sexta-feira, 30 de abril de 2010

Por Uma Vida Menos Ordinária

Segundo o Aurélio, ordinário é: “Que está na ordem usual das coisas; habitual, useiro, comum. Regular, costumado, freqüente. De má qualidade; inferior. De baixa condição. Medíocre”.

As últimas semanas de trabalho tem sido difíceis. Eu estou infeliz com o meu trabalho, assim como a grande maioria dos meus amigos de trabalho. Sim, no meu trabalho eu não tenho colegas, tenho amigos. Poucos, mas tenho. E porque o trabalho tem tanto peso no regimento de nossas vidas? Eu que sempre defendi a idéia de que devemos fazer o que se gosta, trabalhar com o que lhe dar prazer, me vejo (como protesto) trabalhando com uma camisa escrita em letras garrafais “a estupidez não tem limite”, me sentindo engessada, algemada.

Porque mesmo precisamos trabalhar? Ou melhor, porque o trabalho tem tanto peso em nossas vidas pra sociedade? Quando você conhece alguém num bar, quando é apresentada a mãe de alguém, quando chega em lugares que desconhecemos, sempre lhe fazem a mesma pergunta: o que você faz? Essa pergunta poderia estar ligada a um hobby, ao seu tempo livre, ao seu fim-de-semana. Mas não, as pessoas querem saber com o que você trabalha!

Ou essa lógica definitivamente está errada, ou definitivamente estou ficando louca! Não concordo! Porque ninguém pergunta o que eu sinto, o que eu penso? Porque ninguém se interessa por isso! E eu, lamento.

Ando me perguntando... pra que mesmo eu trabalho? Ok, trocamos horas trabalhadas por um salário no fim do mês. Caramba! Quem foi que inventou o dinheiro? E se eu jogasse tudo pra cima e saísse por aí? Sou habilidosa, sei fazer várias coisas! Poderia ganhar um dinheirinho aqui, outro ali, apenas pra me deslocar de um lugar pro outro e me alimentar! Mas não, todo mundo se mata de trabalhar, colecionando tendinites, dores musculares, dor de cabeça e pesadelos por um ano pra receber o sensacional prêmio: as férias!

Não existe um meio termo? Ou você é hippie e punk ou é apenas um escravo do sistema? Deve haver! Me considero inteligente, esclarecida. Vou botar a cachola pra funcionar e hei de achar uma solução.

Torço pra que essa solução apareça logo, pois o inverno vem se aproximando. Pro inverno desejo pra mim e a todos nós, aconchego, cobertor de orelha e muita conchinha nessa vida! Mas alguém tem que pagar o aluguel e conta de água e luz né?

Mariana não quer ser nem tão formiga, nem tão cigarra. Em busca de sabedoria ela segue pelo caminho do meio, aprendendo a não trabalhar tanto feito formiga e a se divertir um pouco como a cigarra.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Gostos...

Eu gosto do verde constante das montanhas daqui. 365 manhãs por ano, a paisagem verde é de perder o fôlego.

Eu gosto do cheiro de tecido recém lavado. Da textura do algodão transformado em fazendas.

Eu gosto quando chego em casa e não tenho nada pra fazer. Principalmente quando eu posso não fazer nada.

Eu gosto de fazer planos. Pro fim de semana, pra casa que construirei, pra minha aposentadoria.

Eu gosto de visitar meus amigos, de comer comida feita em casa.

Eu gosto de cadernos.

E citando Douglas Adams: "I love deadlines. I like the whooshing sound they make as they fly by."

Milena escreve aqui às quintas. Nas últimas, um pouco atolada de deadlines...

quarta-feira, 28 de abril de 2010

“Comida di Buteco”: A Salvação do Jiló!


O jiló finalmente tem salvação, e não vai mais sobrar na janta. Pelo menos não na janta dos mineiros. É o Festival “Comida di Buteco”, que acontece todo ano em Belo Horizonte, entre os meses de abril de maio. Esse festival ocorre em outros municípios de Minas, e também em outros estados, em períodos diferentes. E, a cada ano, cada bar que participa do festival precisa criar um tira-gosto com um ingrediente definido pela comissão organizadora do evento. Este ano cada prato deveria ter jiló na receita.


Assim, há bares com pratos com carne, lingüiça recheada com jiló, fritas de jiló, jiló recheado, etc. Tenho ido a alguns bares, e me encantado com o que tem feito com o jiló. Ele não está com aquele gosto ruim, ou seja, gosto de jiló. Está com sabor suave, gostoso mesmo. A criatividade nos pratos deste ano está enorme, e tudo para agradar ao público, que é exigente e vota, elegendo o melhor bar do Festival.


É um grande desafio fazer o jiló ficar agradável. Eu nunca gostei, e, muita gente que conheço o detesta. Não creio que seja injustiça, pois o gosto do tal jiló é realmente ruim. Mas que os cozinheiros dos bares participantes estão se esforçando para torná-lo apreciável, ah, isso estão!


Enfim, é um festival que vale a pena divulgar, e que está cada vez mais gostoso. Além disso, não deixar o jiló sobrar na janta é uma novidade que vai mudar o ditado popular, pelo menos em Belo Horizonte.


Tania não gosta de jiló, mas tem experimentado no festival “Comida di Buteco”, e tem gostado muito!

terça-feira, 27 de abril de 2010

Felicidade

Até que um dia, sem mais conseguir se esconder sob máscaras e subterfúgios, ela viu.

E ao ver seu reflexo no espelho, chorou.

E ao chorar, abriu sua alma. E viu também seu interior. Viu as feridas, algumas cicatrizadas, outras não... viu os erros, corados de vergonha e ainda esperando perdão. Viu a criança e viu a mulher, cheia de sonhos e vontades e receios, pronta para viver.

Ela deixou. Finalmente era ela. E foi inteira, vestida de desejos e anseios, armada de temores e dúvidas, olhos brilhantes e sorriso nos lábios.

Cada passo, cada gesto, cada escolha, cada olhar e cada sílaba eram conscientes, ecoavam no seu corpo. Cada sensação era um milagre. Cada pequeno mistério resolvido era uma grande vitória. O frio na barriga, o arrepio, a leve falta de ar voltaram, e isso era felicidade!

Renata está, de fato, muito feliz!!!

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Qualidade de vida

Sabe sempre ouvi falar sobre a tal qualidade de vida, em outras regiões, em outros países, em outros lugares, até na minha cidade mesmo, às vezes as pessoas falam sobre isso, fazem comparações, etc; mas nunca consegui realmente estimar o que para mim seria qualidade de vida. De certa maneira acho que hoje eu consegui, acordei com essa palavra na boca, na mente, pois era a única que conseguia expressar exatamente o que tenho sentido, infelizmente, falta de qualidade de vida.

Acredito que só conseguimos comparar situações quando esxperimentamos coisas novas e diferentes, aí sim podemos dizer o que preferimos e o que não. Na verdade não havia pensado em escrever sobre isso, mas estou escrevendo pois preciso desabafar, então que seja com vocês, pois, de certa forma, penso que minhas palavras possam machucar algumas pessoas, mesmo que elas sejam verdades.

Como alguns morei 18 semanas com uma família que nunca havia visto antes. Para resumo de conversa, desde a primeira semana em que estive lá, enquanto meus colegas reclamavam das refeições que faziam em suas casas eu me sentia abençoada, apesar de ter reduzido a quantidade de frutas que eu como usualmente, minha alimentação era muito melhor do que em minha casa aqui. E por incrível que pareca, apesar de quase tudo já ser pré-pronto ou mesmo congelado, tudo era ASSADO, sem fituras, sem óleo, sem gordura, ou seja, isso pra mim significa sem azia.

E, infelizmente isso não foi o único fator que tem me chamado a atenção, na casa ninguém fumava, não sou uma pessoa radical anti-tabagismo não, já fumei meus cigarros de palha, mas tentava sempre fumar fora de casa, por que com certeza, sou anti-catinga, acho o cheiro de cigarro quase insuportável e foi a razão principal para eu para de fumar; e aqui em casa temos uma visita constante, fumante, que apesar de saber que nenhum morador da casa fuma, continua fumando em locais fechados, apesar de termos uma varanda e um jardim gigantescos.

Pra completar, tenho sido acordada ao som de galinhas d’angola, quem já as teve sabe como é. As seis horas da manhã em ponto elas gritam na sua janela e você acorda com uma bela dor de cabeça.

Sabe, não gosto de reclamar, e sei que o texto ficou propício para o muro das lamentações, e sim, não gostei dele, sou muito mais minha literature fantástica a isso. Mas hoje acordei com dor de cabeça, ontem passei a tarde com asía e a noite foi banhada na fumaça alheia. Passei meses em outro país sem abrir meu pote de sal de frutas, acordei com dor de cabeça sim, pois estava de ressaca, e tomei muitas neosaldinas, pois tenho dores de cabeça durante a TPM.

Nada é um mar de rosas em nenhum lugar, mas é ruim perceber que sua qualidade de vida caiu, e pior, dentro da sua própria casa.


Escrevi esse texto pensando e querendo fazer as coisas se tornarem melhores, talvez eu mate as galinhas, passe a comer só vegetais sem óleo e quanto à catinga do cigarro, é melhor ficar no meu quarto mesmo, com um bom incenso aceso.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

O Segredo dos Seus Olhos

Não me lembro qual foi o primeiro filme argentino ao qual assisti, mas lembro do que eu mais gostei. O Filho da Noiva, gente, é simplesmente das coisas mais lindas do mundo! Sabem chorar de soluçar? Então! Chorei até quase desidratar. O Ricardo Darín está ótimo neste filme.

Se não me engano, o segundo argentino a me chamar a atenção foi As Nove Rainhas, também com o Ricardo Darín! Genteeee, acho que o cara escolhe bem os roteiros dos filmes antes de assinar o contratinho! Muito bom, mas muito bom mesmo o filme. Bastante diferente d’O Filho da Noiva, outro estilo, mas outro filme fantástico.

Aí veio um outro estilo de filme, Plata Quemada. Muito doido: dois gays matadores resolvem dar uma de ladrões pra ver se a crise matrimonial melhorava!! Parece coisa de maluco, mas eu vos digo que o filme é bacana demais. Mas é forte. Não aconselho pros dias de TPM.

E neste feriado, como eu agora estou tentando ser uma pessoa light, que não se mata de tanto comer e beber nas horas vagas, resolvi (emos) pegar um cineminha, ao invés de encarar um Comida de Buteco. Fomos assistir O Segredo dos Seus Olhos. O filme mistura muitos assuntos, incrível. Amor, violência, vingança, política, amizade, tudo junto. A-mei! E quem mais estava lá? O Ricardo Darín outra vez!!
Pois é, Laeticia é fã de cinema argentino.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Que m$%¨&**# de país!

Tá, me perdoem os ufanistas, mas eu tô é cheia desse pais!

Aqui o bom é ser mau. O bom é roubar e ir preso, pra ficar se coçando enquanto os outros trabalham e ainda reclamar de tudo. Ficar esperando o dia da visita íntima (alguém mais aí tem liberação do trabalho pra fazer visita íntima se o companheiro estiver em outra cidade??).

Bom mesmo é invadir área pra morar: mora de graça, tem água de graça, tem luz de graça, tem escola de graça (e reclama muuuito), tem psicólogo de graça pros filhos (e não leva porque não tem o ônibus de graça). Ta ficando é sem graça essa brincadeira!

Eu trabalho muito há muito tempo. Pago tudo em dobro: uma vez nos impostos, outra no particular; porque o governo usa todo o meu dinheiro pra farra. Pago saúde duas vezes, educação, manutenção e conservação de rodovias, vias públicas, segurança...

Quando fui comprar um apartamento, adivinhem o que eu descobri?! Se eu fosse um pouco mais pobre, teria muitas vantagens. Se eu ganhasse mais, teria mais facilidades. Mas eu sou da classe média, péssimo!

Nesse país, se o cara ganha tri bem, tem poder aquisitivo pra comprar o que precisa. Se o cara nem trabalha, ganha nada, tem bolsas e auxílios pra tudo, inclusive exige que o governo crie seus filhos e o governo, como boa mãe e bom pai, cria.

E quem está no meio, o grosso da população que rala trabalhando, não tem arrego! Ou se mata pra conseguir pagar, ou fica sem.

Renata tá de saco cheio dessa palhaçada que tá virando esse país.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Tempo


Assim como já foi dito por muitos,
poetas, músicos, escritores,
pessoas como gente, gente como nós.
Ele passa, por vezes rápido, noutras lento,
minutos em horas, e algumas horas em poucos minutos,
nem sempre percebemos e,
quando percebemos preferiríamos não o ter.
Incógnitos em nossa ignorância.
No entanto, com esse seu passar, crescemos,
e apreendemos junto com suas horas, dias e anos,
que o Tempo também é nosso aliado,
pois quando mais precisamos que ele passe,
ele pré-disposto e infalível, realmente, passa.
E junto com ele, tudo o que queremos deixar para trás.

Silvia escreve às segundas, por vezes bem atrasada.

domingo, 18 de abril de 2010

Paradoxo do Nosso Tempo


Logo eu que me expresso mais que deveria, que não deixo dúvidas sobre minha opinião, que argumento bem meus direitos (segundo o que meu pai sempre diz, desde pequena), tenho a maior dificuldade de me comunicar quando tenho dor. Não estou falando da dor carnal, e aquela mesma, a do fundinho do coração.

A dor da perda me é das mais dolorosas. Não sei lidar com ela. Já disse recentemente que tenho dificuldade de deixar as pessoas irem da minha vida, mesmo que elas não façam mais nenhum papel importante nesta. Pois bem, neste ramo melhorei muito, consegui deixar ir pessoas que não estavam adicionando mais e me senti muito vitoriosa pela façanha. Porém ontem dei adeus a uma pessoa muito especial. Ela foi o que mais próximo se pode chegar de uma tia sem ser irmã da minha mãe. Deu conselhos, criticou, deu risadas, auxiliou a encontrar uma luz ao fim do túnel, se interessou pela minha vida, telefonou, escreveu e-mails e estava lá presente, praticamente em todos momentos importantes desde meus 8 anos de idade. Acho até que se minha mãe tivesse uma irmã está não seria tão ativa na minha vida.

Me perdoem por não poder escrever um texto em sua homenagem. A dor não deixa.

Ao invés, deixo que George Carlin façam suas palavras como minhas.

"Nós falamos demais, amamos raramente, odiamos freqüentemente.

Nós bebemos demais, gastamos sem critérios.

Dirigimos rápido demais, ficamos acordados até muito mais tarde, acordamos muito cansados, lemos muito pouco, assistimos TV demais, perdemos tempo demais em relações virtuais, e raramente estamos com quem amamos.

Multiplicamos nossos bens, mas reduzimos nossos valores.

Aprendemos a sobreviver, mas não a viver;

Adicionamos anos à nossa vida e não vida aos nossos anos.

Fomos e voltamos à Lua, mas temos dificuldade em cruzar a rua e encontrar um novo vizinho.

Conquistamos o espaço, mas não o nosso próprio.

Fizemos muitas coisas maiores, mas pouquíssimas melhores.

Limpamos o ar, mas poluímos a alma;

dominamos o átomo, mas não nosso preconceito;

escrevemos mais, mas aprendemos menos;

planejamos mais, mas realizamos menos.

Aprendemos a nos apressar e não a esperar.

Construímos mais computadores para armazenar mais informação, produzir mais cópias do que nunca, mas nos comunicamos cada vez menos.

Estamos na era do 'fast-food' e da digestão lenta;

do homem grande, de caráter pequeno;

lucros acentuados e relações vazias.

Essa é a era de dois empregos,

vários divórcios,

casas chiques e lares despedaçados.

Essa é a era das viagens rápidas,

fraldas e moral descartáveis,

das rapidinhas, dos cérebros ocos

e das pílulas 'mágicas'.

Um momento de muita coisa na vitrine e muito pouco na dispensa.

Lembre-se de passar tempo com as pessoas que ama, pois elas não estarão aqui para sempre.

Lembre-se dar um abraço carinhoso em seus pais, num amigo, pois não lhe custa um centavo sequer.

Lembre-se de dizer 'eu te amo' à sua companheira (o) e às pessoas que ama, mas, em primeiro lugar, se ame.

Um beijo e um abraço curam a dor, quando vêm de lá de dentro.

Por isso, valorize sua família, seus amores, seus amigos,

a pessoa que te ama,

e, aquelas que estão

sempre ao seu lado."


George Carlin


A minha querida Juju, aquela que dedicou tempo e atenção aos que estavam ao seu redor, indo contra a todo movimento”fast everything” descrito acima. E que deu muito valor aos que amou.


Lil escreve aqui esporadicamente. Aprendeu com a Juju que vale a pena “perder tempo” dando atenção aos outros. Não nos tras ganhos materiais mas aqueles que nínguem pode nos tirar… e esses vão conosco, pra onde quer que formos.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Suicídio Moral

Pra vocês verem como é a vida, né? Eu, que sempre me considerei uma pessoa lúcida, razoavelmente sensata, me deixei convencer de que sou capaz de CORRER 5Km debaixo de sol! Perceberam o verbo? CORRER! Não é caminhar, nem pedalar, nem ir de carro; é CORRER mesmo!! Sim, amigas, não é boato: me inscrevi na etapa de Inverno do Circuito das Estações Adidas em Belo Horizonte. Serão cinco longuíssimos quilômetros debaixo de sol, com vento na cara e suor escorrendo na testa, correndo ao redor da Lagoa da Pampulha...

DEUS!!! Como me deixaste cometer uma atrocidade destas comigo mesma?

Agora é jeito é treinar :-P

Laeticia está em pânico com a perspectiva de correr 5Km no dia 13/06 ou morrer de vergonha eternamente!!

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Uma vela

Hoje acenderei uma vela no meu pensamento
Uma vela pelos que sofrem
Uma vela pelos que esperam
Uma vela pelos que amam


Hoje acenderei uma vela no meu coração
Uma vela pelos que já foram
Uma vela pelos que não nos deixaram
Uma vela pelos que ficaram


Hoje acenderei uma vela no meu espírito
Uma vela que servirá de guia
Uma vela que aquecerá minha alma
Uma vela que jamais se apagará


Milena escreve aqui às quintas e convida vocês a acenderem uma vela hoje.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Plano de Saúde ou Filho de Uma Égua, Ladrão, Sem Vergonha?

Meio por acaso minha mãe descobriu que tem dois pequenos aneurismas na artéria cerebral. Eles podem ter nascido com ela, ter se desenvolvido há muito tempo ou mesmo nunca chegarem a se romper. Porém, a chance de poder prevenir uma cirurgia arriscada no futuro, caso um deles resolva se romper um dia, foi considerada uma bênção pelo médico, pela família e por ela mesma. Digamos que é o equivalente a você ficar sabendo que existe uma chance, pequena, mas bem maior do que o normal, do avião que você pretende viajar amanhã cair e simplesmente você pode escolher não viajar.

Simples, não? Deveria ser, mas não é o que o plano de saúde que ela paga há 38 anos acha. A tal cirurgia preventiva é praticamente uma mágica da medicina moderna e hoje em dia tem um montão de gente que faz. Ela funciona por cateterismo, ou seja, o doutor faz um furinho no seu quadril, coloca um caninho por ali, que vai se deslocando até o cérebro e lá coloca uma “capinha” no aneurisma. Pronto! Anestesia geral, poucas horas de UTI para a recuperação, três dias no hospital, algum desconforto no quadril (mas possivelmente nenhum na cabeça) e pronto! Existem duas outras opções: deixar como está e torcer para as bolinhas de sangue nunca se romperem, ou fazer uma cirurgia tradicional, onde se abre o crânio para grampear os aneurismas, o que resulta em todos os riscos hospitalares e de infecções envolvidos, além do tempo de internação ser, no mínimo, quatro vezes maior. Alguém aí escolheria alguma destas opções? Hã?

Pois sim, o Sr. Plano de Saúde, que não autorizou a cirurgia, que seria feita na semana passada. Ele exigiu, um dia antes do procedimento, que fossem realizadas novas consultas, que um especialista em fazer o procedimento que abre o crânio emitisse um laudo, que fosse comprovada a urgência. Eles alegaram que a cirurgia que abre o crânio era mais em conta, ACREDITA? É lógico, não era a mãe deles, né? Imagine a sua cara, agora, naquele caso do avião, se de repente lhe dissessem que, na verdade, você não pode desistir daquele vôo que tem boas chances de cair, pois para eles garantir um pára-quedas meia boca pra galera é mais barato, sabe? Isso é o cúmulo do absurdo! Não têm vergonha, não? Todos os dias se vêem histórias parecidas, mas infelizmente o bicho pega mesmo quando é com a gente que acontece.

Cirurgia em stand by, passagem aérea cancelada, malas desfeitas e tensão total da minha mãezinha (e da galera lá de casa), com o coração na mão pra resolver logo este perrengue. Sorte que lá em casa o povo entra na fila duas vezes pra nascer raçudo e minha mãe foi atrás de tudo, sozinha, e rebolou pra resolver todos os empecilhos esdrúxulos que eles impuseram, ou convencê-los com jeitinho e sorrisos de que não era necessária tanta parafernália. Enquanto a estressada aqui catava advogado, liminar e muque, pra dar na cara do primeiro Sr Plano de Saúde que aparecesse na frente. Não foi preciso, sete dias depois e cá estamos, malas prontas, passagens aéreas, cirurgia autorizada, mãezinha mais calminha e o papinho aquele com o Cara-Lá-De-Cima em dia.

Gisele Lins escreve aqui às quartas-feiras. Nesta, faz uma pausa de sua eterna revolta com o mundo para ficar com sua mãezinha e conversar com Deus.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Precisa-se de butiás!

No Sul temos uma expressão utilíssima: me caiu os butiá (assim, sem s do plural) do bolso! Usa-se para expressar a emoção de quando se fica sem reação, dá pra entender? Quando acontece forte surpresa ou decepção. Como ficar boquiaberto.

Por exemplo, hoje foi um dia em que me caiu os butiá do bolso várias vezes...

No começo da manhã, quando confirmei a suspeita de que um menino de 9 anos fez algo muito, muito feio, com a conivência da família.

Durante a manhã falei por telefone com o pai de um aluno, para saber o motivo pelo qual ao fora à reunião de pais (sim, sou dessas). Ele foi extremamente grosso comigo, só faltou me chamar de nome e desligar na minha cara. Entendi porque o filho é carrancudo, debochado e grosseiro... Ele é ótimo pelo pai que tem!

À tarde, quando um aluno de 6 anos me agarrou forte e disse baixinho: profe, eu queria tanto que tu fosses minha mãe...

Fechando com o episódio das cópias que fiz para minha turma (sim, faço xerox particular pros meus alunos) que custaram 21,60; dei 51,60 e duas meninas, juntas, decidiram pegar a calculadora pra calcular o troco!!!!!!! Eu expliquei o cálculo pra elas, mas aparentemente não convenci.

E esses são apenas flashes de um dia em que todos os meus butiás caíram do bolso....

Renata está ainda catando butiás, provavelmente até a próxima terça.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

A ficha caiu. E agora?


Toda vez que alguém passa por uma situação de extremo stress e fica paralisada as pessoas dizem “a ficha do fulano ainda não caiu...” ou “quando a ficha da sicrana cair...” Aí todos vão embora pra suas casas e quase ninguém nunca mais se lembra de pensar se a ficha caiu ou não. E se caiu, como é que a pessoa ficou. Digo quase, porque há quem se lembre e apóie. E há quem não acredite que a ficha tenha realmente caído e também fique por perto.

Estou passando por isto. Muitas dificuldades, muito stress e lá foi Laeticia pro psiquiatra. Um ano tomando sertralina (Santa Sertralina!), indo ao médico quase que de 15 em 15 dias, fazendo o ouvido do coitado de penico rsrs A gente evolui tanto durante o tratamento! É impressionante! Mesmo que você não queira, sua ficha cai. Aliás, suas fichas caem, porque aí você percebe que não era uma ficha só que tinha pra cair, mas sim muitas! Algumas eu sequer havia me dado conta da existência delas. Que coisa... tinha realmente muita ficha pra cair. E caíram, creio que quase todas. Tomei um choque de realidade.

Meninas, isso dói! Mas ao mesmo tempo é bom demais. No início cheguei a ter raiva de mim mesma. Como é que eu não tinha visto isto? E aquilo? Como ficou escondido tanto tempo, meu Deus?! E eu? Cadê eu? Será que esta sou eu mesma? Ou será aquela que ficou pra trás? E qual eu eu quero ser? As fichas trazem questões complexas rsrs Não é à toa que o psiquiatra te dá alta e junto mais um cartão com todos os telefones dele. Além da indicação de análise “quando você sentir que é a hora”. Traduzindo: quando eu sentir que agüento mais uns trancos da vida rsrs A decisão de fazer análise é uma decisão complexa, amigas! A chance de encontrar um monstro dentro de você é muito maior do que a de encontrar uma fada! E demora até a gente largar estes maniqueísmos e aprender a lidar com a condição de reles mortal.

Não, não fui pra análise. Não ainda. Minhas fichas caíram, é verdade. Mas ainda não estou preparada pra novos baques. Tenho medo de cair e não conseguir me levantar mais. Além disto, o fato de as fichas terem caído não significa que os problemas foram resolvidos. Pior! Não significa que os problemas têm solução! É preciso muita reflexão, maturar muito as idéias, pensar em qual gaveta vamos mexer primeiro. É preciso cuidado para conseguir discernir qual gaveta deve ser arrumada, qual deve ser bagunçada, qual deve ser esvaziada e qual deve ser preenchida. Ninguém duvida de que arrumar o armário seja uma tarefa árdua. Tanto que vivemos olhando aquela bagunça e nos prometendo arrumar tudo quando tivermos tempo. E este tempo raramente vem, quando vem.

Minhas gavetas estão definitivamente abertas. As portas dos armários também. Mas ainda não criei coragem de me levantar da cama. Há muita bagunça pra ser arrumada. Nossa, nem imaginava que havia tanta coisa fora de ordem! Estou aqui, neste exato momento, sentada na beirada da cama. Esta bagunça toda me assusta! Dá medo de começar porque a arrumação de armários e gavetas, uma vez iniciada, necessariamente tem que ser acabada. Não é tarefa que se deixe pela metade.

Acho que vou acabar demorando um cadinho pra arrumar esta bagunça. Sento na cama, olho tudo, deito de novo. Viro prum lado, pro outro, dou uma olhadinha de soslaio pras portas do armário. Meninas, mas que portas implicantes que insistem em ficar abertas e me mostrar que preciso arrumar aquilo lá!! E as gavetas então? Que antipatia. Ficam olhando pra mim como se dissessem: venha, venha!! Vou nada!! E fecho tudo. Mas quando me assusto, está lá tudo aberto de novo, mostrando que preciso arrumar.

Por enquanto ainda consigo me levantar, olhar a bagunça, fechar portas e gavetas e seguir em frente. Sim, eu sei, é um pouco de covardia da minha parte. Mas talvez seja também um pouco de instinto de auto preservação surgindo (finalmente), não dizendo pra eu não arrumar a bagunça, deixar como está, mas sim pedindo pra eu me preparar melhor pra esta arrumação. Porque meus instintos sabem melhor do que eu que, quando esta arrumação começar, nada mais será como antes.

Laeticia não é covarde, nem burra, mas realmente precisa de mais um tempo antes de se arrumar.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Lista básica

Seguindo a “vertente literária” da auto ajuda (e minha quase compulsão por listas), resolvi escrever uma lista de dicas e regras para bem viver:

- há coisas em que só se pensa, não se fala;

- quem lava a louça não seca;

- você pode bloquear uma pessoa do MSN, da vida real é bem mais difícil;

- o dia nunca vai ter 25 horas... se conforme e se organize!

- intimidade leva tempo para se construir, desinibição é outra coisa;

- só faça elogios sinceros. É melhor para o elogiado e para você;

- se falar bobagem, se desculpe. Tentar remendar nunca funciona e só piora;

- se não lembra de uma pessoa, diga;

- quem acaba o papel higiênico do banheiro tem que providenciar a reposição;

- sempre desconfie de quem faz muita auto promoção;

- se você coçar, vai piorar;

- se emagrecer, ficar rica, achar o príncipe encantado fosse fácil, todo mundo já teria feito;

- intolerância não é divertida, é burrice.



Renata deixa a lista incompleta, podem complementar.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

A garota que nunca foi


Era só convidá-la, lá estava ela,
presente, passado e futuro.
Era a pessoa com que se poderia contar,
sempre, mesmo quando desnecessária.
Ía às festas mais estranhas,
afinal queria mesmo era ajudar os amigos.
Que por vezes possuía muitos,
noutras horas, no entanto, parecia que não tinha nenhum.
Mas os anos foram passando,
e assim como o tempo e a natureza,
as coisas se transformam, mudam, se adaptam, ou não.
E com ela também não haveria de ser diferente.
Percebeu que amigos mesmo eram poucos,
os outros apenas lembravam dela quando precisavam,
ou quando todos os outros não estavam disponíveis.
E viu que não eram apenas "amigos" que a tratavam assim,
mas familiares, namorado, até o gato.
E resolveu dar um basta nisso.
Queria e merecia mais, muito mais.
Num final de semana qualquer te ligaram,
chamando para um programa daqueles,
e ela disse NÃO.
Distinto e sonoro.
Outras pessoas te ligaram,
se comunicavam entre si assustadas.
E todas ouviram a mesma resposta, um lindo NÃO.
Perceberam embasbacadas que ela era alguém,
que existia e se movia por si só, com vontades e aspirações próprias.
Se assustaram, assim como ela.
E a garota sumiu de suas vidas, nunca mais foi vista, havia cumprido sua jornada.


Silvia escreve às segundas-feiras.

domingo, 4 de abril de 2010

O Casamento do Meu Melhor Amigo


Ok, eu sei que parece nome de filme. Não assisti a esse filme, nem pretendo. Desculpe o excesso de sinceridade, mas não gosto de filmes “água-com-açúcar”! O título do post não se refere ao filme, e sim à vida real. No próximo sábado meu melhor amigo vai se casar... aí bate aquela coisa: “e agora, o que acontece depois disso?”


Muitos devem estar pensando que isso é o fato mais natural do universo, mas pra mim não é. Quando ele me disse que se casaria, mil coisas passaram pela cabeça. Passou um pequeno filme turvo e confuso, porém muito divertido com flashes do que deu pra lembrar das milhares de coisas que já passamos juntos. É uma figura que conheço há mais de dez anos, quase um irmão. Atualmente já não convivo tanto, coisas da vida. Mas é uma figura especial, que tenho um carinho enorme! Me conhece super bem, e sou eternamente grata, pois através dele conheci outras tantas pessoas que tornam meu dia-a-dia especial. Gargalhadas, lágrimas, cachoeira, mar, porre, ressaca, dança, comida boa, colo. Com ele aprendi a aprendi a ser mais livre, leve.


Num primeiro momento pensei em não ir à cerimônia. Mas agora já estou pensando na cor do vestido, gravando uma seleção de música e preparando o confete com arroz pra jogar nos noivos.


Somos uma turma grande de amigos, dos quais grande parte são parentes – irmãos, primos, tios. Era só uma família grande de gente maluca numa cidade do interior e que foi incorporando amigos, e amigos de amigos. Dessa turma, poucos são casados, a grande parte não pretende se casar. Lá vamos nós então, pro mato, de manhã, casar uma das figuras mais libertinas que já conheci. Quem diria!


Mariana não gosta de ir a casamentos, mas vai botar uma flor no cabelo e está preparando o fígado para fortes emoções!

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