sábado, 14 de fevereiro de 2015

A vida no mar


Apesar de estar longe de ser uma workaholic, hoje vim falar do meu trabalho, o quanto amo o que faço e como cresço com ele a cada dia. Eu sou veterinária em tempo integral e trabalho basicamente com mamíferos marinhos (isso mesmo! Com baleias e golfinhos). Desde quando comecei a fazer estágios, em 2008, nessa área, nunca trabalhei com animais em cativeiro. Trabalho basicamente com encalhes (quando o animal vem parar na praia) ou com observação de fauna embarcada. Hoje vim falar pela minha paixão de estar embarcada e o quanto isso influência quem eu sou.

Nunca soube explicar muito bem a sensação de estar embarcado. Para mim é uma mistura de confinamento, medo, autoconhecimento e satisfação. Nem pra todo mundo é da mesma maneira. Algumas pessoas simplesmente não nasceram para isso e acham um absurdo ficar tanto tempo longe da família ou longe das suas rotinas cotidianas em um ambiente quase “BBB”. Eu sou daquelas que sente falta de ficar no mar. Não digo perto, como estar na praia. Eu sinto falta de ficar no mar sem ver nenhuma faixa de terra. Só céu e mar. Na maioria das vezes só percebo o quanto sou “viciada” quando estou novamente embarcada.

O primeiro e o último dia são sempre os mais difíceis. O primeiro é a adaptação: a saída da zona de conforto. O último é a saudade acumulada e os problemas terrestres batendo a sua porta.

As pessoas confundem seu trabalho com cruzeiro de passeio, ou com “mar em fúria”, e nenhum desses descreve bem o que é estar confinada num navio durante 14 dias (às vezes 35 ou mais). Meu trabalho quando estou embarcada, consiste em fazer avistagens de biota marinha, ou seja, fico olhando para o mar procurando: aves, tartarugas, peixes, baleias e golfinhos. É importante para descrever quais animais tem naquela determinada região ou alertar a embarcação (dependendo da atividade) que tem animal perto.

Pra mim, sinto sempre que estou em paz naquela imensidão. No embarque eu fico viajando, muito mais do que quando estou em terra. Penso em coisas que me deixam bem. Faço DRs comigo mesma, com os outros e me resolvo. E gosto da minha companhia. Amadureço. Percebo o quanto sou pequena e insignificante diante da imensidão de um mundo e universo tão vasto. Tomo consciência que sou nada. Entendo isso e não me apavoro. Não me assusta. Quando me for, serei memória. Adubo. Poluição. Tudo depende se me conheceu bem ou mal. As vezes viramos tudo isso muito antes de morrer. Nessas horas sei que não sou ninguém e nada. Sou uma consciência que irá desaparecer, como uma ideia que tivemos algum dia. Somos escolhas. Sempre que estou no mar, faço as pazes comigo e se tenho pendências com o divino, elas são resolvidas. Às vezes sou presenteada em ver coisas que quase ninguém viu, como um grupo enorme de golfinhos ou uma fragata quase na minha cabeça.

Estar embarcada é como estar feliz com a minha companhia. Saber que sempre vou me adaptar, até as coisas que não gosto. É saber que tudo é uma questão de perspectiva.

Samira, segue entre baleias, golfinhos, devaneios e ela mesma, e espera que todo mundo tenha a oportunidade de ver um golfinho ou uma baleia (livre, nadando no mar) e sintam a mesma alegria que sente toda vez que se encontra com eles.A vida no mar.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Sete dias, sete anos

Passado o vendaval de fim de ano (que às vezes a gente confunde com fim do mundo) e passado e encerrado com chave de ouro o inferno astral, eu começo de vez o ano e, dessa vez, um novo setênio (quem quiser saber mais sobre os setênios pode começar por aqui)

Com esse novo setênio veio ainda mais clara a ideia de finitude e, com ela, a importância do desapego; a maturidade e sua fiel escudeira responsabilidade. E, cada vez mais, a busca pelo autoconhecimento. Dentro do ciclo da alma, essa é uma fase do desenvolvimento da consciência e, para alguns, uma segunda puberdade. Um renascimento e a busca pelo equilíbrio entre o ser e o ter. 

Fase de libertação do que já não se mostra mais tão relevante e de busca do que é essencial, que nos faz autênticos. São sete notas musicais, sete dias na semana, sete deuses no Olimpo, sete pecados capitais, e sete anos para a tomada de consciência. 

Renata acaba de entrar em um novo setênio (it’s evolution, baby) e escreve aqui (quase todas (raramente, mas pretende aumentar a frequência)) nas terças-feiras. 

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