segunda-feira, 5 de abril de 2010

A garota que nunca foi


Era só convidá-la, lá estava ela,
presente, passado e futuro.
Era a pessoa com que se poderia contar,
sempre, mesmo quando desnecessária.
Ía às festas mais estranhas,
afinal queria mesmo era ajudar os amigos.
Que por vezes possuía muitos,
noutras horas, no entanto, parecia que não tinha nenhum.
Mas os anos foram passando,
e assim como o tempo e a natureza,
as coisas se transformam, mudam, se adaptam, ou não.
E com ela também não haveria de ser diferente.
Percebeu que amigos mesmo eram poucos,
os outros apenas lembravam dela quando precisavam,
ou quando todos os outros não estavam disponíveis.
E viu que não eram apenas "amigos" que a tratavam assim,
mas familiares, namorado, até o gato.
E resolveu dar um basta nisso.
Queria e merecia mais, muito mais.
Num final de semana qualquer te ligaram,
chamando para um programa daqueles,
e ela disse NÃO.
Distinto e sonoro.
Outras pessoas te ligaram,
se comunicavam entre si assustadas.
E todas ouviram a mesma resposta, um lindo NÃO.
Perceberam embasbacadas que ela era alguém,
que existia e se movia por si só, com vontades e aspirações próprias.
Se assustaram, assim como ela.
E a garota sumiu de suas vidas, nunca mais foi vista, havia cumprido sua jornada.


Silvia escreve às segundas-feiras.

3 comentários:

Mariana disse...

nú!! fiquei toda arrepiada! se te contar meu dia hoje, teria a mesma sensação que estou tento agora... parece que esse texto saiu da minha boca, da minha cabeça, da minha vida! putz...

Renata disse...

Bah, tem uma Renata na minha via que eu quero mandar pro mesmo lugar... como faço?

Adorei o post!
Beijos!

Danielly Tiepo disse...

Simplesmente me vi nesse texto...

No momento to quieta e aprendendo a dizer não e o principal, a me amar!

BEijos

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