sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

A vida que me pertence

As meias sem par, a negação à rotina, à obediência e à normatização. O vício pelo café, pelo álcool, pela noite e outras cositas mas. A inconstância, a descerimônia. A vadiagem, o desapego, a preguiça, o sono. A solidão, a dúvida, o questionamento. A alienação, o esquecimento, a busca, o ingênuo, mas ativo engajamento. As calcas curtas, o dinheiro não poupado, o tempo gasto até o último vintém. O quarto do avesso, as diferenças acertadas, as áreas comuns. O eu, o outro, o nós. As disciplinas pessoais, os limites, as forças. Os desentendimentos, os diálogos, a impermanência, a partida e o ficar. A insegurança, a carência. O teto, o cobertor, a geladeira, o calor dividido em muitos sem quase não faltar nada a ninguém. Os incontáveis passados, o único presente, o futuro impensado. As possibilidades, o anonimato. A vida paralela, os projetos, crenças, aspirações e frustrações tão sortidas quanto pessoais. O tempo livre, a fadiga, a tosse. As contas, a roupa de cama e banho, a louça. A arte, o medo e a coragem, as paredes sem acabamento. A experiência, o cansaço, o abatimento. A fuga, a fugacidade, o desassossego. A vida que me pertence no presente momento.

Num mundo paralelo, tão meu quanto de ninguém, tão sem dono como todos, serviu-me como que feito por medida, nem pequeno nem grande. A mágica de ter todo e apenas o tamanho que merece, espaçoso o suficiente para que não transborde as linhas alheias.

E sumi na multidão.

Mariana escreve esporadicamente e anda assim ultimamente, só na multidão.

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