quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Na terra do Tio Sam


As aventuras de uma alma interioriana na cidade grande. Muito grande.

Primeira coisa: é frio em NYC. E não é um frio que dá pra se vestir com glamour. É frio de ficar encapotada igual um esquimó. O vento passa pela pele e vai até o osso, transformando você em um grande iceberg. Tá, nem é tanto assim. Mas a sensação térmica de -12°C é realmente uma coisa impressionante.

Fato 1: os norte americanos são educados e muitos deles são até gentis. Não igual a um mineiro, mas certamente bem mais do que a maioria dos paulistanos. Desculpe-me, com licença e obrigado são as palavras que eu mais ouvi por aqui até agora.

Fato 2: você pode falar qualquer língua em NYC que alguém vai te entender. Ou vai conhecer alguém que vai te entender. De qualquer forma, comunicação não é problema por aqui.

Fato 3: todo mundo que anda de metrô tem um i-Pod. É sério. O Steve Jobs deve ter pacto com o cara lá de baixo.

Fato 4: brasileiro é igual nota de 1 dólar. Acho que não passei um dia sem cruzar com alguém da terrinha.

Fato 5: deus abençoe o homem que inventou o aquecedor. Tomara que tenha sido o mesmo do ar condicionado. Um gênio!

Fato 6: os judeus não se espalharam pelo mundo. Eles estão todos no Brooklin.

Milena escreve aqui às quintas. Nas próximas, diretamente da terra do tio sam.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Não tem preço

Despedir-me de uma amiga com quem aprendi e cresci muito, com o coração apertado de quem não vai mais ter a convivência diária do trabalho, enfim equilibrada depois de muitas emoções, mas feliz por ter a certeza de ver nos olhos dela a esperança de dias melhores em um novo caminho.

Terminar uma semana de trabalho tão estressante como se fosse setembro, e não a semana antes do início oficial do ano no Brasil, com a sensação de dever cumprido.

Despedir-me de outra amiga querida, que vai para muito longe, mas volta logo (não tão logo, não é flor?), mas feliz por poder estar contaminada com apenas uma fração das borboletas na barriga que ela, com certeza, agora já deve ter sentido e ainda vai sentir muitas e muitas vezes nas próximas semanas.

Pegar o carro com Sr Puko e andar mais de mil quilômetros por lugares que nunca andamos, dividindo nosso cansaço, nossa companhia, nossos pensamentos e relaxando.

Visitar amigos muito queridos, confirmando que a certeza de que a distância e o tempo não afastam os que se curtem de verdade. De lambuja ficar faceira à beça por vê-los bem, cheios de planos, cheios de sonhos e felizes.

Ter amigos que também adoram cozinhar e ser cobaia de uma seqüência de experimentos gastronômicos magníficos.

Aprender a jogar pôquer e, melhor ainda, ganhar de quem sabia jogar, rsrs.

Descobrir o que é um quati ao vivo, a cores e a muitas risadas.

Visitar a divisa de três países e, intimamente, ter orgulho de ser brasileira, apesar de tudo.

Presenciar um espetáculo fenomenal da natureza, as Cataratas do Iguaçu, ficar embasbacada e ter a certeza de que Deus existe, de que Ele é brasileiro e de que devia estar mesmo muito entediado quando criou este pedacinho do Paraná tão extraordinário.

Comprar o short mais horrendo do mundo, mas com um grande propósito.

Descer uma escadícula de 500 degraus penhasco abaixo, no melhor estilo Indiana Jones, com a diferença de estar morrendo de medo, para fazer rafting no rio Iguaçu.

Poder nadar num rio que de longe parece tão mansinho, mas que de dentro prova que é mesmo um baita rio.

Visitar uma hidrelétrica gigantesca, ficar embasbacada com o que o homem é capaz de fazer e, de quebra, descobrir de onde vem a luz lá de casa.

Conseguir passar mais um carnaval diferente, fazendo as coisas que eu mais amo, com as pessoas que eu amo, e desopilando completamente.

Voltar para casa.


Gisele Lins escreve aqui às quartas-feiras. Definitivamente adorou seu carnaval.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Educação, de novo

Pular carnaval? Vou e pular o semi-feriado trabalhando. Como fiz durante estes dois meses iniciais do ano. Se bem que, para professor, o ano só começa mesmo quando começam as aulas. Não sei se contei aqui, mas neste ano assumi a vice-direção da escola onde atuo, no turno da manhã. Então, após organizar as coisas de infra-estrutura básica, agora faltam ainda algumas questões de logística e planejar os primeiros dias do ano que começa quarta-feira. Dentro do que me referi à infra-estrutura, não pensem que fizemos grandes obras, não. Mas, por exemplo: para deixar a escola com todas as lâmpadas e tomadas funcionando para o início do ano letivo, foram seiscentos reais em material, fora a mão de obra. Ou as salas de aula pintadas de amarelo queimado e marrom (sic) que eu, a vice da tarde e a diretora pintamos de verde clarinho com a tinta que havia sobrado de uma doação. Pena que a tinta foi suficiente apenas para duas salas, que ficaram muito mais iluminadas, parecem maiores e acho que os alunos vão gostar bastante.

Falo também da rampa de acesso que a escola não possuía e que o avô de uma menina cadeirante que será nossa aluna neste ano construiu, com cimento e areia doados por uma professora. Falo de coisas pequenas, que são importantes para o bem-estar de todos que freqüentam a escola e que, se não incluídas no cuidado e manutenção constantes, se tornam bastante dispendiosas.

Mas o problema não é passar as férias fazendo, contratando quem faça ou pedindo diversas vezes para os pais que façam. (Haja óleo de Peroba para lustrar tamanhas caras de pau!). O problema é que tudo isso acaba tirando o foco da aprendizagem, essa sim, compromisso maior da escola. Claro que uma luz que acende é importante para a educação, mas um professor que tenha seu tempo e espaço de planejamento garantidos e que usufrua deles, também é. Uma biblioteca com muitos volumes é importante mas o bom uso do material também é.

É complicado atribuir à apenas alguns fatores o sucesso escolar, mas é certo que enquanto não se fizer a manutenção apropriada dos prédios escolares, nenhum dos fatores mais pedagógicos poderá ser prioridade.

Não sei como funciona essa questão em outros estados, e peço a quem tiver algo para contribuir, que faça por comentário.


Renata está às voltas do início do ano letivo, e ainda não colocou o foco na sua própria turma de quarto ano.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

A Casa


Como já dizia uma música antiga - "a vida da dona de casa é uma luta danada". A cozinha, a lavanderia, banheiro, jardim, cinzeiro, o tanque, copos, panelas e pratos, trabalhos intermináveis. Só mesmo vivenciando os afazeres diários de uma casa para saber quão exaustivo é a vida da dona de casa. Anastácia estava assim entre viver numa República ou numa casa civilizada, a beira de um ataque de nervos e tambem da pia, ela percebia as dificuldades de se manter uma moradia limpa. Hoje Anastácia achava que era simplesmente impossível conciliar trabalhar fora e dentro do lar, e, ao mesmo tempo, admirava aquelas que o faziam com destreza e até prazer.

O dia-a dia, as infindáveis funções cotidianas que consomem o tempo vorazmente.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

O Complexo Complexo da Lagoinha

Tá bem, eu confesso! Já dirigi por aí sem carteira de motorista sim. Obviamente, sem o consentimento da minha mãe. Mas dirigi. Só que nunca me aventurei pelo centro da cidade naquela época. Só fui atrapalhar o trânsito com toda a minha habilidade depois que tirei carteira e aí já se vão quase dez anos.

Por razões que imagino nem ser necessário dizer, sempre evitei o centro da cidade. Aquele tanto de carro, ônibus, até caminhão!! Milhares e milhares de pessoas desrespeitando a faixa de pedestres e os semáforos e o pior: táxis e motoboys!!! Aí eu preferia ir de ônibus e, se o bolso permitisse, de táxi – pausa para um mini flashback: “vou de táxi, cê sabe, tava morrendooooo de saudadeeee”. Fim do mini flash back. Bem, só que há momentos em que é preciso atravessar o centro da cidade e aí o uso do transporte coletivo não soa muito atrativo. O que não tem remédio, remediado está e aí fui me acostumando a atravessar o centro sem maiores traumas.

O único trecho onde eu realmente ainda me perdia era o Complexo da Lagoinha! Menina, impressionante!! Eu ia devagar, prestando atenção nas placas (coisa quase inexistente em Belo Horizonte), e quando assustava, a entrada já tava lá atrás!! Que inferno!! Aí tinha que fazer o retorno lá na casa do chapéu e recomeçar. Aí vinha prestando mais atenção ainda, alguma coisa me distraía por um milésimo de segundo e eu perdia a entrada de novo. Ou então entrava certinho na primeira, mas aí errava na próxima. Uma novela mexicana minhas incursões pelo Complexo da Lagoinha. Mas, como dizia meu ex-padrasto (coisas de famílias modernas), mesmo quando a gente não aprende, acaba acostumando!!! E parei de errar o caminho quando tinha que passar pelo Complexo da Lagoinha.

Ia e vinha feliz, como se eu tivesse euzinha própria projetado o Complexo da Lagoinha. Entra aqui, Bola! Não, na próxima! Isto, agora vira pra lá – pausa para mini flashback: “qual a dificuldade que vocês mulheres têm em identificar direita e esquerda? Virar pra lá! Lá qual lado? Direita ou esquerda?”. Fim do mini flashback. Enfim, o Complexo da Lagoinha estava dominado.

Outro dia tive que passar pelo centro da cidade depois de muito tempo e quase morri de susto!! Menina, fizeram uma obra monstra no centro e o Complexo da Lagoinha tava todo mudado! Inúmeras outras saídas e entradas; viaduto novo; uma coisa alta parecendo a ponte de São Francisco (em menores proporções, claro). Conseqüência óbvia? Me perdi! Queria a entrada pra Pampulha, segui a placa e bem mais pra frente havia duas entradas e nenhuma placa. Fui pela que era antes e saí quase na Cidade Nova!!! Fiz o retorno lááááá na frente e quando eu penso que ia conseguir pegar a Antônio Carlos, um resto de obra impediu que eu pegasse o caminho conhecido. Fui parar na Padre Eustáquio!! E aí já eram quase seis horas da tarde. Imaginem o trânsito!! Com muita luta e doses cavalares de paciência e palavrões de mim para mim mesma, consegui passar pelo complexo da Lagoinha e pegar a Antônio Carlos lá na frente. Um parto. Será que toda vez que eu conseguir me acostumar com o Complexo da Lagoinha a Prefeitura vai fazer uma obra? Definitivamente, acho que a Prefeitura tem como objetivo manter a complexidade do Complexo da Lagoinha!! Enquanto isto, acho que vou me render oficialmente ao GPS!

Laeticia acha o Complexo da Lagoinha realmente muito complexo!

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Vou sentir saudades...

Sim, é uma grande bobagem, mas nos últimos dias antes das minhas tão planejadas férias algumas dúvidas tem me assolado o sono. 
Claro que tudo isso é uma distração do meu cérebro para não pensar nas coisas que realmente deveriam me preocupar, como me ausentar do trabalho, por exemplo.

Como eu não costumo negar-me nenhum tipo de distração - por menor que ela seja - achei que seria uma boa hora para fazer uma lista das coisas que é certo que me farão falta. Entre elas:

Café forte de manhã

Feijão feito no dia

O verde das montanhas no caminho para o trabalho

A menininha que estende os bracinhos quando me vê

A amiga que vai sair de férias quando eu voltar (Humpt)

Almoço no Gui

Meu quarto - bagunçado como nunca

E claro, enquanto eu escrevia, surgiram também coisas que eu não vou sentir falta, como o calor de um dia como hoje ou a rotina de uma semana que se arrasta como se fosse eterna.

Milena escreve aqui às quintas. Vai tirar férias e continuará escrevendo, mas apenas se você continuar lendo =)

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Um pouco de surrealidade no cotidiano

Algumas frases que sempre sonhei ouvir do meu chefe (e tenho ouvido): 

- Está tudo bem? 

- Se um problema tem solução, pra que se preocupar com ele? Se um problema não tem solução, pra que se preocupar com ele? 

- Deixe-me ver sua mão... Você está nervosa? Esta tremendo! Você não pode interiorizar um problema como sendo parte de você, ele só é resolvido quando fazemos um distanciamento da situação. 

- Veja, você está revivendo a situação de estresse apenas em me relatar. Isso faz mal para você. Não guarde isso dentro de você. 

- Respira um pouco, se acalma. Nós esquecemos da importância da respiração. O simples ato de respirar faz milagres por uma situação. 

- (ao ver minha legítima cara de tacho) O que? Você acha que as coisas que eu estou dizendo não fazem sentido? 

- Posso te dar um conselho? Não que você tenha que seguí-lo, mas porque você não faz Ioga? 

- Posso te dar outro conselho? Já pensou numa terapia? 

- Ele estava furioso? De onde vem a raiva? (Pausa). A raiva vem da frustração ou do medo! 

- Está com vontade de chorar? Quer chorar um pouco? 

            A frase que tenho pensado em dizer, mas que certamente não direi: 

- Com todo o respeito, o senhor anda usando drogas? 

Gisele Lins escreve aqui às quartas-feiras. Das duas uma: ou a loucura definitivamente é contagiosa (neste caso uma boa parcela de culpa pode ser da própria Gisele), ou mais pessoas do que ela imaginava, mais próximas do que ela imagina, estão tendo que promover transformações em suas vidas para não morrer de infarto, ou para solucionar outras questões  que não compreende. Em qualquer dos casos, confessa que tem sido uma experiência bem  interessante. Namaste.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

O bah!

A origem do bah parece ser um mistério, mas o fato é que todo gaúcho já nasce sabendo usar o bah.

O bah nada mais é do que a interjeição mais útil do universo. Eu arrisco dizer que mais ainda que o próprio tchê! Não desmerecendo-o, mas o bah é mais cosmopolita, se é que se pode dizer assim.

Além disso, o bah não está diretamente associado a uma pessoa com bombachas e tem diversas utilidades na comunicação.

Por exemplo, se você está diante do céu mais lindo do ano, pode expressar toda sua admiração dizendo um longo “Baaaahhh...” em tom decrescente.

Se você acabou de ouvir que algo muito bom aconteceu com sua melhor amiga, pode expressar toda sua alegria com um “Bah, que massa!”.

Ou se algo deu errado, você pode expressar sua decepção com um “baanh..”.

Também pode ser usado em situações bem específicas, como intensificador do adjetivo: Bah, que nojento! Bah, que merda!

O bah pode ser usado ainda como um sinal de que você está ouvindo, mas não vai se posicionar ainda, como em: Bah.... e deixa a pessoas continuar falando até ter um comentário ou opinião a emitir.

E, claro, o bom gaúcho consegue habilmente fazer combinações do bah com outras palavras do gauchês, como:

Mas bah, tchê! Mas bah, que guri ligeiro! Bah, que longe! 

 

Mas bah, a Renata estreou na terça-feira rápida e rasteira, pra Angel poder descansar. Mas assim que ela quiser, o lugar está à disposição.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Nunca pensei que fosse dizer não pra você


Sabem aqueles sonhos que se têm, nem era o primeiro de todos ou o mais importante, na verdade foi um sonho que nunca pensei em tê-lo, mas o tempo implacavelmente passa, e nós mudamos, melhor seria dizer nos adaptamos. Em fim, a vontade de trabalhar nesse lugar foi assim. Aconteceu, apareceu em minha mente como algo de bom. Incrível que assim como apareceu sinto agora indo-se embora; e novamente poderia dizer que nós mudamos, nos adaptamos. Mas seria injusto comigo mesmo, uma vez que quem tem se mostrado é esse trabalho. Muito diferente do que havia imaginado, agora, a um passo de trabalhar com vocês, vejo melhor suas diversas faces. E não gosto. Faces que preferia não ter conhecido. É ficarei aqui mesmo onde estou, sem olhar pra trás, sendo pra vocês o que sempr fui, cliente e não funcionária, pois percebi que nosso relacionamento assim é bem mais saudável.


Nesse fim de semana Silvia se viu numa sinnuca de bico, recebeu uma proposta de trabalho que havia almejado, mas já estava trabalhando em outro lugar no qual esta satisfeita. Contudo a proposta não era o que parecia assim como seu sonho era pura imaginação. Na vida real as coisas sempre são diferentes.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Coelhinho apressado

Tenho pressa muita pressa, sai da frente vou passar, quando estou com muita pressa ninguém pode atrapalhar. Tenho pressa, muita pressa, muita pressa, esperar não posso mais!

Me lembro dessa musiquinha como se fosse hoje, a música do Coelhinho apressado da história de Alice no país das maravilhas. Eu tinha o disco, e devo ter escutado a mesma história umas trezentas vezes. Me identificava muito com o Coelhinho apressado. Vamos gente, vamos! Não podemos perder tempo!

Acho que sou a única pessoa do mundo que costuma atrasar o relógio para poder chegar na hora certa. Sou aquela que se marcamos uma coisa às 8 da noite, eu tenho que chegar pelo menos cinco ou dez para as oito, justamente para ter certeza absoluta que vou estar lá as oito em ponto. Não importa se estou indo encontrar com o prefeito da cidade ou se estou indo apenas fofocar com uma amiga, a importância de chegar lá as oito em ponto é a mesma. Bom, se sempre chego na hora certa, pra que então atrasar o relógio? O raciocínio é bem fácil de seguir. Oitenta pro cento das pessoas que conheço não chega as oito em ponto. Principalmente se for um encontro de amigos. Alguns acham que oito e quinze é normalíssimo, outros oito e meia e assim vai. Então a única maneira que encontrei de chegar na hora e ao mesmo tempo não esperar muito foi atrasando o meu próprio relógio, fazendo assim eu chego ao local as oito e não dez para as oito como normalmente faço. Já tentei a tática do pagar o foda-se e chegar atrasada, mas realmente não consigo é contra a minha natureza. Só a sensação de deixar alguém me esperando me angustia.

Logo quando comecei aqui no trabalho teríamos uma reunião marcada para as nove da manhã. O trajeto do meu escritório até a sala de reuniões é o seguinte: saio da minha sala dou 3 passos à direita, desço um andar de escada, dou mais 3 passos em linha reta e estou dentro da sala. Vinte minutos para as noves horas eu já comecei a olhar no relógio, checar, ter certeza que a minha tática pra chegar na sala de reuniões ia dar certo. Faltando 10 minutos para as nove, eu não agüentei mais, me levantei, comecei a arrumar as coisas pra levar e desci. E lá fiquei eu 10-12 minutos sentada sozinha esperando todo mundo chegar. As pessoas normais saíram dos seus escritórios exatamente as nove, afinal era só descer as escadas e em menos de 1 minuto estavam dentro da sala de reuniões. Hoje em dia eu já consigo esperar até 2-3 minutos para as nove para ir à reunião, continuo sendo a primeira a chegar, mas estou me estressando menos.

Na verdade a minha vida de coelhinha apressada geralmente me rende bons frutos, quem não aprecia uma pessoa pontual? O mais engraçado é que eu esperava agora na minha vida adulta, mulher de quase trinta, de que as pessoas fossem mais pontuais o que para minha surpresa é algo raro, principalmente na vida privada. A maioria dos meus amigos são enrolados e eu acho isso decepcionante. Alguns já me conhecem o suficiente para pelo menos tentar não se atrasar quando vão se encontrar comigo. É incrível como que o celular fez com que as pessoas se sintam no direito de atrasar e atrasar muito, simplesmente pelo fato de que agora eles podem avisar. Já me aconteceu várias vezes de eu está sentanda num lugar esperando uma pessoa (com os meus 10 minutos de antecedência), e receber aquele telefone de que vou atrasar meia hora, ou 1 hora. Como assim? Não vou dizer que imprevistos não aconteçam, mas acho que agora as pessoas relaxam mais, pois é só dar um telefonema e ta tudo bem. Mas ta realmente tudo bem? O pior é que o tipo de desculpa é daquelas bem esfarrapadas. Algumas vezes só um ‘atrasei’ mesmo. Para mim só um telefone não basta, a não ser que seja 1 hora antes do encontro, antes mesmo de eu sair de casa. Do mais pra chegar atrasado, pelo menos nos MEUS PADRÕES, a pessoa tem que ter tido o carro roubado em um assaltado ou ter sido atropelado por um caminhão.

Depois de passar um bom tempo achando que era uma estressada, Liz passou a relaxar e aceitar de que o melhor mesmo é continuar sendo apressada. Porque pontualidade mais do que educação é também respeito ao próximo.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Ensaio sobre a Antipatia


Antipatia. Do latim antipathia derivado do grego antipátheia. Substantivo feminino. Aversão instintiva, espontânea; aversão natural; repulsa; ódio. Ou ainda, antipatia (do grego antipathéia, pela junção de anti = contra e pathéia = afeição) é uma aversão ou repugnância de uma pessoa para com outra.

Aversão espontânea, repulsa, ódio ou repugnância, a antipatia é objeto de estudo por várias áreas do saber há alguns séculos, buscando as raízes deste sentimento nos primórdios da humanidade. Fato é que, por simpatia ou antipatia, pessoas são tratadas assim, ou assado, e isto vale para política, psicologia, sociologia, filosofia e blogs em geral.

Dizia Paul Valery que “o estado de espírito de negação precede freqüentemente a ocasião de negar. Antes que tenhas falado, se me és antipático, a minha negação está pronta, digas o que disseres - pois é a ti que eu nego”. É. Parece-me que simpatia ou antipatia dependem muito mais do estado de espírito daquele que nos vê e da pré disposição em não aceitar o outro do que por sermos o que realmente somos. E o estado de espírito das pessoas sofre influência de tantas circunstâncias extrínsecas e, principalmente, intrínsecas que a vítima da antipatia está previamente condenada à negação. E o alvo da simpatia, por evidente, tem garantida a salvação inconteste.

É o princípio da simpatia e antipatia que tende ao máximo a pecar por severidade excessiva. “Tende este princípio a aplicar castigo em muitos casos em que é injusto fazê-lo, e, em casos em que se justifica uma punição, a aplicar a severidade maior do que a merecida. Quer se trate de diferenças de gosto, quer se trate de diferenças de opinião, sempre se encontra motivo para punir. Não existe nenhum desacordo, por mais trivial que seja, que a perseverança não consiga transformar num incidente sério. Cada qual se torna, aos olhos do seu semelhante, um inimigo e, se a lei o permitir, um criminoso. Este é um dos aspectos sob os quais a espécie humana se distingue - para seu desabono - dos animais”. (Bentham).

Há quem veja inclusive a antipatia como uma forma de preconceito. O interesse pelo estudo científico do preconceito, sob a perspectiva psicossocial, surgiu a partir da clássica publicação da obra intitulada “A natureza do preconceito”, por Gordon Allport, em 1954, na qual foram lançadas as bases para as investigações a respeito da natureza de tal fenômeno, assim como dos métodos para a sua redução. Nessa obra, Allport conceituou o preconceito como uma antipatia ou hostilidade dirigida a grupos ou a membros específicos desses grupos, devido a generalizações incorretas. Isto mesmo! Generalizações incorretas. Seriam tais generalizações incorretas o fundo psicossocial da antipatia que um ser humano passa a nutrir por outro à partir de (in) determinado momento?

Chamem os cientistas sociais para responder à pergunta, se quiserem. Eu me contento com o debate saudável entre gente comum e de todo lugar. E tenho cá minhas opiniões a respeito da antipatia. E muitas dúvidas também. Afinal, porque é que nos exigem ser simpático? Será possível ser simpático cem por cento do tempo? Será que o pobre simpático não tem direito a um dia de mau humor, uma TPM básica, uma prisão de ventre? E, se neste dia o simpático não sorrir incondicionalmente, não desejar bom dia com entusiasmo, não se dispuser a ajudar ou não omitir sua verdadeira opinião sobre um tema qualquer? Será o simpático automaticamente convertido em antipático?

Li num blog (*) - muito simpático por sinal - que parece haver algo de moralmente errado nessas pessoas que vão ao supermercado e fazem amizades no corredor de laticínios. São pessoas simpáticas que não colocam cercas no próprio espírito; e a qualquer momento você encontra dois jardineiros, uma manicure e dois borracheiros dormindo na cozinha de sua psiquê. Ser simpático é bom, mas respeitar o próprio mistério é melhor ainda. Cada pessoa devia ser reservada e misteriosa como uma mulher de véu. Era para isso que o véu existia; uma lembrança de que as pessoas devem ser sociedades secretas, não clubes de bingo. Coloque cercas. Coloque muros. Só sorria quando der vontade.

E não é que o blogueiro tem razão? De tanto ser simpático, acabamos vendo nossa vida particular, nossas questões mais íntimas discutidas abertamente no vestiário da academia, no balcão do açougue, no caixa da padaria do bairro. Quem nunca teve um porteiro que dá notícias da vida de todo mundo do prédio que atire a primeira pedra. E atire a segunda quem não concordar que a vida do pobre simpático faz parte do domínio público. Tudo por andar por aí assentindo com todos, rindo e sorrindo, na maior promiscuidade social.

Mas as facilidades rotineiras do ser simpático acabam por atrair mais fiéis. De fato, ser simpático facilita muito a vida sob alguns aspectos e isto explica o esforço sobre humano que muitos fazem para adquirir o status de simpático (**). Já assumir-se como se é verdadeiramente, mesmo que assim você pareça a alguns olhos uma pessoa antipática, embora demande menos paciência, é mais difícil, e exige uma boa dose de auto-estima.

Quando se é simpático naturalmente e, por vezes, naturalmente antipático, fazemos dos sorrisos uma deferência, pois é claro para todos que há na vida momentos bons e momentos ruins e que as reações de cada um são inquestionavelmente subjetivas. O ser normal, por vezes simpático, por vezes antipático, e que trata todos com educação, a despeito dos seus bons e maus momentos, tem na sua distinção um trunfo, pois é ela que lhe dá credibilidade. A credibilidade depende em muito do ser o que se é, sem máscaras e sem faz-de-conta, sinceramente.

Enfim, faço minhas as palavras do blogueiro (**): pela retidão moral, é absolutamente necessário ser (por vezes) antipático – e livre para escolher o momento e o destinatário adequados para fazer florir a simpatia. Muito melhor do que o simpático contumaz, manchado pela desonra de sempre refrear seus arroubos de antipatia, que devem ser tantos...

Laeticia acredita que serem as pessoas o que são de verdade não parece exatamente uma questão de simpatia ou antipatia, mas sim de compreensão ou incompreensão.

(*)
http://www.apostos.com/soaressilva/2003/05/antipatiquices.html
(**) http://andresimoes.wordpress.com/2006/07/20/defesa-algo-interessada-do-antipatico/

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Patricinha, Punk & Nerd

Da quarta a oitava série estudei em um colégio católico bem tradicional (e conservador) da cidade. Sempre fui estudiosa, mas nem sempre isso resulta em boas notas. Na oitava série a escola decidiu separar os alunos conforme o rendimento, e a turma que me acompanhava desde a quarta série se diluiu. Eu, como não tinha boas notas fui parar numa turma repleta de repetentes. E lá fiz grandes amigos.

Eu era a nerd, que se tornou amiga da punk (que ainda não era punk) e que já era amiga da patricinha. Apesar de tanta diferença ficamos muito amigas e aprontamos tudo (e algo mais) que um adolescente tem direito. A convivência diária durou relativamente pouco, apenas aquela oitava serie, mas foi tempo suficiente para criarmos laços. No segundo grau planejamos estudar juntas, num colegio técnico. Cada uma foi parar num turno e numa unidade diferente. Com isso, fizemos novos amigos, compartilhamos eles entre nós, e lentamente fomos tomando rumo diferente.

Muito tempo se passou, pouco mais de dez anos. A muito já não sou mais nerd, nem elas punk ou patricinha. Mas agora consigo perceber o quanto aprendemos umas com as outras. Com a patricinha aprendi a ter bom humor, ser otimista. Com a punk aprendi a dizer o que penso e a me desprender de coisas materiais. E tudo isso me tornou uma pessoa melhor. Espero ter ensinado algo a elas também.

As três não se encontram simultaneamente cara a cara desde o tempo do colégio. E nos encontraremos muito em breve, dentro de quatro horas. Felizes com o reencontro, me faço ansiosa.

Mariana escreve esporadicamente, é saudadosista e a favor de resgatar do passado as pessoas que valem a pena!

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Novas da Pantufa

O bicho é uma fonte interminável de surpresas e risadas. Agora já nos conhecemos melhor e sabemos um pouco mais dos gostos e manias uma da outra. Pantufa ama o cesto de roupas sujas. Chega a dar para imaginar o êxtase do bichinho deitada em cima de uma cueca com um pé de meia dependurado na boca. Ela aprendeu sozinha a abrir portas. Pois é. Dia destes saímos e esquecemos de trancar a porta da lavanderia. Na volta aquele caos. Roupas espalhadas pelo quintal inteiro. Bem, já percebemos que brigar não adianta. Com ela a teoria dos livros de adestramento funciona muito bem: ôba, atenção negativa! Falem mal, mas falem de mim, briguem comigo, mas me dêem atenção. Pois bem, seguiu-se a sessão de ignorar o cão após o caos. Ela ficou desconsertada e quinze minutos depois, como mágica, reapareceu uma meia no meio do quintal. Não deu outra, o bicho devolveu a meia que tinha levado para dentro da casinha! Como se dissesse: ta bem, eu devolvo, mas não fiquem bravos comigo... Ówwnnnn.

Um o outro dia eu estava num papo muito difícil ao telefone. Quando desliguei o telefone abri a boca a chorar, que nem criança pequena. Eu estava sentada bem no meio da sala. Pantufa não tem permissão de entrar em casa, ela sabe disso e geralmente cumpre a regra. Mas não teve dúvida: torceu a cabeça de um lado para o outro, como eu adoro que ela faça quando parece que não está entendendo alguma coisa, e entrou como um raio ple sala adentro, pulando em cima de mim, chorando e me lambendo, como se quisesse me consolar. Foi incrível.

Se eu fosse descrever a quantidade de coisas que ela já destruiu, mesmo vivendo em um quintal relativamente livre de qualquer coisa, o texto não caberia no blog inteiro. De óculos escuros, passando pelo cano do tanque a poste de madeira, a cachorra não perde tempo. Ainda bem que tenho a tecnologia ao meu lado: comprei uma casinha de material reciclado, é um super compensado feito de caixas de leite, em que o inventor teve a brilhante idéia de misturar algo que tem um gosto horrível. Cena impagável: eu chegando em casa com a casinha, a cara da Panfs de “oba, petisco”, e a cara de nojo que ela fez depois da primeira e última mordida na casinha, que é a única coisa que continua firme e forte lá no quintal. Arrá, um a zero pra mim (ou vinte a um pra ela, conforme a perspectiva).

Geralmente quando chegamos em casa depois do trabalho vamos até o quintal e sentamos sob a área coberta da churrasqueira para relaxar um pouco e dar uma atenção para o cão. Não é que ela entendeu que lá é o lugar onde se brinca da casa? Desde então, quando está entediada, pega algum brinquedo corre para lá e fica jogando o mesmo para cima e nos olhando de longe, como quem diz “como é, não vem brincar? Se eu posso com isso!

Ela é muito inteligente! Aprendeu a sentar, corre para dentro da casinha quando dizemos “vai para caminha”, consegue achar brinquedos que escondemos, e muito mais. Mas não perde a pose de vira-lata: quando acha alguma coisa pra “caçar” quase nos mata de rir em seu ritual de ataque. Vive trazendo presentinhos “adoráveis” pra nós: baratas, passarinhos, bichinhos. Bebe água da chuva, corre atrás do rabo e faz aquilo de mexer a cabeça de um lado para outro. A danada fugiu estes dias. Do quintal dos fundos ela viu a porta da frente e o portão da garagem abertos e disparou na corrida. Era domingo, a bonita aqui de roupão e descabelada que só. Toca a correr pela rua gritando desesperada Pantufa, Pantufa, e Sr Puko correndo e gritando atrás de mim, dizendo que se eu parasse, ela pararia. Mas vai convencer meu coração? Até que não tive mais escolha e parei, desesperada. Ela parou logo em seguida, depois de cheirar o portão de mais umas duas ou três casas, e voltou bem faceira pra mim. UUUUUUFA, que susto!

Esta é a Panfs, que nos últimos dias comeu uma bola e se intoxicou, nos olhando com os olhinhos em desespero e se contorcendo de dor, mas confiando na gente pra virar ela do avesso até descobrirmos o que era. É ela que quando um de nós chega sozinho em casa fica na porta procurando pelo outro. É ela que não cobra nada, não espera nada, é leal até debaixo d’água e nunca guarda rancor. Ainda por cima, é ela o serzinho que para fazer feliz basta uma risada, um colinho, uma coceirinha na barriga. Pensando bem, é ela é quem, de bocaditos, tem me feito feliz pelas pequenas coisas simples da vida, um dia depois do outro.

Gisele Lins escreve aqui às quartas-feiras. Segue bem tranqüila.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Sintomas da Saudade


Dormia agora com a gata de seu pai, na verdade, não sabia mais se ainda era dele realmente ou se já havia sido adotada como a nova protetora. Fato é que desde que seu gato havia sumido e outro fora trazido para sua casa como forma de substituição, a gata de seu pai, uma vez que já possuía características peculiares como timidez excessiva e falta de entrosamento, resolveu se exilar em seu quarto. E por lá passava inúmeras horas e, usualmente, as noites.

Num desses dias, numa noite qualquer, após ter a sensação de que o bichano se esquivava pelo seu tronco, com o intuito talvez de ficar mais próximo de sua companhia noturna, acordou e sentiu de forma cômica e inusitada algo em sua mão, nada mais do que a própria pata do felino. Riu de si própria e também da situação, dormira de mão dada com a gata.

Noutra noite, num outro dia desses, acordou com sono, tomou o café da manhã e se deitou de novo. No meio do dia, se levantou, almoçou, tomou uma cerveja e se deitou de novo. Mais tarde, ainda com a estória da gata na cabeça, assistiu um filme, comeu de novo e voltou pra cama com a certeza de que sentia sua falta. Não da gata, mas daquele que não estava lá. 


Comer, dormir, sonhar com você, dar a mão para a gata, definitivamente me mostraram que você faz falta. Dormi razoavelmente bastante para que os dias passassem mais depressa e, assim, o seu retorno também chegaria mais rápido. Hoje já é segunda.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Tecnologia


Li há pouco tempo uma reportagem da revista Galileu. Fala sobre a importância de tecnologias como internet e telefone celular na vida das pessoas.
Para escrevê-la, a repórter recebeu o desafio de passar um mês sem fazer uso de tais tecnologias. Resultado: depois de três semanas, e uma proposta de emprego perdida, ela percebeu que seria suicídio social e profissional continuar “fora” da sociedade.
Bem interessante a matéria, e me fez analisar um pouco como eu lido com estas questões. Nem é preciso comentar que eu, como todas as meninas deste blog, nasci em uma época em que essas tecnologias não existiam da forma como existem hoje. Mas agora elas estão de tal forma entranhadas na vida cotidiana que, mesmo sem ser viciada ou depender delas para trabalhar, passo inquieta quando não posso, usa-las.
Exemplo foi uma semana na praia. Minto, foram quatro dias e meio. Como os leitores atentos perceberam, não fui nem em lan house postar o texto da semana passada, de tão alheia à internet! 
Resultado: mais de 100 e-mails na caixa de entrada (que pela primeira vez lotou mais que spam), aniversário passados sem parabéns (não sei vocês, mas só lembro dos aniversários por causa do orkut), pedido da Natura com prazo perdido, quase perco a combinação do acampamento da confraria, e coisas assim. Depois de ler a tal reportagem me dei conta de quanto os contatos sociais e mesmo os profissionais dependem da internet. E do celular, por acaso alguém sabe o telefone de duas pessoas de cor? Já seria um recorde! E sem os contatos de e-mail? 
Fica praticamente impossível combinar algo sem e-mail, celular, MSN, o que for. Mas, ao contrário dos saudosistas, que acham que papel de carta perfumado tem mais valor do que um e-mail escrito especificamente para determinada pessoas, eu acho que as relações e a forma como elas se dão avançam com a tecnologia. Claro que nada substitui o contato humano, mas também se mantém contato por e-mail, por SMS, por MSN...
E novas formas de relações surgem. Um exemplo é esse grupo que escreve o blog: unido por idéias, dúvidas e internet!
E isso tudo sem falar no benefício profissional que a internet proporciona, mas isso já é assunto para outro dia.


Renata acha que a internet tem um lugar importante e inegável nas nossas vidas, mas que é importante também saber viver sem ela, ao menos por uns dias.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Tarot

Tarot é um baralho de cigana, pensava eu. Cheio de signos, cores e figurinhas. Coisa de filme, novela, ficção. Aí nunca dei atenção, nunca despertou meu interesse. Eu ouvia papo de tarot, cartomante e pensava logo em charlatanismo, viagem de cola, sei lá. 

Aí um dia, eu fuçando a internet, achei um site que tinha um jogo de tarot. A curiosidade matou o gato, mas mesmo assim eu fui lá ver qual era. Achei um tal de jogo de três cartas: passado, presente e futuro. Hum, vamos ver o que é isto. Vou mentalizar uma coisa besta, mas que não dá pra software nenhum sacar. Nem lembro no que pensei, mas lembro que tinha tudo a ver aquelas cartas que saíram. Sorte, pensei. Vou tentar outra coisa. Pensei numa coisa aleatória. Pumba! Cartas tudo a ver de novo. Desliguei o computador. Tava tarde, eu precisava dormir. No dia seguinte eu já havia me esquecido do tarot. 

O tempo passou e um dia, procurando um site, vi o link do tarot e, quando me dei conta, já estava lá, com o baralho aberto na minha frente. Mentalize uma besteira, me ordenei. Só que eu estava passando por um período cheio de angústias, dúvidas e acabei mentalizando uma coisa séria. Como tarot era coisa de novela mesmo, nem titubeei: escolhi lá as três cartinhas, abri e fui lendo. Coincidência, com certeza. Vou tentar de novo. Cliquei no embaralhar. Mentalizei a mesma coisa, tirei as cartinhas e... ops! Que coisa! Coincidência de novo! Vou pensar em uma coisa totalmente diferente. Pensei, pensei e escolhi minhas cartinhas. Hum... acho melhor brincar de tarot outro dia. Fui dormir e no dia seguinte, ao longo do dia, eu me lembrei do tarot. 

Não é preciso dizer que passei a acessar o site constantemente. Só que nem sempre eu entendia lhufas do que as cartas diziam. Metáforas! Odeio metáforas fora da esfera da literatura!!! Fora quando eu queria saber de profissão e saíam cartas relacionadas à família, amor, amigos. Isto me irritava profundamente. Não há nada pior do que a ignorância. Principalmente a ignorância mística, se é que esta palavra é adequada. 

Hoje não agüentei! Tive vontade de jogar meu notebook pela janela depois que tentei de várias formas entender o significado daquelas cartas no meu contexto e tudo ficava mais confuso ainda. Não sei interpretar cartas de tarot. E com computador não há diálogo! Sou uma semi-analfabeta do tarot... sei identificar as cartas, leio o que o site me fala, mas sou incapaz de interpretar e criticar!! E fiquei lá, olhando a Morte, o Dois de Copas e a Justiça, todo mundo em pé, sem entender nada!! Completamente emputecida.  Já sei! Vou calçar a cara e ligar pra Andréia (*) pra ela me explicar o que isto significa. Dei sorte. A Andréia estava online. Minha amiga, me ajude, sei que você entende alguma coisa de tarot!! Humm, até que o que ouvi não foi de todo mal, mesmo pra uma taurina de raça que odeia mudanças. Mas tive que ouvir mais do que o que aquelas cartas significavam em tese. Tarot envolve pessoalidade, contato físico com o baralho, energia, coisa que máquina nenhuma programada pra associar textos conforme o comando é capaz de fazer!! Pode parar com esta mania de tarot online!! Vai começar a pautar a sua vida por interpretações de computador, é? Eeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeu?!! Pautar minha vida pelo tarot?!!! Tá doida? Isto é só passa tempo. Tarot é coisa de novela!!

(*) Nome trocado pra preservar a identidade da amiga. 

Laeticia reconhece que andou com mania de tarot, mas não chegou à loucura de pautar sua vida pelas cartas de um baralho. Por enquanto kkkkkkkkkkkk

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Férias

Se você nunca tirou provavelmente não sabe do que eu estou falando.

Logo que eu saí da faculdade e consegui meu primeiro emprego demorei 2 anos antes de sentir a necessidade de parar para descansar. Quando essa necessidade tornou-se aguda - quase a ponto de causar dor física - uma nova oportunidade de emprego surgiu. E lá fui eu, sem férias, começar tudo de novo.

Novo emprego, nova cidade, novos amigos, tudo isso fez com que o desejo de descansar fosse levado para outro plano em meus planos. E lá ficou, por mais de um ano.

Assim, quando chegou a hora de descansar - e tenho que dizer que nesse momento eu nem estava mais certa se queria ou se precisava - eu já estava a 3 anos e 4 meses trabalhando sem parar.

Até aí tudo bem. 

Minhas primeiras férias foram divididas assim: 5 dias em casa, 15 dias na praia. Nos primeiros dias admito que o pensamento  ainda estava um pouco conectado ao trabalho. Nada que ler um livro embaixo de uma castanheira na praia, mar e céu azul não tenha curado.

Depois disso, renovada e descansada, juro que imaginei que poderia aguentar mais 3 anos de trabalho numa boa. Ledo engano. Pouco mais de 12 meses após minhas primeiras férias aqui me encontro, miseravelmente cansada, no limiar da minha falta de paciência crônica, e achando tudo muito, muito difícil.

Claro que existe um motivo pelo qual as pessoas tiram férias uma vez por ano. Claro que eu só entendo esse motivo agora.

Em 15 dias (ai meu deus) iniciarei as segundas férias da minha carreira. 30 dias dessa vez. Todos eles no mesmo lugar.

Faz tempo que venho planejando essa viagem, e apesar do roteiro estar tomado do início ao fim, descansar ainda será uma das minhas prioridades.

Torçam por mim. Na volta, serei uma nova pessoa.

Milena escreve aqui às quintas, cansada e sem inspiração, espera voltar das férias pronta para encarar pelo menos mais 12 meses de trabalho árduo.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Destrambelhemo-nos

Vinde, irmãos! Juntemo-nos aos bons! Sigamos a luz! Destrambelhemo-nos!

(Ups, eu esqueci que agora estou proibida de usar palavras pejorativas quando me referindo à primeira pessoa do singular ou plural).

Vinde, irmãos! Juntemo-nos aos bons! Sigamos a luz! Passemos tranqüila e desapercebidamente por um ligeiro período de desequilíbrio emocional, tensão traumática, pós-traumática, pré-menstrual, pré-nupcial, TOC, distúrbio do sono, da ansiedade, do humor, da personalidade, alimentar, depressão, mania, hipomania, ciclotimia, demência, medo, pânico, fobia, psicose, esquizofrenia, loucura. Quem nunca teve ou tem? Quem garante que você não terá? Para os que garantem, aguardem, apenas ainda não inventaram o nome do detrambelhamento que cai bem para você, mas eu garanto: ele ainda vai entrar na moda!

Comigo foi assim. Uma pessoa agitada, sempre pensando no amanhã, tanto que esquece às vezes de viver o hoje, organizada demais (quem consegue achar qualquer coisa no seu armário no escuro? Eu! Eu!). Nervosa quando as coisas não acontecem como previa, fazendo mil coisas ao mesmo tempo. Até aí, tudo bem. Pessoa normal. Até começar a chover forte na terra da garoa, as ruas ligeiramente alagarem e ela surtar de medo da entrar água no carro, de morrer afogada, do motoqueiro bater, do caminhão não nos ver, de derrapar na freiada, mas o que é isso, que absurdo, é, sim, absurdo, mas eu to sentindo, como assim, vais perder o controle? Ai meu Deus, eu vou, eu vou, eu vou perder o controle!

Pronto! Destrambelhou. Caput. Do sofá da psicóloga pula para a cadeira do psiquiatra. Quer dizer, mais ou menos. Antes descobre que cadeira de psiquiatra é mais concorrida que concurso público nos dias de hoje. O quê? Só daqui a trinta dias? Idéia: e se eu chegasse à sala de espera simulando uma luta corporal com um alienígena? Sr Puko responde fácil: huuum, pode ser, o duro é que a chance dos outros te ajudarem a segurar o ET por lá é grande, daí já era.

Enfim, depois de uma loooonga conversa escuto: você é horrorosa! Terrível, o fim da picada para você mesma. Tem personalidade obsessiva. O quê? E ele me descreve como um guru, um astrólogo, um vidente, e não como um doutor. É, sim, tudo bem, não é problema. Cada um é cada um. Você deve sair-se muito bem em entrevistas, mas não se dá muito bem com o “querer”: é pra ontem, e tem que ser assim. E quando não dá? Destramb... Ups! Desequilibra! Mas é normal. Toma aí uma boletinha. Uma não, duas, porque uma tira o sono e a outra faz dormir. Equilíbrio, entende?

Então, eu vou, eu vou, pra casa agora eu vou. Parará tchim bum. Parará tchim bum... ... ... ... Refletir. 

Que coisa, não é? Agora é pegar todo o meu preconceito de achar que gente meio lelé quer é chamar a atenção, cortar pela raiz o meu pânico de remédio (me-di-ca-men-to, afinal, eu sou farmacêutica, a mais anti-me-di-ca-men-to que existe, mas...), avisar os que convivem comigo que eu posso vir a ter comportamentos um pouco estranhos, sentir na pele o preconceito e a descrença de quem acredita que eu não tô sentindo nada, só quero chamar atenção (viiiiiiu? Bem feito! A língua é chicote da bunda!), seguir tomando florais, fazendo terapia, ioga, meditação, relaxamento, Tai-chi... (reparou? Pra cada destrambelhamento existe um anti-destrambelhamento! Legal!) e seguir em frente.

Tudo bem, tem o lado bom, descobrir do dia para a noite que tenho personalidade obsessiva, no momento com distúrbio da ansiedade e com risco de outros episódios de pânico se não tomar boletinhas, tem me deixado calminha, calminha.

Gisele Lins escreve aqui às quartas-feiras. Quer dizer, costuma escrever, quando não está por aí fugindo dos marcianos.

Sorte ou Bênção

Após um tempo “fora do ar”, assisti, no último sábado, ao jornal da tarde da Rede Globo. Deparei-me, então, com um caso de sorte, muita sorte. Um garotinho de 03 anos, que atingido por uma bala “perdida”, fica 05 dias sem o diagnóstico real de sua situação e ainda tem um final feliz. É mesmo um sortudo.

Diante do fato, surgiram alguns questionamentos: que bala é essa, discreta, que se aloja na cabeça de uma criança e não deixa nem uma evidência clara de que está lá? Ou será que deixou...? Que mãe é essa que não apelou logo para um piti quando se deparou, no quarto dia, com um médico que nem examinou o filho dela e deixou a criança ir embora com a dita bala na cabeça? Que médicos são esses (os dois primeiros que examinaram a criança) que nem pediram uma radiografia para se certificarem de que se tratava apenas de um machucadinho inocente?

Acredito que a resposta para todos esses questionamentos é o bendito do anjo da guarda dessa criança. Eles devem mesmo caprichar no tratamento infantil. Não tem explicação! Uma bala silenciosa, uma mãe sem talento pra piti, alguns médicos desonrando a classe e o menino ainda sai feliz e sorridente do hospital! Pára! Se ele disser seis números aleatórios amanhã, eu jogo na Mega e adeus pobreza!

É um sortudo por ser tão abençoado! Samuel, aquele a quem Deus ouve. E como ouve!

Angel acredita que as crianças têm proteção especial de fábrica. Ficou surpresa e feliz com o final dessa história de sorte e benção.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Tudo novo de novo

Escola nova, pessoas novas, alunos parecidos, professores também. Iguais, mas diferentes. Melhor o local, o salário, mais esforço, mais idéias. Recomeço, ano novo, idade nova, o pensamento, o mesmo. Anastácia recomeça hoje a trabalhar. Não estava de férias, pelo menos não oficialmente, estava mesmo era desempregada. Mesmo que por um mês, mas o estava. Hoje ela começa já em seu novo emprego. Ansiosa como sempre. Resolvendo os primeiros pepinos, já fazendo o que de melhor ela sabia fazer, ajudar a resolver os problemas dos outros, substituições, reposições, ou seja lá o nome que se dê, lá estava ela. Hoje Anastácia começa tudo novo de novo. 

 

Boa sorte  todos aqueles que estão recomeçando ou começando algo novo, um emprego, relacionamento, cidade nova, amigos novos, amizades esquecidas. Que nunca nos deixemos abater pelos imprevistos de certa forma previsíveis que iremos encontrar no caminho.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...