quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Naquela tarde


Naquela tarde Francisca não teve dúvida, quis saber qual seu lugar.

Dedos livres numa tarde cheia de ventos guardou sua aliança.

Respirou, comprou copos de cristal para sua casa e tomou mais um sorvete.

Estava vestida, e bem vestida, diga-se de passagem, vestida de branco, ia branda e na cabeça carregava um fio leve de enfeitar os cabelos de ouro, estava pronta.

Entrou na igreja, fotografou-se!

Estava noiva de si!

Tinha neste dia achado o seu caminho.

Já sem medo, perguntou.

E queria uma resposta sem ser rodeada ou anelante, resposta firme sem ter que fazer dela nenhum lugar de responder.

Ela pedia para ouvir, ouvir com sorte.

Sentou-se na cama, tirou da cabeça os grampos. Penteou os cabelos e foi dormir ainda sem respostas. Preferiu dormir sem medos, mais uma noite, duas talvez... seguidas!

Até escolheu a melhor data, há tempos sonhava. Agendou em segredo, esperou mais um pouco sem pecar.

Com sua lucidez e sua ignorância sabendo que não havia mais lugar seu ali.

Calculou a hora de partir. Ficou muda, fez silêncio tentar virar grito forte!

Temeu nunca mais ter sonhos leves.

Tentou dormir espiando as noites que vieram pela janela de seu quarto, era invadida por céus azuis.

Ela sabia assim, mesmo que achassem que fosse ela um pouco burra, quase imbecil, preferiu dormir, dormiu.

Queria um amor declarado, livre e cuidadoso.

E sabia onde estava. Por isto foi assim caminhando tão devagar. Divagando, divagando sem ser ela devagar.

Lentamente foi abrindo os olhos e Francisca já não tinha mais razões para estar ali, não tinha também mais medo, medo algum, e assim deu para escrever bilhetes e partiu.


Juliana escreve esporadicamente.


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