração sem bater, a porta está trancada seu besta, e pra ter a cópia da chave você vai ter de ‘rebolar’ muito”.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

A Maçã e o Piano

Ela estava voltando pra casa, à pé, à noite, com uma amiga. Haviam ido a alguns bares, dois na verdade e agora voltavam pra casa caminhando. Precisava urgentemente ir ao banheiro e como a casa de sua amiga era no caminho e antes da sua, foi lá mesmo. A casa era maior do que o usual, interesante e com o mesmo estilo das outras, sua amiga lhe deu uma maçã, uma maçã verde.

Já havia muito tempo desde que tinha comido sua última maçã, nem era sua fruta predileta, mas aceitou assim mesmo, mais pelo gesto do que pelo gosto. Retornou para a rua, para o caminho de sua casa, agora sozinha e acompanhada de uma maçã.

Como era de se esperar, pensava, pensava em tudo, na vida, na morte, nas pessoas, nas chegadas, nas partidas, nas despedidas, em palavras, sentimentos, nas ruas, na cidade, na maçã. Não soube dizer realmente se era efeito de sua imaginação ou não, mas parecia que a mão que continha a maçã estava assim se tornando verde, o mesmo verde da fruta. A princípio achou estranho, depois acostumou, achou bonito e se sentiu protegida, quase invisível, pois tinha um prêmio em sua mão, o prêmio de uma professora, a maçã de Issac Newton.

Caminhou mais um pouco, com uma estranha sensação, olhou para os lados, estava segura, olhou de novo, mais de perto, devagar, e lá estava, dentro da sala, na casa de alguém, a cortina aberta…. ela viu o grande piano de cauda, com sua cauda aberta para a janela e minuciosamente iluminado em pleno verão com luses de natalinas.

Olhou para o piano iluminado, para a maçã em sua mão esverdeada, para sua mente embaçada, para a rua, penumbra. Não soube mais como explicar nada, suas idéias, suas indagações, suas visões, nada. E sentiu um grande alívio em poder dizer – não sei. Respondeu e repetiu para si mesma – não sei.Finalmente chegou em casa e percebeu que apenas a maçã era verde e não sua mão e o piano, bom este definitivamente pertence ao Papai Noel.



Para aqueles que possuem a curiosidade em saber: a maçã foi comida no dia seguinte e o piano continua lá, iluminado, todos os dias.

domingo, 17 de agosto de 2008

Matemática Celestial

A única coisa que a gente tem certeza na vida é de que a gente vai morrer um dia. Então por que a gente nunca está preparado para a morte? E por que a gente tem um certo medo deste momento? Não sou a pessoa que mais pensa neste assunto, mas não vou negar que de vez em quando essas perguntas surgem na minha cabeça. Do que temos medo? Do incerto? Afinal a gente só tem duas opções: ter uma coisa depois da morte, ou não ter uma coisa depois da morte. Bom, não ter uma coisa depois da morte parece ser a opção mais simples, mas ao mesmo tempo mais chata. Já pensou? Pling! E de repente a gente não existe mais. E eu nem vou poder reclamar que é chato não existir, pois eu já não vou estar existindo mais. E aí vem a outra opção, EXISTE uma coisa depois da morte. Que coisa vai ser essa?

A opção católica é: um céu cheio de anjos tocando harpa para as pessoas boazinhas, um inferno pegando fogo para as malvadas e ainda tem uma terceira opção para as pessoas mais ou menos boas que é o limbo, lá elas ficam esperando Jesus descer pra abrir o portão do céu. Imagina só, Jesus é com certeza um cara ocupado, o limbo hoje em dia deve estar igual maracanã em dia de fla-flu, a espera pra ir pro céu deve ser bem longa. O que mais me irrita na parte católica é que se um pecador (dos mais ‘brabros’, não importa) se arrepender dos seus pecados na hora da morte, aí ele vai direto para o céu. Pôxa, e eu que só falei mal da vizinha vou pro limbo? Sacanagem. É aí que o meu lado matemático entra em ação. Gostaria de saber como é que eles fazem os cálculos da sua ‘porcentagem pecadal* por vida’. E também qual o peso de cada pecado? De acordo com os 10 mandamentos não ir à igreja no domingo e matar tem os mesmo peso, eu então sou uma típica ‘serial killer’, pois já tem um bom tempo que não vou à igreja. E como contar os pecadinhos banais do dia a dia? Quantas vezes a gente tem que falar mal da vizinha para ser igual a uma ‘não ida à igreja?’. E então qual é a media pra ir para o céu? Com 60 passa? E se você tiver com 58? Dá para chorar 2 pontinhos? Será que passa com 60- π ? Dá pra reclamar da nota? Se não passar pode fazer prova final? E o limbo; com que nota vai pro limbo? Pôxa, esse pessoal que acredita no céu nunca parou pra pensar nesses detalhes? Ninguém nunca se questionou?
E ainda tem mais, e nossa ‘porcentagem bondadal* (de bondade) por vida’ conta pra alguma coisa? Da pra fazer um balanço, entre a porcentagem ‘pecadal’ e a ‘bondadal’? Tipo um cara que foi um santo a vida toda e de repente faz uma cagada vai ter que ir pro inferno?

E esse negócio de poder se arrepender no último momento é muito injusto porque, por exemplo, as pessoas que morrem de câncer (ou qualquer outra doença) estão sendo beneficiadas em relação às pessoas que morrem de acidente. As pessoas que ficam doentes no hospital têm tempo de pensar em todas as cagadas que fizeram na vida e se arrepender, enquanto as pessoas que morrem de acidente não têm esse tempo.

E os espíritas e os budistas que vão e vêm o tempo todo. No início parece até fazer sentido, a gente morre, nasce de novo, morre, nasce de novo até a gente aprender a ser ‘gente’. Digamos chegar a um status de ser ‘superior’, que já aprendeu tudo. O espiritismo também cai naquele problema de logística dos católicos, como fazer a estatística do seu aprendizado e bondade? O mais engraçado de tudo, é que toda vez que a gente volta, a gente não lembra de nada da vida passada. Oxente, como assim? Como vou usar o meu aprendizado da vida passada se não me lembro de nada? E o pior, a gente vai e vem, vai e vem, e no final não tem aposentadoria. Aprende, desaprende. Aprende de novo, ajuda os seres inferiores. E assim vai infinitamente. Ai, que preguiça!

E os budistas além de tudo, acreditam que a gente também pode reencarnar como bicho. E então Liz, o que você aprendeu na sua vida como grilo? Ah sim, aprendi a fingir de morta para cobra não me pegar. Nossa, também aprendi uma ótima tática pra me camuflar nas árvores. Na verdade gostei mais da minha vida de gato de madame.
‘Liz não está aqui para ofender nenhuma religião, ela acredita que qualquer religião se resume a ter FÉ. Sempre foi muito lógica pra poder ter fé. Desde pequena perguntava pra sua mãe : se Deus fez o mundo, quem fez Deus? E quem fez aquele que fez Deus? E quem fez....’
Ps: * Liz também adora inventar palavras.

sábado, 16 de agosto de 2008

Viagem e aniversário

Bom, caros leitores, conforme prometido e não esquecido, hoje o texto fala de viagem e aniversário.

A viagem foi para Buenos Aires, feita com meus pais e minha filha, na ultima semana de julho. Ficamos no apartamento do meu irmão, e aproveitamos para matar a saudade dele, da esposa e do Lorenzo, o sobrinho mais lindo!!

A parte turística cobriu o básico:

- Recoleta, com seu cemitério imponente e assustador, Shopping do Design (que amei), prédios, praças lindos.

- Praça de Mayo, onde fotografamos a Catedral e a Casa Rosada, toda cercada, achei lastimável.

- O centro, onde caminhando na Florida encontramos caxienses (o mundo é tão pequeno que às vezes me dá vontade de me mudar!). Brincadeira! Também encontramos com o Chaves e óbvio que ele é brasileiro! Vimos os prédios antigos e os novos, num contraste bem legal. Vimos o obelisco e passamos pela 9 de Julho, mas não medi a extensão pra ver se realmente é a mais larga do mundo....

- Em Puerto Madero almoçamos, caminhamos e visitamos um navio museu, fascinante mesmo!

- O La Boca, onde só os interessados visitaram o estádio do Boca, não eu... Mas no Caminito, as casas de zinco coloridas, o som de tango na rua e torcida de futebol nas lojinhas, o cheiro de comida e de esgoto fazem uma mistura bem própria do lugar.

Não só assistimos ao espetáculo de Tango, como tivemos aula desta dança linda! Sim, tenho até diploma! É muito lindo, já haviam me dito, mas depois de assistir pessoalmente eu digo: é muito lindo!

Vimos muitas coisas e visitamos muitos lugares. Pequenas situações cotidianas estão rendendo histórias até hoje, como um passeio de metrô no qual meu pai ficou de fora do trem! Não se preocupem: está tudo resolvido, o encontramos!

Mas essa viagem teve um motivo maior, e põe maior nisso: minha filha, Annie, completou 15 anos enquanto estávamos lá. Essa idade é cheia de simbolismos e nós, mulheres de 30, sabemos o peso de um simbolismo que nada tem de natural, mas muito de cultural.

É preciso dizer que a Annie é a filha que eu teria escolhido se tivesse ido pro céu e olhado par todos os anjinhos, com certeza. E lá senti um orgulho ainda maior dela. Vê-la feliz, discorrendo seu espanhol da escola e seu portunhol dos “apertos”, vaidosa, segura de si... Feliz! Foi muito bom!

Nessa viagem todos nós vivemos coisas diferentes, e acho que os 15 marcaram como o início de uma nova fase na vida da Annie em especial. Algo dentro dela mudou, amadureceu, não sei bem.
Mas sei que essa com certeza foi a melhor parte da viagem, e dela me lembrarei para sempre!

Renata é uma mãe muito feliz! E mais ainda quando sua filha também está feliz!

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Rapariga

De acordo com o Michaelis:
Rapariga: ra.pa.ri.ga - sf 1 Feminino de rapaz. 2 Mulher nova; moça. 3 Mulher no início da adolescência, ou no decurso dessa idade. 4 Moça do campo; moça rústica. 5 V donzela. 6 pej O mesmo que amásia, concubina, meretriz. Aum: raparigaça, raparigão, raparigona.

Quando eu estava em Portugal, achava muito estranho as pessoas se referirem às moças como “raparigas”. Eu sabia que “rapariga” é feminino de rapaz, mas, embora atualmente não se use muito a expressão, aqui no Brasil todos nós sabemos a carga que ela traz. Quando fala “rapariga”, a gente pensa logo na mulher da vida difícil (na minha opinião, de fácil não tem nada), quenga, prostituta, vadia e outras palavras do tipo.

Então, se eu ouvia algum português se referia a mim como rapariga, embora eu soubesse que para ele era absolutamente comum, aquilo nunca deixava de me incomodar. Por fim, aos amigos mais próximos, eu explicava que aquilo me incomodava, explicava o significado, só pra não deixar passar em brancas nuvens o incômodo que aquilo me trazia. Era apenas um incômodo, já que eu sabia que não havia nenhuma intenção de ofender por trás.

Um dia, recebi um e-mail de um professor brasileiro da Universidade onde eu estudava, enviado com cópia para mais de 30 pessoas. O fato é que no e-mail ele se referia ao INPE mais ou menos assim “... é a instituição de onde vem a Maria Cecilia, esta rapariga que está a trabalhar com a Profª Drª Fulana...” e eu não acreditei naquilo. Eu li, eu reli, e quanto mais eu lia e relia, mais impressionada eu ficava. Minha colega de sala percebeu minha cara, e perguntou se tinha acontecido alguma coisa, e eu disse. Ela explicou (e eu já sabia) que “rapariga” é apenas o feminino de rapaz. Eu falei que sabia, mas que aqui no Brasil, embora seja uma expressão que não se usa faz tempo, que remetia a outro significado. E eu achava que ele, como brasileiro, sabendo que eu sou brasileira, não precisava ter mandado um e-mail pra tanta gente me chamando de “rapariga”. Eu sabia que nenhum dos portugas ia se dar conta disso. Eu sabia que pra eles era absolutamente normal. Mas eu senti aquela palavra junto do meu nome, “rapariga”, como uma afronta. Quem escreveu era brasileiro, conhecia a carga daquela palavra pra mim, e mesmo assim usou. Meu impulso foi dar um “responder para todos” e escrever apenas “rapariga é a rapariga que te pariu”, mas o bom senso falou mais alto e eu simplesmente fingi que achei normal.

Depois fiquei pensando se não foi frescura minha me sentir assim agredida, afinal eu estava inserida em uma cultura que tinha aquilo como normal. Mas com todos os brasileiros que eu já comentei isso, há unanimidade: ele, sabendo o peso que a palavra tem pra gente, na nossa cultura, podia ter me poupado disso e usado algum sinônimo. Concluí que o que importa não é o gesto de uma pessoa, já que eu não me sentia agredida se isso saía de um portuga. O que importa é ela conhecer o significado daquilo dentro da sua cultura e mesmo assim escolher ter aquela atitude.

Por quê estou falando disso? Porque esta semana ouvi uma pessoa contar uma situação que ela tinha passado que para nós, brasileiros, é apenas uma grosseria. E quem fez sabia que pra ela, pela cultura dela, aquilo era um gesto horrível, a pior coisa que se pode fazer com alguém. E mesmo assim fez, sem se importar se depois a pessoa ia ter que juntar os frangalhos dela pra tentar tocar a vida mesmo assim. E tem dias que eu estou pensando que se um simples “rapariga” em um e-mail me despertou algo tão ruim, esta agressão dela deve ser de um sofrimento que a gente não é capaz de imaginar. Quando se prega por aí respeito ao próximo, as pessoas deviam entender que respeito à cultura também é algo essencial.


Sisa está torcendo pra esta amiga se reerguer rápido, de forma menos dolorosa possível, mesmo sabendo que nunca vai conseguir entender totalmente o que ela está sentindo.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Janelas

Janelas, pois sim, adoro-as. Molduras de pequenos mundos, gramofones de pensamentos.

Janelinhas de avião fazem sentir um pouco como Deus. Começam mostrando um pontinho de luz aqui e ali, logo viram sopa de estrelinhas e logo pó de purpurina derrubado sem querer que tomou a forma de onde caiu: morros, costas recortadas, buracos negros de águas e florestas. Pensamentos escassos pela falta de chuva no milharal juntando-se à reza para a prova de física amanhã e para que a baixa da bolsa não interfira nas ações, para que fulano não me esqueça, que se juntam ao pensamento em coro pelo grito de gol do timão e que se fundem num burburão, que vira silêncio. E é nele que às vezes escuto meus próprios pensamentos.

Se adorar janelinhas de avião e o barulho de seus pensamentos já é bom, o ápice da minha adoração é as janelas privadas. Caladas elas já me bastam. Ali mora uma moça e seu cachorrinho. Eles vivem sós e ela às vezes dança nua pela sala. Ali tem uma criancinha que se esconde atrás da planta quando o pai chega, para não apanhar. Ali mora o casal de velhinhos que inspirou o Google no dia dos namorados. Ali mora o moço que toca sax e a namorada gorda, que vem nos finais de semana.

Nem sempre as janelas coloridas e modernas abrigam os lares mais quentes, mas sim, muita tralha chique com muito espaço lá de dentro vazio. Ali naquela cortininha simples de chita, no entanto, mora um fogo descabelado que às vezes grita e é muito quente e espaçoso, mesmo quando a mesa está vazia. Porém, na cortininha simples ao lado desta mora o moço triste que matou o amigo.

O que o dono da janela quer mostrar geralmente é a forma como ele gostaria que o mundo o visse. Quando ele não está olhando a janela se rebela e o mostra como ele é. Nos segmentos conjuntos silenciosos observando as janelas alheias às vezes consigo encontrar a minha própria no meio delas.

Gisele Lins em um de seus momentos de contemplação cigana fora de sua rotina, exercitando o estranho hábito de observar janelas alheias. Escreve aqui às quartas-feiras.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Se eu ganhasse uma bolada...

(Queridos, estimados e necessários leitores, a palavra bolada será, neste post, utilizada em seu significado popular de “grande quantia em dinheiro”.)

Sou daquelas pessoas que sonham muito, acordada, claro! Tenho sonhos normais, que posso realizar. E outros mais difíceis, mais caros, eu diria...

Mas não custa nada pensar que pode existir, por aí, um parente rico, sem herdeiros diretos e que queira deixar todo o dinheirinho para essa criatura simpática e merecedora que vos escreve. E principalmente, que morra rapidinho... Calma aí, galera, é brincadeira!

A verdade é que seria muito útil que uma bolada caísse no meu colo hoje, vinda sei lá de onde, porque não jogo na Mega ou qualquer de suas irmãs ou primas pobres.

O meu primeiro sonho, que me atormenta sempre que vejo um cachorro abandonado, é fazer um Lar de Cachorros Abandonados. Corta-me o coração quando vejo esses bichinhos na rua, sujos, maltrapilhos, com fome, com aquela carinha de “quero colo”. Quase choro... Podem dizer que gosto mais de bicho que de gente porque realmente eu nunca faria um Lar de Meninos. Ajudaria certamente, com minha bolada, mas a cachorrada me fascina. Meu sonho é um sítio, talvez, que abrigasse todos os cachorros que eu encontrasse pela rua. Lá, formaria uma equipe com especialistas em todos os cuidados necessários a esses animais. Claro, teríamos programas de procura ao dono e de adoção também. E dias de visitas, para quem gosta dos caninos.

Abaixo as carrocinhas!!!!!!

Sim, eu também realizaria logo meus sonhos normais: casa, carro, muitos sapatos, roupas da Elvira Matilde, uma calculadora HP e sei lá mais o que.

Seria mais feliz porque faria meu curso de pára-quedista e essa seria minha droga pra toda vida. Eu seria praticamente um habitante do céu. Isso me faz suspirar só de pensar...

A possibilidade de essa bolada surgir, do nada, é quase nula. Digo quase porque não descarto totalmente possibilidades interessantes como essa. Resta-me trabalhar duro e economizar algum real para realizar alguns desses sonhos, mesmo que demore um tantinho. Tenho tempo, saúde e esperança suficiente pra isso.


Angélica até que queria ganhar uma bolada. Na falta dela, sonha, com mais e mais vontade, em ser pássaro. E em meio a um suspiro e outro, segue sonhando alto, com trilha sonora de latidos. Obs.: cortei os cabelos, tô bonita demais da conta, sô!


segunda-feira, 11 de agosto de 2008

O Que eu Sempre Deixo Pra Amanhã?

- Acordar mais cedo;

- Me alimentar direito;

-Comprar roupas e sapatos;

- Usar hidratante, protetor solar e cremes em geral;

- Fazer as unhas;

- Fazer exercícios físicos;

- Escrever meus textos.



Morro de inveja dessas pessoas que se sentem peladas se não estiverem de brinco, adoraria ser mais vaidosa, mais menininha, mas é difícil mudar se desde criança eu parecia um moleque, detestava saia, aliás, raramente uso até hoje.
Pra melhorar fiz um curso de engenharia civil, onde meus colegas já me consideravam mais um “amigo”. Acho que também é por isso que não tenho certas frescuras de mulher. Não posso me esquecer do esforço que minhas amigas faziam pra me ensinar a se sensível, isso não foi de tudo perdido, afinal já consigo usar sombra e batom pra sair (raramente), evoluí né?
Já tenho consciência de que preciso de pelo menos um pouquinho de vaidade se não quiser virar um maracujá de gaveta, agora é fazer uma forcinha pra colocar isso em prática.
Não sei como meu namorado me agüenta, às vezes ele fala que eu é que pareço o homem da relação.
Esse ano vou fazer 30 e de vez em quando reparo que meu rosto já está meio esquisito, será que são rugas?
Quando preciso virar a noite trabalhando eu não tenho dificuldades, então vou ter que ter a paciência de tentar tirar as olheiras no dia seguinte.


Louise já se deu conta de que a idade vai chegando e os cuidados tem que ir aumentando....quem sabe amanhã?

domingo, 10 de agosto de 2008

O Homem Lúcido (*)

O Homem Lúcido sabe que a vida é uma carga tamanha de acontecimentos e emoções que ele nunca se entusiasma com ela. Assim como ele nunca tem memórias. O Homem Lúcido sabe que o viver e o morrer são o mesmo em matéria de valor porque que a vida contém tantos sentimentos que a sua cessação não pode ser considerada um Mal.

O Homem Lúcido sabe que ele é um equilibrista na corda bamba da existência. Ele sabe que por opção ou por acidente é possível cair no abismo a qualquer momento interrompendo a sessão do circo.

Pode também o Homem Lúcido optar pela vida. Aí então... Ele esgotará todas as suas possibilidades. Ele passeará pelo seu campo aberto, pelas suas vielas floridas. Ele saberá ver a beleza em tudo! Ele terá amantes, amigos, ideais; urdirá planos e os realizará. Resistirá aos infortúnios e até mesmo às doenças. E se atingido por um destes emissários, saberá suportá-lo com coragem e com mansidão.

E morrerá o Homem Lúcido de causas naturais, em idade avançada, cercado pelos seus filhos e pelos netos que seguirão a sua magnífica aventura. Pairará então sobre a memória do Homem Lúcido uma aura de bondade. Dir-se-á: Aquele que amou muito. Aquele que fez muito bem às pessoas!

A Justa Lei Máxima da Natureza obriga que a quantidade de acontecimentos maus na vida de um homem se iguale sempre à quantidade de acontecimentos favoráveis. O Homem Lúcido, porém, esse que optou pela vida com o consentimento dos deuses, tem o poder magno de alterar esta lei. Na sua vida, os acontecimentos favoráveis serão sempre a maioria.

Porque esta é uma cortesia que a Natureza faz com os Homens Lúcidos.

(*) Livre tradução, parte de um tratado sobre a lucidez, que teria sido escrito no século VI a.C., na Caldéia – parte Sul e mais fértil da Mesopotâmia, entre os rios Eufrates e Tigre.

Laeticia sente-se a pessoa mais feliz do mundo por ter consciente e medrosamente optado pela vida. E, embora não seja pretensiosa a ponto de se achar um Homem Lúcido, todos os dias dá vivas à lucidez!!

sábado, 9 de agosto de 2008

Saudade

O engraçado agora é que estou escrevendo este texto na minha agenda do ano passado, que ao contrário de tempos atrás, contém várias páginas em branco. Na adolescência isso seria impossível: nada ficava sem registro e muitos floreios... Como se não bastasse escrevo com uma canetinha com glitter! Que sensação de revival!

Aproveitei a folga de julho para ir ver minha vó, trocar o abraço mais fofo do mundo, matar um pouco da saudade de parte da família e respirar ares mineiros, que ainda são pra mim os melhores do mundo.

Apesar de fazer isso com certa freqüência, dessa vez a nostalgia tomou conta do meu coração balzaquiano. Sentada à mesa, num dos poucos momentos que estive com minha prima e eterna grande amiga, senti o cheiro, o gosto e todas as sensações boas da adolescência.

Época de férias. Ou eu lá ou ela aqui. Diversão garantida.

Tempos em que cartas chegavam quase que semanalmente, sempre cercadas de ansiedade e alegrias em trocar as novas experiências que vivíamos. Hoje a tecnologia encurta distâncias, mas a vida corrida de gente grande nem sempre permite a convivência que se deveria.

Alguns dias depois de voltar a “minha terra”, fiquei transbordando de orgulho e satisfação quando ouvi meu pai dizer: “Que advogada bonita a Laetícia ficou!”. Não é a simples beleza que qualquer um pode constatar ao vir sua foto. Mas a beleza plena, que seu sorriso largo, faz emanar em uma aura que não duvido alcançar mais de um quilômetro de raio. Tudo de bom que pude curtir ao seu lado ou perceber nela ficou fresco em minha mente. Quanta saudade...

Isso foi escrito para ser mandado por e-mail pra você, Lê. Mas achei melhor não deixar em segredo!



Aline: Professora de educação física e mãe em tempo integral, veterinária não atuante... Fiz trinta anos em 2006. Casada, dois filhos lindos (claro!!!! rsrs). Adoro contemplar o mundo e perceber que existe esperança, beleza, alegrias.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Olimpíadas

Ok, eu admito, eu sou do contra. Odeio Olimpíadas. Podem me pregar na cruz. Nunca fui fã de esportes, desde criancinha eu gostava da aula de Matemática e odiava Educação Física. É, eu sempre fui nerdona mesmo. Se era pra galera escolher time, eu sempre era a que sobrava. Não que isso me incomodasse. A única coisa que eu fazia bem na aula de Educação Física era embaçar e fingir pra professora que eu tava participando.

Quando eu era adolescente comecei a gostar de assistir vôlei. Antes dos meninos de ouro, até. Eles jogavam no Banespa, minha irmã assistia os jogos pela TV e eu acompanhava. Pouco depois comecei a me interessar mais por futebol. Na época do Coltec eu às vezes matava aula pra ir pro Mineirinho ver jogo da seleção feminina de vôlei, e todo meu amor ao esporte se resume a isso. Depois que as regras do vôlei mudaram eu comecei a achar meio sem graça, então hoje eu gosto basicamente de futebol. Já pratiquei algumas atividades físicas, e a intenção era sempre perder peso. Nunca pratiquei nada por gostar.

Aí começam as Olimpíadas. Vários dias antes, os jornais são invadidos pelo mesmo assunto. Abre um portal qualquer de notícias da internet? Olimpíadas. Ali, enorme na frente. Quem quer ler sobre qualquer outro assunto precisa procurar. A revista da semana chega, e qual o assunto? Olimpíadas. Ainda nem teve abertura e o que ocupou grande parte do jornal da noite? Olimpíadas.

Depois que eu li sobre as atrocidades que os chineses cometeram contra seu próprio patrimônio cultural pra construir infra-estrutura pras Olimpíadas eu comecei a odiar mais ainda. E mais ainda quando li que estava havendo uma “maquiagem cultural” pra receber os jogos. A única coisa bacana, na minha opinião, é a divulgação das peculiaridades do anfitrião, e de repente isso é disfarçado.

Mas eu sou contra até o povo do contra: li mais um monte de coisa sobre a China também, né, afinal só se fala de China, Olimpíadas, China, Olimpíadas. Falam do Tibete como se as coisas tivessem acontecido anteontem. Antes ninguém queria nem saber de Tibete e tibetanos. Mas agora é chique falar que é contra as Olimpíadas por causa da situação do Tibete. Que situação mesmo? A maioria nem sabe falar. E se bobear acha que começou semana passada. Acabaram as Olimpíadas? Ninguém vai ouvir falar do Tibete.

Agora, pensando no lado esportivo. Vamos combinar que faz tempo que não compete o melhor esportista. Compete quem tem a melhor roupa e os anabolizantes menos detectáveis. Ou você acha que eu acredito que um cara só pode quebrar recordes de 5 ou 6 modalidades de natação por exemplo? Seria o equivalente a ser o melhor em quântica, eletromagnetismo, física estatística, astronomia, física da matéria condensada e blábláblá. O cara pode até esforçar, mas neste caso eu acredito que as medalhas tinham que ir pro engenheiro de materiais que produziu o material do maiô e pro bioquímico que injetou o cara sem exame nenhum pegar. Ah, claro, e pra quem pagou a fortuna que isso custou.

Sei lá, a partir da hora que não vejo esporte como sinônimo de saúde e bem estar (fora as coisas engraçadas que são consideradas esportes, como ping pong, ahahah), pra mim perde o sentido. Nada contra os atletas competirem, só não quero ser enfiada no meio desse frenesi todo quando o máximo que eu suporto é a abertura e aquelas ginásticas que praticamente desafiam a minha física.




Sisa tem certeza que depois de admitir que é sistemática e que odeia Olimpíadas, vai ser eleita a chata do blog essa semana.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Eu queria muito

Entrar no trabalho às 10 da manhã – ou dormir todos os dias até acordar naturalmente

Ter um golden, um labrador e um husky

Assistir a abertura das olimpíadas de Pequim presencialmente

Ter respostas para todas as perguntas que me fazem

Ter respostas para todas as perguntas que eu me faço

Viver num mundo sem papéis

Saber um pouquinho só do meu futuro

Esquecer um pouquinho só do meu passado

Ter tempo para todos os meus hobbies – que são muitos

Ter um pomar

Morar na praia

Administrar minha conta bancária como um economista faria

Maquiar-me todos os dias como se fosse ao salão de beleza

Acordar com os cabelos lisos, leves e soltos

Não me esquecer das coisas importantes

Não me importar com o que não tem solução

Passar mais tempo com os meus amigos

Ser atleta todos os dias

Encontrar o que venho procurando a minha vida inteira

Milena acordou hoje cheia de desejos. Quiçá alguns deles se realizem em breve.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Agosto

O mês de agosto para mim é praticamente uma pessoa, um ser mitológico que todo ano eu tenho a certeza de que vou encontrar em algum momento entre o carnaval e o natal. Costumava esperar temerosa por este encontro, pois ele sempre foi o ceifador de muitas coisas, A Torre do tarô, que desaba para que o novo possa surgir.

Faz dez anos que eu passei a observar este ser com medo, mas curiosidade. Em agosto de 1999 meu pai faleceu. Em agosto eu decidi trancar a faculdade e ir para Londres, em agosto eu decidi realizar um grande sonho e viajei sozinha pela Irlanda, em agosto eu decidi voltar para o Brasil, em agosto eu voltei para a faculdade, agosto eu terminei a faculdade, em agosto um chefe me mandou embora arrancando os cabelo e gritando “eu não quero mais trabalhar contigo, eu não quero mais trabalhar contigo” e no mesmo agosto outro chefe me ligou e me fez decidir ir embora da minha terra e encontrar meu caminho em um lugar onde, mesmo reclamando muito, estou feliz.

Agosto pra mim é o ápice de qualquer coisa que eu esteja vivendo. Em algum momento começa um incômodo, um desencantamento, um faniquito, um formigueiro no traseiro, uma ânsia quase sempre de não sei o que. E a casa cai, eu brigo, luto, me esfolo, nado contra a corrente de vestido com dentes e punhos cerrados. Dúvidas, dúvidas, dúvidas dançam ao meu redor regozijadas por saberem o desespero que eu fico quando tenho que fazer escolhas. Escolhas é o que agosto me traz, sempre. Ele sempre vem acompanhado por um evento inesperado. Daqueles que não faziam parte do meu rol de “ou isso ou aquilo” e me pegam com as calças na mão. E agora? Eu nunca tinha pensado nisso, mas é uma boa idéia. Hi, mas pra isso eu tenho que abrir mão daquilo e blá blá blá. Só que eu não me dou conta. Passo por este processo todo ano (que pode começar em abril, julho ou em agosto mesmo) e só percebo depois de tudo sofrido, tudo escolhido, e, geralmente, tudo mudado. Daí eu me lembro: puxa, é mesmo, é agosto, caramba.

Também acontece de ficar do mesmo jeito depois que passa o turbilhão. Como no ano passado. Mas aí o que resta fica convicto. O que antes estava “mais ou menos, eu não sei bem” passa a ser assim e pronto, definitivo. Até o próximo agosto.

Esse é meu último agosto na casa dos vinte e a primeira vez que eu percebi que ele estava chegando. Pela primeira vez também eu respirei fundo, fechei um olho e disse “tá bem, fio, vem logo, bagunça logo”, pois o que sobra sempre foi inesperado e doído, mas acabou sendo melhor do que antes.

Que venham meus novos agostos, trazendo como cegonhas as mudanças da vida, doídas, mas que eu adoro.

Gisele Lins, “agostando” e feliz com as coisas novas, escreve aqui às quartas-feiras.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Porque é Natal

Gosto muito de chocolates. Tá bem, cadê a novidade!? É, a maioria da população gosta muito de chocolates.

Gosto de presentear. Em muitos momentos prefiro presentear a ser presenteada. Acho mais fácil agradar que ser agradada. Adoro ver o rosto feliz de quem ganha um presente, mesmo que seja apenas um chocolate.

Somando dois mais dois = adoro presentear com chocolates. E faço isso com freqüência. Pra mim, esse gesto significa “eu gosto de você, de verdade” ou “quer ser meu amigo?”. Algumas pessoas interpretam assim, acredito eu. Mas a maioria não sabe o que pensar. E se perguntam “porque ela está me dando esse chocolate?”. Parece que deve haver sempre um motivo claro e óbvio para se ganhar algo, até um simples chocolate.

Há poucos dias atrás levei algumas caixas de bombons (cena mais rara do que os chocolates oferecidos àquelas pessoas mais próximas) e entreguei onde trabalho, em setores diferentes. Sem motivo anormal. Simplesmente porque achei que aquelas pessoas mereciam o gosto doce dos bombons e eu merecia ver aquelas carinhas de surpresa e felicidade perto de uns chocolates. Não, eu não estou fazendo curso para Madre Teresa de Calcutá. Nem quero que as pessoas pensem que sou uma criatura muito bondosa. Nem há razão pra isso, não sou muito bondosa. Aliás, sou pouquíssimo bondosa. Faço isso mais por mim. Na maioria das vezes, um gesto como esse cria um clima de harmonia que não tem preço e eu gosto disso. Depois é só cultivar essa harmonia com gentileza e cooperação. Os bombons funcionam quase como uma semente de paz.

A dúvida e os questionamentos são as partes mais intrigantes pra mim. O questionamento do motivo pelo qual aquele chocolate foi oferecido, às vezes, não fica só no pensamento. As pessoas perguntam claramente “porque você está me dando isso”?. Não sei o que elas querem ouvir, aí me sinto à vontade para responder “porque é natal”, em pleno julho kkkk. Ou “porque estou pagando uma promessa, afinal minha unha do dedo indicador não quebrou essa semana” kkkkk.

O lado ruim disso tudo é que, muito a contra gosto, acabo ficando com fama de “boa moça”. E boas moças não se irritam, não têm chiliques, não ficam tristes. Como assim!? Por menos que possa parecer, sou normal, e repito, sou pouquíssimo bondosa. Tenho chiliques, fico triste e me irrito sim. E isso, assim como a boa relação com os chocolates, não vai mudar. Com o tempo, acho que as pessoas entendem ou aceitam sem maiores questionamentos. Ainda que seja pela esperança de receber outros “agradinhos”.



Angélica não é uma “boa moça”, embora tenha uma forma doce de agradar as pessoas a seu redor. Nem todos conseguem sentir essa doçura e buscam motivos mais mundanos para receber simples chocolates. Pensa que talvez fosse melhor ser mais mundana para não ser tão questionada.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Mais que a lei da gravidade

O grão do desejo quando cresce, é arvoredo floresce,
Não tem serra que derrube,
Não tem Guerra que desmate,
Ele pesa sobre a terra mais que a lei da gravidade.

E quando faz um amigo, é tão leve como a pluma
Ele nunca põe em risco a felicidade
Quando chegar dê abrigo, beijos, abraços, açúcar
Só deseja ser comido, o desejo é uma fruta.

E com ele não relute pois quem luta não conhece a força bruta,
Nem todo mal que ele faz
Satisfeito é uma moça, sorrindo, feliz e solta
Beija o desejo na boca
Que o desejo é bom demais.


Acredito que essa música foi escrita por Paulinho da Viola, mas tenho ouvido a versão com Teresa Cristina e sinceramente essa música diz tudo, o desejo é exatamente assim.

domingo, 3 de agosto de 2008

De Vagar

Quero parar de correr
E começar a andar.
Quero deixar de ter pressa,
Desacelerar...

Quero pisar na areia
E olhar para o mar.
Quero deitar na rede
E olhar o luar.

E correr com o cachorro,
E engolir o vento,
E escutar latidos
De contentamento.

Quero andar,
Quero o mar,
Quero o ar
E o luar.

Quero tudo ao mesmo tempo,
Mas tudo devagar...
De vagar...



Tania está aproveitando tudo, e aos poucos, lentamente...

sábado, 2 de agosto de 2008

Metade

Dia desses, em uma reunião pedagógica na escola, uma colega levou o poema Metade para a sensibilização. Não que eu seja insensível, mas em geral esse tipo de coisa não me toca. Quase sempre mensagens em ppt com frases mil vezes reescritas, recicladas e requentadas. Mas dessa vez foi diferente. Porque me reconheci em várias dessas divisões. O que só fez lembrar de que sempre que há dúvida, há possibilidade de escolha. E sempre que há possibilidade de escolha, há liberdade. E se há liberdade, há vida. Desde que estejamos prontos a enfrentar as conseqüências.

Resolvi deixar o poema aqui, na íntegra, para que vocês possam identificar algumas dúvidas nas quais estão pensando, ocupando-se e ver nelas uma oportunidade.

Metade

Composição: Oswaldo Montenegro

Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio.

Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.

Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço
Que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância
Por que metade de mim é a lembrança do que fui
Mas a outra metade eu não sei.

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é a platéia
A outra metade é a canção.

E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.


Renata é sempre metade, é sempre escolha, afinal, está viva! E promete para semana que vem um texto sobre viagens, aniversário e visitas!

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Sistemática

Devo admitir que sou um pouco sistemática. Tem coisa que simplesmente me irrita, e eu não consigo explicar o motivo. Acabo virando motivo de piada.

Por exemplo, na época que dividia apartamento com a Milena, fui ao supermercado e lá vi o maravilhoso shampoo da propaganda. Cadê o creme? Sou informada que o creme esgotou. Cheguei em casa bufando de ódio, sem o shampoo, claro. A Milena perguntou o motivo de tanta irritação. Por causa de pessoas como ela, que compram o shampoo diferente do creme, as pessoas sistemáticas não conseguem usar o conjunto.

Nessa época uma outra amiga dividia apartamento com a gente. Às vezes ela chegava da faculdade e eu tinha pedido pizza. Oferecia um pedaço e ela comia meio pedaço. MEIO pedaço. Pra mim, pedaço de pizza é quantizado. Só pode comer unidades. Um dia surtei e falei que ela podia comer um, dois, três pedaços. Mas meio não podia. Tentei explicar isso aqui em casa quando achei meia empada na geladeira. Como assim meia empada? Isso sem contar que eu quase infartava o dia que chegava no restaurante a quilo e sempre tinha um idiota pra comer um pedaço de clara com meia gema. Duvido que essa pessoa come pedaço de ovo em casa.

Voltando à pizza... Em São José dos Campos tem um lugar que vende pizza quadrada. Já vi em algum lugar pizza por metro. Pizza pra mim é redonda, ponto final. Me recuso a comer pizza em qualquer outro formato. Outro problema com comida é quando resolvem pegar na sua. “Passa o pão?” e vem o infeliz, coloca a mão no pão e tenta te entregar. Ainda avisa: “Minha mão tá limpa”. Pra mim é indiferente, cada mão pega na sua comida e acabou-se.

Uma coisa problemática é meia. Odeio emprestar meia, mesmo se a pessoa estiver com o pé congelando na minha casa. Outras coisas? Empresto de boa. Meia não. Outro dia até emprestei pra minha prima que foi pega de surpresa pelo frio aqui em casa, e não liguei. Foi a única vez que lembro de ter emprestado meia na vida. E quando eu lavava as meias e pendurava o par no varal? Vinha minha amiga e separava pra secar mais rápido. E eu lá importo se vai demorar um ano pra secar? Meia só se separa no pé. Devia ser crime separar uma meia do seu par.

“Onde você ARRUMOU isso?” Eu não arrumo nada! Minhas coisas geralmente são compradas ou ganhadas. Não tenho nada “arrumado”. E quando me chamam de MUIÉ? Muié é a digníssima que te pariu. Aliás isso de chamar é uma coisa complicada. Uma vez um cara que eu nunca tinha visto na vida falou “Sisa, me disseram que...” e fui obrigada a interromper com um “Quem é você?”. Ele respondeu: Lucas. “Prazer Lucas, pode me chamar de Maria Cecilia. Prossiga.” Que intimidade é essa? Odeio intimidade (detalhe, depois ele ficou meu melhor amigo na época da Universidade). Outro cara uma vez veio me chamar de Sisa também e tomou na hora: “Pra você eu vou ser sempre Maria Cecilia. Não te dei liberdade pra me chamar de Sisa”. Minha mãe conta que eu era pequenininha, tipo uns 3 aninhos, quando um conhecido me cumprimentou: “Oi minha nega”, e eu respondi prontamente: “Não sou nega e nem sou sua”. Matei de vergonha a amiga dela que estava comigo. Parece que sempre fui assim, de forma que não vai ser agora que vou tentar mudar o que faz tanta gente me chamar de fresca. Eu sei que só sou meio sistemática!



Sisa, apesar de sistemática, é até gente boa, apesar de não dividir chocolate e não oferecer as comidas preferidas desde que alguém aceitou o pastel de nata que ela ofereceu por educação em Portugal.
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