sexta-feira, 30 de maio de 2014

Lembranças

Nossa mente é povoada por diversas lembranças. Que maravilhoso é poder lembrar de coisas que nos fizeram bem. Aquele cheiro que te faz viajar para o passado e em segundos voltar à infância. Um gosto que te lembra de uma comida que você nunca mais comeu. Um perfume que te faz pensar em alguém. Uma música que te lembra de bons momentos vividos. Um lugar em que você foi feliz. Como para tudo o que existe, existe também o seu contrário, algumas lembranças são indesejadas. Um cheiro que você quer esquecer. Um dia do qual você não quer lembrar. Um abraço que já não te envolve mais e a simples lembrança te faz sentir dor. Aquelas lembranças, que te prendem e te arrastam para o passado do qual você não quer lembrar, onde é mesmo que se deleta?

Cada ser humano sabe qual é o seu limite. Insistir quando se sabe que não há mais o que ser resgatado daquilo que se viveu, para que mesmo que serve? Ah, ok. Você fez algo de muito errado em outra encarnação e está usando esta vida para se punir? (Ironia, baby).

Algumas pessoas gostam mesmo de se lançar ao desconhecido, pular sem paraquedas, sem verificar de antemão qual é o tamanho do abismo. Mas e quando você sabe exatamente o que te espera logo ali depois da curva e ainda assim, persiste?

O mistério fascina, envolve, seduz. Aquilo que é previsível não é assim tão encantador. Mas por vezes a previsibilidade de algumas coisas é que mantém nossos pés no chão. Voar é bom, desde que em alguns momentos tenhamos onde pousar.

Que me domine o marasmo de alguns dias iguais. Que eu seja capaz de reinventar meu próprio mundo todos os dias, sem precisar para isso retroceder a um campo onde sei que não serão flores que irei encontrar. Que eu possa ainda assim, me ferir com alguns espinhos para me lembrar do quanto gosto de rosas.



Andri escreve às sextas-feiras e procura incessantemente pelo botão “delete” de seu coração.

domingo, 25 de maio de 2014

Basta!


Basta de lamentar por quem se foi, de esperar por promessas que jamais serão cumpridas, de dizer que quer esquecer e ficar relembrando a cada instante. Aliás, basta de relembrar ininterruptamente aquilo que dói...
Basta de fazer tudo sempre exatamente igual e reclamar que nunca atinge seus objetivos. Melhor ainda, basta de reclamar!
Basta de chorar escondido, de forçar sorrisos, de constantemente se boicotar.
Basta de achar que precisa ter sempre razão, de discutir por qualquer motivo e de se irritar por coisas pequenas.
Basta de sair em busca de situações nebulosas e pessoas evasivas. Na verdade, basta de procurar “sarna pra se coçar”...
Basta de tantos arrependimentos, basta de não se perdoar.
Basta de procrastinar, de se esconder da vida, de deixar a vida passar...
Basta!

Déia escreve aos domingos e acredita que todo mundo precisa, às vezes, dar um “basta!” a certas posturas e situações...

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Proposta de Adesão


Venho por meio deste, propor que sejamos felizes. De que modo?

Sendo claros, sendo diretos, sendo honestos. Principalmente conosco.

Não gosta de algo? Não coma, não ouça, não beba, não leia, não assista este algo. Diga que não gosta. Seja gentil, mas deixe claro que não gosta.

Está a fim? Demonstre. Fale. Escandalize. É cansativo para as pessoas tentarem ler sinais o tempo todo. Dizer é tão fácil, é tão óbvio. Me pergunto o que foi que se perdeu ao longo dos tempos para as pessoas terem se fechado de tal forma em suas redomas. E sei a resposta.

Temos medo de tudo. Medo da rejeição, medo do ridículo, da não aceitação. Então por que não temos medo de sermos infelizes? O resultado provável de viver se escondendo de si mesmo é a infelicidade.

Não precisamos e não devemos passar por cima de ninguém para lutar por nossos sonhos. Não é essa a ideia. Não é felicidade própria a qualquer custo. Mas a felicidade contagia. Quando eu estou feliz, quando eu estou leve, contagio pessoas ao meu redor. É aquela velha história do grãozinho de areia no deserto que esquenta o grãozinho ao seu redor, que esquenta o próximo e por aí vai. Parece que no mundo de hoje as pessoas perderam a capacidade de ser simples, de pensar poeticamente. É tudo tão corrompido, é todo mundo tão corrompível. Mas e daí? Vou me trancar em casa e não falar com mais ninguém por medo de que sejam falsos comigo?

Aaaaah vida! Eu quero você. Quero você em dia de sol, porque aqueles raios no meu rosto são um momento de felicidade. Quero você em dia de chuva, pra ver o milagre da terra ressuscitando. Quero vento batendo no rosto, fazendo aquele barulhinho gostoso que parece assobio de moleque. Quero conversar com a pessoa que puxa papo comigo na fila do banco, sem medo. Que mal as pessoas podem nos fazer? O que de tão irreparável pode nos acontecer?

Irreparável talvez seja daqui a 40 anos, olhar para trás e lamentar as oportunidades perdidas. Lamentar e não poder voltar no tempo. Lamentar e sofrer o lado feio da melancolia. O de não ter feito. Sentir saudade de algo que foi bom, embora possa doer, é bonito. É lembrança grudada no pensamento. É lembrança que tem cheiro, que tem gosto, que tem cor. Mas lembrar da chance perdida é lembrança que dói. E só. E doer por doer é vazio.

Hoje acordei decidida a ser ridiculamente feliz. E pagar o preço dessa escolha.

Andri escreve às sextas-feiras e agradece pelos chutes que a vida lhe dá. Cada vez que se levanta, lembra que viver é lindo e que dias ruins existem para que possamos reconhecer quando nos depararmos com um dia maravilhoso

domingo, 18 de maio de 2014

"O" Grande Amor

Todo mundo tem “O” grande amor.
Aquele pelo qual os olhos se enchem de lágrimas, o coração palpita e as pernas amolecem.

Pode até ser que esse grande amor nem seja o seu amor atual. Aliás, tenho cá comigo que a maioria das pessoas só de dá conta que era “O” grande amor quando já não o tem consigo...

Inclusive, pode até ser que você nunca mais o tenha visto, mas ele ainda está lá, em um cantinho do seu coração, se fazendo lembrar em uma música, um filme, um cheiro, uma paisagem...

Esse grande amor é aquele que faz você passar a vida pensando nos “e se...?”, que faz você relembrar antigos sonhos, sorrindo sozinha ou chorando em silêncio com a lembrança.

Esse grande amor pode até ter esmigalhado seu coração, mas por mais que talvez as lembranças dele ainda machuquem você tem certeza de que viveria tudo novamente.

Ah, “O” grande amor! 

Penso que talvez seja uma das memórias mais lindas que levaremos conosco ao longo da vida..



Déia escreve aos domingos e, dedica ao seu grande amor a seguinte canção "Se eu soubesse antes o que sei agora erraria tudo exatamente igual"....


sexta-feira, 16 de maio de 2014

O lado de dentro

Século XXI. Tecnologia e informação acessíveis a quase todos os cantos do mundo. Aparentemente trata-se de um período de evolução e vira e mexe ouvimos alguém falar sobre como o mundo avançou nas últimas décadas. OK, o mundo avançou em muitos aspectos, mas as pessoas ficaram meio cegas para as coisas que realmente importam.

Tanto faz se o moletom que eu uso é da GAP, se o meu tênis é Nike, se o meu celular é um Iphone. Importa muito que eu tenha o que vestir e calçar. Importa que eu me lembre de ajudar àqueles que não têm.

Tanto faz se eu sou popular, se minhas postagens do facebook tem muitas curtidas, se tenho muitos seguidores no Twitter. Importa mesmo é que eu olhe nos olhos das pessoas, não minta, não jogue com os sentimentos alheios.

Tanto faz se peso 50 ou 100 quilos. Tanto faz se tenho dente torto, uso aparelho ou tenho um sorriso de propaganda de pasta de dente. Importa mesmo é que eu sorria, que eu faça as pessoas que me cercam felizes.

Tanto faz se uso óculos, sou estrábico ou tenho olhos verdes. Importa que as pessoas vejam verdade em meu olhar. 

Tanto faz se sou o melhor aluno da turma ou se sofro para tirar boas notas. Importa que eu me esforce e sempre dê o melhor de mim.

Tanto faz se sou rotulado pela sociedade como o “skatista”, a “piriguete”, o “nerd” ou tantos outros rótulos. Importa que eu me sinta bem, que sinta orgulho de mim mesmo e que busque compreender quem eu sou e o que me faz feliz.

Tanto faz se tenho 5, 10, 40 anos. Mereço o mesmo respeito que qualquer ser humano merece.

Tanto faz se você tem uma vida corrida ou lhe sobra tempo. Importa como você organiza seu tempo. Importa que encontre tempo para quem lhe importa.

Tanto faz se você é tímido ou extrovertido. Importa que você seja educado e cordial. Que peça licença, diga “por favor”, agradeça.

Essencialmente importa estender o olhar, olhar para o outro, ver além de seu físico, ver além do óbvio, querer ver. Importa querer ajudar, querer compreender. Importa importar-se.

Em um mundo de tantas aparências, felizes são aqueles que conseguem ver o lado de dentro das pessoas. 




Andri escreve às sextas-feiras e gosta de olhar nos olhos das pessoas, elogiar e demonstrar afeto.



terça-feira, 13 de maio de 2014

O conhecimento aos nossos pés



Não, não vou falar de como a internet coloca o conhecimento aos nossos pés, só esperando que a gente faça a nossa parte e aprenda alguma coisa. Vou falar literalmente de como o conhecimento pode estar aos nossos pés.
Tempos atrás aprendi uma valiosa lição sobre auto-controle com um dedão de pé alheio (http://drepente30.blogspot.com.br/2014/01/resolucoes-de-ano-novo-e-o-dedao.html), e hoje aprendi uma nova lição com meu próprio dedão.
Na real, nem precisou do dedão todo. Só da unha. Na verdade, da ausência da unha.
Tive alguns problemas podológicos no carnaval da Bahia (eterna fantasia...) e fiquei sem uma parte importante do meu corpo, a unha do dedão. Ficou só um pedacinho. Preto. Nada bonito de se ver.
Visualizou? Fez cara de nojo e se encolheu de dor, sem nem ver ao vivo? Tranquilo, fazer parte da imensa maioria da população que sente a dor alheia quando vê uma unha ausente, machucada, traumatizada. Eu não sabia que as pessoas reagiam assim, é a primeira vez que perco a unha, e fiquei encucada com a reação das pessoas.
TODO mundo que repara na (ausência da) unha. TODO mundo se arrepia de dor (ou medo ou nojo). TODO mundo (com diversos níveis de intimidade) pergunta o que houve. Fiquei elaborando hipóteses sobre o que motiva esse comportamento estranho, quase uma compaixão. Eles não só se importam com a minha dor (passada ou recente) como alguns praticamente a sentem! Incrível!
Conclusão do dia: como (quase) todo mundo já machucou a unha do dedão – topou em alguma coisa, levou um pisão bem forte, deixou cair alguma coisa pesada (tá doendo em vocês?) as pessoas facilmente se colocam no meu lugar, entendem o quanto doeu e até sentem a dor também (será que Fernando Pessoa também tinha perdido a unha?...)
Conclusão mais explicada: a gente consegue se colocar no lugar do outro quando já esteve lá, quando já sentiu a dor. É egoísta, eu sei, mas é humano. E nos alerta para o fato de que há dores que são só de alguns (ainda bem) e há dores que a gente não consegue nem imaginar, e que nem por isso doem menos.
Quando um amigo estiver se abrindo e contando da sua dor, se você não sentir nada, não conseguir se colocar no lugar dele, visualiza a unha caindo e fala: eu sei que dói, mas vai passar.

Renata segue escrevendo (quase todas ,) às terças e aprendendo todos os dias.

domingo, 11 de maio de 2014

Das “lições” que eu aprendi...



E à duras penas aprendi certas “lições” nessa vida...
Aprendi:

Que não devo desabafar com qualquer pessoa e nem sobre qualquer coisa que eu sinta.

Que às vezes o melhor que tenho a fazer é sair de cena, mesmo que por tempo indeterminado.

Que o fato de eu renunciar a alguém não significa falta de amor.

Que dizer “não” não dói. E, inclusive, na maioria das vezes, tira um peso enorme do meu peito.

Que se alguém voluntariamente “desaparecer” da minha vida é porque realmente não sente minha falta e, portanto, não merece que eu sinta a sua.

Que o fato de alguém ser gentil e atencioso comigo não significa que seja confiável.

Que a maioria das pessoas sorri por pura e simples convenção social. E que não sou obrigada a agir da mesma maneira.

Que jamais devo tomar qualquer atitude em momentos de raiva. E que sempre posso contar até 10, 100, 1000 se for preciso.

Que estar rodeada de pessoas não me fará menos solitária.

Que o poder de um pequeno ato de gentileza é incomensurável.

Que por mais que às vezes eu tente fingir que os problemas não existem, eles ainda estão lá, me esperando.

Que é sempre mais sábio dizer um “eu não sei” do que tentar parecer inteligente e pagar um mico enorme.

Que a maioria das pessoas não é tão sincera quanto eu imagino.

Que por mais que às vezes as coisas não saiam conforme eu planejei, nem por isso devo deixar de sonhar.

Que eu não devo fazer coisa alguma que ameace minha tranquilidade e paz de espírito.

E, sobretudo, aprendi que sou mais forte do que imagino e que, por piores que pareçam as dores que eu esteja sentindo, elas sempre serão passageiras...



Déia escreve aos domingos e se surpreende com a quantidade de coisas vai aprendendo pela vida afora...

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Brincadeira de amor não tem graça

Já li mil vezes a frase: "Antes de ferir um coração, lembre-se: você pode estar dentro dele", mas nunca refleti verdadeiramente sobre isso. Hoje o fiz e a conclusão a que chego é que grande parte das pessoas não merece o amor que desperta nos outros. Somos um bando de egoístas, preocupados em alimentar nosso próprio ego. Fingimos sensibilidade e altruísmo quando nos convém, e da mesma forma, descartamos as pessoas quando não sabemos mais o que fazer com elas. 

O amor é um sentimento grandioso, capaz de transformar a vida de uma pessoa, mas olho ao meu redor e vejo pessoas brincando de amar, brincando com os sentimentos umas das outras e isso me faz pensar. E não estou falando apenas do amor Eros, mas também do amor Filia, ou seja, aquele amor que os gregos distinguiam como sendo o amor da amizade, um amor que não escraviza e não exige exclusividade. Por qual razão brincamos com os sentimentos uns dos outros? As pessoas desconhecem o real sentido das coisas, vivemos uma intensa inversão de valores. Você já deve ter escutado que “as pessoas estão amando as coisas e usando as pessoas” né? Não consigo encontrar uma autoria confiável para esta frase, mas parabéns para quem a pensou, pois é isso que está acontecendo. 

É bem verdade que precisamos abrir uma “brecha” em nosso ser pra que qualquer coisa nos atinja, seja para o bem ou para o mal. E é bem verdade também, que o ser humano está carente de qualquer tipo de contato que ultrapasse este mundo virtual e por isso tem se jogado de cabeça em relações destrutivas, mesmo que consiga antever que irá se machucar. Na onda destas hashtags todas que vejo por aí, proponho uma nova: #amepessoasusecoisas

E você, vai aderir?


Andri escreve às sextas-feiras e deixa claro que este texto não é “recalque”, está feliz no amor :D Ainda assim é uma observadora nesse mundo e é incapaz de não se importar com a realidade que a cerca.



domingo, 4 de maio de 2014

Pulsa



E, dia após dia, a vida fode com você...

escarra na sua cara...

derruba você no chão...

enche seu corpo de pontapés...

fura seus olhos com as unhas...

urina na sua vaidade...

defeca nas suas certezas...

goza nos seus preconceitos...

gargalha nas suas incoerências...

arranca suas veias com os dentes...

faz das suas entranhas um mórbido colar...

bebe seu sangue cálido em uma taça de cristal...

Mas... E quanto a você?

Bem, você escolhe:

Ou chora jogado ao chão, julgando-se a mais desafortunada das criaturas...

Ou respira fundo, estufa o peito, encara a vida de frente e segue adiante!

Segue com dor, segue despedaçado, segue sangrando... Mas segue!

E pulsa!

Pulsa com toda a potência do seu ser.

E pulsa ainda mais!

Pulsa porque a vida é uma só.

Pulsa, porque por mais que doa, por mais que sangre, é a SUA vida.

Portanto, VIVA, apesar de.


Déia escreve aos domingos e, apesar de todas as dores, ela ainda pulsa, pulsa, pulsa, pulsa... Aliás, pulsa tanto que lembrou do clipe dos Titãs "O Pulso"...





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