terça-feira, 2 de junho de 2015

Coisa de bicho

Algumas semanas atrás eu estava de férias, aquele tempo em que a gente corre e tenta fazer tudo o que não consegue fazer no resto do ano. Uma dessas coisas, claro, é cuidar da saúde. Fui refazer um exame (nada grave, só um tira teima) pois não fiquei muito tranquila com o resultado da primeira tentativa.
Antes de vocês revirarem os olhos e me chamarem de hipocondríaca, quero contar que a médica que fez o exame da primeira vez, estava no celular discutindo com o ex-marido sobre dinheiro. Por isso não fiquei assim tão certa de que o exame foi bem feito.
Ok, segunda tentativa: estou na salinha preparada sob o aventalzinho de papel. Chega o médico, tri novinho. Eu já ia brincar e dizer que não faria o exame com estagiário, mas segurei a língua porque eu precisava que o exame fosse bem feito, e mexer com o ego do cara não ia ajudar em nada.
Ele começa o exame e as perguntas de praxe e me explica que, caso eu engravide, devo tomar cuidado com a minha circulação, especialmente se fosse ter um parto normal. Digo que não tenho planos de engravidar, mas que, se engravidasse, ia querer parto normal sim. Aí, ele emenda um: não entendo porque essa moda de parto normal, isso é coisa de bicho.
C o i s a  d e b i c h o !

Eu já ia mandar um: que bom que tu não é bicho, tá mesmo mais pra uma ameba!
Mas lembrei que, se falasse, ia ter que fazer o exame pela terceira vez... respirei. Fechei os olhos. E comecei a levemente argumentar sobre as vantagens de um parto normal. A recuperação. O vínculo. A liberação de hormônios. E ele cada vez falava: mas na faculdade a gente aprender que é muito ruim pra mulher (que tipo de faculdade é essa???).  Em defesa do estagiário médico, devo dizer que, em alguns momentos, ele ouviu e disse que nunca tinha pensado sobre um e outro aspecto que eu levantei.
Quando ele acabou o exame (que disse que está tudo certo comigo, obrigada) eu deixei de me segurar e finalizei nossa sessão com um: até porque um filho não pode ser tratado como um apêndice supurado, que você corta, abre, tira e costura.


Renata fica abismada com o baixo nível de informação de pessoas que, infelizmente, são ouvidas como deuses por grande parte da população. E no final, não discorda totalmente do médico. Talvez ele só não tenha aprendido na faculdade, mas os seres humanos são bichos. 

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