quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

LET IT GO!!!!


Minha irmã e meu pai são pessoas que guardam tudo. Muito parecidos, são bem organizados e guardam cada papelzinho em arquivo metodicamente alfabetizados, por anos a fio. Dá prá imaginar o tamanho dos arquivos que eles colecionam nos seus escritórios. Um dia vão se sufocar neles.

Bem, minha mãe e eu que somos pró-lixo, damos risadas dos apegos que eles tem com papéizinhos sem importância. Sim, você leu certo. Amo o lixo e jogo fora tudo que for possível, às vezes até algumas coisas que ainda são necessárias. Agora mesmo estou me preparando para fazer parte de um 'Baby Market" aqui na Austrália destinado a mães loucas como eu para se desfazerem de toda baby tralha que atravanca o depósito da casa. Estou contando os dias e tenho certeza que me sentirei uma mulher descarregada depois deste santo evento.

O Seu Fritz fica doido comigo. Mais de uma vez ele ficou atrás de uma anotação que fez em um pedaço de jornal velho e deixou jogado no canto na sala, mas que era de primordial importância, pois, era a senha do seguro do carro para reclamar os pontos do ano passado. AHÁ, adivinha o que havia acontecido?

- Meu bem, o lixo levou!

Não dá, não consigo, deixou por ai dando sopa, foi pro lixo.

Gostaria de usar o mesmo principio que uso para coisas para com as pessoas: não adiciona, não faz diferença e só toma espaço? Vai para o lixo emocional.

Tenho esse péssimo hábito de manter pessoas na minha vida mesmo que as mesmas já não adicionem mais nenhuma experiência, troca, sensação ou emoção. Viraram lixo e mesmo assim eu não consigo me livrar delas!

Todas as outras pessoas no mundo ao meu redor parecem estar num consenso de que estamos numa jornada temporária. Que se unem aqui, passam um tempo juntos e quando já não se tem nada em comum, cada um segue seu caminho.

Refletindo me dou conta que deve ser porque desde pequena quis sempre agradar Gregos e Troianos, ter uma multidão de amigos e viver cercada deles. Tá certo que a vida é feita de relações e eu acho que essa é a melhor parte dela. Eu não viveria numa ilha nuuuunca. Amo pessoas, quero tê-las sempre ao meu redor, meus amigos queridos... mas e aqueles que não mais contribuem para a existência da relação? Let it go!!!!!!!!

Então tá decidido: minha resolução de final de ano é: deixar pra trás quem só está a tomar espaço sem ter ganhado o direito de continuar ali, como um parasita. Vou permitir que o espaço se torne vago até para que novas energias, mais interessantes e motivadas venham se aproximar e de novo tirem meu fôlego com experiências novas e cheias de vida.

Lil escreve aqui esporadicamente e está decidida que o verbo de 2010 e reciclar.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Até a última ponta

Calma galera, esse texto não tem nada a ver com drogas, ok? Prometo!

O tempo é mesmo uma coisa muito louca. Daqui a uns dias será dois mil e dez... algo se parece com os filmes de ficção científica? Não, quase nada.

Alguém aí se lembra de algo importante na ciência, política e economia na primeira década do século passado? E do retrasado? Pois é... diz a lenda que a primeira década é meio “morta”.

Quanto a primeira década acho cedo ainda pra fazer algum balanço dessa que estamos vivendo. Não sou de fazer muitos planos. Gosto de deixar rolar e ver o que a vida guarda de surpresa pra mim. Esse ano foi indo sem que eu percebesse bem a passagem do tempo. Mas ainda assim hoje olho pra trás e fico feliz com o saldo de um ano que quase tudo parecia estar perdido. Ouvi mais rock’n’roll, fiz minha primeira viagem internacional, fiz novos verdadeiros amigos e fortaleci definitivamente laços com os velhos. Disse mais vezes o que penso. Quando eu menos esperava caiu na minha cabeça um sorriso lindo e doce. Tentei vestibular de novo, fiz minha primeira viagem completamente sozinha. E aos quarenta e cinco minutos do primeiro tempo, cortei de vez meu cordão umbilical, ganhei uma vitrola e até ontem não sabia onde passaria o réveillon. Vivi com mais leveza do que nunca.

Mariana pretende ir seguindo assim, no caminho do bem!

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Adeus ano velho???

Como assim? Ano velho? Então o dia que termina daqui a pouco é velho? Os segundos que há pouco passaram, são velhos??

Eu, que estou neste planeta há bem mais que um ano, sou velha??

Tá, chega de histeria. Final de ano tem seu valor, principalmente porque é época de férias, de repor as energias.

Confesso que já fiz listas de: No ano que vem eu... nelas eu escrevia várias coisas que poderia ter feito em qualquer dia da minha vida, mas que projetei para o próximo ano, como se ele fosse mágico! E a maioria delas nunca fiz, nem no ano novo, nem no próximo, nem nunca.

É bom lembrar que, apesar da grande tentação que é deixar todas as expectativas e mudanças para um ano novo, como um grande recomeço, na manhã do dia 1º seremos ainda os mesmos. Teremos as mesmas dificuldades. A mesma vida.

Aproveito esta época, sim, para fazer um grande balanço. Avaliar minhas decisões e analisar o que foi bom, o que tenho que mudar, o que eu gostaria de ter feito diferente. 2009 foi um ano generoso, com muitas aventuras e emoções (tipo Sessão da Tarde, sabem?). E em 2009 aprendi que não preciso esperar o calendário mudar para mudar meus hábitos, para tomar uma atitude. Fiz mudanças, consertos e arranjos que foram necessários.

Percebo que foi um ano no qual me dediquei muito ao trabalho, muito mesmo. E com isso abri mão de minha vida pessoal, de momentos com minha família e até de aspectos importantes para minha saúde. A partir deste Blanco, já estou mudando meu ritmo, minhas prioridades e minhas escolhas.

Renata deseja que, não só em 2010, mas a partir de agora, todos cheguem mais perto do equilíbrio. Consigam ser felizes e fazer felizes os que estão à sua volta!

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Depois de amanhã

No dia seguinte sua cor era branco e cinza, o céu estava nublado, algumas gotas de chuva ensaiavam a tempestade, o sol se escondera assim como Anastácia. Ela olhava para o céu e esperava escutar algo do vento, uma premonição talvez, um anúncio ou, quem sabe, apenas notícias suas. O telefone tocou e era você; perguntou a Anastácia o que fazia e ela lhe disse – estou olhando pro céu – pro céu? Mas o céu hoje são só nuvens! – ainda assim é céu. E ela tinha razão. Ficaram calados por alguns segundos sem saber o que diziam, afinal a noite anterior tinha sido uma repetição de desencontros, na noite anterior haviam se magoado novamente e Anastácia pedia novamente que esses acontecimentos não se repetissem. E pediu aos céus, ao vento, às árvores, mas eles nada lhe disseram. O vento apenas soprou – caaaalma..... E Anastácia buscou acatar a idéia. Por fim conversaram, mais uma vez. E tudo pareceu calmo novamente. Mas Anastácia sem saber ao certo continuava a esperar boas novas, continuava a esperar que o dia depois de amanhã fosse sempre melhor que o atual, pois era assim que ela tentava caminhar, assim era Anastácia.

Feliz ano novo a todos e que todos os dias sejam sempre um processo de evolução e aprimoramentos.

sábado, 26 de dezembro de 2009

Um Natal Sem Cheiro Nem Sabor

Noite de Natal. Tudo preparado para a Ceia, que promete ser maravilhosa. Estou gripada, mas animada com os preparativos. A Ceia começa, todos conversando, comendo, bebendo, apreciando.

Eu começo a achar a ceia meio sem graça. Me dizem que o lombo foi temperado no vinho, coisa que eu costumo fazer, mas não sinto nem o cheiro, nem o gosto do vinho. Ao meu redor, começam a estranhar, pois tenho o olfato muito apurado. Até então, não estranho, pois acho que deve ter sido pouquíssimo vinho, para eu não conseguir senti-lo.

Aí vem a sobremesa. Tem chocolate. Experimento e não sinto nada. Os outros comem, gostam. Provo mais um pedaço e nada. Sem gosto, sem cheiro. Impossível! Começo a me desesperar.

Não me lembro de um dia na vida em que não tenha sentido cheiros. Sempre me orgulhei de ter um olfato muito apurado. E agora, nada! Todos me dizem que é a gripe, e que isso acontece com as pessoas. Oras, quantas vezes estive gripada, com gripes muito mais fortes, e nunca fiquei sem olfato?! Perdi meus superpoderes. Deve se “griptonita”, né?!

Passo a noite de Natal sem graça, triste mesmo. Sei que isso acontece com muita gente, quando tem um resfriado, ou sinusite. Mas nunca aconteceu comigo. No dia seguinte, quando acho que pode ser melhor, nada. O almoço tem gosto de nada, tem cheiro de nada. Começo a sentir saudades até do mau cheiro da cidade. Situação de calamidade quando sentimos saudades de cheiro ruim!

Pois é, o Natal passou, continuo gripada, e meu mundo não fede nem cheira.

Mini-resumo: Tania aguarda o fim da gripe, sonhando voltar a sentir cheiros e sabores que perdeu no Natal.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

O BH Shopping não é mais aquele

Desde criança eu vou ao BH Shopping. Antes era uma viagem. Nova Lima era longe de Belo Horizonte. E convencer mamãe a nos levar ao shopping não era tarefa fácil. Shopping não é lugar de criança, ela dizia. Afinal, em época de inflação galopante, minha mãe – e imagino eu que todas as mães e pais conscientes de então – ia ao shopping basicamente pra ir ao hipermercado logo no dia do pagamento fazer as compras pro mês todo. Senão a inflação comia o salário ou quem ficava sem comida era o trabalhador no fim do mês. Naquela época o dinheiro não valia nada, as pessoas tinham que fazer o dinheiro render. Daí, corria todo mundo pro BH Shopping, que era o único de Belo Horizonte, porque tinha Carrefour só lá e em Contagem das Abóboras(*) (ai, gente, não resisti rsrs) pra fazer compras. O Carrefour ficava lotado de gente, aquela criançada correndo de um lado pra outro, um verdadeiro inferno. Isto eu sempre soube por ouvir dizer, da boca da minha mãe, ao justificar as negativas contumazes diante das minhas súplicas: por favor, mamãe, leva a gente pra passear no “shopicenter”!! Aí ela prometia que ia nos levar outro dia, que não fosse o 5º dia útil e levava mesmo rsrs.

Ah, gente, neste dia era uma farra! Primeira coisa que a gente fazia era atacar a livraria! Não, não, naquela época não tinha Leitura, era Livraria Siciliano, se não me engano. Tem tanto tempo!! A gente fazia a festa lá. Aí no início não tinha McDonald’s também não. Mas tinha Doce Docê. Gente, que coxinha!! Que coxinha!! Sabem o que é uma coxinha de frango com catupiry? Só quem comeu aquela coxinha de frango com catupiry do Doce Docê sabe o que é!! Uma coisa dos deuses, minha gente!! Eu sonho com aquele catupiry derretido até hoje! Quando saí da Santa Casa, operada das amígdalas, de bloquinho e lápis em punho aos sete anos, minha mãe me perguntou se eu queria alguma coisa. Escrevi no bloquinho: coxinha do Doce Docê!! Mamãe me ameaçou de morte. Disse que eu tava com a garganta toda costurada, que não ia conseguir comer. Insisti tanto que ela parou lá e comprou. Comi a coxinha e quase arrebentei os pontos todos. Não me arrependo.

Outra coisa que de vez em quando tinha era Play Center!! Onde hoje tem um prédio enorme, em frente ao BH Shopping, era um estacionamento e montavam lá um mini Play Center. Foi lá que eu andei de montanha russa a primeira vez. Foi mágico! De lá a gente foi à Kopenhagen e me lembro que comi quilos de língua de gato, mamãe comprou muita bala de leite (hummm que gostinho de infância!!) e tinha também aquelas caixinhas de fósforos e cigarrinhos de marzipan. Politicamente incorreto nos dias de hoje, mas uma delícia na época!
E também o Carretão Gaúcho!! Era bem ali na saída para Nova Lima! Quantas e quantas vezes não fomos ali almoçar aos domingos!! É, aí já não era mais tão longe ir ao BH Shopping. A estrada já estava bem melhor, ou eu já estava mais crescida, não dormia no carro no caminho. Não sei. Sei que aquele ainda era o meu shopping. Foi o primeiro lugar que a minha mãe me deixou ir sozinha com as amigas. Eu devia ter uns doze anos. Peguei o ônibus sozinha com as meninas, acreditam?! Rsrs aventuras pré adolescentes. Sim! Na minha época, aos doze anos a gente era pré adolescente. Hoje, aos doze, muitas meninas já são mulheres feitas, siliconadas, turbinadas, já fizeram lipo, rinoplastia, sabem o kama sutra de cor e salteado, têm luzes nos cabelos, vestem-se com grifes, falam cinco idiomas, bebem e não comem nada. Coisas bem mais modernas que eu, razão pela qual eu não as compreendo.

Enfim, anteontem, vinte anos depois de ter ido ao BH Shopping sozinha com as amigas pela primeira vez, voltei ao shopping de BH. Sabem o que vi? Um prédio deformado. Aquela edificação linda foi sendo aumentada conforme ordenou a demanda do consumo: de forma desordenada, como acontece com as grandes cidades. Crescimento desordenado. Nem parece que ali houve projeto, engenharia, arquitetura. Em alguns lugares, apesar de todo o granito e mármore, o shopping me lembrou uma favela. Sabe quando você aproveita um espacinho que sobrou aqui, depois de muito se puxar parede e teto, e faz um banheiro, só pra não ficar um espaço de 5m2 perdido? Afinal, 5m2 num shopping valem uma fortuna!! Não presta pra por loja porque tá no final de um corredorzinho obscuro, atrás da Administração do SAC, mas que, se sinalizar bem, quem estiver desesperado pra fazer xixi acaba achando se for banheiro!! E o estacionamento? Como se não bastasse terem aumentado o shopping usando estrutura metálica (ok, engenheiros e arquitetos, eu me rendo à estrutura metálica: segura, rápida, bom custo benefício e não necessariamente feia), quem pára no último piso tem que descer dois lances de escadas pra depois pegar o elevador. Vão me chamar de preguiçosa? Não chamem: atrás de mim tinha um casal com bebê e carrinho e não tinha rampa em lugar algum. Certamente ninguém vai questionar que idosos e portadores de necessidades especiais também freqüentam shopping centers, principalmente um que toma para si o mote de ser o shopping de BH.

Fiquei triste. O BH Shopping não é mais aquele. Não vi o shopping bonito que eu costumava ver. Não tive o conforto que eu costumava ter. Não desfrutei da funcionalidade que costumava desfrutar. O BH Shopping foi crescendo, crescendo, crescendo. Só que cresceu sem qualquer controle, igual uma espuma de poliuretano solta no ar. Ficou grande demais, feio, esquisito, disforme. Definitivamente, pra quem o conheceu desde o começo, o BH Shopping não é mais o shopping de BH. O BH Shopping não é mais aquele.

(*) piadinha de mineiro: o povo de Contagem odeia que a gente diga que Contagem é das Abóboras!!!
Laeticia está arrasada: o shopping de BH virou mesmo um puxadinho.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Redemoinho

Cansei! Assim uma exaustão de andar tão megera, velhaca, bruaca.

Cansei de reclamar, ranzinzar, reivindicar.

Cansei de me cobrar por não fazer exercícios, não parar de fumar, não achar tempo.

Cansei da minha cara de cansada, de dizer que odeio isso ou aquilo.

Cansei de guardar coisas e de me obrigar a ler livros que não gostei.

Cansei de organizar, arrumar, arrumar, arrumar.

Cansei de dobrar sacolas e calcinhas, de dormir tarde, de ter olheiras.

Cansei de subir na balança, de subir à cabeça, de descer do trem.

Cansei de me preocupar com o que pensar, cansei de querer agradar.

Cansei de perguntar quanto custa e de pensar se vale a pena ou tem desconto.

Cansei de cabides, de gavetas e de plantas secas.

Cansei de adivinhar pensamentos e antecipar respostas.

Cansei de remédios, de horários, de rotinas, de banho quente, do medo do mar.

Cansei de sete ondas, lentilha embaixo da mesa e sementes de uva ou romã.

Cansei dos milhares de pequenos fantasmas girando vinte e quatro horas por dia ao meu redor e sussurrando “tem que fazer isso!”, “tem que fazer aquilo” (Rainhas de Copas e seu “cortem-lhe a cabeça” ecoando como zumbido depois de balada).

Eu quero o ócio. Quero acordar quando acordar. Quero roçar de pernas e ver estrelas cadentes. Quero a preguiça. Quero não apenas ter um amor, mas amar, muito e ainda mais. Quero mais perto os amigos do peito. Quero parar para ver o dia bonito, a borboleta, a pose do cão, o caco de vidro colorido. Eu quero mais poesia, mais música, mais cor, mais alegria. Quero colocar fora, coisas, sentimentos e medos velhos. Quero comer o doce e repetir. Quero andar de patins, andar de balão, andar a cavalo, andar de novo no fundo mar, andar.

Aos que também cansaram de mim, ou comigo, que um novo ano nos faça novos, e traga desejos frescos, caminhos com orvalho, idéias de pimenta e hortelã.

Gisele Lins escreve aqui às quartas-feiras.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Amizade

Alguém sabe explicar a lógica da amizade? Qual a química, a física, a filosofia da amizade?

Anos atrás, quando prestei vestibular, conheci a Val, uma grande amiga pela qual tenho enorme admiração. É engraçado, mas lembro da primeira vez que a vi. Todos nervosos, ansiosos pela prova, e uma menina criando polêmica por causa da classe. Tanto foi e veio, que conseguiu uma classe diferente das nossas, que tinha um braço para escrever. A dela era como uma mesa, mesmo.

Na hora, antipatizei com ela.

Ambas passamos, e fomos colegas por quase 8 anos na faculdade. Inexplicavelmente, apensar da primeira má impressão, logo que começamos a conviver, nos conectamos.

A Val tem uma história de vida com muitas tristezas, as quais ela transformou em alegrias. É espirituosa, corajosa, leal e dedicada. Tem uma garra extraordinária e não se intimida com as adversidades.

A vida, os compromissos, a falta de tempo acabaram nos afastando, mas mantivemos e mantemos uma forte sintonia, um vínculo fraterno mesmo.

Fiquei muito feliz quando ela me convidou para comemorar a defesa de sua dissertação de mestrado. E fiquei muito lisonjeada ao ver que a Val, esse exemplo de vida, de otimismo e de determinação, me incluiu nos agradecimentos, a mim e minha família... pelas palavras dela, pela amizade e pelo exemplo!
Renata ganhou mais um presente de Natal! Feliz Natal a todos! Que todos tenham, também, amigos verdadeiros, que são para toda hora e para a vida inteira!

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

A esperar


Mais um fim de semana,
algumas saídas,
a gente saí e volta pra casa,
às vezes, mais do que durante a semana.

Num Sábado,
Jogando "Imagem e Ação",
por fim, voltamos pra casa,
eu pra minha e você pra sua.

E lá estava ele,
no portão,
nos esperando.
Será? Preferi acreditar que sim.

Com uma carinha assustada,
e, ao mesmo tempo, astuta.
Braquinho igual a um fantasma no meio da noite.
Mas facilmente reconhecível - Pepa!

O gato branco, de rabo cinza, grande companheiro, rueiro também. Ao Pepa que estava no portão a nos esperar, só para fechar a noite.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Na contramão. Ou: como a minha máquina de costura me faz uma pessoa melhor.

Eu tenho um trabalho estressante. 40 horas por semana. Às vezes mais.

Eu vivo numa cidade sem opções de lazer.

Eu não tenho filhos, nem maridos, nem cachorros.

E eu tenho um osso quebrado.

Junte a tudo isso o fato de que eu sou meio viciada em me viciar em alguma coisa.

O resultado disso é que eu tenho um novo hobby. A máquina de costura.

O engraçado é que eu praticamente cresci em um quartinho de costura. Minha tia/ madrinha é uma excelente costureira. Talentosa mesmo. E eu só tinha tentado costurar à máquina uma única vez. Por 3 segundos. E falhei completamente. E desisti por algo como 15 anos.

Estranho que poucos meses atrás eu me encontrasse novamente na situação de querer aprender costurar à máquina. Nem eu sei explicar. Só sei que a vontade surgiu e que desta vez, aparentemente, ela veio pra ficar.

Tá que costurar não é só comprar uma máquina de costura né gente. Além do talento e da habilidade, há todo um arsenal de coisinhas que uma boa costureira tem que ter. Paninhos, fitas e viés (ou vieses? rs) são os mais divertidos. Além de um monte de tutoriais achados na internet.

Eu e minha máquina já quase nos entendemos bem. De vez enquando, posso jurar que até falamos a mesma língua. E já temos projetos para uns bons 6 meses.

Por enquanto o saldo é:

- 20 saquinhos de TNT para colocar meus sapatos

- 9 porta lenços de papel para dar de presente

- 2 alfineteiros para facilitar a minha vida

- 1 saquinho porta-qualquer-coisa pra minha amiga secreta do basquete

- 1 mente sã

Milena escreve aqui às quintas. Está enfrentando dificuldades em deixar sua máquina de costura sozinha em casa enquanto ela sai para o trabalho.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

De repente, 100

De repente 100 posts no De repente 30...

Caramba, de repente mesmo! Quase três anos por aqui?

Cheguei de gaiata, ainda no primeiro mês, e assim fui ficando, espiando, vendo o desabrochar de fases das balzacas queridas que aqui dividem um lugar no mundo.

100 inspiração inúmeras das vezes.

100 vergonha por todas as ausências.

100 noção post sim, post não.

100 desculpas pelas vezes que ofendi, ou que trouxe aqui as nuvens negras do meu sarcasmo, da minha revolta, de sentimentos, memórias ou textos confusos, de pieguices exageradas, egoísmos, de falta de talento, de olhos voltados para o lado negro da força (não foi com intenção, eu sou mesmo 100 noção). 100 dúvida cada desabafo valeu por várias sessões de terapia.

100 palavras pela gratidão de vez por outra poder dividir coisas boas, grandes ou pequenas, minhas, dos que amo, ou ainda dos que admiro.

Mais que 100% grata por ainda estar por aqui, com algumas das balzacas desde o início e com outras que, como eu, foram agregadas pelo caminho e por aqui foram ficando.

100pre, 100pre, obrigada!

Gisele Lins escreve aqui às quartas-feiras. Bem ou mal, há 100 quartas-feiras (licença poética porque já foi do sábado).

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Presente de Natal

Quando eu era criança, passávamos o Natal na casa da minha avó, em São José dos Ausentes. Mesmo em dezembro, era frio. E mesmo frio e longe, o Papai Noel sempre nos deixava presentes de madrugada. Apesar dos meus irmãos me dizerem que era a mãe que fazia isso, eu os julgava como ignorantes, e continuava crendo no bom velhinho.

Um Natal foi particularmente inesquecível: estávamos na estrada ainda, e meu pai parou o carro e desceu. Fomos todos atrás e vimos uma vaca dando à luz. Eu, que nunca fui fresca, não achei nojento, mas mágico. Ficamos todos observando, em silêncio, todo o esforço do bezerrinho para nascer e o da mãe para que o filhote nascesse em segurança. Vimos o carinho dela ao limpá-lo e ao ajudá-lo a ficar de pé. Lembro que minha mãe falou algo como: esse foi um grande presente de Natal para vocês. Isso me marcou muito e comecei a ver que presente não é só aquilo que vem embrulhado em papel bonito.

Hoje ganhei mais um inesquecível presente de Natal. Fomos cantar em um lar de idosos, aqui em Caxias. Fizemos poucas apresentações até agora, mas digo com certeza que eles foram a melhor platéia. Não olhei muito para eles enquanto cantava, por medo de me emocionar e me perder. Mas quando eu espiava, via olhos muito brilhantes nos observando atentamente. Cada pedido de mais uma era de coração. E enquanto cantávamos o Glória, eis que surge o Papai Noel, com um saco cheio de presentes! Dá pra acreditar? Despedimos-nos de um por um, e todos eles tinham palavras de agradecimento e muito carinho. Foi muito bom ver que uma coisa tão simples tocou tão fundo no coração dessas pessoas, seja pela nossa presença, pela nossa música, pela nossa energia, ou por tudo isso. É cada vez mais um prazer cantar neste coral.


Renata teve hoje um dos melhores presentes de Natal.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

As mazelas de fim de ano


Todo ano é a mesma coisa, a gente fica doido pra chegar o fim dele, só pra entrar de férias; mesmo que ninguém goste realmente de ver o ano passar, às vezes, voando. Mas em fim ele chegou, e eu, como de costume, estava contando os dias, os feriados, os fins de semana. Ainda não estou totalmente de férias mas quase lá. É, ser professor não é fácil, mas na verdade fazer as coisas direito não é fácil em nenhuma profissão, todas têm seu lado bom e ruim. Pelo menos eu penso assim. De qualquer forma, mais uma semana, temos que cumprir algumas horas extras pra poder entrar efetivamente de férias, então a gente corrigi prova, faz os boletins, arruma a sala dos professores, as estantes, os livros, reclassifica tudo, e por aí vai. Pra completar um aluno particular meu quer ter aula até na semana do Natal - claro, respondi com um sorriso amarelo no rosto. Afinal fazer o que né, tenho que pensar na minha viagem durante o Reveillon. Pra completar, as mazelas da profissão, fiquei doente, um saco, não acho que eu seja uma pessoa de ficar doente, mas fiquei. Começei um tratamento pra uma alergia que desenvolvi há mais de um ano, e não sara. Já fui a diversos médicos, tomei de tudo para todos, e passei tudo o que me deu vontade, nada. Aí, pensei com meus botões, quem sabe algo AL - TER - NA - TI - VO. E lá fui eu, tenho feito acupuntura e semana passada começei a tomar remédios homeopáticos. PUM - cai na cama com febre, e assim permaneço. Sem falar que no outro fim de semana comi algo que me fez um mal danado. Que pinóia, mal entro de férias e fico assim..... ahhhhhh. Será que tudo na vida pra gente melhorar primeiro tem que piorar? Eu achava que essa regra era só pra término de relacionamento.

Silvia escreve hoje com uma pulga atrás da orelha, já que ainda não conseguiu falar com o médico que a está tratando - alguém pode me dizer se homeopatia tem efeito colateral?


quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

O que acontece quando você faz um convite que requer maiores explicações

Comunicação é o grande viés do nosso tempo. E como já diria o velho (e sábio) ditado: quem não se comunica, se estrumbica.

Segue exemplo ilustrado...

O mote é o coquetel de confraternização da empresa onde trabalho. Ele tem hora pra começar E para acabar, de forma que os mais animados estão organizando uma balada pós coquetel. O convite, feito em PowerPoint (ou algo parecido) precisou de esclarecimentos, o que gerou a conversa transcrita abaixo.

Sim, somos loucos. E você, não é?

***

“Pessoal, para esclarecimento de algumas dúvidas, segue comunicado abaixo:No dia 18/12/09 a discoteca irá funcionar após o término do coquetel às 20:30h, onde será liberado para a entrada do pessoal da *empresa X* e seus respectivos convidados, desde que, maiores de 18 anos.
Todos os funcionários da *empresa X* poderão convidar: namorado (a), esposo (a), filhos (as), parentes e amigos.
Lembrando que ao estacionar no estacionamento da discoteca, vc ganha um convite VIP para entrar na balada, venda somente no local (vagas limitadas no estacionamento).
Obs.: As pessoas convidadas pelos funcionários poderão entrar na discoteca normalmente a partir das 20:30h desde que compre os convites antecipados no valor de R$10,00 ou na portaria com valor a definir R$???
Detalhe, os convites VIP (estacionamento) e antecipado no valor de R$10,00 serão validos para entrada na discoteca até as 21:30h, a partir desse horário será valido o convite no valor de R$15,00.”

Sra. Confúcia: Desculpe mas eu ainda não entendi uma coisa. Quem compra o convite antecipado tem direito a estacionar ou o estacionamento tem que ser pago além do convite?

Sr. Gu Li Chin: Quem for estacionar o carro, ganha o convite na hora em que colocar o carro no estacionamento. Se você não for estacionar e quiser ir pode comprar antecipado.

Sra. Confúcia: E um casal? Paga 20 para estacionar e ganhar dois convites?

Sr. Gu Li Chin: Se fizermos isso, vamos perder o controle do estacionamento. É simples. Compra um convite antecipado e o outro, ganha na hora em que colocar o carro no estacionamento. Entendeu?

... Em uma outra instância, não muito distante dali...

Sr. Frederickson: Eu provavelmente não vou a nenhum dos dois... Mas se por acaso for, acho que talvez pague o estacionamento antecipado e depois da balada pode ser que vá ao coquetel com a entrada VIP do estacionamento sem controle que ganhar na hora quando possivelmente o carro entrar na balada.

Srta. Cafiaspirina: Mas a balada sem controle só tem que pagar quem for depois do coquetel. Se entrarem com o carro, duas pessoas podem pagar.

Sra. Confúcia: Mas aí, quem paga é o carro e os passageiros VIP entram com vagas limitadas no coquetel do estacionamento.

Srta. Cafiaspirina: Mas quem controla o carro tem que ir ao coquetel, onde haverá limite de carros por pessoa...

Sra. Confúcia: Quer dizer que eu e o meu digníssimo teremos que ficar no estacionamento VIP enquanto o carro vai para o coquetel com direito a balada?

Srta. Cafiaspirina: Não. Você não entendeu. O carro VIP só entra no coquetel após a balada sem controle.

Sra Vitimada: Mas o Cascãozinho (o meu carro) não vai poder ir porque ainda não tem 18 anos! Aí vou ter de pagar o estacionamento e comprar e convite!

Sra Vitimada: Não! O coquetel é antes da balada e depois que o carro entrou no estacionamento vip que dá direito a uma pessoa ir á balada!

Sra Vitimada: Acho que eu nasci com o cabelo pintado! Na verdade sou loura! Num to entendeeeeeno!

Srta Cafiaspirina: É muito simples. Se seu carro não tem 18 anos, ele não é VIP, portanto não pode freqüentar o coquetel nem a balada pois não haverá controle. A não ser que haja duas pessoas dentro.

Sra. Kêmula: A balada é junto com nossa cantoria junto com os vampiros da noite no bairral?

Srta Cafiaspirina: Se os vampiros forem VIP sem controle, estão convidados. Não há limite máximo de idade?

Sr. Frederickson: Mas só para a balada, o coquetel é antecipado e com limite de idade só para o carro.

Sr. Caindo de Gaiato: Pessoal vamos organizar isso. Pela minha análise o que precisaremos é providenciar carros maiores de 18 anos de preferência estudantes (paga meia). Só não compreendi que horário teremos que chegar no estacionamento!

Milena escreve aqui às quintas. Adora emails coorporativos e “escreveu”o texto de hoje à muuuitas mãos =)

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Soco na cara

Moro numa casa com quintal (tudo lajotado, uma beleza na concepção daqui e um horror pra mim, que daria tudo por uma graminha fresquinha e uma árvore).

Ganhei de casamento um presente super legal: uma mega blaster piscina, daquelas com a borda inflável (estas mesmas, de videocassetadas), que comporta mais de cinco mil litros de água e, pelos meus cálculos, umas oito pessoas dentro. Fomos nós que incluímos a belezinha na lista de presentes. Não vai ficar o máximo no meu quintal pelado e quente?

Pois é, só que a Pantufa minha SRD peluda dog tamanho médio amor da minha vida, vai dividir o quintal com a piscina. Então, a instalação da mesma está terminantemente condicionada à compra de uma mega blaster capa para a piscina, pois não quero correr o risco de chegar em casa e ter uma sopa de cão amor da minha vida. Junto tem que ter uma lona pra colocar embaixo, serviço completo.

Quem disse que se acha as tais capa e lona? Depois de peregrinações árduas por todas as lojas de piscinas, acessórios de jardim, materiais de construção, material para camping, lojas de 1,99 que estavam ao nosso alcance (dentro do perímetro entre nossa cidadícula e a metrópole mais próxima), apelamos para uma ferragem, que tinha uns rolos de lona na vitrine.

- Moça, a senhora vende lona a metro?

Contextualizando: uma zinha, balconista de uma ferragem, numa cidadezinha, no fiofó do mundo.

- Vendo sim, tem estas aí.

- Qual é a largura delas?

- É de quatro metros.

- Não tem mais grossa que estas?

- Tem não.

- Sabe onde posso achar?

- Há, mais grossa é difícil, heim? Tem já cortada com ilhós, mas é mais cara, sugiro comprar dessa aí mesmo e dobrar no meio. Desculpa a pergunta, mas pra que é mesmo?

- Pra colocar uma piscina inflável.

Longa pausa e cara de nádegas...

- Não é que eu não queira vender, não, mas, porque vocês não se associam num clube?

Depois não sabem porque as pessoas cometem crimes hediondos.

Gisele Lins escreve aqui às quartas-feiras. Ela e o digníssimo SÃO sócios de um clube bacana. Não se conforma de ter respirado fundo e segurado a TPM

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Corrida maluca

Lembram do desenho a Corrida Maluca? (Sei que é um atestado de idade mas, afinal, eu escrevo num blog que se chama De repente 30, né?)

Pois acho que estou num episódio daqueles... Sério!

Tenho aquela sensação de querer chegar, mas sem saber muito bem aonde. Tenho obstáculos sérios, engraçados, distrações, eventos surreais a todo instante, aparentemente me tirando do foco, da corrida.

Como um grupo de alunos da sexta série com revista pornô na escola! Como uma aluna de 9 anos com a mochila tão cheia de lixo que usei uma das colheres que estavam na mochila (sic) para escavar o conteúdo (que incluía uma mação podre) e colocar no lixo.

Muitos eventos são bons e surreais, como aplaudir de pé minha filha na estréia dela no teatro, uma surpresa, uma revelação! Linda, inteligente e talentosa!!!

Outros são apenas irritantes, como um motoqueiro bater na traseira do meu carro porque acho que eu ia arrancar.

Já outros são estranhamente emocionantes, como a adrenalina de apresentar canções de Natal com o coral, onde for, para o público que for.

Há os emocionantes e divertidos, como amigo secreto com pessoas mui caras, com comida muito fina!

Há os cansativos e frustrantes, como bate e volta pra Floripa pra prestar concurso e ir BEM mal...

Mas também há os cansativos e legais, como bate e volta pra Santa Maria para apresentar pôster e ser MUITO bom (exceção pras 12 horas de ônibus).

O que há é esse sentimento de balanço, de reflexão e, sim, de se chegar viva e inteira ao fim do ano: a linha de chegada e de partida.


Renata tem dúvidas se esses são obstáculos, distrações, se são a corrida em si, ou se já são a chegada... por via das dúvidas, vai curtindo tudo o que pode!

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Somos ainda?


Será que ainda somos os mesmos,
que sonhavam juntos,
que andavam de mão dadas,
que acreditavam que termos um ao outro bastaria,
que o trabalho, os amigos, as conquistas, viriam como consequências de nossa união?

Será que ainda deixamos de fazer algo, por que preferimos estar juntos,
que planejamos nossas férias juntos, bem como feriados, churrascos, e visitas,
e quem sabe ainda, o quanto iremos gastar, beber, e/ou comer,
pois pensamos em conjunto e não mais individualmente?

Será que ainda estamos no mesmo degrau,
na mesma sintonia,
na mesma idéia, vontade, desejo, amizade, carinho,
e outras coisinhas que a gente só sente quando não se está mais só?

Será que somos ainda?

Silvia escreve hoje, se sentindo um pouco só.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

01/12/09: o dia em que eu tomei meu último antidepressivo, fiz aniversário de casamento e um homem quis fazer um “pograma” comigo!!


Terça-feira, 10:00h. Imaginem a cidadã aqui, toda arrumadinha, fugida do trabalho, deixando o carro com o manobrista da Mixed; toca o celular.

- Alô!
- Alô. É Letícia?
- Sim, sou eu. Quem fala?
- Letícia, quem me deu seu telefone foi um colega seu de escola, o Mário. Ele me falou que você faz pograma (sic)...
- HEIN?!!! QUEM TÁ FALANDO?! QUEM TÁ FALANDO?!
- Quem me deu seu telefone foi o Mário...
- EU QUERO SABER QUEM É QUE ESTÁ FALANDO!! AGORA!! FALA SEU NOME AGORA!! FALOU QUE EU FAÇO O QUÊ?!!
- Meu colega falou que saiu com você, que você faz pograma (sic) e eu queria saber como é que faz pra gente estar marcando porque eu queria te conhecer.
- COMO É QUE É?! QUEM É QUE TE DEU MEU TELEFONE?! FALOU QUE EU FAÇO O QUÊ?! QUEM É QUE TÁ FALANDO?! ISSO SÓ PODE SER UMA BRINCADEIRA DE MAU GOSTO!! DE MUITO MAU GOSTO!! QUEM É QUE TÁ FALANDO?! OLHA, MEU SENHOR, A PESSOA QUE PASSOU MEU TELEFONE PRO SENHOR QUERIA ME OFENDER E MUITO!! AGORA O SENHOR ME FAÇA O FAVOR DE ME DAR O NOME E O TELEFONE DE QUEM DEU MEU CELULAR PRO SENHOR QUE EU VOU PROCESSAR ESTA PESSOA!!
- tu-tu-tu-tu... Desligou o telefone.

Vocês conseguem imaginar a minha cara? Agora tentem imaginar a cara do manobrista!! Eu já estava pensando em contratar um detetive particular e um matador de aluguel, gente, pra lavar a minha honra com sangue, vocês têm noção? Eram dez horas da manhã!! Meu aniversário de casamento!! Eu tava toda feliz que era meu último dia de sertralina!! E um ser semi alfabetizado me liga querendo fazer POGRAMA comigo!! Gente, eu entrei na Mixed completamente transtornada! Quase abri a boca a chorar de nervoso. Um ano de tratamento pra depressão quase vai por água abaixo! Dei sorte de encontrar uma amiga minha lá e ela e as meninas da loja conseguiram me acalmar, viu. Ficamos lá elaborando mil teorias sobre como o cara teria conseguido meu celular. Tentei me lembrar se algum dia tinha estudado com algum Mário. Nenhum, gente! Além do mais, teria que ser um Mário que me odiasse, né? Pra me sacanear desse jeito!! Ou então tinha que ter um Mário e outra Letícia na minha sala. Mas não, nunca estudei com nenhum Mário. E as Letícias que conheço, duvido que sejam capazes de tamanha baixeza. Aí as meninas começaram com as teorias de garotas de programa de luxo. E eu duvidando. Pois eu já estava quase sendo convencida de que uma das Letícias que eu conheço podia ser uma vagabunda com a qual eu estava sendo injustamente confundida quando meu celular toca. E não era o infeliz de novo?!

- Doutora Laeticia?
- Sim, sou eu!
- Doutora, liguei pro rapaz que me deu seu telefone e ele me mandou ligar pra doutora imediatamente e pedir um milhão de desculpas!! A doutora é adevogada (sic), né?
- Sou sim advogada.
- Pois é, doutora, o rapaz me mandou ligar pra senhora e pedir um milhão de desculpas, que ele pegou o telefone da Letícia errada, ele se confundiu todo e pegou o número errado e deu o celular da doutora adevogada (sic) e me mandou ligar e dizer que sente muito e pedir desculpas e a doutora me perdoe e desculpa ele também que ele está com muita vergonha e eu também e estou muito sem graça e a doutora me desculpe mesmo.
- Sim, mas vocês têm que tomar cuidado com estas coisas, porque vocês me ofenderam, e já pensou se meu marido atende o telefone?
- Nossa senhora mãe do céu, doutora, a senhora nem me fale uma coisa dessas, a doutora me desculpe mesmo, o rapaz está lá todo preocupado e me mandou ligar imediatamente pra doutora e pedir um milhão de desculpas então a doutora me desculpe e desculpe ele também então a doutora me desculpe mesmo viu.

E desligou o telefone.

Agora, fala sério: VOCÊS CONHECEM ALGUÉM MAIS COM QUEM JÁ TENHA ACONTECIDO ALGO SIMILAR?!!!

Laeticia decididamente vai começar a escrever um diário!

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Janela digital

Andei perguntando-me por onde andavas e como seria sua vida. Já faz mais de dez anos que não a vejo agora.

É estranho, não? Naquela época você era uma menininha que parecia tímida, ciente mas alheia à morte de nosso pai. Pouco lembro de sua voz, mas lembro bem do quanto eu identificava coisas minhas em você, traços do rosto, traços do corpo, a forma como meu pai a tratava. Eu sou a caçula e você também, coisas dos tempos de hoje, ou daquela época.

Hoje o Google me contou que você passou no vestibular para Relações Internacionais e que deve começar a estudar no ano que vem. Também me mostrou uma foto de uma moça muito bonita que eu acho que é você.

Que gênio você terá? Será tão curiosa e mimada como eu? E carinhosa e teimosa? E frágil, sentimentalóide, sonhadora, que vive transitando entre seu próprio mundo cor-de-rosa e a realidade às vezes bem diferente? Será que também detesta ser melancólica, mas o é tanto?

Pelo pouco que soube hoje, temos algo em comum: você deve gostar de estudar, ou teve a sorte de herdar a inteligência de nosso pai (tão nova passando no vestibular) e deve andar querendo mudar o mundo (Relações Internacionais?).

Não tivemos culpa do que passou, havia tantos interlocutores entre nós que prefiro pensar que nossas mensagens se perderam e acabaram se tornando comunicados, frios e distantes, hoje amarelados, apagados ou mesmo esquecidos pelo tempo.

Que estes anos tenham passado para você tornando-a não apenas uma bela mulher, mas uma pessoa forte e ainda sonhadora, apesar de tudo. De longe, muito de longe, eu rezo por você e torço que esta nova fase, este mais um recomeçar da sua vida seja lindo.

Eu ando pelo mundo
Prestando atenção em cores
Que eu não sei o nome
Cores de Almodóvar
Cores de Frida Kahlo
Cores!

Passeio pelo escuro
Eu presto muita atenção
No que meu irmão ouve
E como uma segunda pele
Um calo, uma casca
Uma cápsula protetora
Ai, Eu quero chegar antes
Prá sinalizar
O estar de cada coisa
Filtrar seus graus...

Eu ando pelo mundo
Divertindo gente
Chorando ao telefone
E vendo doer a fome
Nos meninos que têm fome...

Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
Quem é ela? Quem é ela?
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle...

Trecho da Música Esquadros

Composição: Adriana Calcanhoto

Gisele Lins escreve aqui às quartas-feiras. Às vezes de longe, muito longe.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Brasileiro, Profissão Esperança

Em cartaz no Teatro da Cidade, em Belo Horizonte, até 13 de dezembro, o musical “Brasileiro, Profissão Esperança” é uma ótima opção para quem aprecia a música popular brasileira. Este musical foi escrito na década de 1960 por Paulo Pontes, e obteve grande sucesso na década de 1970, com Paulo Gracindo e Clara Nunes. Agora, repaginado, dirigido e produzido por Pedro Paulo Cava, que já fez “Mulheres de Holanda”, sobre o universo feminino na obra de Chico Buarque, e “Estrela Dalva”, sobre a vida de Dalva de Oliveira, este peça volta a ser atual e um bom convite para se discutir os rumos sócias e políticos do Brasil, além de ótimo divertimento.

A peça conta as vidas da cantora Dolores Duran e do cronista Antonio Maria, e, assim, passeia pelo cotidiano e pelo cenário artístico do Brasil nos anos de 1950 a 19680, incluindo músicas de artistas que foram influenciados pela dupla. Além das crônicas de Antonio Maria e das músicas de Dolores Duran, interpretadas ao vivo pela atriz Rose Brant e pelo ator Mário César Camargo, com acompanhamento de piano, percussão, violão, também ao vivo no palco, há também músicas de Caetano Veloso, Chico Buarque, Maysa, Edu Lobo, Paulinho da Viola, entre outros. E há também textos de Vinícius de Moraes, do poeta português José Régio, de Paulo Francis, de Pedro Paulo Cava. É maravilhoso, e relembra um Brasil que, mesmo com problemas, corrupção, repressão, ainda tinha esperança; ainda acreditava no amor.

Diferente da montagem da década de 1970, que foi gravada e recentemente remasterizada em CD, e pode ser ouvida e sentida no tom forte e triste, a peça atual mantém a esperança como ponto alto, e mostra que ainda é preciso ter esperança em nosso país, pois essa é a marca do povo brasileiro, é nossa profissão, como diz a peça, nas palavras de Antonio Maria. Não deixe de ver!

Tania gosta de sugerir programação cultural neste blog, pois acredita que cultura deve ser divulgada, promovida, vista por todos, como forma de lazer, e de educação.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

A definição de sem graça


Desde a semana passada tenho tentado escrever algo,
mas não consigo,
nem mudar de tema ou assunto,
nem pensar noutra coisa.

Desde a sua ida, a gente tem estado assim,
sem ir nem vir,
sem saber o que dizer,
continuando a viver, pois é só isso que a gente sabe fazer.

E, por mais que tentêmos encontrar respostas,
sabemos também que elas não existem,
e se exitem, ainda não foram descobertas.
Por mais que a gente tente, ficamos sem palavras, pois palavras não te trarão de volta.

E no meio disso tudo,
da vida, da morte,
da raiva e da conformação,
nos sentimos assim, sem graça, sem nada, vazios.

E percebi que esse sentimento,
se é que pode ser considerado um,
é a definição exata de quando a gente diz - sem graça.
É assim que o mundo fica quando alguém que a gente gosta se vai.

Silvia escreve às segundas, quando as palavras querem.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

A Cólera Nunca é Súbita


Há determinadas coisas que as pessoas dizem por aí que não deixam a menor sombra de dúvida de que falaram sem pensar. Aliás, o mais se tem visto e ouvido são pessoas sofrendo verborréias de fazer tremer o mais reles mortal, que dirá os Imortais. Embora muito do meu respeito pela Casa tenha ido por água abaixo depois que aquele senhorzinho maranhense adquiriu sabe-se lá como o seu fardão. Enfim, acabamos nos acostumando tanto a estes despautérios com nossa língua e literatura que nos surpreendemos muito quando algo de bom surge diante de nossos olhos e ecoa em nossos ouvidos. E ficamos dias e dias nos lembrando daquele momento de luz.

A Cólera Nunca É Súbita.

Alguém aí já tinha parado para pensar nisso? Já ouvi várias vezes as pessoas dizendo “fui subitamente tomado pela cólera”, “o ódio tomou conta de mim de repente”, “ quando vi, a raiva tinha me dominado na hora”! Antes que alguém ache que eu acabei de sair de um hospício ou até mesmo da cadeia, pra quem não sabe, advoguei na esfera criminal durante quase sete anos, por isto é que já ouvi muito estas frases.

Mas a realidade é que ninguém é subitamente tomado pela cólera. O ódio não toma conta de ninguém de repente. Nem a raiva nos domina sem que tenha nos dado sinais de sua presença. Aquele momento no qual passamos do limite, quando perdemos o controle de nós mesmos e nos sentimos completamente dominados por um sentimento ele não surge assim, do nada. A palavra, o gesto, o olhar, o riso. Ou justamente o contrário, a ausência da palavra, do toque, do olhar, do sorrido são apenas a gota d’água no copo de cólera.

Quem nunca assistiu ao filme do Raduan Nassar devia. Um Copo de Cólera pra mim era um filme meio incompleto até eu ver a Cólera, do Alexandre Wagner. Acho que agora o filme faz mais sentido pra mim. Era o que faltava pra eu entender aqueles olhos vidrados do personagem que superficialmente apenas declarava guerra às saúvas! Se é que alguém consegue perceber algum tipo de superficialidade num trabalho tão profundo como o do Raduan Nassar.

Você tem razão, Alexandre, a cólera nunca é súbita. Acho que cólera pode ser o somatório de tantos sentimentos e experiências que eu não me atrevo a entendê-la, tampouco a defini-la. Esta é uma tarefa complexa demais. Mas tenho um palpite: talvez a cólera seja apenas a gota d’água.


Laeticia já teve seus dias de fúria. E quem não os teve?



(*) http://www.alexandrewagner.com.br/

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Relicário

Dona Benedita viveu muito bem.
Era corajosa (principalmente), amorosa (mas não sentimental), brava (até o fim), ranzinza (até ser engraçada), forte (e não agüentava mimimi de ninguém), vaidosa, sagaz, decidida, firme. Era bem feliz.

Dona Benedita morreu dormindo aos 87 (talvez 89) anos. Morreu de velhice, ainda lúcida, após ter ajudado a criar vários netos (eu, inclusive).

Deixa para trás, com muitas saudades, 4 filhas, 15 netos e 7 bisnetos. Genros e noras. Amigos, primos, sobrinhos, irmãs.

Deixa o exemplo de uma matriarca, que sempre teve nas mãos as rédeas da própria vida.

Deixa em nossas lembranças o cheiro de lenha queimada no fogão, de café passado na hora, o gosto da melhor comida do mundo.

Deixa em nossos corações a certeza de que a vida é passageira. E passa muito rápido.

Milena escreve aqui às quintas. Nessa, está a 7 dias de luto.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Uma pausa na vida.

Tinha a certeza de já ter se sentido assim antes. Após algum campeonato, após alguma formatura, após a morte de alguém. Sempre depois de algo importante. Achava que devia até mesmo ser uma reação fisiológica à adrenalina de um momento muito intenso, a calmaria depois da tormenta.

Não sabia bem se gostava ou não da sensação. Uma espécie de saudosismo, a falta de não se sabe o quê. É como se tivesse perdido algo. Não algo que se foi, deixando um vazio, mas algo transbordado, deixando uma plenitude um pouco apavorante.

Uma pausa na vida a assustava, ainda que breve, onde não havia nada que queria muito, ou nada que fosse para ontem. Era como uma folha branca de papel, mágica pelo convite de que tudo ali pode ser criado, mas trágica para o criador, em seu medo do que pode vir a criar.

Um silêncio oco como trilha sonora, deixando espaço para verdadeiramente ver pessoas e situações que antes também estavam ali, mas não havia espaço para elas. Sente suas dores, vibra com suas conquistas, surpreende-se como uma criança com emoções sentidas pelos outros, tomando o lugar das emoções há pouco reservadas apenas para si mesma.

Pensou ser um tipo de tédio, mas não, um tipo de apatia, mas não. Apenas desligou o automático. Desligou-se das listas. Desligou-se das opiniões, de preocupar-se em corresponder ao que desejavam dela. Desligou-se de dar explicação quando não compreendida. Desligou-se de surtar quando o esperado resolve se atrasar, ou simplesmente não acontece. Desligou-se de analisar infinitamente se a decisão, ou a ação, era a mais correta, a mais adequada, como um cão correndo atrás do próprio rabo.

Pensou ser um tipo de preguiça, e descobriu que era mesmo. Preguiça de sua natureza ávida por novos caminhos. Preguiça de si mesma. Assustadora, mas deliciosamente preguiçosa, decidiu que queria permanecer assim, esbanjando este sentimento estranho que não era novo, mas era raro.

Gisele Lins escreve aqui às quartas-feiras. Procurando rascunhos, com preguiça de páginas em branco.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

O mico do ano

Sei que o ano ainda não acabou, embora essa seja a sensação. Mas o mico que paguei esses dias com certeza não será superado até o dia 31 de dezembro!

Primeiro, pra contextualizar, uma pequena exibição: fiz mais uma apresentação com o coral e foi mooooito melhor que a primeira. Isso na minha opinião, o que é bem discutível.

E acabei saindo de lá em torno de 1 da manhã. Acontece que há semanas tinha combinado com uma amiga de ir nesse dia com ela a uma festa à fantasia. Ela estava no lugar da festa, fantasiada, me esperando e sem bateria no celular...

Eu, que sou uma super amiga (e modesta!), fui pra casa, tomei banho, montei uma bruxa de chapéu de tudo e fui pra festa! Visualizem, se puderem: eu chegando de táxi à 1 e meia da manhã numa festa à fantasia lotada, mas apenas umas 10 pessoas efetivamente usavam fantasia!

Como assim?! Não se pode mais nem contar com o espírito festeiro das pessoas? Com a falta de senso do ridículo?!

Respirei fundo e fui. Na entrada me ofereceram uma máscara. É óbvio que eu usei, precisava muito de uma máscara, pra tentar passar despercebida! Lá dentro, procurei minha amiga: loira, de roupa preta, provavelmente de máscara... Vocês não têm ideia de quantas loiras de preto e de máscara tinha naquele lugar!

Mas tudo acabou bem, com final feliz. Nos encontramos, a festa foi massa e minha cara de pau está cada vez mais lustra!

Renata escreve às terças, e espera que o mico do ano fique por aí, porque senão a coisa vai ficar preta!

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Intelectual?


Nunca achei que alguém fosse estúpido o suficiente para acreditar naquela piada de que homem compra Playboy porque as reportagens são ótimas. Homem compra Playboy pra ver mulher pelada. Mulher bonita, gostosa, boazuda e pelada, evidentemente. Não necessariamente bonitas, ok. Mas sob o ponto de vista masculino, que é o que interessa, venhamos e convenhamos, 100% das capas da Playboy enquadram-se absolutamente nos quesitos gostosa e boazuda. O resto é resto. É bônus.

Ledo engano. E ivo. Parece que a Fernanda Young acredita neste conto da carochinha. Senão teria ficado em casa escrevendo mais uma historinha pro Rui e pra Vani!! E sequer cogitaria a hipótese de ser campeã de vendas da Playboy. A menos que seja uma piadinha infame por parte dela, caso em que já faço a mea culpa e peço pra sair!! Mas a pior piada ficou registrada. Em milhares de exemplares, um dos quais está aqui em casa.

E pensar que a assinatura da revista sai do orçamento familiar!!! Lastimável.

Ainda bem que a Flávia Alessandra vai lavar a honra da revista no mês que vem. Porque já que é pro meu marido ficar vendo mulher pelada em revista, pelo menos que seja uma mais gostosa que eu!!!

Laeticia primeiro vê e depois lê a Playboy há pelo menos oito anos. Normalmente acha os ensaios lindos, mas este da Fernanda Young ela considera uma piada de mau gosto com os assinantes. Pior, só se sair mesmo a talzinha da Uniban.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Pílulas baianas

Uma das primeiras coisas que um baiano diz ao te conhecer é que é para não estranhar que baiano tem talento: “tá lento” pra tudo.

No primeiro dia na pousada descobrimos que no meio do mato deveríamos pegar quatro canais da TV a cabo. No nosso quarto só pegavam três. Pedi para darem uma olhada. Resultado: agora só pegam dois.

Pra cobrar os olhos da cara por qualquer coisa, no entanto, o baiano é bem ligeirinho... R$ 3,00 por um côco? R$ 45,00 por um peixinho na brasa pescado lá mesmo? R$ 10,00 pra sentar no guarda-sol? Ligeiros, heim?

(homem com a filhinha em loja de artesanato de madeira)

- Que bicho é esse moça?

- É um apito!

(a pessoa aqui procurando para um amigo uma encomenda de um negócio azul pra usar no pescoço, daqueles “de religião” que esqueci o nome)

- Moça, como é o nome disso aqui?

- Colar (!).

Não acredite imediatamente no que um guia turístico baiano te diz. As chances de ele estar tirando onda com a sua cara são de 90% e dele estar inventando são de 10%. O bom é que ao menos até o fim do passeio ele confessa.

Se você é como eu e discorda do que todos dizem a respeito de frutas que causam prisão de ventre (como goiaba, caju e jabuticaba), não tente jamais comer subseqüentemente oito cajus, mesmo que pareça irresistível comê-los na Bahia, direto do pé. Isso não é uma boa idéia.

Puko me ajuda! Não tem nada passando na minha cabeça, e agora?

Quando algum passeio reservado com muita antecedência for cancelado, não se preocupe. Use o tempo extra pra questionar a três guias diferentes os motivos do cancelamento e receba três histórias estapafúrdias totalmente distintas como explicação. É divertido.

Se você for fazer um batismo de mergulho em alguma piscina natural com mais ou menos sete metros de profundidade e desconfiar que seria ridículo você lá, de long, nadadeiras, máscara, pesinho na cintura e cilindro, enquanto passa uma bonita só de biquíni e snorkel por baixo de você, pode ter certeza de que é exatamente isso que vai acontecer.

Cuidado com os hippies baianos. Eles têm a incrível habilidade de te vender tranqueiras por um preço absurdo. Pior é que você ainda sai achando que fez um bom negócio, até perceber que foi praticamente roubada, e ainda por um doidão.

Na Bahia (pelo menos no pedaço onde estamos), não toca mais Aché, nem tem fitinha do Bonfim, e é difícil achar um acarajé. Baiano não é mais lento, os gringos invadiram, turista brasileiro é quase ignorado e aqui, a inflação forte ainda existe. Mas mesmo assim, a Bahia continua linda, maravilhosa, e perfeita pra esquecer o mundo lá fora.

Gisele Lins escreve aqui às quartas-feiras. Nesta, em lua-de-mel e de férias na Bahia, super em paz, super relax, super light, cheia de amorzinho e com muito “tá lento”.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

You must do before 30`s (lista precoce)


Como muitos já perceberam, sou colega da Milena no time: Eu adoro fazer listas! Seja de lugares aonde ir, coisas a fazer, a comprar, até e-mails a mandar.
Se você procurar um pouco, encontrará diversas listas como 30 coisas para fazer antes dos 30. Há itens legais, outros são pura bobagem, mas são listas de outras pessoas, de outras vidas. Fazendo jus ao meu caráter ansioso e precoce, comecei a pensar na minha lista pré trinta, lembrar de coisas que queria muito fazer, coisas importantes que já fiz, embora ainda faltem quase 3 meses pra eu trintar. E, sabe, fiquei bem satisfeita com a minha listinha:
- já tive uma filha (passei meus genes adiante, com muito sucesso!);
- já me graduei. E fiz mestrado. E fiz especialização;
- já amei e fui amada. Tive o coração partido, mas continuo firme;
- magoei e fui magoada. Perdoei;
- estive perto de desistir, mas lutei;
- acampei e fiz trabalhos de campos em lugares incríveis;
- tomei banho de cascata no inverno, de jeans e camiseta, na água tão fria que era difícil respirar;
- já fui pra Europa. Pros EUA. E conheço vários lugares do Brasil;
- já fui a Minas só por amizade;
- já fiz uma tatuagem - linda!
- escrevo no blog – a realização de um desejo pessoal
- canto num coral. Mal, mas eu canto!
- conheço pessoas maravilhosas, que muito acrescentam na minha vida
- tomei as rédeas da minha alimentação, do meu peso e do meu corpo. Agora só falta do humor;
- dirijo pra onde precisar;
- tive vários empregos que me ensinaram muitas coisas;
- freqüento (e gosto de) academia;
- fiz curso de mergulho, embora faça anos, uma experiência inesquecível;
- já sou tia!!
- fui organizadora de dois livros e autora de capítulos (com muita satisfação!);
- participei da Universidade Solidária, no Maranhão – uma lição de humanidade;
- já perdi uma pessoa muito querida, e aprendi a dar mais valor à vida.

Há muitas coisas faltando na minha lista. E não acho que se deva antecipar coisas ou fases em função de uma data, cada coisa a seu tempo. Afinal, a vida começa no nascimento e não em uma data específica. Nem termina por aí. Na minha lista de coisas feitas, ainda vou colocar (só não garanto que até os 30, mas vou colocar):
- aprender uma terceira língua
- fazer uma viagem de carro pela América Latina; conhecer a Patagônia
- escalar
- cantar num barzinho
- aprender a fazer as unhas
- viajar mais
- colocar um piercing e fazer outra tatuagem
- aprender a andar de bicicleta (dispenso comentários sobre essa parte, não sei e pronto.)
- voar de paraglider
- escrever um livro
- cursar filosofia
- ver uma baleia de perto
- ter cabelo verde
- aprender a dizer não.

Renata ainda tem muito que fazer. E a lista não para de crescer.
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