segunda-feira, 14 de junho de 2010

Para quando vale a pena dividir

O Valioso Tempo dos Maduros... (Mário de Andrade)

Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora. Tenho muito mais passado do que futuro. Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço. Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados.
Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte. Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha. Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos. Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral.
As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa… Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana, que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade…
Só há que caminhar perto de coisas e pessoas de verdade.
O essencial faz a vida valer a pena.
E para mim, basta o essencial!

É, e acho que tenho vivido assim, nem todos percebem, infelizmente, mas a gente muda, ainda bem, e quem nos acompanha.... vem junto, e caminha com a gente, pro quê realmente importa.

Um comentário:

Anônimo disse...

Silvia,

Penso que já penso a vida assim desde minha tenra idade, com jabuticabas preciosas, dulcíssimas, por isso sempre parcimônia para degustá-las!

Agora, aos 40, a bacia somente com as cascas da jabuticaba manipulando-as na elaboração de um fino licor d'ouro e, ao bebê-lo recebo o gosto que remete à mente os idos prazeres que a vida já me dera, mas ao mesmo tempo um gostinho de sempre querer viver mais, por isso doses homeopáticas para que o líquido sempre escorra em minha garganta num eterno orgasmo etílico de vida...

Façamos então, em mente, um brinde deste licor em taças cristalinas por muitos anos com saúde, paz, generosidade e muita felicidade!!!

Beijos,
Sérgio

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