terça-feira, 30 de agosto de 2011

Regrinhas básicas

Como as pessoas gostam de regras, não é? É incrível o sucesso que fazem os livros com normas, dicas e regras para ser mais feliz, mais magra, mais rica, mais gostosa, mais poderosa, etc...

Mesmo sendo meio avessa a isso, ouvi de uma amiga três regras para uma vida melhor que julgo muito boas, mesmo. E compartilho com vocês:

  1. Comer a metade: além de ser bom pra silhueta, acelera o metabolismo, diminui o desperdício e é mais barato. Só é um pouco difícil.

  2. Caminhar o dobro: esse é mais fácil. Também é econômico, agradável e saudável. Exceto quando se vive num clima frio e úmido, como está aqui no Sul... Mas é divertido, e andando a gente tem outra percepção do mundo, das pessoas. É um exercício físico, mental, e nossa saúde e a saúde do ambiente agradecem!

  3. Rir o triplo: nem precisa comentários. A vida fica mais leve, e até as rugas que teimam em se instalar nos nossos nobres rostinhos vão se tornando rugas felizes. Rir é uma arma poderosa contra o baixo astral, e afasta as coisas ruins.

Pronto, três regrinhas fáceis para uma vida muito melhor.


Renata escreve aqui às terças, e já está tentando pôr em prática as tais regras.

domingo, 28 de agosto de 2011

As vidas de Eulália - ou As Eulálias da vida...

Eulália, no alto de seus 35 anos, observa, com enfado, sua vida arrastar-se ante seus olhos, sem que nada de emocionante aconteça.

Durante a semana, a despeito de sua apatia habitual, Eulália empresta à própria voz um tom rouco e aveludado e preenche momentaneamente o vazio e a solidão dos que, habitualmente, ligam para o Disque-Sexo no qual trabalha.

Os finais de semana, passa-os todos em frente à televisão, desejando, secretamente, ocupar o lugar das inúmeras mulheres lindas que aparecem na tela, com suas vidas supostamente interessantes.

Um dia, porém, Eulália decide que é chegada a hora de criar uma vida de verdade.

Raspa a cabeça, faz cinco tatuagens (dentre elas uma moça com ar angelical a observar, divertida, um imenso falo, trespassado de ponta a ponta por dezenas de pregos), coloca um alargador no lóbulo da orelha esquerda e mais dois piercings (um no nariz e outro na língua), decide vestir-se de preto dos pés a cabeça e, uma vez que torna-se tão radical, passa a cometer pequenos delitos, como furtar clipes e canetas no seu local de trabalho.

Ante os olhares atônitos dos conhecidos e quando questionada acerca do que aconteceu com ela, limita-se a sorrir com ironia e a responder lacônica:

"Ah! Eulália foi passear pela vida perdeu-se pelo caminho..."

...

Déia escreve aos domingos e observa, deveras interessada, a intensidade com que algumas pessoas rompem a tênue linha entre a indiferença e o absurdo...

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Sobre as distâncias

Tenho pensado muito sobre tantas coisas, mas principalmente sobre a distância que nos separa do amigos, se amigos. Por vezes estamos muito próximos de quem anda distante, e noutras só daqueles que moram bem perto de nós. As vezes temos conversas incríveis e significantes com amigos de outros países, noutras procuramos alguém que entenda bem a nossa própria língua. Já fui a amiga que está com problemas e busquei pessoas que sabia, seriam honestas e sinceras comigo, além de bons ouvintes, e já fui o ouvido também. Já fui a amiga das encomendas, das traduções, das bebedeiras, do choro e do riso em conjunto, de Carnavais e Reveillons. Mas hoje tenho me sentido, sem querer, a amiga do telefone ocupado, da secretária eletrônica, do fica pra depois, de ambos os lados, do meu e dos outros. E talvez mais dos outros do que do meu. E isso me deixa triste, pois vejo pessoas que amo se distanciando de mim. E penso em minha mãe e algumas de suas amigas que se encontram uma vez por ano, com presentes de Natal e aniversários de anos passados, convites de casamento dos filhos que por sua vez não lembramos bem do rosto. E me sinto ainda mais triste; ainda mais por que me lembro do presente de uma amiga que ainda não dei, e que está comigo há meses. Não quero ficar assim, mas também quero a sensação de que a amizade é recíproca, de que o telefone toca dos dois lados e que a vontade ainda é igual.

Silvia escreve as segundas, às vezes um pouco só.

domingo, 21 de agosto de 2011

Desespero

"Percorri caminhos inexistentes
Pensei pensamentos desconexos
Sonhei sonhos impossíveis
Senti na boca
o gostos amargo
de tantas quimeras...
E, por fim,
no auge da minha loucura (?)
Escarrei meu sangue
ávido,
quente,
desesperado
Na face de quem acredita..."

Déia escreve aos domingos e anda plena de descrenças...

(Este poema, de minha autoria, foi escrito em 2005 e publicado originalmente em meu blog particular, o Devaneios)

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Olhares

Tenho desde sempre o hábito de observar as pessoas, seus gestos, sua linguagem corporal, e ate levanto hipóteses sobre as suas historias. É um ato de auto-entretenimento.

Essa semana, num dia de muito vento, e muita pressa, daqueles em que se corre com fome e com a bexiga cheia, por pura falta de tempo de resolver ambos os problemas, meu olhar foi fortemente atraído por uma cena bem simples.

Eu nem reduzi o passo, vi num instante: um casal, dentro de uma padaria, sentados um de frente pro outro, conversando.

Não se tocavam. Não vi o cara, nem sei se era alto, magro, gordo...não saberia dizer.

Aquela cena tão simples me impressionou.

Não por ela estar sentada num lugar quentinho, e lanchando, como eu também gostaria de estar. Nem pelo seu par, pois nem vi como o sujeito.

Mas o olhar da menina era apaixonado. Eu vi admiração nos olhos dela. A vida corria levada pelo vento lá fora, e ela só tinha olhos pra ele. Não estavam protagonizando nenhuma cena de novela, com carícias exageradas e beijos melados. Não chamavam atenção dos menos atentos, estavam simplesmente tomando um café num fim de tarde.

Mas o olhar dela era brilhante, era pleno, era apaixonado.

Senti muita vontade de ter alguém pra quem olhar dessa forma.

Renata se impressiona com as pequenas coisas da vida, cada vez mais surreal.

domingo, 14 de agosto de 2011

Impermanência...

Dia desses me pus a pensar em quantas vezes reclamamos da total e absoluta impermanência a que estamos submetidos.

Por vezes desejamos que certas pessoas, coisas e sentimentos nunca se modifiquem, desejamos que permaneçam sempre da mesma maneira ou com a mesma intensidade. Desejamos, por exemplo, que o amor que estamos vivenciando dure para sempre, que a alegria que estamos sentindo não tenha jamais um fim, que a sensação de plenitude e realização que sentimos em determinados momentos permaneça sempre conosco...

Reclamamos constantemente da impermanência a que estamos submetidos e não nos questionamos jamais como seria nossa vida se tudo, absolutamente TUDO, o que nos acontecesse (ou que sentíssemos) fosse permanente...

Imagine tais sentenças:

- Um acesso de riso em momento inoportuno: PERMANENTE.

- Uma crise de enxaqueca: PERMANENTE.

- Uma cólica tenebrosa: PERMANENTE.

- Uma emoção disparatada: PERMANENTE.

- Uma alegria inusitada: PERMANENTE.

- Uma sensação opressora de perda: PERMANENTE.

- Um orgasmo (!!!): PERMANENTE.

- Uma crise de choro: PERMANENTE.

- Uma sensação de orgulho por alguma conquista: PERMANENTE.

- Uma paixão desenfreada: PERMANENTE.

- Uma descarga súbita de adrenalina: PERMANENTE.

...

O que faríamos nós se, de fato, a impermanência não fizesse parte de nossas vidas?

Como abrigaríamos, ao mesmo tempo, tantas emoções, sentimentos, pessoas, atitudes e escolhas?

...

Déia escreve aos domingos e apesar de, às vezes, desejar que certas pessoas, sentimentos e situações permaneçam para sempre em sua vida, segue acreditando que a transitoriedade é, de fato, uma benção...

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Nascer e morrer

Não está mais na infância ou na adolescência mas quer proteção.
Protegida pela idéia de coletividade. Para evitar a solidão.
Sai da zona de conforto mas quer a certeza que o conforto encontra-se em algum lugar.
Que pode até ser distante, mas existe.
Como o trapezista que não dispensa a rede.
Rede velha que o tempo puiu. E se desfez.
Nunca foi usada.
Ousar, ousar. E pisar no carvão em brasa.
Pra deixar o medo sumir e também puir.
Se nasce sozinho e se morre sozinho. Sem rede!
Lil escreve esporadicamente.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Renata e o Universo

Eu e o Universo temos uma relação de amor e ódio. Ele me odeia e me castiga, pra logo depois dizer: era brincadeira.
Usa de uma ironia refinada (nem sempre tão refinada) para se comunicar comigo. Um exemplo: semana passada, num dia super chuvoso, eu estava numa pressa enlouquecida, correria total. As coisas simplesmente TINHAM que funcionar conforme o planejamento.
E enquanto eu sapateava de pressa, numa fila cheinha de pessoas lerdas, muito muito lerdas, eu pensava em como é que podia existir gente assim? Sem pressa? Essas pessoas deveriam ir morar no mundo da Lúcia-já-vou-indo. Parecia que elas estavam fazendo de propósito para me irritar. Saí da aula correndo, fui no banco, no Xerox, na lancheria para comprar um lanche e almoçar no ônibus, e ainda tinha coisas a fazer em muito pouco tempo. Sempre tinha gente lerda na minha frente.
Na saída do campus, de cima da escadaria principal, vi que meu ônibus estava quase saindo. E foi aí que o Universo agiu...
Levei um tombaço e desci uns 5 degraus de bunda! Juro que escutei uma vozinha dizendo: está bom assim, ou você quer andar ainda mais rápido? Juro!
Depois que um gentil senhor me juntou de chão, literalmente, eu que machuquei apenas minha dignidade e um pouco do derrière, apenas pensei agradeci o homem e saí correndo. No final, perdi a elegância, mas não o bom humor e nem o ônibus.

Renata continua sua relação de amor e ódio com o Universo, e escreve aqui às terças-feiras.

domingo, 7 de agosto de 2011

A vida alheia

E a Menina, surpresa, percebeu que apesar de todos termos
nossas loucuras,
nossas estranhices,
nossas traquinagens,
nossos dias de pavão glorioso,
nossos dias de patinho feio,
nossos dias doces e tristes.
nossas dores,
nossos amores,
nossos temores...
Curiosamente, contudo, a vida alheia parece sempre mais interessante aos nossos olhos...


Déia escreve aos domingos e, a cada dia, acha sua própria vida mais e mais interessante...

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Naquela tarde


Naquela tarde Francisca não teve dúvida, quis saber qual seu lugar.

Dedos livres numa tarde cheia de ventos guardou sua aliança.

Respirou, comprou copos de cristal para sua casa e tomou mais um sorvete.

Estava vestida, e bem vestida, diga-se de passagem, vestida de branco, ia branda e na cabeça carregava um fio leve de enfeitar os cabelos de ouro, estava pronta.

Entrou na igreja, fotografou-se!

Estava noiva de si!

Tinha neste dia achado o seu caminho.

Já sem medo, perguntou.

E queria uma resposta sem ser rodeada ou anelante, resposta firme sem ter que fazer dela nenhum lugar de responder.

Ela pedia para ouvir, ouvir com sorte.

Sentou-se na cama, tirou da cabeça os grampos. Penteou os cabelos e foi dormir ainda sem respostas. Preferiu dormir sem medos, mais uma noite, duas talvez... seguidas!

Até escolheu a melhor data, há tempos sonhava. Agendou em segredo, esperou mais um pouco sem pecar.

Com sua lucidez e sua ignorância sabendo que não havia mais lugar seu ali.

Calculou a hora de partir. Ficou muda, fez silêncio tentar virar grito forte!

Temeu nunca mais ter sonhos leves.

Tentou dormir espiando as noites que vieram pela janela de seu quarto, era invadida por céus azuis.

Ela sabia assim, mesmo que achassem que fosse ela um pouco burra, quase imbecil, preferiu dormir, dormiu.

Queria um amor declarado, livre e cuidadoso.

E sabia onde estava. Por isto foi assim caminhando tão devagar. Divagando, divagando sem ser ela devagar.

Lentamente foi abrindo os olhos e Francisca já não tinha mais razões para estar ali, não tinha também mais medo, medo algum, e assim deu para escrever bilhetes e partiu.


Juliana escreve esporadicamente.


quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Dica de Leitura: Lya Luft, A Riqueza do Mundo

Semana passada me emprestaram um livro que me interessou pela autora, mas que eu não sabia que seria tão bom! Trata-se de “A Riqueza do Mundo”, de Lya Luft. Fiquei tão impressionada com o conteúdo do livro, que resolvi indicá-lo a todos os que não têm medo de ler verdades. Pois é disso que as crônicas presentes em “A Riqueza do Mundo” tratam, verdades.

A autora não tem medo de discorrer sobre nossos problemas sociais, sobre a imagem que o brasileiro para do Brasil no exterior, e do quanto essa imagem exótica é pequena. Fala também dos problemas de violência, da falta de limites das crianças da atual sociedade, do quanto os pais não educam seus filhos, do quanto o politicamente correto exclui mais do que inclui, dos preconceitos que temos, e dos que criamos, das mulheres que sofrem violência doméstica, entre outras questões fortes e polêmicas.

Além disso, fala de temas simples e belos, como o amor de pai e mãe, como as lembranças de infância, de amizade, amor e velhice. Fala também de questões atuais, como o bom e o mal uso de tecnologia, do consumismo, dos valores morais, e, mesmo tratando de temas tão delicados, uns lindos, outro problemáticos, outros tristes, há sempre a esperança de uma consciência que surja disso tudo, e melhore nossa sociedade tão doente, tão carente, tão isolada em meio à riqueza do mundo!

É um livro para quem quer pensar, refletir, fazer melhor, viver melhor. Não deixem de ler!

Tânia sempre reclama de muitas das coisas que Lya Luft escreveu em seu livro, como a falta de valores, falta de respeito e desvalorização da educação. Mas também continua lutando para que o mundo seja um lugar melhor, e fica feliz quando vê que há mais gente lutando também!

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Ontem choveu

Ontem choveu. Muito. Com o frio e o vento a sensação ficava ainda pior. Mas pior do que nariz gelado, pé molhado e cabelo embaraçado, é ver a falta de gentileza das pessoas.

A falta de pequenos gestos que certamente melhorariam, e muito, o dia das pessoas.

Me chamou atenção os carros que aceleraram sem dó, fazendo a água da sarjeta ser jogada longe, molhando as calçadas e as pessoas. Os motoristas de ônibus que paravam em lugares bem longes das calçadas, fazendo as pessoas pularem ou, na impossibilidade, se molharem.

As pessoas com sombrinha e guarda-chuvas que andavam sem cuidado, molhando e batendo nos outros; por baixo das marquises, enxotando os sem-sombrinha para a chuva...

No meio de tudo isso, pequenos gestos de gentileza gratuita, inodora e indolor têm grande valor.

Foi num dia de chuva que eu pensei nisso, mas gentileza é importante nos dias de sol, vento, cerração (que é a neblina no sul), de noite, de madrugada...

Aproveito e lanço a ideia: seja gentil. Simples assim. Dê bom dia, dê licença, agradeça. Elogie. Colabore. Seja um pedestre, um motorista, um colega mais gentil. Um amigo, namorado, conhecido mais gentil. Sem esperar recompensa. Mesmo assim, tenho certeza de que ela virá.

Renata escreve aqui às terças, mas procura ser gentil todos os dias.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Quanto querer....


Há alguns meses quando descobri que seria mãe de um menino, tive dúvidas e apreensões.
Desconhecia o universo masculino do lado de cá, sempre o assisti passar pela janela e nunca o compreendi de maneira inerente.
Os homens são lógicos, querem resolver todos seus problemas, não entendem por que as mulheres conversam por conversar e têm certa tendência ao suicídio com seus esportes radicais. Sem contar aqueles que têm dificuldades de expressar suas emoções.
Que medo de ter um exemplar saindo de mim e não saber lidar com sua linguagem, suas ânsias e suas necessidades. Como o ensinarei sobre a vida se nossos interesses serão tão diversos? Se ele vai querer experimentar tudo aquilo que quis distância por toda minha vida? Como então guiar alguém sem a experiência exigida para o cargo?
Em meio aquelas tormentas uma amiga disse que era pra eu relaxar, que bebê é assexuado e não importa o que sejam, são seus filhos. Embarquei na onda e resolvi curtir a maternidade de um bebê, seja ele menino ou menina.
Tive a prazerosa surpresa de descobrir que ser mãe de menino e tudo de bom!
Confesso que devo estar influenciada pela minha prática pois já não sou marinheira de primeira viagem. Isso tornou as mamadas, noites mal dormidas e troca de fraldas muito mais fáceis. Mesmo assim, observei no meu pequeno um comportamento que a minha filha nunca teve. Quando insatisfeita, não havia o que a acalmasse. Com ele, faço o mundo se colorir só com a minha voz e a minha presença. Está chorando? Canto uma musica qualquer e o choro e rapidamente substituído pelo sorriso no olhar que só ele tem.
Estamos apaixonados. Foram 5 meses de relacionamento e amor intenso. E eu estou em deleite.
Ainda há a questão da diversidade sexual. Haverão perguntas que não terei resposta, mas para isso existem os papais, para mostrar a eles o lado lógico do mundo. Eu agora estou aqui para dividir emoções. Só emoções.
Lil escreve aqui esporadicamente.
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