sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Quando nosso corpo vira morada de alguém

Durante nove meses (meu Deus! Como passou rápido!), meu corpo serviu como a “casinha” de um ser que está quase chegando. Dentro desta casinha ela cresceu, ganhou peso, todos os seus órgãos foram se desenvolvendo no ritmo ditado pela sabedoria da natureza. Neste mesmo processo, eu também ganhei peso e novas marcas pelo meu corpo. É disto que quero falar.

Toda mulher, em maior ou menor grau, tem sua vaidade. A maioria de nós passa a vida lutando contra a balança, fazendo dieta da lua, da sopa, dos pontos e, faríamos até mesmo dieta da pedra, caso nos dissessem que esta funciona! O processo de aceitação do seu novo corpo é lento e gradual. Você sabe que isto tudo está acontecendo por um bem maior (e se não soubesse, todos os dias alguém te lembraria disso!). Ainda assim, o espelho em alguns dias costuma ser mais cruel do que nos outros.

Você acorda de manhã e se olha no espelho. UFA! Ainda nenhuma estria. Se enche de cremes, óleos, pomadas e tudo aquilo que te disseram que vai evitá-las. Você que antes tinha preguiça até de passar protetor solar, veja só, está se cuidando como ninguém. Repete este ritual de se besuntar toda de cremes e óleos várias vezes por dia.

Mas em uma destas manhãs você acorda, se olha no espelho... e SURPRESA! Estrias.

Bah! Sensação de fracasso: Por que comigo, meu Deus? Eu me cuidei tanto. Sensação de futilidade: Tanta coisa mais importante pra me preocupar e vou dar bola pra umas estrias? Tentativa de consolo: Estou gerando uma vida dentro de mim, tudo isso vale à pena. Crise de drama: Eu nunca mais vou usar um biquíni na minha vida. Medo: Meu marido vai me achar horrorosa.
Todas essas sensações vem juntas, não nos enganemos mulheres. Ao conversar com uma amiga, lhe disse: “Como poderei ser uma boa mãe se estou arrasada por estar com estrias?”. Ela carinhosa e sabiamente me disse: “Tu vai ser uma ótima e linda mãe. Eu também enchi de estrias. Dá vontade de se jogar da ponte, mas não adianta”.
É! Dá vontade de se jogar da ponte sim. Até que tu lembra que em diversos lugares do mundo, pessoas sofrem com problemas reais. Crianças não tem o que comer, são espancadas por aqueles que deveriam lhes dar amor. Idosos são tratados como lixo pelos seus entes queridos. Pessoas tem seus corações e esperanças partidos ao meio. E tu se sente ainda pior. “Eu não poderia estar sofrendo por causa de estrias, sou uma fútil”.
Queridas mulheres! Queridas mães! SIM. Nós temos o direito de sofrer um pouquinho por isso sim. A culpa só faz tudo parecer pior. Não seremos péssimas mães porque derramamos lágrimas quando as estrias apareceram. Somos apenas mulheres, frágeis e ao mesmo tempo fortes, sufocadas por uma sociedade que nos cobra perfeição. Não somos perfeitas e no fundo nem queremos ser. Mas gastamos horas na academia, mesmo que odiemos fazer isso. Torcemos o nariz para um bolo de chocolate, mesmo querendo devorá-lo. Usamos maquiagem, mesmo achando que não é necessário. Compramos roupas que não refletem nossa verdadeira essência, mas nos fazem parecer sexys. Pintamos as unhas, nos depilamos, passamos fome, tudo por uma ditadura de beleza. Vaidade é uma coisa maravilhosa. Desconfio de qualquer ser humano que não a tenha, inclusive dos homens. Mas acho que o preço que estamos pagando está saindo caro demais.

Sonho com o dia em que aquilo que você É, vai valer mais do que aquilo que você APARENTA ser. O dia em que não te julgarão pela roupa que estás usando. Que alguém olhará nos fundos dos teus olhos sem rímel e dirá: “Vejo tua alma através dos teus olhos. És linda!”. O dia em que você não precisará sair na rua preocupada com o que os outros vão pensar a teu respeito. O dia em que você será apenas... VOCÊ MESMA. Uma linda mulher, independente de tua forma física.

Andri escreve às sextas-feiras e está a 17 dias de conhecer a pessoa mais importante de sua vida, a Téo. 
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