terça-feira, 10 de julho de 2012

Vida de Patroete ou Eu Achava Que Só Acontecia Comigo

Ultimamente minha maior preocupação tem sido conseguir uma faxineira. Aliás, desde que me casei. Nem precisava ser muito decente, não. Tratando bem da Laila, limpando a casa de forma minimamente razoável, não queimando as roupas e não quebrando a casa inteira já servia. Não fazia questão nenhuma de que a casa ficasse do jeito que mamãe ensinou que deve ficar, já que não sou eu mesma quem arruma, mas presenciei cada coisa nos últimos anos que Deus me livre e guarde!!

Esta foi até antes de eu me casar. Era véspera de Natal e o primeiro que eu passaria com a família do meu então futuro marido no sul de Minas. Com direito a participar do amigo oculto! Tirei uma das crianças e comprei o presente com o maior cuidado. Era um conjuntinho de fazer bichinhos em gesso, com pincéis e tintas coloridas. Brinquedo não imbecilizante, como diria minha mãe. Deixei o presente, lindamente embrulhado, no apartamento do Bola, bem em cima da mesa, pra não correr o risco da gente se esquecer. Criança magoa, né? Cheguei na casa do Bola no dia 23 de dezembro já de mala e cuia pra viajarmos e dei falta do presente. Liguei pro Bola, que ainda não tinha chegado do trabalho. “Bola, onde foi que você guardou o presente do Lucas?” “EEEEEUUU não guardei em lugar nenhum, está em cima da mesa da sala.” “Não tá, não!” “Bom, deveria estar. Liga pra Luciana e vê com ela onde que ela guardou.” Luciana era a faxineira que eu mesma havia arrumado quando o Bola decidiu morar sozinho. Gente de confiança, filha da ajudante que trabalha na casa da minha vó há anos e que continuou lá mesmo depois que minha vó morreu. “Luciana? Oi, Luciana, é a Laeticia, tudo bem? Aqui, conta pra mim onde que você guardou um presente que estava em cima da mesa da sala. Uma caixa grande.” “Ah? Ah? Ah? É... É... É... Ai... Ai... Ai, Laeticia do céu! Ai, meu Deus! Eu achei que era presente de Natal pros meus filhos e até já dei pra eles brincarem...” Pior é que eu ainda teria que ficar com esta infeliz em casa até encontrar outra. Mas antes que isto acontecesse, a Luciana pediu demissão porque o marido não queria mais que ela trabalhasse em casa de família.

Aí a Luciana me indicou – ai que medo que me deu – a Daniela, prima dela. Apesar do medo que me dominava, acabei contratando a menina porque pelo menos tudo indicava que ela não ia “limpar” a minha casa enquanto nós estivéssemos trabalhando. Imaginei que uma evangélica não fosse me dar dor de cabeça. Eis que num belo dia chego em casa algumas horas antes do horário costumeiro. Nem se eu der mil chances pra vocês adivinharem a cena vocês adivinham! Primeiro que o som estava tão alto, mas tão alto, que a Daniela não me ouviu chegando!! Era um funk horroroso, daqueles quase pornográficos. A TV estava ligada, sem som, naquela baixaria de Márcia Goldsmith. A bonitona da minha faxineira estava usando um short gi-ne-co-ló-gico e um top que mal tapava os mamilos. A tábua de passar roupa estava entre minha mesa de jantar e a TV. Em cima da mesa, minha petisqueira cheia do grana padano do Bola, regado pelo azeite italiano do Bola, bebendo a Guiness do Bola!!! A infeliz dançava – se é que aquilo pode ser considerado dança e música -, passava as roupas com a mão direita e comia e bebia com a esquerda!! Encostei na parede e fiquei parada observando aquela cena dantesca, esperando que a rapariga pelo menos olhasse pro lado e nada. “Você está precisando de mais alguma coisa, Daniela?!!” Não preciso dizer que esta saiu do posto de trabalho no mesmo dia, né?

Alguém me indicou a Andréa, faxineira que contratei depois que a Daniela saiu. A Andréa parecia um sonho!! Se a gente ficasse em casa, ela limpava até a gente. Cuidava da casa quase como se fosse dela. Mas falava demais. Ficava comentando na casa da minha amiga o que acontecia na minha casa e vice versa. A gente foi tolerando porque a danada até areava as esquadrias de alumínio das janelas. Até o dia em que peguei a filha de uma marafona de porta aberta conversando ao celular e falando pra amiga “Ah... A Laeticia não merece o marido que tem!! O Alexandre é um maridão!!”. Rua!!! Rua!!! Suma das minhas vistas, olho gordo dos infernos!!

Esta última que eu tive o desprazer de dispensar quase me enlouqueceu. Na mesma semana ela 1) quebrou o pé da cadeira, tentou colar, deixou a cadeira lá montada pra eu chegar morta de cansada e me esborrachar no chão; 2) jogou fora o café gourmet e o biscoito de chocolate francês do Bola e 3) derreteu meu vestido Calvin Klein com o ferro de passar roupa. Tudo isto somado ao tanto de coisa que ela já havia destruído (arrancou o gancho de segurar a porta da parede, sumiu com todos os parafusos que prendiam os ralos no chão dos banheiros, arrebentou todas as minhas persianas, dentre outras coisas) resultou numa demissão quase sumária.

Agora estou com outra. Vamos ver no que vai dar. Fiz um roteiro e vou ficar de plantão em casa sexta-feira pra ensinar o quê e como se faz. Eu devia era cobrar pelo treinamento!! Porque embora eu odeie serviço doméstico, aprendi que até pra “mandar” a gente tem que saber fazer. Só não aprendi a cozinhar mesmo. Mas isto é um capítulo à parte.


Laeticia chegou à conclusão de que, de fato, faxineira boa é espécime em extinção.

5 comentários:

Selma Helena. disse...

É f...
E depois a gente que não presta. A minha antiga faxineira nunca quebrou nada, mas quando parei pra observar a dita cuja trabalhando( e olha que no primeiro dia mostrei como queria a faxina, o material que era pra usar e onde, os paninhos específicos para vidro, espelho e etc...enfim, depois de um 2 meses comigo, parei pra observar como ela fazia. Eis que vejo a fulaninha passando sobre a pia da cozinha o pano que usou para passar no chão da cas...que ódio!
Guentei não!
Aí arrumei uma senhora ótima, limpa, honesta e está comigo quase um ano e hoje, exatamente hoje ela comunicou que só ficará por mais 1 mês, pois a mãe está idosa e ela irá se dedicar a mãe. Tô triste: (
Beijos,
Selma.

Unknown disse...

Genteeeeee...tá complicado mesmo arrumar uma pessoa bacana ne?!
Tenho uma amiga que cansada d epassar raiva com empregada decidiu ela mesma ser a empregada. Ela dá aulas o dia todo e quando chega a noite dá uma arrumadinha na casa, faz o jantar e ainda faz plano de aula. No sábado é faxina, lavar roupa tudo sozinha e no sabado todo. Ela diz que assim ela fica mais cansada mas ela não passa raiva e faz tudo do jeito dela.
Já a minha mãe também não tem sorte com empregadas ou não são higiênicas ou quebram ou furtam as coisas daqui de casa. Como ela não está trabalhando agora as empreguetes sou eu e ela rs.
Boa sorte aiii!!!
Bjus
avidamudaeutambem.blogspot.com.br

Anônimo disse...

É, não é fácil não e ainda comem nosso queijo caro, nosso café gourmet, nosso chocolate francês, nossa cerveja, putz essas pobres não aprendem mesmo!!!!!!!!!kkkkk a classe média chora lágrimas de petulância.

Liz disse...

Pois eu, amiga, poderia até escrever um livro enoooorme com as histórias das empregadas que passaram pelas minhas casas... Histórias de terror e drama...kkkk Atualmente estou com uma empregada que limpa direitinho, mas é uma pessoa esquisitíssima, que não cumprimenta ninguém, vive resmungando pelos cantos e parece que tem uma nuvem negra a acompanhando, um horror, mas até que eu encontre outra pessoa, vou levando... Infelizmente, são um mal necessário... Injusto eu passar a semana toda ralando no meu trabalho e passar o final de semana faxinando sem poder dar a atenção e o carinho que as minhas filhas merecem, não é? Por isso vou levando com Fé é paciência...

Angel disse...

Maria, a do shortinho ginecológico devia ter sido enterrada viva, "cruz-credo"! Te confesso que a única faxineira boa que conheci, infelizmente, faleceu...Dona Léo, quase uma santa! Quem sabe na próxima encarnação...

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