terça-feira, 13 de maio de 2014

O conhecimento aos nossos pés



Não, não vou falar de como a internet coloca o conhecimento aos nossos pés, só esperando que a gente faça a nossa parte e aprenda alguma coisa. Vou falar literalmente de como o conhecimento pode estar aos nossos pés.
Tempos atrás aprendi uma valiosa lição sobre auto-controle com um dedão de pé alheio (http://drepente30.blogspot.com.br/2014/01/resolucoes-de-ano-novo-e-o-dedao.html), e hoje aprendi uma nova lição com meu próprio dedão.
Na real, nem precisou do dedão todo. Só da unha. Na verdade, da ausência da unha.
Tive alguns problemas podológicos no carnaval da Bahia (eterna fantasia...) e fiquei sem uma parte importante do meu corpo, a unha do dedão. Ficou só um pedacinho. Preto. Nada bonito de se ver.
Visualizou? Fez cara de nojo e se encolheu de dor, sem nem ver ao vivo? Tranquilo, fazer parte da imensa maioria da população que sente a dor alheia quando vê uma unha ausente, machucada, traumatizada. Eu não sabia que as pessoas reagiam assim, é a primeira vez que perco a unha, e fiquei encucada com a reação das pessoas.
TODO mundo que repara na (ausência da) unha. TODO mundo se arrepia de dor (ou medo ou nojo). TODO mundo (com diversos níveis de intimidade) pergunta o que houve. Fiquei elaborando hipóteses sobre o que motiva esse comportamento estranho, quase uma compaixão. Eles não só se importam com a minha dor (passada ou recente) como alguns praticamente a sentem! Incrível!
Conclusão do dia: como (quase) todo mundo já machucou a unha do dedão – topou em alguma coisa, levou um pisão bem forte, deixou cair alguma coisa pesada (tá doendo em vocês?) as pessoas facilmente se colocam no meu lugar, entendem o quanto doeu e até sentem a dor também (será que Fernando Pessoa também tinha perdido a unha?...)
Conclusão mais explicada: a gente consegue se colocar no lugar do outro quando já esteve lá, quando já sentiu a dor. É egoísta, eu sei, mas é humano. E nos alerta para o fato de que há dores que são só de alguns (ainda bem) e há dores que a gente não consegue nem imaginar, e que nem por isso doem menos.
Quando um amigo estiver se abrindo e contando da sua dor, se você não sentir nada, não conseguir se colocar no lugar dele, visualiza a unha caindo e fala: eu sei que dói, mas vai passar.

Renata segue escrevendo (quase todas ,) às terças e aprendendo todos os dias.

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