sexta-feira, 25 de junho de 2010

Julgar e Ser Julgada

Nem me lembro qual período da faculdade eu cursava. Haveria prova oral de Direito Penal. O professor seria meu orientador no final do curso, mal sabia eu. Fui chamada, entrei na sala, respondi tudo que ele perguntou – eu adorava a matéria, então foi fácil – e depois ficamos conversando. Ele me disse: você tem cara de quem vai ser juíza. Na hora, nem titubeei em responder: Deus me livre! Julgar é tarefa pra gente sábia e eu não me acho apta a julgar ninguém não. Vou ser advogada. Mas meu professor não desistiu até hoje: quer me ver juíza ou promotora! E olhem que já vai tempo desde esta conversa!

Mas o que eu quero dizer é que julgar sempre me pareceu uma tarefa ingrata. Imaginem só! Cada um pensa de um jeito, age de outro e só me parece possível tomar uma decisão drástica quando estamos vivenciando o “drama”. Ontem por exemplo surgiu um assunto de aborto e eu falei abertamente que achava que o corpo é meu e dele eu faço o que eu bem entender, mas que, como nunca quis ter que tomar uma decisão tão séria, sempre fui precavida. Outra coisa espinhosa é o tal de matar. Já ouvi de tanta gente que nunca seria capaz de tirar uma vida! Pois eu me acho capaz. Basta eu imaginar alguém “meu” sendo agredido que eu já vejo sangue nas minhas mãos!

Então, nunca gostei de fazer julgamentos. E decidi tentar evitar julgar aos outros, né? Pra não fazer nada de que eu fosse me arrepender depois. Mas parece que uma praga me persegue por conta disto!! Vira e mexe gente que eu gosto muito me julga sem nem me dar chance de falar nada! Já fui julgada e condenada sem nem saber porquê! Gente que me virou a cara, que eu fui atrás pra saber o que tinha acontecido e se recusou a falar porque de repente eu tinha virado uma megera 

Algumas pessoas eu confesso que nem gostava tanto assim delas, mas tinha consideração. Mas mesmo assim, saber que eu tinha sido julgada e condenada sem nem saber o porquê me incomoda muito. E me magoa profundamente quando sou julgada por quem eu amo sem chance de dar minha versão dos fatos.

Olhem, não é pela minha formação. Eu sempre fui assim. Sempre quis ouvir tudo antes de começar a falar. Até quando eu dei um pau no menino que tinha batido no meu irmão, na época, pequeno, eu tomei o cuidado de perguntar o nome dele e se era ele quem gostava de bater em menino pequeno antes de sentar o borralho nele. E só bati no pivete porque ele olhou na minha cara e disse que era ele mesmo e que gostava sim de bater no meu irmão. Aí, nem julguei, só executei a sentença que eu mesma tinha dado: tapa na cara de valentão.

Aí deixei de ir numa festa porque tinha tido cólica de rins. Passei a noite no hospital tomando remédio na veia e não dei conta de ir à festa. Só que no outro dia eu tava boa e queria sair de casa, tomar um ar. Chamei o pessoal pra ver jogo em algum lugar. Pronto! Foi o suficiente pra acharem que eu não tinha ido pra fazer pouco caso da festa da minha colega e que não tinha tido cólica nada. Fiquei me sentindo uma caquinha. Porque de cara, o que ouvi foi: pegou mal você mandar esta mensagem pra fulana. E quem disse que eu tinha mandado mensagem pra dona da festa? Pra ela eu tomei o cuidado de telefonar, explicar minha ausência e só não chamei pro chope porque ela estava com o namorado, numa comemoração só deles. E eu tive chance de falar isso? Não, não tive...

E não tem jeito, viu. Eu fico mesmo chateada com estas situações. Porque eu não julgo ninguém assim, sem ouvir antes. E se quem faz isto comigo é gente que eu gosto muito, aí é que é complicado mesmo. Porque a pessoa devia me conhecer o suficiente pra saber que eu não faria uma grosseria deste quilate.

Laeticia está chateada. E não é com uma pessoa só.

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