sexta-feira, 27 de maio de 2016

“Que ninguém nos ouça.”

Pausa na semana. Feriado. 
Pausa para tomar café às onze da manhã e acordar às nove. Pausa na vida. 
Pausa para sentar na cama e escrever. Ah como é bom! 
Vai durar o tempo do “Show da Luna”, eu sei. Mas sorverei este momento como o bom café da primeira xícara de manhã. 
Preparei um texto mentalmente na madrugada de ontem que não consigo lembrar mais. Mas de uma coisa lembro. Quero falar deste livro que comecei a ler já com lágrimas nos olhos nas primeiras páginas. 
Uma delicadeza exposta por essas duas grandes mulheres que, como a gente aqui do Drepente30, dividem histórias de vida, angústias e desejos. 
O livro é uma compilação de troca de emails entre a jornalista Leila Ferreira e a publicitária Cris Guerra. 
As duas conterrâneas aqui da “terra do pão de queijo”. Lindas, guerreiras, mulheres de Minas Gerais.
Já nas primeiras páginas me identifiquei com as histórias das duas.
A Leila relatando sua angústia por não ter se tornado mãe me trouxe de volta aos meus 34 anos, quando me separei, depois de um relacionamento de quase 20 anos.
Eu vivia triste, deprimida por não ter conseguido realizar este sonho de ser mãe. E me sentia velha demais para começar tudo de novo e ter um filho. Afinal nós mulheres temos o tal do relógio biológico que é determinante! E eu ainda tinha um agravante. Um tal fantasma chamado “ciclos anovulatórios” recém descobertos pelos médicos. Enfim. Meu destino já estaria traçado. Seria eu, como Leila, a mulher que enfiaria de cabeça no trabalho e viveria com meus fantasmas. E foi isso que fiz. Caí de cabeça em tudo que me apresentavam profissionalmente. Foi uma época de muita produção, reconhecimento profissional e talvez determinante, por causa da energia que vem disso tudo e que atrai pessoas a nossa volta.
E aí que começa a se fundir a minha história com a de Cris Guerra. Que resolveu enfrentar a maternidade com coragem depois da morte do seu companheiro e pai do seu filho que morreu, quando ela ainda estava grávida. Confesso que chorei litros enquanto lia seu relato.
A minha história era igual a dela até certo ponto. Eu não perdi ninguém fisicamente. Nem mesmo emocionalmente. Não perdi meu amor. Mas vivo intensamente essas coisas que toda mãe solo enfrenta por aí… 
Naquela época de grande energia produtiva acabei ficando grávida de um namorado (nem sei se posso assim dizer, pois estávamos nos encontrando há 2 meses apenas), paixão, amor, ou o que possam nominar. Eu chamo de namorado. Mas esta é uma outra história. Que um dia conto. O que posso dizer é que a minha filha não ficou sem pai. Ela ama aquele pai e eu tenho muito orgulho de ter vencido batalhas Homéricas com o meu orgulho (besta) para ver isso acontecer. Amo muito ser coadjuvante dessa relação entre os dois. Amo tudo que tenha a ver com eles.
Bom...mas por questões de incompatibilidade temporal, cronológica, e por puro susto dos dois, não conseguimos ficar juntos naquele momento. E foi um rompimento doloroso. Quase uma morte. E quando se está gerando uma vida ficamos mais sensíveis a tudo o que acontece. Eu e Cris Guerra enfrentamos essas “mortes” e estamos vivas e lindas e mães. Super mães. E mulheres, com todas as suas angústias mas também com todo o tesão de experimentar todas as experiências que a vida nos coloca. O amor pela vida me trouxe um fio de conexão com aquela mulher. Que nem conheço! 
De volta ao livro, as duas vão relatando seus dias e suas experiências de maneira muito gostosa de ler. E a gente vai acompanhando como se tivesse lendo emails de amigas próximas, nos contando seus dias e suas impressões. 
Descobri com este livro, que a vida da gente tem muito em comum. E somos um universo. 
Quero sempre estar aqui dividindo com vocês essas experiências.

Leiam o livro e depois me contem! 

É um livro da editora Planeta. “Que ninguém nos ouça - terapia virtual entre duas mulheres.” Das autoras Leila Ferreira e Cris Guerra.

Beijocas e bom feriado! 

LorisB., uma mineirinha que adora ler, traz aqui uma indicação de leitura leve e gostosa (assim como é o pão de queijo da nossa terrinha) para as amigas do nosso também cantinho terapêutico. Tudo no diminutivo para honrar a “mineirice”!

sexta-feira, 20 de maio de 2016

O poder que damos aos outros

Como sou professora de Filosofia e Sociologia, invariavelmente em minhas aulas o assunto recai sobre uma temática muito interessante: o poder. Identificamos na sociedade tipos diferentes de poder, aquele que é exercido pela figura de algum governante, aquele que a mãe e o pai exercem sobre seus filhos, entre amigos e por aí vai. Mas o que vem tirando meu sono é o poder que nós mesmos damos uns aos outros.  

Explico: Eu sou daquelas que se incomoda e tem vontade de meter a boca no trombone. A indignada, como belamente me escreveu uma professora de história do ensino médio na ocasião em que eu o concluía (aliás, ela hoje é minha colega de trabalho, uma dessas coisas bacanas mesmo que a vida faz com a gente). Sendo eu a indignada, é fácil notar que não consigo passar imune às situações. Quando vejo um colega ou aluno puxando o saco, me indigno. Quando vejo que as pessoas não conseguem enxergar o óbvio, me indigno. Existe uma série de indignações positivas e necessárias, de cunho social, diria eu. É ótimo se indignar quando você vê alguma injustiça acontecendo, quando alguém comete alguma maldade perto de você, quando alguém rouba, maltrata, mata. Mas pra quê (se você souber, me explica) se indignar com coisas sobre as quais você não tem o menor poder de fazer mudar?

Ando pensando no tanto de energia que a gente gasta tentando mudar o que não precisa ser mudado. O comportamento de cada um é um problema deles enquanto não fizer mal aos outros. Deixe os puxa-sacos fazendo aquilo que melhor sabem fazer, deixe os disponíveis fazendo coisas que não lhes cabe se isso lhes fizer felizes, deixe, deixe ir, deixe-se.

Enquanto as pessoas estão vivendo suas vidas do modo que lhes convém, faça você algo de diferente. Mude sua rotina. Mude seu modo de pensar. Mude seu modo de tratar aos outros. Mude a imagem que você tem de você mesmo, mas não tente mudar aquilo que você não controla. Guarde essa energia para gastar com beijos intermináveis, faça uma corrida, tome um café com chantilly com uma amiga, aproveite o frio e fique debaixo das cobertas olhando um monte de filmes. Mas deixe os outros serem os outros, com suas qualidades e defeitos e, principalmente, não dê a eles o poder de lhe tirar do sério.



Andri, a indignada, andou sumida, mas tem como meta retomar suas escritas, sempre às sextas-feiras.
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