terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Muitos Sonhos e Todos os Anos Novos

Véspera de Ano Novo é sempre aquele papo de projetos, sonhos a realizar, regime para começar, parar de fumar, de beber... Bom seria se toda essa ladainha fosse encarada com seriedade pelo menos por 60% das pessoas que se prometem isso ou aquilo. E cá estou eu incluindo-me no montante que não cumpre o que poderia cumprir no “ano novo”.

O mais interessante disso é que muitos sonhos e projetos de anos atrás (não concretizados) ainda continuam acesos em meu pensamento e não desistirei deles. É claro que se trata de sonhos e projetos que dependem de mim para se concretizarem. E não foram adiante por falta de persistência ou de grana também.

Já falei do meu violão pra vocês!? Pois é, eu tenho um violão. Guardado. Ganhei quando fiz 18 anos. Faz tempo... Comecei a fazer aulas, mas o professor pareceu-me tão lento que desisti, fiquei de procurar outro e nada...até hoje. Sempre que olho pra ele me bate um pouco de culpa e digo pra mim mesma (e pra ele): eu hei de tocar você. Ainda quero viver os versos da música Violão vadio de Baden Powel e Paulo Cesar Pinheiro: “...quero ouvir meu violão gemer até me serenizar.”

Do violão, num suspiro caio no canto. Adoooooooro cantar. Não pensem que tenho talento, não tenho. Tenho gosto, sentimento pelo canto e só. Fiz aulas durante uns 8 meses, tive de parar porque tomei um “pé na bunda” no trabalho. Com grana zero, não tinha jeito.

De arte em arte, falemos de dança, dança de salão. Eu babo toda vez que assisto a um espetáculo de dança de salão ou a um casal amador dançando. E não tiro esse sonho de fazer aulas do meu pensamento. Faz anos...e hei de concretizá-lo.

Minha casa. Talvez o projeto / sonho mais ousado, pelo menos financeiramente. Quero muito ter o meu canto. Não me envergonho de morar com minha mãe até hoje, nada disso, mas quero ter o prazer de comprar a minha casa, decorá-la, escolher cada móvel, curtir o meu lar sozinha ou muito bem acompanhada. Em 2009 farei o que tiver ao meu alcance para que esse projeto deixe de ser só um projeto e evolua para a realidade.

São tantos sonhos e tantos anos novos...tem coisa que não dá pra fazer um só ano novo, são necessários outros tantos...e tem coisa que realizamos e que não têm fim, como por exemplo cantar. Se eu pudesse, não teria parado, e quando voltar a cantar, farei o possível para não parar. É um sonho pra realizar por muitos anos...sem cansar, sem enjoar.

O barato disso tudo é sonhar sempre e querer fazer dos sonhos realidade. Isso alimenta o dia-a-dia, alimenta a alma.


Angel deseja que todas as balzacas e todos os leitores sonhem...muito! E que sejam persistentes e serenos o suficiente para fazerem desses sonhos doces realidades em 2009, 2010, 2011...Feliz todos os anos novos!

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Nosso quebra-cabeças

Tenho certa desconfiança se sou ou não assim, uma pessoa mais pra pessimista do que eu pretendo; digo até que desconfio como uma forma de me previnir, pois acredito que se disser que tenho a certeza de ser assim já estou me fadando a continuar desta maneira. E isso eu não quero. E me sinto assim, ruim, pra baixo, em momentos por vezes menores, pequenos, mas nem sempre insignificantes. Quando você demora a me ligar, ou quando fica em silêncio por mais tempo do que eu considero apenas silêncio, ou ainda, quando não me espera entrar em casa. É, eu sei, tenho medo, medo de por estar tudo combinando demais às vezes tenho a sensação de estar a espera, espera de um obstáculo, de um quebra-mola que eu não verei a tempo. E essa espera me incomoda demais. Não a sinto constante, mas de quando em quando ela aparece, sorrateira, de fininho e me invade. Mando-a embora de todas as maneiras possíveis, me olho no espelho me chamo de boba, converso com meus “eus”, os bandidos e os mocinhos, brigo comigo mesma e no fim tenho a certeza de que eu te mereço e de que encontros maravilhosos existem mesmo e que as peças deste quebra-cabeças se encaixam perfeitamente.


Um beijo, um abraço, um queijo, menos dúvidas e mais certezas. Que os mocinhos se fortaleçam cada vez mais em 2009.

sábado, 27 de dezembro de 2008

Votos de novo ano

Faço votos de amizade,
paz, luz, beleza.
Serenidade.
 
Faço votos de magia,
de talento, diversão.
Gargalhada todo dia.
 
Faço votos de coerência,
verdade, coragem.
Paciência.
 
Faço votos de prazer,
de delícia, desejo, carícia.
De bem querer.
 
Faço votos de oração,
de fé, entrega, virtude.
Devoção.
 
Faço votos de equilíbrio,
calma, silêncio, relaxamento.
Alívio.
 
Faço votos de plenitude,
alma, mente, corpo.
Saúde.
 
Faço votos de que 2009
seja pleno de alegrias
que seus ideais se renovem
assim como poesia.
 
 
Estes são os votos de Renata a todos os leitores! Bem vindo 2009!

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Inexplicável

Esse texto não faz sentido.
Como muitas coisas que acontecem na minha cabeça.
Como o que acontece por aqui.
Como explicar o inexplicável?

E a pergunta que eu sempre faço nessas horas é: Será que isso vai parar um dia?

E no fundo, bem no fundo, eu espero que não. Mesmo que eu saiba, também bem no fundo, que isso vai me causar alguns problemas. 

Por toda a vida?

Não sei.

Existe isso de "por toda a vida"?

Se existe, é meio injusto, não é?

Porque, se existir, aparentemente eu devo ter escolhido esse destino. Ou será que ele me escolheu? Quando foi que isso aconteceu? E onde eu estava quando isso se formou?

"Isso" não tem nome. Ou tem e eu é que não sei denominar.

São muitas perguntas. E no fim, só sei que nada sei.

Sei também que é assim que é. E que eu não tenho, no momento, a força ou sequer a vontade, para mudar essa certeza.

Milena tem muitas dúvidas e algumas certezas. Todas ecoaram por sua cabeça numa noite de Natal meio mal dormida, mas muito bem vivida.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Ups, matei o Papai-Noel.

Comecei esganando um papai-noel do inferno. Tentava jantar tranquilamente após um longo dia de trabalho, com muita vaselina na garganta pra engolir as broncas do trabalho. Olhos vermelhos, postura desleixada, sem vontade de conversar, esperando o boi, que pelo jeito foi ser abatido de tanta demora, quando escuto bem baixinho: belém, belém. Olho para a televisão, não tem nada a ver. Belém, belém, belém. Pessoas alheias ao barulhinho chato. Belém, belém, belém, belém. Puxa vida, será que nem jantar em paz nestes dias de loucura de fim de ano a gente pode? BELÉM, BELÉM, BELÉM, BELÉM, BELÉM, BELÉM, BELÉM. Saio do restaurante furiosa e descubro que, ao invés de uma gravação, como era esperado, o raio do sino estava mesmo nas mãos de um papai-noel. Magro, sem barba, triste, aproveitando o bico de fim de ano, sem a mínima disposição de fazer alguém feliz, mas com toda a disposição do universo para infernizar com aquele sino do cão. Na minha cabeça: impropérios lançados até a quinta geração, junto com a maldição do zumbido no ouvido até o fim da vida. Arranco aquele sino daquela mão e enfio goela abaixo, amarrando suas mãos com o saco de balas pra impedir que ele se solte. Na prática: eu passo carrancuda pelo infeliz, com cara de te mato, seu filho da mãe, assassino de sossegos alheios.

Segui com o evento da avenida principal. Eu precisava ir ao banco, e pronto. Porém, esqueci que já tinha começado a temporada de horrores (vulgo os dias anteriores ao Natal, onde as lojas da avenida principal da cidade onde eu moro ficam abertas até mais tarde). A mesma rua aonde, em 345 dias do ano, chegando-se às dezoito horas e um minuto não se consegue nem comprar pão, que dirá um presentinho, ou cartãozinho. Mesma rua onde domingo à tarde se escuta aquele barulho fantasmagórico de vento em cidade fantasma, com bolas de palha rolando. Dobro a esquina desavisada, ainda arfando da surra que dei no papai-noel, quando entro num turbilhão: uma manada de gente sendo conduzida pelas ruas em blocos, a passadas de mesma velocidade, com uma sacola alheia na costela e levando cotoveladas na nuca a todo instante. Ninguém entra nas lojas, ninguém compra nada, ninguém está lá pela conveniência ou para resolver problemas. O povo vai de bonito, pra “ver gente”, de quem foge o ano inteiro (ai Caco Antibes, que saudades de você). Na minha cabeça: Kung Fu Panda incorpora no meu ser (só que com música do 007 ao fundo): AAAIIIIÀÀÀÀAAAAA, enquanto salto três metros acima do chão emito um grito supersônico, que aos meus ouvidos soa como “saaaaaaiiiiaaaaaam da frente”, com a voz distorcida como de quem engoliu hélio. No entanto, pelo fato de, imediatamente antes disso, eu ter explodido um cápsula do gás “tome seu próprio veneno” que estava esquecida no meu bolso as pessoas escutam meu grito como sendo o créu na velocidade 5.000 e são imediatamente contagiadas pela dança, requebrando as buzanfas até que elas saltam fora, enquanto eu saltito imperceptivelmente pelas cabeças assobiando. Na prática: Afe Maria, viu?

Saindo da muvuca parei no parque, pra tomar uma cerveja com os amigos antes de ir para casa, um pouco cansada de saltar cabeças, mas mais animadinha. Blém, blém, blém. Há não, o papai-noel do inferno conseguiu se libertar? Não, era o palco do coral sendo armado. O que? Coral? Há, legal, vai, me lembra minha quarta série. Seria bem legal, se ao invés de cantar lindamente no gogó os cantores não estivessem plugados em caixas de som num volume para marcianos ouvirem. Coral assim, tipo gospel americano sabe? Com aquelas negonas com uma voz maravilhosa, mas que derrubariam um jato, quando ao microfone, se passassem jatos pela minha cidade? Pois é, assim tentávamos conversar, copo na mão, testas franzidas, gritando a plenos pulmões para ouvirmos uns aos outros, e tendo que ler lábios para adivinhar o que outro tentava contar. Ele tinha ligado para a telefônica e quando mandava aquela gravaçãozinha, que adivinha o que você deseja “tomar naquele lugar”, ela respondia: mudança de endereço para Bauru? Botucatu? Jaú? Quiá, quiá, quiá. Na minha cabeça: eu esqueço do estresse e proponho um brinde, gritando a plenos pulmões e morrendo de rir: à morte do Papai-Noel, à morte do Papai-Noel. Na prática: é isso mesmo que acontece, com a diferença de que, bem na hora do assassinato o som gospel ultrassônico faz uma pausa e sobra uma doida gritando “morte ao Papai-Noel” no meio da praça. Depois, criancinhas ao redor chorando de medo dela.


Gisele Lins decretou morte ao natal este ano, já que de-tes-ta esta data. Na noite de hoje estará apenas bem feliz junto à sua família e amigos, em sua terra natal, matando saudades com um jantar delicioso e esperando ansiosa pelo Ano Novo, um dos dias que mais adora do ano.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

As mulheres e o Amor

Mais uma vez, cá estou eu para falar de amor. Sim, é meu tema preferido! Amar é tão imenso, que até quando não vivemos um amor, é fácil perceber que a sua melhor amiga, seu vizinho ou mesmo aquele “mala” que trabalha na mesa em frente à sua, ama. O Amor salta aos olhos.

Pensando sobre a imensidão do amor, remeto-me às mulheres, ou à maioria delas. Incluo-me nessa maioria dessa vez. Quando é que nós, mulheres percebemos que é amor o que sentimos? Ajudem-me balzacas e queridos leitores!

É Amor quando no primeiro beijo com ele você ouve sininhos ou pensa que o mundo pode acabar ali!?
É Amor quando você percebe que ele é quase tudo que você sonhou!? Quase, porque tudo é o Gianecchini!
É Amor quando você sente saudades antes de ele ir embora!?
É Amor quando você percebe que vocês teriam a mesma atitude em mais de 2.975 situações!?
É Amor quando você tem certeza de que o melhor programa do final de semana é dormir nos braços dele!?
Quando você aceita o pedido de casamento dele sem titubear, é Amor?

Por que o Amor acaba? Era Amor, se acabou? Era ilusão?
Por que você acha que nunca mais vai amar assim? É a dor do Amor que se foi?

Amar! Quão complicado é entender isso!

Confesso que não tenho todas as respostas para colocá-las de ponta cabeça ao final do texto.

Pelo que já vivi, é possível amar a vida inteira. Uma pessoa ou dez durante toda vida. E esse é o barato! Se o amor de ontem acabou. Amanhã, daqui a seis meses, seis anos, outro virá se permitirmos. E amaremos melhor, não cometendo os mesmos erros, administrando melhor os impulsos antes incontroláveis. E teremos mais chances, agindo pela experiência adquirida, desse amor durar, durar e durar.

É possível agir racionalmente amando? Sim, acredito eu. Porque evoluímos. Porque amamos melhor a cada dia. Porque sabemos mais do Amor do que há 15 anos.

Angel pensa que as mulheres vivem mais intensamente o Amor. Encara o fato simplesmente, sem pensar em vantagem ou desvantagem. E sabe que além de intensidade, o Amor pode ser vivido com inteligência.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Cena Natalina

Manhã de Sábado, estrada, trânsito, sacolas, pessoas, luzes, enfeites. Olhava através da janela fechada, aguardando que o sinal mudasse de cor, em nada pensava, apenas observava o movimento. Ao longe algo chamou sua atenção – seria um homem de bicicleta? De motocicleta? Ou os dois? Não soube dizer ao certo. A imagem se aproximava, até que pode distinguir uma bicicleta de motocicleta. Sim, um homem transportava o presente de sua filha, uma bibicleta pequenina, cor de rosa, na garupa de sua moto. Amarrada, temerosa, presente em todos os sentidos. O tão esperado presente natalino, a caminho de casa estava.

 

Vendo a bicicleta, pela primeira vez, numa motocicleta, vi tambem o rosto da menina, do pai, da cena de Natal. Tive a certeza de que quando se gosta de alguém fazemos verdadeiras peripécias. E somos felizes por termos feito-as. Que essas cenas se repitam mais vezes. Um feliz Natal a todos.

sábado, 20 de dezembro de 2008

O universo - Parte II

Bom, pela minha ausência na última semana, quem desconfiou que o universo ganhou de mim, acertou!

Venho mentalizando muito sobre ter calma, paciência, bom humor, tolerância....

Mas tudo tem seu limite!

Não é porque é finais de ano que as pessoas automaticamente ganham o direito de serem estúpidas, idiotas, falsas e pouco disponíveis.

Seja na fila do xérox, no trânsito, na loja: as pessoas mal educadas estão por toda a parte!

Mas não se preocupem, estou contra-atacando toda essa sabotagem. Quanto mais as pessoas se estressam, mais eu relaxo. Quanto mais o tempo tenta me atropelar, mais eu o vejo em câmera lenta, tentando saborear cada segundo, que passa pra todo mundo, mas pra mim é único.

Está dando certo, se não estivesse eu estaria internada e sedada, ditando meu texto por mímicas para um intérprete.

Admito que ainda não esteja cem por cento. Tenho sido uma péssima amiga, não abracei todas bem forte para desejar um ótimo Natal e um 2009 iluminado. Não respondi o e-mail da Fer ainda, mas farei. Não deu tempo para ver a Vivi, estou com saudades! Mas o almoço com o Val compensou um pouco minha ausência. Quanto ao meu papel de mãe, nem se fala, nunca em casa, horários doidos, sempre cansada.... Ainda bem que amor de mãe e filha agüenta tudo isso!

Continuo contra-atacando, e conto com pessoas especiais que me ajudam nisso, com seu bom humor, sua tolerância e imensa paciência.

 

Renata espera que o próximo texto, escrito diretamente da praia, reflita os efeitos de dias de sol e descanso! E deseja um Natal iluminado, cheio de paz e magia, de renascimento e renovação! 

P.S.: Lorenzo é o sobrinho mais lindo que alguém pode ter! Ele fala castelhano em língua de bebê e é liiindo!

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

A Inveja é Uma Merda II

Sempre tive uma dificuldade muito grande em acreditar na inveja. Afinal, parece-me bastante absurdo que alguém gaste sua energia invejando os outros ao invés de cuidar da própria vida e correr atrás de atingir seus objetivos. Mas definitivamente não é todo mundo que pensa assim.
Tem uma menina cujo nome não vou revelar que realmente se sente muito incomodada com a minha existência. Antes eu achava que era loucura minha. Pior, achava que era muita pretensão me achar “digna” de ser alvo da inveja alheia (se é que há motivos que nos “dignifiquem” a ser invejados). Mas já tem um tempo que fico observando a forma como esta infeliz se manifesta a cada palavra ou gesto meu e agora não tem mais jeito de eu pensar outra coisa: a menina só pode ter inveja de mim!

Quem me conhece, sabe que eu sou uma matraca, falo pelos cotovelos e dificilmente demoro mais do que cinco minutos pra começar a bater papo na fila do banco, no ponto de ônibus, no caixa do supermercado, etc. Aí acaba que sempre meio que “sobrou” pra mim a tarefa de organizar eventos entre os amigos. Vamos organizar um churrasco? “Laeticia, você manda um e mail pra galera?” E lá ia eu mandar o e mail feliz da vida. Eu e um amigo chegamos ao ponto de assinar os emails brincando, tipo “Laeticia, advogada, promotora de eventos e gata”! Rsrs Bom humor não faz mal a ninguém, né? E afinal, há eventos que são um fumo de organizar, ninguém quer pegar o boi pelo chifre e eu sempre me candidatei ao posto junto com mais uma ou duas pessoas.

Pois foi durante uma reunião botecal para organizar um evento que ficou claro pra mim que esta menina sempre, invariavelmente, se opunha às minhas idéias. Nem sempre direta e explicitamente, mas a oposição era evidente. Sempre havia “mas”, “poréns”, “só quês” para contrapor as minhas idéias que, normalmente, eram bem vindas pelo restante do grupo e colocadas em pauta. O tempo foi passando e esta situação foi enchendo o meu saco, sabe? Pôxa, a menina é uma chata de galocha, fica pondo defeito em tudo e querendo mandar mesmo de longe, eu fico emputecida e me estressando... mas a troco de quê? Larguei de mão este negócio de organizar eventos e passei a bola.

Mesmo assim minhas manifestações não passavam em branco. Se eu mandava um e mail chamando pro cinema, a dita cuja falava mal do filme, do cinema e da pipoca. Se eu chamava pra ir ao boteco x, a dita cuja falava mal do lugar, do garçon e da comida. Se eu convidava pra bazar, a loja era sempre “de patricinha”, “muito cara”. E sempre num tom que Deus me livre. Até que eu parei de mandar e mails e comecei a chamar as pessoas com quem eu realmente queria sair por telefone. Não estava afim de stress. De gente recalcada eu sempre quis distância.

Aí teve uma vez que tive que mandar o famigerado e mail e começaram encheção de saco e provocação públicas. Desta vez, cansei de me calar e foi uma verborréia. Affe, que stress. Parei definitivamente com a organização de eventos. Outras pessoas assumiram o posto e sempre me pediam opinião. Muitas vezes eu mesma tinha a idéia e falava: olha, mas manda o e mail você, fulana, porque tudo que vem de mim é motivo praquela outra por defeito. Aí outra pessoa mandava o e mail com a minha idéia sem falar que era minha e a menina era só elogios. Que coisa curiosa! 

Cheguei à conclusão que o problema dela era comigo mesmo. E, como a companhia dela nunca me interessou (eu só mantinha contato porque gostava demais de pessoas que convivem com ela), decidi ligar o foda-se de vez. Alguns amigos insistiam comigo que era impressão minha, que ela era implicante com todo mundo, que era meio ranzinza, meio mal humorada, que eu deixasse pra lá. Mas desta vez até a turma do deixa-disso teve que concordar comigo: não é que pediram pra mim uma informação por e mail e, diante da minha resposta educadinha de que eu não sabia, pois eram outras pessoas que estavam organizando o evento, não veio uma resposta mal criada da tal menina, com direito a palavras em negrito e sublinhadas?!!! Só faltaram as maiúsculas!!! Deletei. Li, reli e deletei. Não valia a pena responder aquilo.

O telefone tocou. “Laeticia, estou com vontade de matar a fulana de tal! Você manda um e mail todo educadinho e recebe aquela patada de volta!” Pois é, amiga, a vida tem destas coisas. Só que, se antes eu fazia de conta que esta menina não tinha motivo nenhum pra me invejar, agora pelo menos um reconheço que ela tem: ela é pobre de espírito de dar dó e eu, como alvo, vou acabar me tornando um espírito mais elevado!! Tem que ter muito bom humor nesta vida, mesmo, viu?

Laeticia acha barraco virtual muito trash, quase tão trash quanto perder tempo invejando os outros.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Oração

Para variar, o tempo me roubou de mim essa semana...
Então pensei em algo para me salvar, o que imediatamente me lembrou a oração abaixo.
Não tenho idéia da autoria, mas espero que vocês gostem e me perdoem.

Senhor, me ajude a nunca desistir de ser mulher.
Coloque um espelho no meio do meu caminho entre a lavanderia, o supermercado, o sapateiro, o colégio e a locadora.
E que, ao me olhar, eu goste do que veja.
Não deixe que eu passe uma semana sem usar um batom bem vermelho, uma bota bem alta ou um jeans bem justo.
Proteja meus cachos do vento e os brincos e anéis dos olhares invejosos.
Nunca deixe faltar na minha vida comédias românticas e boas depiladoras. 
Se eu estiver com vontade de chorar, faça com que eu chore um dilúvio, e que tenha saído de casa sem pintar o olho.
Para cada dia de TPM, me dê uma vitrine com sapatos lindos.
Já que eu nunca pedi milagres, faça que minhas celulites sejam ao menos discretinhas. 
Me dê saúde, tempo livre, silêncio.
E que nunca falte absorvente na minha bolsa.
Nos engarrafamentos, faça com que eu ligue o rádio e esteja tocando minha música preferida.
Dê forças para eu insistir que meus filhos comam salada, digam "por favor" e "obrigado", limpem a boca no guardanapo, façam as pazes e puxem a descarga. 
Cegue meus olhos para as sujeiras nos cantos e os brinquedos no meio da sala (eles vão estar sempre lá, isso eu já vi).
Ajude para que eu chegue do trabalho e ainda consiga brincar, ver desenho, contar história ou fazer cócegas! 
E se eu não tiver a menor condição de me manter em pé, faça com que meu filho chegue dormindo da escola.
Em dias difíceis, me dê persistência para seguir na dieta.
Dê também, firmeza para os seios...
Proteja minhas poucas horas de sono e não me julgue mal caso eu não acorde no meio da noite para cobrir meus filhos. 
Não deixe que a minha testa fique tão franzida a ponto de parecer uma saia plissada. E eu, uma louca estressada.
Faça com que o sol seja meu personal trainer, meu complexo de vitaminas, meu carregador de bateria, mas quando eu pedir um diazinho de chuva, não pergunte por quê. 
Para cada batata quente no trabalho, me dê um café recém-passado.
Entenda que, quando eu rezo para cancelarem uma reunião, não é gastar reza à toa, pode ter certeza.
No meio de tudo isso, faça com que eu ache tempo para virar namorada de novo, ir ao cinema, jantar fora, beijar na boca, dormir abraçadinha. 
Ilumine o espelho do banheiro e proteja minhas pinças, meus cremes e segredos.
Ajude a não faltar gasolina e não furar o pneu e, por favor, afaste os motoqueiros do meu retrovisor.
Senhor, por pior que seja o meu dia, faça com que ele termine, e não eu. 

Milena diz Amém.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

O que é dispensável na TV

Todos os dias, artistas famosos são destaque em alguma situação. Quando a situação é positiva, o destaque é mediano, porém em situações negativas, o assunto rende dias. 

Fico imaginando que a decisão de seguir uma profissão de destaque nacional deve ser árdua. Querendo ou não, a vida do indivíduo torna-se assunto preferido de uma parcela nojenta da imprensa e cai na boca do povão. Qualquer “cara fechada” já é motivo pra uma manchete dizendo que o artista em questão não valoriza o trabalho da imprensa e é mal educado. Que porre! Então quer dizer que eu decido ser atriz, cantora ou modelo, sei lá, e daí em diante sou obrigada a sorrir, esbanjar simpatia para ser a queridinha do planeta!? Pára tudo! Escolho um caminho que não me permite ser normal!? Que imprensa é essa!?

Que TV é essa que interpreta qualquer comportamento socialmente discutível como pecado mortal!? Por que aquela atriz que adora homens mais novos é safada e doida, e aquela sua vizinha que já teve mais de sete namorados 30 anos mais novos é menos safada e menos doida que a primeira? Por que aquele ator lindo, talentoso e viciado em cocaína é visto com tanto dó, e aquele seu primo igualmente lindo e viciado em cocaína é visto como vagabundo? Por que você, telespectador vulgar, engole como verdade tudo o que a TV te conta? 

Por que o problema de quem aparece na TV é mais importante e impactante do que aquele problema com o qual você convive na sua família?

Julgar é muito fácil, principalmente quando não se está acostumado a olhar para o próprio umbigo. A TV alimenta o julgamento fácil, a condenação fácil de pessoas que não conhecemos, que não representam nada em nossa vida. 

Esse meio de comunicação tão rico e influente, infelizmente é fonte de podridão também. Essa parte da TV é dispensável para mim. Entristece-me saber do ibope alto dos programas de fofocas (em sua maioria podres) e tudo mais sobre pessoas públicas. 

Espero que essas pessoas públicas tenham amor suficiente pela escolha que fizeram, a ponto de conviverem e suportarem a parte amarga de ser bonito, talentoso e fazer sucesso.



Angel tem nojo da imprensa que se profissionaliza em vigiar artistas, julgá-los, condená-los e estimular o grande público a fazer o mesmo.   

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Quanto vale o tempo?

O seu tempo, seu trabalho, seu lazer. É comum essas três infames categorias serem complicadamente confundidas, deturpadas e até mal-interpretadas. O tempo por vezes pode ser cruel, pois corre rápido demais, usualmente, quando nos divetimos. Contudo, caminha vagarosamente, quando no trabalho. E, invariavelmente, temos a obrigação de permanecer no segundo por horas consecutivas, diariamente. Enquanto no primeiro, o temos quando o podemos e sempre tem-se a impressão de que nunca foi o suficiente. Mas tentamos constantemente, todos os fins de semana e feriados, esquecer as amarguras da semana, os incovenientes da labuta. No entanto, assustadoramente nem sempre o conseguimos. 

Como disse acima, ocorrem inertpretações mal-formuladas, pensamentos antagônicos e, ainda, repressivos. Seria uma pergunta retórica questionar qual das duas situações as pessoas preferem. Acredito que pelo menos a maioria de nós diria que é o lazer, mas é tambem sabido que alguns preferem o trabalho, apesar de não conseguir compreender os motivos exatos para tal escolha, aceita-se. E por essas e outras, assim como temos o inadiável cartão de ponto, registrando nossas horas dedicadas aos nossos empregos, alguns de nós parecem acreditar que tambem deveriam existir cartões de ponto registrando nossas horas de lazer e diversão. Se nunca ouviram falar nisso, areditem existe. Tambem acho muito estranho, aliás inexplicável, inteligível e inintendível, se é que isso existe. Bom de qualquer forma escuto isso com certa frequência e ainda não o compreendo, na verdade espero que nunca compreender como alguém pode querer contar as horas em que se diverte, as horas em que nos sentimos relamente vivos; e ao mesmo tempo ser totalmente aceitável pessoas trabalharem como escravas semana após semana e estarem tão cansadas ao ponto de não quererem mais fazer nada além de trabalhar. Se isso faz algum sentido, ainda não alcancei. 

Fato é que deixo aqui meu pronuncimamento de indignação por aqueles que gostariam que EU contasse meus finais de semana com meus amigos e minha cervejinha como contam minhas horas no trabalho. E por mais que eu repita que quando a gente se diverte os relógios deveriam ser abolidos, me parece que não sou ouvida e se o sou, falo então em outra língua, ou pior, será que aqueles a quem me dirijo sabem o que é estar feliz e bem ao ponto de litelmente perderem a hora? Talvez e infelizmente, não.

A todos aqueles que acreditam que gente nasce pra ser feliz e não pra se matar de trabalhar.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Gente Complicada

Lidar com gente é muito difícil. Por mais que façamos tudo para agradar ou tudo para não desagradar, ou tudo para nem ser notado por alguém, há sempre um alguém que está insatisfeito com nossas atitudes. Recentemente, em meu ambiente de trabalho, que tem muita gente insatisfeita com o que faz, resolveram reparar mais em mim, para encontrar meus defeitos. Sei que tenho muitos defeitos, e que nem precisa olhar muito para encontrá-los, mas o caso ficou pessoal. 

Tenho uma colega de trabalho, dessas que todo mundo tem, que se acha o máximo em tudo o que faz, e se porta como se fosse mesmo a pessoa mais fantástica do mundo. Até aí, não me incomodava, pois bastava que eu ficasse na minha, que ela poderia continuar com os delírios de superioridade dela. Mas não foi isso o que aconteceu. Eu continuei, e tento continuar na minha, mas a pessoa resolveu que, por algum motivo, eu a incomodo. E olha que nós não competimos nem por função no serviço. Virou implicância mesmo, sem motivo aparente. 

De uns tempos para cá, ela espalhou no trabalho que sou incompetente, e que minhas conquistas profissionais foram por proteção. Só se for proteção de algum santo, pois onde trabalho mais tem gente para ajudar a gente a afundar do que para puxar para cima. Até aí, eu não podia fazer nada, porque ela falou para outras pessoas, e não diretamente para mim. Como boato espalha mesmo, descobri que ela falou isso de mim. Depois, a minha que-ri-da colega de trabalho começou a atacar diretamente. Uma manhã, numa conversa durante o lanche, a turma falava de compras, e eu, como sou pão-dura, reafirmei minhas atitudes super-econômicas. Todos riram, e iria ficar na brincadeira, quando a pessoa solta a pérola: “Deus abençoe quem doa, pois se eu não tivesse ganhado um pãozinho hoje, ficaria com fome”. Detalhe que ela ganhou um pãozinho de um sujeito que tem um salário bem menor do que o dela, e que isso é prática comum. Agora, por que falar uma frase dessas justo num momento de descontração, em que eu falava do quanto seguro dinheiro?! É provocação mesmo. 

Bom, podia ter parado por aí, e eu ia pensar que foi implicância minha... Mas, dias depois, quando eu conversava com outra colega sobre sairmos para um bar à noite, ela entra na conversa, sem ser chamada, e brinca que mulher casada não pode sair solta assim. Tudo bem, era brincadeira! Mas aí ela completa que achava estranho eu ser casada, pois não me imaginava casada, e que eu parecia frágil, e não uma mulher casada. Pode?! Bom, agora sou incompetente, egoísta, frágil, e que não consegue homem. É dose!

E a cada dia parece que cresce a admiração dessa colega por mim. Acho que vou colecionar os elogios que ela me faz, pois são muitos. Ela não é muito querida no trabalho, justo por espalhar falsos boatos, por se portar como a melhor, por tratar as pessoas com ar de superioridade. Mas precisava caçar confusão comigo? Por enquanto estou rindo das baboseiras que ela fala de mim. Vamos ver até quando agüento ficar calada, diante de tantas pérolas. É por isso que gosto tanto de animais, eles não têm tantos problemas.....


Tania está aprendendo a contar até um milhão em números primos, para ver se acalma enquanto ouve os discursos vazios de sua colega.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Sorte

Como diria minha grande amiga, quase irmã, Letícia: “Tem gente que nasce com sorte. Tem gente que não”.
Embora eu tenha uma grande tendência a reclamar – claro que essa tendência é brilhantemente ofuscada por outra grande amiga, não é Gi? – creio mesmo que posso me incluir no primeiro grupo.

Há controvérsias, claro. Por exemplo, se eu precisar me ausentar do meu trabalho por qualquer motivo, justo ou não, podem ter certeza de que meu chefe resolverá que precisa muito de mim para alguma coisa nesse período. É sério, embora eu prefira pensar que nem isso dá para ser considerado falta de sorte.

Mas as controvérsias não me abalam sempre. E às vezes, quando elas começam a acontecer com mais freqüência, a vida sempre dá um jeitinho de me lembrar que para toda regra existe uma exceção. Tá, jeitinho não é exatamente a palavra. Tapa na cara se encaixa melhor.

Foi assim que, num momento meio desconexo, eu pequei o carro e fui até São Paulo para me encontrar com a Débora.

A Débora é uma dessas pessoas que só aparecem na vida de quem tem sorte. Muita sorte. 

Para mim, ela sempre faz as coisas parecerem tão lógicas, tão fáceis, tão... ao alcance da mão. É impossível não se contagiar pelo raciocínio rápido dela. É impossível não se pegar tentando acompanhar esse raciocínio. É impossível não acreditar nas suas conclusões.

Eu tenho que admitir que poucas são as pessoas capazes de exercer alguma influência sobre mim. E a Débora é uma delas. Não é novidade para ninguém que eu tenho um gênio difícil. Escorpiana... lembram? Mas ela consegue ser pior. E melhor. E, surpreendentemente, eu gosto muito disso. A influência dela sobre mim é o resultado direto do seu raciocínio, porque comigo é assim que funciona. Eu compro qualquer teoria cujo raciocínio me satisfaça. E sorrio comigo mesma ao lembrar a forma ela sempre explica o porque por trás de cada decisão tomada. E me pego muitas vezes sentindo falta de sua companhia diária, como costumava ser algum tempo atrás.

Mas esse não é um texto sobre lamentações. É um texto sobre sorte. Sorte por poder olhar ao meu redor e vislumbrar tantas pessoas com quem eu gostaria de conversar mais, de cujas vidas eu gostaria de participar mais. Pessoas que me fazem falta, ao mesmo tempo que me tornam completa. Pessoas como a Débora.

Milena escreve aqui ás quintas. Essa quinta o texto sai em forma de agradecimento ao destino, por ser tão generoso comigo.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Da relatividade

Neste último mês antes do meu ritual de transformação em balzaca, ou seja, o níver de trintona, tenho pensado no paradigma de como é bom não ter algumas das coisas que eu sempre quis, ou que todos sempre querem.

Desta vez não é pieguice, nem o pessimismo exagerado, ou a apatia que tenho visto me rondando, não. Digamos que talvez seja uma provinha do exercício de usar um pouco mais  a sabedoria acumulada em três décadas, que eu imagino fazer parte desta próxima fase, literalmente próxima.

Quer ver? Blábláblá de final de ano. Um porre. Ainda me afeto querendo fazer um esforço hercúleo para comprar presente, mandar cartão, mandar notícias pelo menos, e ho, ho, ho, ficar muito feliz porque, afinal, é natal. Sim, eu quero compartilhar coisas boas e carinho com quem eu amo, mas puxa, existem outros tantos pequenos momentos do ano que eu consigo fazer isso e nem valorizo. Eu quero mais é conseguir ligar mais vezes pra dizer que tenho saudade, mandar um e-mailzão no aniversário e dizer que eu te amo e queria estar aí. E por aí afora, e não ser apenas mais um cartãozinho vermelho no pé de uma árvore fadada ao falecimento. Adeus Ano Velho, Feliz Ano Novo? Que musiquinha chata, pombas! Até parece que tudo que ficou pendurado do ano que passou não virá bater na minha cachola lá pelo dia dois de janeiro. Que tudo se realize, no ano que vai nascer? O que é tudo? Defina tudo? Tá louco? E todas as coisas que eu pensei que seriam boas, mas um tempinho depois eu mudei de idéia (hum, eu diria que talvez uns 30% de tudo o que eu penso), e se elas tivessem se realizado? Tá bom, digamos que se refira apenas às que temos certeza que são boas? Que coisa chata, e o gostinho da conquista? Da incerteza? Há não! Tô fora. Muito dinheiro no bolso? Podem me execrar agora, mas tá louco? O que eu quero com muito dinheiro no bolso? Eu quero é re-aprender a ser organizada, a fazer bons negócios, bons investimentos, boas compras, e ter o que eu preciso na hora que eu preciso. Esta história de muito dinheiro no bolso combina é com “dinheiro na mão é vendaval”. Prefiro aquela lenda da bolsinha que multiplica infinitamente uma moeda, mas só faz uma de cada vez.

De quebra, o desejo por coisas que eu nunca quis também estão chegando. Seguem exemplos. A) parar de dar explicação: sinto, muito, mas não vou; ao invés de olha, sabe o que é, tenho que levar minha mãe pra fazer exame de fundo de olho e o carro estragou e vou ter que pegar o carro da vizinha da minha tia emprestado, então, não vai dar pra ir. B) Escrever um texto inteirinho sem usar “talvez”: a coisa é ou não é, caramba (xiii, isso tá longe, só nesse texto já foram dois, heim?). C) Parar de querer agradar o mundo: não gostou? Problema seu, bem! Hoje eu só consigo dizer isso da boca pra fora, mas ainda chego no upgrade de SENTIR o dane-se dentro do meu ser. D) Finalizar o que me comprometo a fazer: talvez demore, sim, mais que um ano, ou dois, porque ficar se torturando por isso, principalmente no fim do ano, se não tem outro jeito? Desligar o “E se”: e se o mundo acabar com um meteoro gigante, do que vai adiantar eu ter ficado sofrendo por antecedência todas as possibilidades remotas de desastres na minha vida? Xô exu! E) Parar de fazer listas: que é o que eu ainda estou fazendo exatamente agora.

Para este fim de ano, para o próximo ano, para a próxima década, eu quero é paz! 

Gisele Lins escreve aqui às quartas-feiras. No olho do ciclone do fim do ano está bem disposta a não se afetar e aguarda ansiosa  a  despedida de 2008, apenas porque vai estar reunida com a sua família e os seus amigos queridos.  

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Lá vem a bonança...

Ansiei muito esse momento. A última prova na faculdade. O último dia. Não foi emocionante. Foi um grande alívio. Sim, eu sentirei falta de algumas pessoas e também de estudar, mas não agora (especialmente de estudar). Meu sentimento não mudou, adoro estudar, apenas vivi uma experiência cansativa, desgastante e preciso “dar um tempo”. 

Parece que nesses últimos quatro meses estive fora do mundo, só pensando em estudar, construir meu TCC e terminar essa etapa decentemente, como eu sempre planejei. E foi isso, ainda que com algumas insatisfações. 

Sinto-me mais leve, mais feliz, mais Angel. Lá vem a bonança, pensei. E tenho de me preparar para ela, renovar energias. Nada melhor que me aproximar da natureza. Lá fui eu para o Parque Ecológico da Pampulha, aqui pertinho de casa, uns 45 minutos de caminhada. E que maravilha foi pisar na grama e ouvir o barulho dos pássaros. Sentei-me à beira do lago, e, ao som de Celtic Woman, deixei meus pensamentos livres e leves como o movimento da água logo à minha frente. 

Assim que as idéias voltaram a mim, avistei duas árvores de natal, enormes e bem diferentes. De longe, pareciam de material reciclável. Fui conferir, claro! Para minha surpresa, eram mesmo duas árvores de natal, uma delas feita com garrafas pet azuis e brancas e outra feita em madeira. Um belo trabalho! As árvores fazem parte da campanha Feliz Brasil para você, da Natura. Em frente às árvores, há um letreiro FELIZ BRASIL, e são disponibilizados cartões a que interessar escrever uma mensagem que é logo fixada no letreiro. A minha mensagem está lá na letra A do BRASIL. Adorei o projeto da Natura, inclusive por estimular as pessoas (principalmente as crianças) a sonharem e pensarem em um Brasil feliz. É um bom começo de uma grande mudança, necessária. 

Voltei para casa mais feliz do que saí. É impressionante como o mato me atrai cada dia mais, mesmo que esse mato esteja bem próximo à nossa loucura urbana de todo dia. Sinto-me melhor preparada agora para aproveitar cada momento de minha bonança e dividi-la com os que me rodeiam, inclusive vocês balzacas queridas, e vocês leitores tão especiais. 

Avisto dias mais coloridos. Avisto-me mais receptiva, praticando paciência e tolerância. Mais perto da essência de anjo que carrego no nome.

 

Angel quer fazer as pazes com o vento, a relva, a chuva. Quer viver mais seu lado Angel. Quer evoluir um tantinho todo dia e aprender a viver suas etapas sem sair do mundo.   

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

O Dom da escolha

Aqueles afortunados e mais chegados de Anastácia já o sabiam, ela tinha o dom, o dom da escolha. Por vezes até acertava e quando isso acontecia podia-se ter a certeza de que o programa era bom mesmo, mas no geral a infeliz tinha o dom de escolher programas literalmente de índio. Diga-se de passagem que isso não se resumia apenas a festas, shows e estabelecimentos, mas também a filmes, sim, logo, DVDs e cinema sugeridos por Anastácia eram ótimas deculpas para se tomar aquela cerveja antes, pois o pior quase sempre estava por vir. Não era algo que a incomodava, nem ao seus amigos, na verdade, já era mesmo motivo de risadas, algo cômico, mais uma de suas peculiaridades.

No entanto nem sempre isso acontecia com seus amigos, mas com pessoas que ela ainda estava por conhecer e, aí sim, Anastácia tinha vontade de sumir, entrar chão adentro e só reaparecer na próxima semana. É, e nesse fim de semana não havia de ser diferente, mais uma vez o dom se pronunciou, e lá se foram Anastácia seu mais recente amigo.

Pra iniciar a noite, o mapa da festa estava errado, como sempre acontece, após algumas voltas e retornos, em fim chegaram; ambos esfomiados, aguardando ansiosamente o churrasco. A música ía do funk ao pagode, a vontade de desaparecer já estava passando pela mente de Anastácia e pra completar o programa, a carne, salgada e crua, ao mesmo tempo. Se alguém já viu algo parecido, por favor que se manifeste imediatamente. Se entreolharam, tiveram vontade de rir, afinal, é o melhor a se fazer em tais situações. No final das contas comeram farofa, vinagrete e arroz, definitivamente, sem carne. Foram embora com aquele desejo de churrasco e Anastácia pra já deixar as coisas claras avisou – me desculpe mas preciso te falar, eu tenho o dom, eu sou o Mestre Yoda dos programas de índio.



Para todos aqueles que de vez em quando ou de quendo em quando se sentem um verdadeiro Mestre Yoda.

domingo, 7 de dezembro de 2008

O dia que a máscara caiu

O filme Titanic foi campão de bilheteria em muitos lugares do mundo, só se falava no Titanic, no quanto espetacular o filme era, os efeitos especiais bla bla bla. Naquela época eu morava em Viçosa no sul de Minas. E lá como em muitas outras cidades do interior, o cinema tinha virado igreja da ‘Assembléia de Deus’.  Sem cinema e muito menos sem dinheiro, só fui ver o tal famoso filme quando foi lançado em DVD, na verdade vídeo cassete, muito tempo depois.  Esta é a parte numero um da historia de hoje. 

A parte número dois, tem a ver com a minha sensibilidade, ou melhor, insensibilidade. Na minha adolescência eu era longe de ser uma ‘manteiga derretida’, chorar pra mim só em caso de funeral e olhe lá. Tentava sempre regular minhas emoções o máximo possível. Quando o cachorro lá de casa morreu (ele tinha nove anos), minhas irmãs mais velhas choraram pra caramba. E eu lá, sendo forte me segurando, tentando ser bem lógica. Já que o cachorro estava doente, e a gente sabia que não ia ter jeito. Não tinha motivo para chorar. Chorar por namorado então era completamente proibido, eu podia ficar com raiva, quem sabe até triste, mas chorar de jeito nenhum. Então vocês podem imaginar qual era a minha opinião sobre chorar em filmes.  

Era um domingo chato em Viçosa, e eu e minha prima Bela não tínhamos nada pra fazer. Dinheiro na época não era uma coisa que andava sobrando muito. Resolvemos então ir ao cinema da universidade ver que filme estava passando. Cinema é um nome carinhoso dado a sala de exposição de filmes da universidade. Administrado por estudantes o ‘Cinema Carcará’ era a atração do domingo principalmente para os alunos que moravam na universidade. Uma sala grande com telão quase caseiro, o vídeo usado era um VHS alugado, almofadas espalhadas pelo chão, e pronto, era só encontrar um cantinho, deitar e se divertir. Dependendo do filme a sala ficava lotada, todo mundo sentadinho no chão um do lado do outro, era só espremer que sempre cabia mais um. Assisti muitos filmes graças ao Cinema Carcará.  

Mas desta vez era especial, era o filme Titanic, o tão falado filme Titanic. Eu e Bela chegamos cedo, pegamos as melhores almofadas e deitamos na frente, perfeito! O inicio foi tranqüilo, um historia de amor normal, sem ser muito melosa. Um pouco de ação e de quebra Leonardo de Caprio não tinha mesmo do que reclamar. Então chegou a parte trágica do filme. Navio afundando, gente morrendo, aquela coisa toda. Olhei pro lado e reparei que uma menina que estava do nosso lado estava chorando. Olhei com aquela cara, ai meu Deus. O filme continuou dramático, mais mortes, mais gritos e aquela cena clássica onde Leo morre, vai afundando lentamente no mar. Crise total no cinema, a mulherada toda chorando, lágrimas e mais lágrimas. Caos total. Eu olhei pra minha prima, demos uma risadinha e continuamos firmes e fortes. O filme acabou, THE END, Celine Dion cantando ‘my heart will go on ’, a mulherada se recompondo da choradeira, limpando o nariz se ajeitando pra sair do cinema. As letrinhas começaram a passar. Eu olhei pra minha prima, ela olhou pra mim... Não agüentamos mais, ohhhh JACK, ela me abraçou, eu a abracei, choramos muito, de soluçar. De fazer buáááá bem alto mesmo. ‘Oh Jack’, eu dizia, ela dizia. E o processo continuou. O povo saiu do cinema e nós lá chorando na primeira fila. As luzes foram acesas e nós lá chorando. A situação foi tão drástica que o menino responsável pelo cinema teve que pedir pra gente ir embora, pois ele tinha que fechar a sala, ele com aquela cara de quem não tava entendendo nada, e a gente chorando. No caminho pra casa mais chororô, oh Jack, oh Jack... 
 

Liz nunca tinha se emocionada tanto, sentiu um alivio de poder chorar tudo que tinha direito. Hoje em dia continua controlando um pouco o lado emocional, mas se dar permissão pra chorar em algumas ocasiões. Outro dia chorou assistindo animal planet. 

sábado, 6 de dezembro de 2008

O universo

Dizem que o universo conspira a favor de quem é do bem. Mentira mais deslavada!

Sou uma pessoa tri do bem! Separo o lixo, ligo o pisca antes de dobrar, digo por favor, com licença e obrigada. Procuro ser paciente e atenciosa até com quem não merece tanto assim.  Sou o mais responsável possível, procuro não deixar as pessoas na mão. Tenho uma forte tendência de ajudar os outros, por isso sou professora e bióloga, minhas duas contribuições para o mundo, além de uma filha maravilhosa. Faço exercícios. Estudo e leio bastante. Gosto de animais e de crianças. Não bebo quando dirijo. E procuro desenvolver hábitos que façam bem a mim e aos outros. Sou, sim, uma pessoa tri do bem.

E o Universo??? Bom, nesta semana, alguém no universo está me tirando! Incansavelmente! Nada grave aconteceu, ainda. Mas em uma semana de TPM com engarrafamentos diários é o inferno na Terra! Fui comprar um pinheirinho de Natal, super no espírito natalino (adoro Natal)! Os poucos que ainda restavam estavam aos pedaços! Para que mexer e desmanchar o pinheirinho? Só para eu não comprar! Certo! Depois achei um que queria há um tempo, branco, lindo! Com o preço 100% a mais do que estava uma semana atrás! Comprei um verde, mesmo! Não vou perder o bom humor!

A coisa foi se desenrolando com amigo-secreto, comida fria, loja fechada, faltou luz, caiu a internet, acabou o papel higiênico...Para vocês terem noção do tamanha da tragédia, até uma “serenata” de três piás sentados em uma calçada recebi. A música não podia ser melhor: “como uma deusaaaaaaa...” É pra matar!

Bom, alguém continua me tirando, mas não vai acabar com o meu bom humor!

 

Renata espera que essa semana seja mais leve, ainda mais com a chegada do Lorenzo!

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Telecine

Cheguei em casa morta de cansada. O trabalho havia sido duro, muita tensão, muita fofoca, muito olho gordo e eu precisava dar uma relaxada. Desabei no sofá antes mesmo da Laila ser capaz de abanar o rabo duas vezes e liguei a TV. Telecine light porque a novela ainda não tinha começado. Fiquei assistindo uma comedinha romântica na qual, após vários desencontros, tudo acabava bem. Peguei o filme pela metade, mas comédia romântica é comédia romântica, né? Dá pra pegar do meio pro fim. 

Antes do happy end, o celular tocou: era trabalho, mas trabalho que poderia com certeza esperar até o dia seguinte. Comentei que estava assistindo a uma comedinha romântica e ouvi: ah, não tem problema então, porque nestes filmes Meg Ryan todo mundo sofre, mas tudo acaba bem. 

Desliguei o celular e fiquei pensando na vida enquanto assistia minha comédia. Engraçado como nas comédias os desencontros da vida sempre ficam esclarecidos no final, né? Nos filmes de aventura também. O mocinho se dá bem, o mauzinho se dá mal, tudo acaba bem. Uma maravilha de maniqueísmo. Quem dera a vida fosse assim. Nos filmes todo mundo que se estrepa fez por merecer, aí a gente fica feliz quando esta galera se dá mal. 

Mas, e nós? Aliás, e eu? Porque eu já me estrepei algumas vezes nestes trinta e um anos, mas sinceramente, não vejo o que possa ter feito pra merecer me ferrar tanto! Evidentemente eu não me julgo a Madre Teresa de Calcutá, mas é muita desproporção. Será que querer uma vida melhor, mais confortável – coisa que eu, pobre mortal só conseguirei com trabalho, estudo e muita, muita sorte – é um pecado assim tão grande a ponto de eu merecer levar cano de uma sócia e perder até a crença na Justiça dos homens? Será que minha confiança, minha boa fé, me tornaram tão boba a ponto de eu merecer ser passada pra trás? 

Fico buscando estas respostas e obviamente nunca as encontrarei. Mas tenho muita resistência em acreditar que agir como eu gostaria que agissem comigo, que seguir aquele roteiro clássico “estudo-trabalho-sucessoprofissional-respeito-lealdade-amor-família”, que acreditar nas pessoas não me tornam merecedora de, no mínimo, poder manter alguns dos meus sonhos, das minhas ilusões. Fiquei pensando nos inúmeros desencontros pelos quais passei e me lembrando de que, não, nem sempre as coisas acabaram bem, nem sempre houve um happy end. E não adiantam palavras de consolo que dizem que nada acontece por acaso, que há um motivo pra tudo acontecer, que nós apenas não somos capazes de compreender. Quando as coisas não saem como nós planejamos, a despeito de todos os nossos esforços, de termos feito tudo direitinho, como manda o figurino, não há palavras que consolem. Não há sequer abraços que consolem. Há somente uma sensação de vazio, de perda de tempo, de perda de sonhos e ilusões. É claro que esta sensação passa. Pode demorar mais ou menos tempo, mas passa. Mas isto não faz o sentimento sumir. Não tira a frustração. Desliguei a TV e fui tomar um banho. Definitivamente, a vida não é uma comédia romântica. 

Laeticia tomou pau na última prova da USP e não sabe se vai tentar de novo e tem certeza que sua vida anda muito mais pra Telecine Cult do que pra Telecine Light.

 

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Unstoppable

“De três coisas eu estava convicta.
Primeira, Edward era um vampiro.
Segunda, havia uma parte dele – e eu não sabia que poder essa parte teria – que tinha sede do meu sangue.
E terceira, eu estava incondicionalmente e irrevogavelmente apaixonada por ele”.

E aqui estamos nós.
A culpa é minha. Eu devia saber que eu também me apaixonaria no momento em que abrisse a primeira página. Já aconteceu outras vezes. Poucas, eu admito. Mas não sou principiante nem inocente.

Nesse caso especificamente, minha relação com eles é muito antiga, e um tanto quanto inexplicável. É verdade, eu sempre quis ser um deles. Admito. Sempre sonhei em achar um vampiro para me transformar. Acho que pode ter a ver com o fato de que toda boa história de vampiro tem como pano de fundo a paixão entre um vampiro e um mortal. E o fascínio que esse relacionamento exerce sobre mim é algo além do que eu posso descrever.

Crepúsculo (Twilight – Stephanie Meyer, 2005) não é diferente. Edward e Bella se amam como se não houvesse amanhã. E é impossível parar de ler.

O que acontece de diferente é que Edward Cullen é irritantemente perfeito. Inclusive – e principalmente – pelo fato de ser um vampiro. Pálido como um cadáver. Frio como o vento de inverno na madrugada. Lindo como nada. Nada pode ser comparável à beleza de Edward. Nem Louis. Nem Lestat. Nenhum deles.

E Edward é bom. Mas com uma bondade diferente da de Louis, descrita fantasticamente por Anne Rice. Bom porque ele provavelmente acredita que tem uma alma, e não quer perdê-la. Ele luta contra sua sede como um exército de um homem só luta uma guerra que sabe que é perdida.

O livro é leve e intenso ao mesmo tempo. E me acertou em cheio. A muitos anos eu não tinha uma leitura tão agradável. A muito tempo eu não tinha ânsias para chegar ao final da história. A muito tempo eu não me perdia assim.

Milena escreve aqui às quintas e está convicta de três coisas: primeira, o ator escolhido para representar Edward Cullen não é nem perto do que ela o imaginou quando o leu. Segunda, mesmo assim ela vai assistir ao filme. Terceira, ler é sem sombra de dúvidas, seu melhor vício.



quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Precisamos disto?

Tem alguma coisa errada. Só podemos ser muito manipuláveis, muito sem opinião, ou muito burros mesmo para permitir que os nossos meios de comunicação façam o que estão fazendo. Pelamordedeus!           

Mais de duzentas pessoas morrem em atentado terrorista nos Estados Unidos. A madrasta paquita ciumete maluca e o pai (pai?) desnaturado jogam a menina da janela. O piá mimado que levou o fora da namorada encontra um jeito de chamar atenção, como sempre o fez, e acaba matando a menina. O mundo finalmente descobre que “crédito” não é moeda virtual e não pode existir sem reserva de dinheiro, garantia e fiador. Está instalada a maior crise financeira mundial de todos os tempos.           

Sim, são atrocidades, sim é um horror, sim, é o cúmulo, mas tem cabimento o furdunço que faz nossa TV, rádio, jornais, Internet e afins? DUZENTOS americanos como se fosse toda a população do planeta dizimada! Sim, são muitos, mas e as crianças que morrem de fome na África todos os dias? E as vítimas de acidente de trânsito no Brasil, são quantas? E quantos padeceram sob as mãos do Tio Sam? E o que influencia na sua vida assistir à defenestração da pobre menina com simulação 3D em tempo real? E saber até a cor da cueca do chefe de polícia, atolado no caso com a pressão da mídia (e obviamente sem ter condições/ contingente de investigar o assassinato da filha da empregada da sua vizinha, que não é filha de advogado nem de rico, mas que foi jogada da janela a três bairros do seu)? E ver os milhões de sem noção que vão aos enterros televisionados ao vivo, como o da pobre adolescente assassinada, até com cartazes de “filma eu Galvão”, loucos para aparecerem na telinha e obviamente muito desocupados. E quanto à crise? Esqueça o peru de natal e se eu fosse você começava a cavar um buraco na sala para armazenar COMIDA porque o que vem por aí é tão terrível que nem dá para imaginar. Hipócritas, urubus da tristeza e desgraça alheia, assim como todos nós, quando às vezes caímos nestas armadilhas sem nem nos darmos conta. Precisamos disso?           

Milhões de horas de comunicação de puro alarmismo e manipulação dos sentimentos das pessoas, que ao som de música de filme de terror lá ficam como zumbis, estateladas em frente à TV, rádio, jornal, Internet e afins, que por sua vez vendem milhões em propaganda nos intervalos a cada 15 segundos de programação, nas páginas centrais, iniciais, finais, laterais das revistas, nas barras de ferramentas auto-instaláveis, pop-ups insuportáveis, cabeçalhos que ocupam três quartos da página dos sites e blá, blá, blá, blá.           

É a indústria (ou máfia) da mídia, que des-ensina valores e depois se alimenta de apontar horrores para quem se dispõe a assisti-los (e devemos ser muitos, pois o número de programas emburrecedores e divulgações de má qualidade cresce cada vez mais, não?). Onde o questionamento, a crítica ao absurdo? Onde a sugestão do que eu, você, a vizinha podemos fazer para melhorar este nosso mundo que é tão lindo, mas que anda tão pintado de podre? Onde a nobreza de se ignorar a manipulação, o que não vale a pena, justamente para não valorizar, não dar IBOPE ao que não presta? Onde o exemplo de coisas que deram certo, de iniciativas pequenas e belas, daqueles que ainda acreditam que tem jeito?           

Os ligados, opinados, plugados, que me perdoem, mas eu tenho preferido ser alienada e mais feliz, tentando fazer a minha parte, no mínimo que seja, a me render ao mar de pânico que estão tentando nos vender. 

Gisele Lins escreve aqui às quartas-feiras, enquanto o mundo não acabar e ela nem ficar sabendo. Escreveu este texto antes do desastre de Santa Catarina tomar as proporções que tomou e,  felizmente neste caso, está aliviada pois  tem a impressão que as pessoas estão dando mais atenção aos apelos de ajuda do que ao sensacionalismo barato (mesmo ele também  estando à disposição) . Pede desculpas às exceções, que costumam passar despercebidas, quando deveriam ser as protagonistas .

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Saudade, troço esquisito...

Parece que ela mora no coração da gente. Por tempos, fica adormecida e quando acorda libera toda sua essência, tanto que chega a doer. É..., saudade é um troço esquisito.

Saudade incomoda, por vezes entristece e até paralisa. Ela acorda pra te lembrar de tudo e todos que não estão ao seu lado.

Há algumas semanas ela está com olhos bem abertos em mim, acordadinha. Contou-me muitas coisas e lembrou-me de outras tantas...

A novidade, pra mim, é que posso sentir saudade antes mesmo da situação de saudade acontecer. Confesso que foi inevitável, aconteceu mesmo. Sabia que um amigo passaria a percorrer outra estrada e ainda assim fiquei abalada semanas antes já sentindo a falta que certamente ele me fará.

Dói lembrar meus amigos que vivem em outros países. Lembrar dos sorrisos, dos conselhos, do carinho enorme que mantém a amizade mesmo com a distância física.

Saudade vem também da coesão da turma de Relações Públicas há treze, quatorze anos... o que não existe hoje na turma de Secretariado Executivo.

Paraliso na saudade de meu pai, de seu olhar, que era especial quando dirigido a mim. Do amor grande que exalava dele, de sua sede de leitura. E aí a saudade conta que estará sempre aqui... que algumas pessoas são, sim, insubstituíveis, inesquecíveis e que ela (a saudade) ficará enquanto amarmos pessoas e situações.

Saudade, troço esquisito que traz um nó na garganta, muitos suspiros, um quê de tristeza e até algumas lágrimas. Saudade... lembrar o que foi / é bom, lembrar quem queremos bem, certeza do amor real.

Angel está sentindo muito esse troço esquisito que é a saudade e certa de seus amores.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Assim como as estrelas

Soltou os cabelos, saiu do banheiro. Anastácia não queria mais falar sobre nada ou pelo menos sobre o que os incomodava, não. Preferiu olhar para o céu e buscar estrelas que já não estavam mais lá e pensar que talvez ela um dia permaneça assim, brilhando mesmo após o fim de sua existência; presente mesmo durante a ausência. Ficaram em silêncio por alguns minutos, queriam apenas permanecer juntos, mas não sabiam exatamente como, eram tantas as idéias, as dúvidas, os sonhos e apenas uma certeza, se gostavam. Resolveram então mudar de assunto, mas mesmo nas próximas palavras, e, principalmente, no silêncio, tudo permanecia no mesmo lugar, ainda que por alguns instantes, ainda que por alguns meses, assim como as estrelas no céu. O que não queriam falar, estava lá, reluzente, brilhante, os espiando. Anastácia pensou em voltar para casa e, ao mesmo tempo, não o queria, seus olhos molhavam, sua mente fervia em pensamentos. Naquela noite, as estrelas haviam sido um lugar para a tranquilizar, imagens que a faziam se sentir bem, um foco para a distrair da realidade, após alguns minutos Anastácia não conseguia enxergá-las mais, parecia que ía chover e percebeu o que já sabia – enquanto estivessem juntos eles brilhavam ainda que numa luzinha fraca – tudo ficaria bem.

 

Para as estrelas no céu que nos iluminam sempre, ainda que por detrás de nuvens densas.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...